Para
garantir a segurança e a eficácia de seu arsenal de armas nucleares, o
Pentágono terá que gastar bilhões de dólares nos próximos cinco anos e fazer
correções de emergência na infraestrutura do sistema. Dois relatórios
publicados nesta sexta-feira, que incluíam mais de cem recomendações,
identificaram problemas sérios com consequências em potencial no mundo real —
que indicam o envelhecimento de instalações de armas nucleares da Força Aérea e
da Marinha, silos e frota de submarinos desde o fim da Guerra Fria na década de
1990.
As análises foram ordenadas pelo secretário
de Defesa, Chuck Hagel, depois de uma série de incidentes com funcionários do
setor. Numa entrevista coletiva no Pentágono, Hagel disse que foram encontrados
problemas sistemáticos que poderiam “minar a segurança, a proteção e a
eficácia” do arsenal nuclear dos EUA. Alguns deles exigem mudanças culturais e
estruturais de longo prazo e permanentes.
— A causa principal foi a falta de foco,
atenção e recursos constantes, cujo resultado foi difundir a sensação de que uma
carreira numa empresa nuclear oferece poucas oportunidades de crescimento.
Por isso, Hagel antecipou que os salários
serão reajustados e haverá a nomeação de um novo comandante, general de quatro
estrelas, em lugar dos de três estrelas que tinham ocupado o cargo
anteriormente.
Enquanto inspetores estavam obcecados em
checar cada lista de verificação e revisão de prontuários individuais,
ignoraram problemas muito maiores, como o envelhecimento de portas de silos
atômicos de até 60 anos.
Funcionários revelaram ao “New York Times”
que o Pentágono tenta determinar quanto os reparos emergenciais custariam.
Ontem, Hagel indicou que o governo provavelmente fará um aumento de 10% no
investimento em cada um dos próximos cinco anos. Hoje, o gasto com o programa é
de cerca de US$ 15 bilhões.
— Serão bilhões ao longo dos próximos anos,
mas não US$ 20 bilhões ou US$ 30 bilhões — disse um funcionário, sob condição
de anonimato.
Hagel solicitou a revisão em fevereiro, após
uma sequência de incidentes. Em março, o chefe da seção de mísseis nucleares da
base da Força Aérea de Malmstro, em Montana, pediu demissão e nove funcionários
foram retirados das funções por mentir em testes com 91 pessoas envolvidas com
o lançamento de mísseis. A base abriga um terço dos quase 450 mísseis
balísticos intercontinentais dos EUA.
O anúncio acontece apenas dez dias antes do
prazo para a conclusão de negociações nucleares com o Irã. E coloca o governo
numa situação paradoxal: enquanto exigem que iranianos desmantelem seu
programa, os EUA visam à revisão e à melhoria de seu arsenal.