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quinta-feira, outubro 07, 2021

Brasil: uma nação interrompida pelo Partido Militar


O mundo passa por um gradual processo de transição da hegemonia estadunidense para a chinesa, em aliança com a Rússia. Com isso, acirram-se as disputas geopolíticas em todos os cantos do globo. Particularmente na América Latina, o imperialismo estadunidense intensifica seu controle sobre sua tradicional “reserva de domínio”, se necessário fazendo uso da força e de golpes de Estado.

Por outro lado, parte das elites econômicas brasileiras já têm a China como principal parceira comercial. Entretanto, militares brasileiros seguem considerando os EUA como sua maior referência. Em algum momento, ocorrerá um desencontro em relação à leitura de mundo dessas duas elites. No caso militar, o ambiente interno foi historicamente o palco de atuação das forças, característica que se consolidou no pós segunda guerra, conformando uma espécie de divisão internacional do trabalho na área de defesa. Enquanto cabe às forças armadas dos EUA a segurança do continente nas grandes disputas geopolíticas, a tarefa das forças armadas de países de periferia segue sendo o controle da ordem interna travestida de “combate ao narcotráfico” e atividades auxiliares da grande potência, como as Missões de Paz.

Em suma, os próximos anos tendem a definir quem dominará o século. Por isso, em termos de geopolítica global, não virá um tempo de estabilidade e respeito à soberania brasileira, ou de qualquer país do continente, por parte dos EUA, com ou sem Lula presidente.

 Brasil desde o golpe

O país vive uma crise econômica, política, social, ética-moral, ambiental, sanitária, de direção na burguesia… e militar. Foi essa confluência de crises que criou as condições para a reorganização e relativa massificação do Partido Militar. Nesse sentido, a crise militar não pode ser resolvida de forma desconectada das demais. Os militares ativistas alimentam a crise, e suas declarações são fonte de instabilidade. Dessa maneira, os militares hoje são parte do problema. Não virá das suas fileiras a solução.

Bolsonaro é espelho dessa confluência de crises, e provoca o caos como método. Enquanto isso, o Legislativo tem tido êxito em aprovar reformas antipopulares, e segue funcionando a fisiologia Centrão – Executivo.

O Partido Militar não foi a força principal do golpe contra Dilma Rousseff, mas foi o fiel da balança que manteve Michel Temer até o fim, recebendo em troca a recriação do Gabinete de Segurança Institucional (entregue ao general Sérgio Etchegoyen), a intervenção federal no Rio de Janeiro, o Ministério da Defesa e mantendo a pressão sobre outras instituições (tuítes de Vilas Boas e o Supremo), entre outras questões.

Contribuíram para a reorganização do Partido Militar a Minustah no Haiti (aumentando seus contatos internacionais), as operações de Garantia da Lei e da Ordem (oferecendo uma autoimagem de solucionador de problemas nacionais), o emprego das forças armadas nos megaeventos esportivos (proporcionando contatos com elites econômicas – particularmente empresários da construção civil – e com a imprensa), e a Comissão Nacional da Verdade (garantindo coesão discursiva em torno de um inimigo comum, a esquerda).

quinta-feira, agosto 19, 2021

O Brasil não é uma republiqueta de bananas

Jota Parente
  O golpe militar de 1964 contou com   expressivo apoio da Igreja Católica, que   era bem mais forte do que hoje, pois as   igrejas evangélicas cresceram muito no   decorrer desses 57 anos. Havia um clamor   popular e houve apoio dos Estados Unidos, uma vez que a ameaça do Comunismo ser   implantado no Brasil pairava no ar.  

          Segundo vários historiadores, houve apoio ao golpe, também, por parte de segmentos importantes da sociedade: os grandes proprietários rurais, a burguesia industrial paulista, uma grande parte das classes médias urbanas (que na época girava em torno de 35% da população total do país) e o setor conservador e anticomunista da sociedade.

          Pouco antes de 1º de abril de 1964, o Brasil era um país que vivia um intenso debate em torno de reformas sociais, políticas e econômicas, que vinham sendo expressas por setores da sociedade civil, como sindicatos e as ligas camponesas. Foi o tempo em que a Reforma Agrária mais avançou no país, o que foi outro motivo para os donos de grandes propriedades apoiarem qualquer coisa que fosse contra.

          Fazia apenas 15 anos que Fidel Castro havia tomado o poder e implantado uma ditadura de esquerda em Cuba, com apoio irrestrito da União Soviética, o que representava uma gigantesca preocupação para os norte-americanos, dada a proximidade da famosa ilha do Caribe em relação ao território da terra do Tio Sam.

          Assim como Simón Bolivar foi o maior libertador da América Latina, e ele lutava para que todos tivessem liberdade, não, para implantar ditaduras locais, Che Guevara transformou-se no cavaleiro da foice e do martelo, lutando para implantar o Comunismo em países sul-americanos, embrenhando-se na selva, a começar pela Bolívia, onde a carreira do médico revolucionário argentino terminou.

          Pouco antes de 1º de abril de 1964, o Brasil era um país que vivia um intenso debate em torno de reformas sociais, políticas e econômicas, que vinham sendo expressas por setores da sociedade civil, como sindicatos e as ligas camponesas. O golpe militar pôs um fim nisso.

