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terça-feira, setembro 28, 2021

Crise de energia na China já afeta produção de Apple, Tesla e Toyota

Governo faz racionamento em algumas partes do país, com recorde no preço do carvão e metas de corte de emissões de CO2. Empresas usam até luz de velaGoverno faz racionamento em algumas partes do país, com recorde no preço do carvão e metas de corte de emissões de CO2. Empresas usam até luz de vela


PEQUIM E XANGAI — A China, segunda maior economia do mundo, está mergulhada em uma forte crise de energia que, além de ameaçar o crescimento do país, já prejudica ainda mais as cadeias de suprimentos globais. A maior montadora do mundo, a Toyota, e fornecedores de gigantes como Apple e Tesla já vêm reduzindo produção devido ao menor suprimento de eletricidade.

Pelo menos 20 províncias e regiões chinesas que representam mais de 66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país adotaram alguma forma de racionamento de energia. Algumas empresas já operam à luz de velas e shopping centers estão fechando mais cedo.

Duas razões estão por trás da crise: a escassez de carvão, uma das principais fontes de energia do país, empurrou os preços dos insumos para níveis históricos, e, consequentemente, gerou restrições de uso. Só neste ano, os preços do carvão subiram 96% na China.

Além disso, o governo chinês tem levado a sério suas metas de redução de emissões de carbono. Pequim se prepara para sediar as Olimpíadas de Inverno, em fevereiro do ano que vem, e as autoridades querem assegurar um céu limpo aos olhos dos estrangeiros.Isso tem levado o próprio governo a reduzir o fornecimento de energia em algumas regiões, levando a paralisações generalizadas que interrompem as atividades das fábricas e deixam muitas casas sem energia no Nordeste do país.

Vários fornecedores da Apple e da Tesla suspenderam a produção em algumas fábricas chinesas por vários dias para cumprir as políticas de consumo de energia mais rígidas, colocando as cadeias de suprimentos em risco na alta temporada de produtos eletrônicos.
Produção em ritmo lento

A Unimicron Technology Corp, de Taiwan, que fornece componentes para a Apple, informou que três de suas subsidiárias na China interromperam a produção do meio-dia de domingo, dia 26, até a meia-noite de quinta-feira, dia 30, para "cumprir a política de limitação de eletricidade dos governos locais".

A Eson Precision, uma afiliada da Taiwan Hon Hai Precision Industry, disse em um comunicado que suspendeu a produção de domingo até sexta-feira nas instalações na cidade chinesa de Kunshan.o iPhone da Apple e que possui fábricas na cidade de Suzhou, por sua vez, decidiu suspender a produção por cinco dias.

Duas fontes disseram à agência Reuters que as instalações da Foxconn, em Kunshan, tiveram um impacto "muito pequeno" na produção. Segundo esses relatos, a Foxconn, grande fornecedora de componentes para a Apple, teve que "ajustar" uma pequena parte de sua capacidade nesta unidade, que inclui a fabricação de notebooks de outras empresas, mas não da fabricante do iPhone.

Outra empresa que vem sofrendo as consequências da crise energética é a Toyota. Sem dar maiores detalhes, a porta-voz da montadora, Shiori Hashimoto, confirmou por e-mail que as operações na China estão sendo afetadas pela falta de energia do país e acrescentou que a empresa não está fornecendo uma perspectiva futura neste momento, pois a situação "ainda está mudando".

A montadora número um do mundo tem capacidade de produção de automóveis em grande escala na China, incluindo joint-ventures com fábricas locais e distribuidores, de acordo com seu site. Suas fábricas estão centralizadas em Tianjin e Xangai. A Toyota produz mais de um milhão de veículos por ano no país.
Efeitos também na Europa

Além da oferta restrita, a crise de energia não afeta apenas a China, mas também a Europa, em uma espécie de competição, o que também empurrou os preços do gás para níveis recordes nas últimas semanas.

A combinação dos crescentes preços do carvão e as metas do governo central para reduzir as emissões de carbono, aumentaram a demanda chinesa por embarques de gás natural liquefeito como uma opção mais limpa à energia a carvão.

Líderes de países da União Europeia discutirão o aumento dos preços da energia quando se reunirem no mês que vem, enquanto os governos lutam para proteger as famílias do aumento do custo do gás e da energia.

Os preços de referência do gás na Europa dispararam mais de 300% este ano devido a fatores como baixos níveis de armazenamento, interrupções e alta demanda, à medida que as economias se recuperam da pandemia de Covid-19, puxando para cima os custos de eletricidade no atacado.

Os países da UE são responsáveis pelas suas políticas energéticas nacionais e alguns governos já intervieram. A França ofereceu um pagamento único às famílias mais pobres, enquanto a Grécia está planejando subsídios para ajudar as famílias a arcar com contas mais altas.

