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quarta-feira, abril 14, 2021

Garimpeiros compram vacina de indígenas com ouro

Além da compra ilegal dos imunizantes, uma forte campanha de desinformação estaria em curso entre os povos Yanomami e Ye'kwana para que moradores das aldeias recusem a vacinação por medo. A denúncia é do Instituto Socioambiental (ISA), que atua na área

Menos da metade dos indígenas Yanomami e Ye'kwana, que tem mais de 18 anos, receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Uma das causas dessa situação seriam garimpeiros que estariam trocando vacinas por ouro na região. A denúncia foi feita pelo Instituto Socioambiental (ISA), no site da organização não-governamental.

De acordo com o ISA, invasores também estariam disseminando informações falsas, para que a população indígena, situada nos Estados do Amazonas e Roraima, recuse as campanhas de vacinação nas aldeias. A ONG aponta, ainda, que autoridades de Roraima estariam pressionando para que as doses destinadas aos indígenas, que não foram usadas, sejam direcionadas a outras pessoas. A vacinação contra a Covid-19 na Terra Yanomami começou há três meses.

Um documento da Hutukara Associação Yanomami detalhou que, na região de Homoxi, em janeiro deste ano, a comunidade denunciou que uma funcionária do Distrito Sanitário Indígena Yanomami (DSEI-Y) teria aplicado doses nos garimpeiros em troca de outro. Outra denúncia é que um técnico de enfermagem havia levado as vacinas destinadas aos indígenas para um acampamento de garimpeiros nas proximidades.

Ainda segundo o ISA, pelo menos nove aldeias recusaram a vacinação, após garimpeiros espalhares informações falsas. A denúncia aponta que os garimpeiros teriam falado que o governo está querendo matar os indígenas e, por isso, eles não deveriam se vacinar.

De acordo com dados do DSEI-Y, dos 12.253 indígenas aptos a serem vacinados, 8.721 (69,7%) receberam a primeira dose e somente 5.415 (43%) a segunda.

Vacinas destinadas para outro público

Na terça-feira (06), em resolução publicada no Diário Oficial do Município, o Conselho Municipal de Saúde de Boa Vista, em Roraima, recomendou que mais de 24 mil doses de vacina que estão em estoque destinadas aos indígenas sejam direcionadas para a população urbana da capital. A recomendação foi feita com a justificativa de que parte dos indígenas não querem ser vacinados devido às suas crenças e costumes. Porém, a associação Hutukara afirma que o público está rejeitando a vacinação devido às notícias falsas que foram espalhadas.

Já o Conselho Indígena de Roraima (CIR) se manifestou contra a redistribuição das vacinas destinadas aos povos indígenas.

No site Instituto Sócio Ambiental também foi informado que a Hutukara Associação Yanomami está cobrando respostas à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Ministério Público.

O DOL entrou em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e perguntou se o órgão estava acompanhando o processo de vacinação nos indígenas na região. Através de nota, foi informado que que o responsável pelo assunto no país é o Ministério da Saúde. A Funai não cuida diretamente da matéria, mas sim a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai/Ministério da Saúde), que possui a competência institucional de coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS)

O DOL também solicitou posicionamento da Polícia Federal e Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e aguarda retorno.