          A ditadura enfrentou resistências, matou muita gente, e nesse meio tem gente que desapareceu para sempre. Até hoje isso rende processos na justiça, que também trata dos casos de tortura a presos políticos. Bastava discordar do governo para entrar na mira.

          O comportamento do governo na ditadura militar no que diz aos direitos humanos foi o mais lamentável possível. Ninguém, a não ser os próprios militares, tinha os seus direitos garantidos. Todavia, nunca alimentei nenhuma ilusão sobre a maioria dos movimentos de guerrilha que combateram o regime de então. Se tivessem vencido, o Brasil estaria alinhado a Cuba e à União Soviética. Trocar-se-ia uma ditadura de direta por uma de esquerda, que talvez viesse a ser até mais sanguinária. O resto da história como seria se isso tivesse ocorrido, o leitor já pode imaginar.

          Depois disso, o tempo em que a política no Brasil mais causou preocupação quanto a uma guinada rumo ao Comunismo foi quando o Partido dos Trabalhadores assumiu o poder. A quase expedição de um decreto presidencial no governo de Dilma Rousseff arrepiou os cabelos de muita gente, não somente de quem é escancaradamente de direita. Era o famigerado Decreto número 8.243, de 23 de maio de 2014, que pretendia instituir a Regulação dos Meios de Comunicação, que foi denunciado e abortado.

Chamado por um editorial do Estadão de “um conjunto de barbaridades jurídicas” e por Reinaldo Azevedo de “a instalação da ditadura petista por decreto”, o Decreto 8.243/2014 foi editado pela Presidência da república em 23/05/14, tendo sido publicado no Diário Oficial no dia 26 e entrado em vigor na mesma data. Entender qual o real significado do Decreto exige ler pacientemente todo o seu texto, tarefa relativamente ingrata.

          O PT quis se perpetuar no poder usando artimanhas que terminaram não dando certo porque houve reações. Com dificuldade para emplacar o seu projeto de poder, e com o apoio de diversos partidos, alguns dos quais hoje fazem parte do grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, além de outros que são oposição, o PT resolveu atacar os cofres. E fez isso como ninguém tinha feito antes.

          Dos 15 partidos representados na Câmara em 2003, 11 apoiavam o governo. Esse grupo reunia 376 deputados, ou cerca de 73% da Casa. Eram eles: PT (90 deputados, PMDB (77), PTB (52), PP (49), PL (43) PPS (21), PSB (20), PC do B (10 deputados), PSC (7), PV (6) e PSL (1). Desses, o PP e o PTB estão com a corda toda no governo Bolsonaro, enquanto o MDB faz uma oposição meia boca, esperando a hora de voltar a fazer parte de algum governo.

          Perguntaram ao presidente Jair Bolsonaro porque ele negociou com o Centrão, ele respondeu que é o que ele tem para governar, ou desgovernar, pois gasta a maior parte tempo discutindo teorias conspiratórias. Quando não tem, ele inventa uma, mas, a sua preferida é a ameaça do Comunismo ser implantado no país. As instituições tem se mostrado fortes, tanto para repelir as sandices do presidente, quanto para não permitir que a democracia seja derrubada por nenhum regime de exceção.

          Pelo quadro que se apresenta no momento, o Brasil parece bem estruturado para sobreviver a esses solavancos e projetos de aventuras políticas, apesar de ser triste ver uma parte da sociedade brasileira apoiando as aventuras do presidente, para quem não houve ditadura e para o qual a tortura pode ser justificada. Seu maior sonho de consumo é comandar o país com mão de ferro, com o chicote na mão.

          A maior parte da sociedade brasileira repele qualquer coisa que pareça tentativa de romper o estado de direito. Nem com o alto comando do Exército Bolsonaro conta para botar tanques de verdade nas ruas, daqueles que não ficam soltando fumaça e ridicularizando a imagem do Brasil no exterior. A mesma sociedade que apoiou o golpe de 1964, reage de forma totalmente diferente hoje. Não há clima para golpe. O Brasil não é uma republiqueta de bananas. Tem um nome a zela no cenário mundial, e a maioria dos brasileiros sabe disso.

Como diz o professor de História, Leandro Karnal, quem defende a ditadura, se for jovem, deve ter faltado às aulas de História, por ignorado fatos, e se for velho, deve estar sofrendo com problema de esquecimento, porque ditadura nenhuma presta, tanto faz se é de direita ou de esquerda. Eu quero distância.

          Jota Parente 

segunda-feira, junho 28, 2021

Artigo: JP: os números da pandemia decresceram, mas, a guarda não deve ser baixada

A gangorra do número de mortes pela Covid-19, no Brasil, vive oscilando de um lado para o outro. Horas baixa, dando esperanças de que estamos de fato na descendente, mas, de vez em quando volta a subir.

Ontem foram 739 óbitos, número que não é baixo, mas, bem menor que duas, três ou quatro mil mortes diárias, como enfrentando há alguns meses.

A histéria dos negacionistas despencou, junto com a popularidade do maior negacionista de todos, o presidente Jair Bolsonaro, cuja admiração tem derretido como as calotas polares.