Alguns pediram uma resposta mais coordenada da UE - com a Espanha buscando reformas no mercado de eletricidade do bloco e alertando que as altas contas de energia podem prejudicar o apoio público às políticas de combate às mudanças climáticas.

sexta-feira, abril 02, 2021

Carta de Buenos Aires: Doze milhões de argentinos são pobre e um em cada dez é indigente

A pobreza era de 42 por cento da população argentina no segundo semestre de 2020, o que implica um forte aumento em relação aos 35,5 por cento do mesmo período de 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC). O número de pessoas que vivem na pobreza aumentou no decorrer do ano passado de quase 10 para 12 milhões. . A faixa etária mais afetada foram as crianças de até 14 anos: 57,7% são pobres e 10,5% delas são indigentes.

Uma em cada três famílias argentinas, 31,6% das famílias que representam 42% da população, está em situação de pobreza. Visto de outro ponto de vista, apenas 58% das pessoas não são pobres. Pior ainda: entre os que estão abaixo da linha da pobreza, 7,8% das famílias, o que significa 10,5% da população, são indigentes.

No segundo semestre de 2020, a renda familiar total média das famílias pobres era de 29.567 pesos, enquanto a cesta básica, que é usada para definir a linha de pobreza, atingiu 50.854 pesos. A distância entre a renda e a cesta básica também aumentou, o que significa que não só há mais pessoas pobres, mas os pobres estão mais longe de reverter sua situação.

Entre as crianças (de 0 a 14 anos), a pobreza sobe para 57,7 por cento, de modo que no país há mais pessoas dessa idade que são pobres do que aquelas que não são. Um ano atrás, esse número era de 52,3%. A pobreza também aumentou acentuadamente na faixa etária de 15 a 29 anos, de 42,5% para 49,2%. Entre 30 e 64 anos, o avanço foi de 30,5 a 37,2 por cento.

A divisão regional mostra que nos subúrbios de Buenos Aires, a pobreza atingiu 51% da população e a indigência, 15,2%. Há um ano, a pobreza naquele distrito era de 40,5% e a indigência, 11,3%. No segundo semestre de 2018, a pobreza nos subúrbios de Buenos Aires (capital e arredores) era de 35,9%. Também superou a média de pobreza nas grandes cidades do país: Grande Mendoza (44 por cento), Grande Resistência (53,6), Grande Tucumán-Tafí Viejo (43,5) e Concórdia (49,5).

O aumento da pobreza é explicado por rendas que são superadas pela evolução dos preços dos alimentos e serviços básicos. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, os empregos registrados perderam 222 mil vagas ao longo de 2020. Presumivelmente, o impacto entre os não registrados foi muito maior.

No mesmo período, o capítulo de alimentos e bebidas subiu 42,1%, com aumentos especiais em carnes e derivados, frutas, verduras e legumes. Por isso, a cesta básica, que define a linha da pobreza, avançou 45,5% em 2020. O governo congelou as taxas dos serviços públicos e, portanto, o aumento da cesta básica foi um pouco mais moderado, 39,1%.

O tipo de recuperação econômica que ocorre quando as restrições da pandemia são eliminadas não tem efeito sobre a pobreza de renda, que permanece nos mesmos níveis da quarentena mais estrita e da queda máxima da atividade. A intensificação da pobreza continua a se aprofundar, o que é atestado pela constatação de que aumentou a distância entre a renda que aqueles que vivem na pobreza e aquela de que precisam para sair dessa condição.

A recuperação do emprego baseia-se na informalidade, no trabalho autônomo e no emprego sem registro. O emprego formal permaneceu inalterado e ainda é 324.000 posições mais baixas do que em 2019.

Para o Instituto do Pensamento e Políticas Públicas fica evidente que a premissa adotada pelo governo no Orçamento 2021 de eliminar os reforços em matéria de política social (entre eles a Renda Familiar Emergencial, IFE) enquanto a retomada da atividade faria desnecessário, não está sendo cumprido.

Rever essa decisão e resgatar a discussão sobre a necessidade de universalizar a renda da população em situação de informalidade e desemprego parece fundamental. Tanto para conter a situação social quanto para reavivar o mercado interno enfermo.

2020, então, houve uma retração do emprego e uma forte deterioração do poder de compra das pessoas que mantiveram seus empregos. Isso ocorreu em um contexto de pandemia, mas também de fortes controles de preços e congelamento em muitas áreas, algo que este ano não continuará nessa magnitude.

Os dados mostram ainda que as medidas oficiais de contenção do impacto da pandemia, embora tenham permitido que a situação não se agravasse ainda mais, são claramente insuficientes para conter a retração do já muito deteriorado tecido social, afirma o pró-governo Página12.