No meio dessa situação de aparente tranquilidade, de vez em quando surgem notícias que assustam, como é o caso da presidente da Câmara Municipal de Belterra, vereadora Malu Lima, de 46 anos. Morreu de covid, em Santarém, na manhã de ontem no Hospital Regional do Baixo Amazonas, pessoa muito querida na cidade, cuja morte causou grande comoção.

Esse tipo de notícia ruim, deve servir, ao menos, para alertar a todos, a fim de que não esquerçamos que a pandemia arrefeceu, mas, ainda não chegou ao patamar que todos desejam, pois tão cedo, não se vai poder falar que o coronavírus, que provocou tudo isso acabou, pois como vírus, vai continuar circulando por aí, com possíbilidade de aparecer a qualquer momento, uma vez que tem circulado pelo mundo todo. 

Vai existir, sempre, a possibilidade de aparecer como uma epidemia localizada em qualquer lugar da face da Terra. Como nova pandemia é pouco provável, porque não haverá mais o elemento surpresa, conquanto o vírus já é bastante conhecido pela Ciência, assim com as formas de atuação no organismo humano, além de já existirem diversas vacinas, que até então, são a principal garantia da humanidade.

Por falar em vacina, estive conversando com um médico amigo meu, de Santarem, o Dr. Telmo Moreira Alves, tentando conseguir mais subsídios para este artigo, concernente à eficácia das vacinas.

Ele me disse que ainda perduram muitas incertezas entre os cientistas e a classe médica sobre o assunto. Ninguém tem certeza absoluta de muita coisa, pois, ainda é tudo muito novo. 

Tudo leva a crer que a queda vertiginosa do número de casos e de mortes deve-se à vacinação em massa, todavia, uma grande mudança de hábitos por parte de uma significativa parcela da população mundial por causa da pandemia, para evitá-la, tem uma grande contribuição nesse cenário atualmente favorável, disse o Dr. Telmo.

Que bom que a vida está voltando ao normal, ainda se observando o 'novo normal', de modo particular para os mais velhos e para todos que sofrem com comorbidades que ajudaram a fazer tantas vítimas. E esse grupo de seres humanos deve continuar mantendo a guarda, observando os protocolos de segurança em saúde, pois como dizem os mais velhos como eu, prudência e caldo de galinha, não matam ninguém.

Jota Parente

terça-feira, junho 15, 2021

Os "gateiros" vão fazer a festa, se a tarifa de energia subir tanto quanto está previsto

"Chegará o tempo em que os homens sentirão vergonha de ser honestos" (Ruy Barbosa)

Talvez muita gente tenha lido apenas a manchete da matéria sobre a privatização da Eletrobrás, cujo martelo poderá ser batido amanhã, se o Senado votar a MP que trata da matéria, como está na pauta de votação.

O aumento que virá com a privatização poderá fazer muitos terem que fazer o que faziam os mais velhos como eu, que ainda vivi no tempo da lamparina, do candeeiro, do aladim e do petromax, esse último somente para quem podia. Era mais chique.

A reunião que discutiu o assunto foi conduzida pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que disse ter certeza que quem vai pagar a conta da privatização da Eletrobras, se ela ocorrer, será o consumidor final. Isso porque a estatal vende energia a R$ 65 por 1 mil Megawatts-hora (preço de custo), o que deixará de ocorrer após a privatização. 

- Essa MP afeta toda a sociedade brasileira. A modelagem proposta descomissiona as principais usinas da base, permitindo que cobrem R$ 140 em vez de R$ 65. Então é evidente que o custo extra será repassado ao consumidor final. E isso é agravado pela criação de reservas de mercado em algumas fontes. Se segurarem as tarifas no primeiro ano, não conseguirão no segundo - alertou.

Nelson Hubner, que foi ministro das Minas e Energia entre 2007 e 2008, valeu-se de exemplos dos EUA e do Canadá para comprovar sua visão de que o Brasil deve passar por um "tarifaço", caso o controle da Eletrobras passe à iniciativa privada. Outro fator que contribuirá para isso, segundo ele, é que o controle dos recursos hídricos brasileiros também passará ao capital privado, caso a MP passe como está. 

- No Canadá, a região de Quebec, onde o controle dos recursos hídricos é estatal, o preço da energia chega a ser um terço de outras regiões do país. Nos EUA, 73% da energia hídrica é estatal. Só o Exército controla 20%. Os estados americanos com a energia mais cara são os da fronteira norte com o Canadá e a California, que são controlados por companhias privadas - exemplificou.

Se for desse jeito que está escrito na matéria que tem como fonte a Agência Senado, sentiremos muita saudade das nossas atuais faturas de energia elétrica.

Não privatizar talvez seja difícil. Ou agora, ou algum dia vai acontecer. Quem sabe, dependendo do resultado da votação de amanhã, se ela de fato ocorrer, no caso de não ser aprovada a privatização, o que parece pouco provável, o governo bem que poderia adiar por algum tempo, enquanto a economia brasileira se recupera mais do baque que sofreu com a pandemia.

Existe sempre tendência de qualquer serviço melhorar quando é privatizado. Isso é fato. Basta olhar para o exemplo da telefonia no Brasil pós Telebrás, que ocorreu por meio de leilão em 29 de julho de 1998 na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, sendo a maior privatização ocorrida no Brasil até então, arrecadando R$ 22,058 bilhões pelos 20% das ações em poder do governo na época.

O que mais se discute no caso atual da Eletrobrás é o momento da provável privatização, em que o poder aquisitivo da maior parte da população foi bastante diminuído em consequência da pandemia. 

Se de fato a Eletrobras passar para a iniciativa privada nos próximos meses, porque a aprovação no Congresso é somente uma das etapas do processo, vai ser uma paulada muito forte na costa dos contribuintes, e que ninguém duvide, que as ligações clandestinas, o famoso “gato”, vai miar por todos os lados do Brasil.

Em Itaituba, onde “gateiros” exercem sua “profissão” com muita desenvoltura, sob a luz do dia, subindo em postes, com carro equipado para fazer o serviço e tudo mais, o mercado de “trabalho” deve ser ampliado, porque os “profissionais” que atuam nos dias atuais não vão dar conta da demanda. 

E aí, a conta deverá ficar mais salgada para quem, como eu, que chova ou faça Sol, paga sua fatura todo mês, porque recuso-me a fazer “gato”, seguindo o exemplo dos meus pais, porque para mim, quem rouba energia, rouba qualquer coisa, basta ter oportunidade.

E o que eu e você, que se dá ao trabalho de ler esse texto, e que também se sacrifica para pagar sua conta mensal ganhamos com isso? O título de OTÁRIOS, dado pelo meu e pelo seu vizinho, que liga a central de ar às sete da noite e desliga às sete da manhã, e fica no ar-condicionado na maior parte do final da semana.

Jota Parente

sábado, maio 29, 2021

Aumento de salários d Executivo Federal e de Palamentares é um tapa na cara dos brasileiros

É simplemente vergonhoso o aumento que deverá ser concedido aos poderes Executivo e Legislativo em nível federal, que está na Câmara e já foi aprovado pela Comissão de Finanças da Casa, presidida pelo deputado Virgilio Guimarães, do PT de Minas Gerais.

Quem tomou a iniciativa de propor os percentuais foi o ministro Paulo Guedes, que encaminhou a solicitação ao Congresso Nacional. O mesmo que pediu para o presidente congelar o salário de todo mundo, quando começou a pandemia.e 

Prestem bem atenção! O relator é do PT, chapa de primeira hora do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, e os beneficiados são os próprios congressistas, cuja maioria jamais vai reclamar disso, e o pessoal do Poder Executivo, que tem como chefe o presidente Jair Bolsonaro, que se elegeu montado no cavalo do cambate à corrução e aos desmandos governamentais do país, calado estava, calado ficou.

Essa imoralidade é um tapa na cara dos brasileiros que passam fome todos os dias, e de todos os cidadãos dessa nação, que pagam impostos.

Enquanto o aumento do Executivo federal poderá chegar a elevadosn 69% para alguns cargos, a mesma Câmara confirmou a proposta do governo federal para o estonteante aumento deo Salário Mínimo na ordem de 5,22%. Isso mesmo, 5,22%.

O presidente do Brasil recebe, até a presente data, R$ 30.904,00. Vai passar a receber se o aumento for aprovado, R$ 66 mil, ou 69%. 

O mesmo acontece com o vice-presidente Hamilton Mourão que deverá passar a receber R$ 63 mil.

Os ministros de Estado deverão receber algo em torno de R$ 55 mil.

Tem deputado colhendo assinaturas para derrubar isso no plenário.

É revoltante ver um pais que tem mais de 14 milhões de desempregados, e que teve um aumento muito grande do número de brasileiros que estão abaixo da linha de pobreza levar uma rasteira como essa, sem nenhuma cerimônia desses senhores de Brasília, que querem mesmo é que o povo se lasque.

E tem mais, esse aumento está vindo num momento em que os servidores públicos em geral estão com seus salários congelados até o final do ano, por conta de um decreto do presidente, por causa da pandemia. Parece que o decreto não alcança esses vampiros da administração pública brasileira.

Triste Brasil.

Jota Parente


sábado, maio 22, 2021

Artigo: Política no Brasil: Mudam-se os Nomes, o Comportamento dos Políticos, Não

A chamada arraia miúda, formada por gente que fica se estapeando por causa desse ou daquele político, com ou sem mandato, vive muito mais ligada nas bravatas dos seus ídolos do que na vida real que é vivida conforme as decisões políticas, porque, mesmo que se diga que não se gosta de política, ela está presente na vida da gente a todo momento.

Do alto dos meus setenta anos, tendo vivenciado as nuances da política brasileira, desde um pouco antes da implantação da ditadura militar, pois, na minha casa política era uma coisa presente, afirmo que não acredito em mudança de ares advindos da política. 

A maioria dos eleitores achou que poderia ser diferente com Jair Bolsonaro, que representou o anti-petismo na eleição de 2016.

Na campanha, prometeu-se que o Brasil viveria novos tempos na política, mas, não é o que se vê. Os extremos se tocam e os meios ficam cada vez mais parecidos. A promessa de moralização ficou pelo meio do caminho, e o que vemos hoje é exatamente o que os antecessores do atual presidente fizeram: a tentativa de se manter no poder a qualquer custo, mesmo que seja com ameaça de usar a força.