A incidência histórica da pobreza na Argentina tem um piso difícil de perfurar: nos últimos 30 anos a taxa de pobreza medida pela renda nunca foi inferior a 25%, aponta o Centro de Implementação independente.

Durante este período, o PIB per capita cresceu menos de 1% ao ano, um cenário “não propício para alimentar um processo sólido de redução persistente da pobreza”. No mesmo período, os indicadores de pobreza (sempre medidos pela renda) caíram em quase todos os países latino-americanos nos anos 2000 e também nesta década, embora a taxas menores.

Rodolfo Koé Gutiérrez é jornalista econômico argentino, analista associado ao Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE, www.estrategia.la)

* Originalmente publicado em Estrategia.la

quarta-feira, março 03, 2021

Pará registra o fechamento de 1,18 mil lojas em 2020

O comércio varejista no Pará registrou o fechamento de 1,18 mil estabelecimentos em 2020, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O número é o saldo entre abertura e fechamento de lojas com vínculos empregatícios do comércio varejista brasileiro. A retração do ano passado é a maior desde 2016 (-105,3 mil), quando o setor ainda sofria os efeitos da maior recessão da história recente do país.

O déficit no ano passado foi causado pelo freio da atividade econômica imposto pela pandemia de covid-19. Diante deste cenário, todas as unidades federativas tiveram saldo negativo. Aquelas que mais sofreram com os fechamentos foram as mais populosas, como São Paulo, que fechou 20,3 mil estabelecimentos, Minas Gerais, com 9,5 mil lojas fechadas, e Rio de Janeiro, com 6,04 mil.

“As perdas do setor varejista foram sentidas logo em março, mas, a partir de maio, foi possível começar a reverter a situação, graças à rápida reação do mercado. Contribuíram fatores como o fortalecimento do comércio eletrônico e o benefício do auxílio emergencial, permitindo que o brasileiro pudesse manter algum nível de consumo. O desafio será ver o comportamento deste ano, com o programa de imunização ainda em andamento”, disse em nota José Roberto Tadros, presidente da CNC.

O nível de ocupação no setor também foi impactado pela crise: ao longo do último ano, 25,7 mil vagas formais foram perdidas. Segundo a CNC, trata-se da primeira queda anual desde 2016 (-176,1 mil).

Demissões

Para o economista paraense Nélio Bordalo Jr., os dados apenas quantificam o que já era esperado pelo mercado econômico com o estabelecimento e avanço da pandemia. “Esses fechamentos foram naturais, aconteceram primeiro as demissões e depois o fechamento dos estabelecimentos por falta de vendas. Até mesmo quem investiu nas vendas pela internet não teve condições de manter os estabelecimentos físicos abertos”, destaca.

Bordalo ressalta ainda que boa parte dos trabalhadores que ficaram desempregados não conseguiu se recolocar no mercado, partindo para a informalidade. “As pessoas que estavam no setor do comércio não conseguiram ser posicionados em outros setores porque esses também foram afetados. Logo, esses trabalhadores engrossaram o número de desempregados do país. Mesmo a injeção de recursos, por meio do auxílio emergencial, não foi suficiente para suprir as necessidades orçamentárias de centenas de famílias.”

Setor mais afetado

A confederação também aponta que o setor mais afetado foi de "vestuário, calçados e acessórios", com mais de 22,3 mil estabelecimentos fechados. Na sequência, estão as lojas de "hiper, super e minimercados" (-14,38 mil) e "utilidades domésticas e eletroeletrônicos" (-13,31 mil).

Projeções

Para este ano, a CNC fez projeções distintas para o comércio, considerando o nível de isolamento social da população à evolução das vendas no varejo ampliado e à recuperação do saldo de lojas.

No primeiro, a Confederação prevê a redução de cinco pontos percentuais no índice de isolamento social da população até o fim de 2021, em relação a dezembro de 2019. Neste caso, as vendas avançariam 5,9%, em comparação com 2020, e o setor seria capaz de reabrir 16,7 mil novos pontos de venda este ano.

Na segunda possibilidade, no qual o isolamento social retornaria aos níveis pré-pandemia (30% da população), o volume de vendas cresceria 8,7% e 29,8 mil estabelecimentos com vínculos empregatícios seriam abertos ao longo do ano.

Em quadro mais pessimista, no qual o confinamento da população se mantivesse ligeiramente
 abaixo (3 pontos percentuais) do patamar observado em dezembro do ano passado, o saldo entre abertura e fechamento de lojas encerraria o ano em +9,1 mil unidades.

Redução de vendas

“Precisamos entender que ainda estamos passando pela pandemia, enquanto não houver redução no contágio as pessoas ainda ficarão receosas em sair de casa para as compras. Isso vai continuar refletindo na redução de vendas, com isso o comerciante não investirá em novos estoques e nem empregar”, acrescenta Nélio Bordalo Jr.

Fonte: O Liberal