Houve um momento que os simpatizantes do ex-presidente Lula não colocam nas redes sociais, em que o então mandatário máximo da nação queria baixar um decreto que tinha cheiro de porta de entrada para uma ditadura. Até a Igreja Católica, que deu grande apoio a ele, se pronunciou contra tal decreto.

Herodes, aquele que, segundo a Bíblia, ordenou a "matança dos inocentes", é como a Igreja Católica denominou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em panfleto distribuído em São Paulo contra pontos dos quais discorda no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em dezembro de 2009 pelo governo.

Os mais velhos que tem boa memória não esqueceram esse episódio.

Neste momento, observam-se movimentos de órgãos da República, em Brasília, com a finalidade de blindar autoridades federais do atual governo que tenham foro privilegiado.

É como diz o velho ditado: mudam-se os santos, mas, os milagres são os mesmo.

A política brasileira é suja, o poder só é exercido em nome do povo, na letra morta da Constituição Federal, porque eles só precisam, mesmo, é do voto dos eleitores para fazerem o que bem entenderem depois de eleitos. E esse o que bem entenderem inclui fazer coisas que vão de encontro aos interesses da população.

Lamentavelmente, o voto da gente não serve para melhorar a vida do cidadão como muitos ainda acreditam e pregam. A única utilidade que o nosso sufrágio tem é dar poder para quem teve o discurso mais bonito durante a campanha eleitoral. Mudar que é bom, nada.

Quase sempre foi assim, vai continuar sendo assim, sabe Deus por mais quanto tempo. Talvez para sempre. As mudanças na política brasileira tem sido sempre para pior.

Eu não acredito mais.

Jota Parente

quarta-feira, maio 19, 2021

A insistência no comparecimento da diretora do HRT na Câmara parece falta de assunto relevante

O assunto voltou à tona na seção de hoje na Câmara Municipal por parte do vereador Felipe Marques, mas, em sessões anteriores o tema foi ardorosamente discutido, inclusive pelo presidente da Casa de Leis, Dirceu Biolchi.

Talvez a direção do Hospital Regional do Tapajós esteja perdendo uma boa oportunidade para esclarecer para a população alguns fatos que vieram a público nas últimas semanas, como a demora exagerada reclamada por um paciente, que informou a imprensa, que já tinham se passado mais de vinte dias, e nada de sair o resultado de um exame de imagem que tinha feito.

Uma convivência  harmoniosa com órgãos locais e com a comunidade de um modo geral, creio que faria bem ao HRT e a todos, pois sua recusa em conversar com os vereadores soa estranha, como se estivesse escondendo alguma coisa. 

Esse é um lado dessa situação. O outro lado reside no fato da direção do HRT só ter obrigação de prestar contas ao governo do Estado através da SESPA, ou à Assembleia Legislativa do Pará. Quem paga é quem manda.

Dito isto, não vejo razão para a insistência de alguns vereadores, visto que a Câmara não tem nenhum poder sobre essa Organização Social que gerencia o Hospital Regional do Tapajós.

Aliás, a atual composição da CMI não anda nada bem nos comentários da população. Até agora, pode-se dizer que a montanha pariu um rato, porque de quem tanto se esperava, que era do vereador Delegado Conrado, nada aconteceu. De parte dele, os fatos que mais chamaram a atenção foram alguns problemas relacionados com o seu gabinete. Os outros, nem isso.

Sem o menor sinal de oposição ao governo do prefeito Valmir Clímaco, tem seção que chega a dar sono. As cadeiras destinadas ao público tem sido ocupadas por meia dúzia de assessores. Até os repórteres minguaram. Poucos estão indo ao local em busca de notícias, porque elas pouco acontecem. Os outros, nem isso.

Saudade dos embates César x Peninha, que lotavam as dependências da Câmara.

São apenas três meses de seções nessa legislatura, mas, parece que já faz muito tempo. Se continuar assim, vai ser duro aguentar os quatro anos.

Não tenho ideia de como os edis podem melhorarar sua produção, mas, ainda há muito tempo darem a volta por cima, desde que queiram fazer isso.

Jota Parente

domingo, maio 09, 2021

Vice Governador do Amazonas Fez Graves Denúncias na CPI da Covid Sobre Mortes em Seu Estado

Artigo de Oswaldo Bezerra, no jornal O Impacto

Foi em dezembro do ano passado que o Coletivo de Advocacia e de Direitos Humanos (CADHu) e a Comissão de Direitos Humanos Don Paulo Evaristo Arns foram oficialmente informados, pelo Tribunal Penal Internacional, que os indícios de crimes contra a humanidade e de incentivo de genocídio pelo presidente Jair Messias Bolsonaro estavam sendo investigados.

Localizada em Haia na Holanda, o Tribunal Penal Internacional (TPI) tem caráter permanente. Tem competência para julgar crimes de genocídio, de guerra, contra a humanidade e crime de agressão que se refere a invasões de outro estado por um exército.

As organizações sustentam que, desde o início de seu governo, Bolsonaro incentivou violações de terras indígenas, enfraqueceu instituições de controle e fiscalização e foi omisso em responder a crimes ambientais na Amazônia.

Em janeiro de 2021, os caciques Raoni e Raul Suruí amparados por um advogado francês solicitaram ao Tribunal Penal Internacional que investigasse o presidente brasileiro por assassinato, transferência forçada e perseguição de indígenas.

O presidente também é acusado de ecossídio, onde promove a destruição do meio ambiente de forma tão intensa que prejudica a vida humana. Isso seria um crime contra a humanidade. Este tipo de investigação é a primeira do gênero a um presidente da república brasileira. Contudo, as chances de Bolsonaro ser julgado e condenado pelo Tribunal Penal Internacional é muito pequena.

Uma acusação mais grave ainda apareceu na CPI da Covid. Veio através da delação do vice-governador do Amazonas que acusou o governador do Amazonas, Wilson Lima em conluio com Jair Bolsonaro de ter feito um experimento trágico e macabro no estado.

Segundo o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (sem partido), os dois trabalharam juntos para provocar no estado uma infecção que chegasse a 70% da população. A ideia era que este alto número de infecção levasse o estado a obter a chamada imunização de rebanho.

A ideia do presidente e do governador era que quando estado chegasse neste nível, toda população estivesse imunizada e não precisasse mais de vacina. O governador e o presidente cometeram um grave erro, não levaram em consideração a avaliação científica, apenas tentaram colocar em prática uma ideia do chamado poder paralelo do Ministério da Saúde, coordenado por um dos filhos do presidente, segundo depoimentos na CPI.

Porque a experiência da imunização de rebanho deu errado no Amazonas? A alta infecção acabou por gerar uma alta re-infecção. Assim uma nova cepa foi gerada. Com esta nova cepa os casos fatais explodiram, com aumento de números de mortes e falta de oxigênio.

O vice-governador apresentou provas do experimento e a CPI já está as colhendo. Segundo relatos da CPI, Teich e Mandeta alertaram ao presidente que a tática da infecção de 70% não daria certo por motivos de alteração do vírus. Aconselharam que este procedimento mataria 180 mil pessoas. Na verdade, matou bem mais. Bolsonaro teria preferido seguir os conselhos do seu filho.

Em vídeos, Bolsonaro afirmava que com 70% da população infectada o Brasil seria considerado pelo mundo como país livre da pandemia. Na verdade, vários vídeos com este contexto foram feitos pelo presidente repetindo o mágico numero (70%).

Já passamos de meio milhão de mortes, isso sem contar as subnotificações. Fazer experiências com um vírus desconhecido é muito perigosos, ainda mais se sabendo que o preço seria centenas de milhares de mortos. A variante com carga viral maior foi o resultado de um experimento macabro. Esta atitude do governo federal em conluio com o governo estadual do Amazonas é uma ação que poderia ser investigada pelo TPI.

Novo livro de Oswaldo Bezerra intitulado “Contos Amazônicos Modernos” está agora disponível para Kindle na Amazon.

sábado, maio 01, 2021

Uma década após lei, maioria das cidades brasileiras ainda usa lixões e produção de resíduos cresce com pandemia

O Brasil é um país onde há leis que pegam, leis que não pegam e leis que pegam mais ou menos. Nesse último caso está a Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que por aqui só pegou um pouqinho.

Itaituba faz parte disso, pois desde o segundo mandato inconcluso do ex-prefeito Roselito Soares se fala na implantação de um aterro sanitário, que nunca saiu do papel.

Depois de Roselito veio Valmir, em 2010, que assumiu o cargo e concluiu aquele mandato por decisão da justiça eleitoral. Vieram os quatro anos de Eliene Nunes, nos quais o Jornal do Comércio e o blog do Jota Parente fizeram diversas entrevistas com o secretário de meio ambiente de plantão, e só conversa.

No primeiro mandato do prefeito Valmir Climaco no atual período político no qual ele iniciou o segundo mandato no começo deste ano, as perguntas continuaram, avançou-se alguma coisa, mas, até agora não se sabe quando vai, ou se vai acontecer essa implantação.

Colocar para funcionar um aterro é um negócio complicado, porque não depende apenas de recursos. É necessário, por exemplo, que o terreno escolhido esteja em consonância com as exigências do Ministério do Meio Ambiente, que não são poucas, como por exmplo, ficar a uma determinada distância de mananciais (nascentes de água), além de muitas outras.

Já vai para quase 11 anos desde que começou a se falar nisso e a coisa tem andado a passo de tartaruga em milhares de municípios brasileiros, entre eles Itaituba.

Além da questã das exigências ambientais sobre o local escolhido, outra razão muito forte é que o custo para implantar um aterro sanatário é bastante elevado, custo com o qual somente um número pouco expressivo de municípios tem condições de arcar. Além do que muitos prefeitos nunca se preocuparam muito com isso.

Na conversa mais recente que tive com o secretário de Meio Ambiente de Itaituba, engenheiro Bruno Rolin, ele disse que o problema do terreno já estava resolvido, e que o mesmo tinha recebido do aval do MMA, o que já é uma boa notícia.

Um aterro sanitário feito dentro dos padrões exigidos, depois que entra em funcionamento pode e deve gerar emprego e renda. Os catadores, que hoje arricam-se a contrair doenças trabalhando no lixão, serão integrados a uma cooperativa, mas, isso passa pela coleta coletiva dos resíduos domiciliares, que depende de campanha de conscientização que não funciona da noite para o dia. Mas, vai ter que se fazer isso. Os resultados a médio e longo prazo tendem a ser muito positivos para os trabalhadores que sobrevivem disso e para a sociedade.

Um aterro sanitário pode e deve gerar renda para o município através do aproveitamento dos gases de parte do lixo coletado. Conversas nesse sentido já foram adiantadas com empreendedores de fora, que trabalham com isso.

É possíve que demore mais alguns anos para tudo acontecer, porque os municípios dependem de ajuda do governo federal, que está cortando tudo que pode, por conta da situação difícil da economia do país por causa da pandemia.

Mesmo que atrase mais um pouco, é fundamental que a sociedade tenha em mente a importância de não ser perder de vista esse empreendimento, porque é assim que um aterro sanitário deve ser visto, sem esquecer que se trata, também, de uma questão de saúde pública.

Jota Parente

sexta-feira, abril 23, 2021

Jair sem Trumpinho

Vera Magalhães

'Alvorada sem alambrado/ Pão sem leite condensado/ Sou eu assim sem você. Ema sem cloroquina/Dudu sem carabina/ Sou eu assim sem você.'

Na hora e meia em que esperou sua vez de falar sem convicção na Cúpula de Líderes sobre o Clima convocada por Joe Biden, Jair Bolsonaro bem poderia cantarolar essa versão negacionista do sucesso de Claudinho & Buchecha.

Não que o clássico do funk carioca mereça ter seus versos solares e meigos substituídos pelo lamento do presidente brasileiro sobre o isolamento a que foi relegado no tabuleiro mundial depois que seu amigo Trumpinho foi derrotado nas urnas. Mas sua visível falta de ambiente na reunião em que teve de ler, a contragosto, um papel com o contrário daquilo que pensa e pratica em termos de política ambiental me lembrou os versos “Eu não existo longe de você/ E a solidão é meu pior castigo”.

Antes, quando era Trump, e não Biden, o anfitrião, Jair, família e agregados eram recebidos com alegria galhofeira. A caravana dos puxa-sacos exóticos dos Trópicos vestia boné, ganhava tapinha nas costas e se achava a tal. Podia mandar às favas os indicadores vergonhosos de desmatamento e queimadas. Afinal, primo Donald não estava nem aí para esse mimimi.

Agora, as coisas mudaram. Biden, vejam que amolação, resolve fazer uma Cúpula do Clima e, ainda por cima, exigir metas concretas. Jair não pode nem ler o mesmo discurso de sempre, como gostaria, porque os chatos do Itamaraty, depois da saída do Ernesto, vêm estragar o almoço do costelão e dizer que talvez seja melhor propor alguma coisa com cara de concreta.

Então toca colocar terno e gravata verde (ainda se tivesse o escudo do Palmeiras, talkey?) e fazer cara de sério ao lado do Salles, esquecer a Anitta e desenterrar aquele discurso “comunista” dos governos do PT e do PSDB.

Bolsonaro deve ter ensaiado diante do espelho para repetir palavras como biocombustíveis, biomassa, bioma e biodiversidade sem intercalar com um palavrão ou falar que aquilo é tudo coisa de maricas.

Do lado de lá da tela do computador, Biden (que até saiu da sala, dado o climão da Cúpula do Clima) e os demais líderes mundiais devem ter achado certa graça em ver o antes destemido presidente brasileiro prometer com a voz baixinha dobrar recursos para a fiscalização de crimes ambientais, uma semana depois de mandar exonerar o superintendente da Polícia Federal que ousou combatê-los por meio de uma operação.

Até Trump, onde quer que esteja curtindo seu merecido oblívio, deve ter soltado uma gargalhada e exclamado: “Quem é esse cara?”. Nem parecia aquele que até ontem estava disposto a lhe fazer companhia na bravata de abandonar o Acordo de Paris. Que deixou de sediar a COP-25, que se recusou a conversar com a diretora do Greenpeace, Jennifer Morgan, quando a encontrou em Davos em 2019. Seria o mesmo cara? Aquele do filho de boné que não sabe falar inglês, mas queria ser embaixador?

Eventos como os desta quinta-feira evidenciam a absoluta inadequação de alguém como Jair Messias Bolsonaro para presidir o Brasil, e de auxiliares como Ricardo Salles para gerir qualquer coisa que não seja destinada à destruição.

Ao conseguir, em três minutos de fala, prometer o oposto do que praticou ao longo de dois anos e quatro meses de desgoverno, Bolsonaro assinou diante de um mundo livre do trumpismo o atestado do desastre que é sua gestão.

Resta verificar o dia seguinte da Cúpula em que o Brasil e seu presidente ficaram nus diante do mundo com sua incompetência. Parece difícil que, diante de todas as evidências de que Bolsonaro apenas fez malabarismo retórico para pedir um trocado no final, Biden esteja disposto a financiá-lo. Assim como Trump só enrolava o “amigo”, os Estados Unidos sob nova direção devem continuar a dar chá de cadeira no Brasil.

quinta-feira, abril 01, 2021

Quem será o candidato do prefeito Valmir Clímaco a deputado estadual?

            A eleição para deputado estadual, assim como para deputado federal, senador e presidente da República vai ser somente em outubro do ano que vem, mas, as pedras já estão sendo mexidas. São muitas as conjecturas, como é normal em política. Algumas vingam, outras não.

          Ulisses Guimarães dizia, que em política, não se deve estar tão próximo que amanhã não possa ser adversário ou inimigo, nem tão distante, que amanhã possa ter dificuldade para estar próximo. Principalmente no Brasil, onde o pluripartidarismo predomina, a frase do Doutor Ulisses, o Senhor Brasil, é uma verdade incontestável.

          Pois é, aqui em Itaituba, nem bem virou o ano, começaram as conversas, inicialmente informais, sobre a eleição para deputado estadual, principalmente essa, embora esteja interligada com as eleições para governador, deputado federal e senador.

          Quem será o candidato do prefeito Valmir Clímaco a deputado estadual? Se fosse hoje, provavelmente seria o deputado Hilton Aguiar, mas a eleição só vai acontecer ano que vem, tempo suficiente para muita coisa mudar, até mais de uma vez.

          Eu perguntei ao prefeito, como anda a convivência política entre ele e Hilton. A resposta foi que está bem, está normal. Perguntei, também se é verdade que ele não gostou da secretária de Cultura Sueli Aguiar estar filiando-se no PSC. Valmir disse que não tinha nada a comentar sobre esse assunto.

          Dentre as possibilidades de candidaturas que são aventadas atualmente, cogita-se o nome de Hilton Aguiar como candidato a deputado federal, fazendo dobradinha com sua esposa, Sueli, que poderia vir candidata a deputada estadual.

Ocorre que também o ex-deputado federal Francisco Chapadinha, irmão de Hilton, também mantém conversas sobre uma possível candidatura ao mesmo cargo federal.

Trata-se de uma família, que sempre caminhou unida nas eleições anteriores. Com a experiência política que Hilton, Chapadinha e Nicodemos, o vice-prefeito, tem, a probabilidade de isso acontecer não soa como plausível, porque seria dividir forças e correr o sério risco de morrer todo mundo abraçado.

No começo do ano, ao participar do programa O Assunto é Este, na Alternativa FM, Hilton falou sobre uma possível candidatura a deputado federal, desde que contasse com apoio efetivo do governador Helder Barbalho, que até estaria propenso a fazê-lo. O partido seria decidido depois, com alguma chance de ser o MDB.

O deputado federal José Priante, que conta com os votos de Itaituba, não ficou muito satisfeito com essa engenharia política. Além de ser um dos maiores caciques do partido no Estado, Priante é sobrinho de Jader e primo de Helder, motivos mais que suficientes para jogar água fria na fervura.

Essa semana surgiram informações não oficiais dando conta de que Helder trocaria alguns indicados de Hilton por nomes apontados por outro deputado estadual em órgãos do Estado na região. Todavia, embora essa possibilidade sempre exista, pois tratam-se de cargos de confiança, seria de estranhar se isso acontecesse, pois do ponto de vista da política estadual, Hilton é a maior liderança da região Sudoeste do Pará, sendo um deputado com enorme chance de reeleger-se novamente, se tentar renovar seu mandato.

Ele já faz parte da base de apoio ao governo, então, não seria uma jogada inteligente, abrir mão de um deputado que tem peso político e pode ser muito importante para aumentar a votação do atual governador na disputa da reeleição.

Quanto ao motivo pelo qual o prefeito não teria ficado satisfeito com a possibilidade da filiação de Sueli Aguiar ao PSC, o desconforto atende pelo nome de senador Zequinha Marinha, que é o presidente da sigla no Pará, que está se assanhando para sair candidato ao governo do Estado, ano que vem.  

Uma coisa que posso afirmar sem medo de errar é que, se permanecer mais ou menos como está, o prefeito Valmir Clímaco deverá apoiar a candidatura de Hilton Aguiar a deputado estadual, mas, com uma mudança substancial na sua participação na campanha: não haverá mais apoio exclusivo a apenas um candidato.

Jota Parente

quarta-feira, março 31, 2021

Ditadura, nem pensar!

           Quem não viveu na época do golpe de estado de 1964, quando os militares depuseram o presidente João Goulart, assumindo o poder por longos vinte e um anos, ou não estuda a sério a História do Brasil, não tem condições de criticar ou fazer argumentações a respeito desse fato histórico que durou um quinto de século. Eu estava lá.

          Para aqueles que preferem ser marionetes, batendo continência, seja mantendo o seu emprego, ou qualquer outra atividade, pode ter sido uma maravilha. Esse negócio de liberdade de expressão, direito de ir e vir é coisa de quem está sempre insatisfeito com tudo, dizem eles.

          Eu prefiro a liberdade com responsabilidade. Não comungo dessas ideias de cerceamento dos direitos fundamentais dos seres humanos. Nem por isso, jamais tive que comparecer a uma delegacia de polícia, ou de um juiz de direito para dar explicações sobre qualquer malfeito, porque respeito as leis do meu país.

          De agosto de 1971, quando comecei no Rádio, até 1985, eu e meus colegas de trabalho sofremos muito com a censura. Houve um período em que a Delegacia da Polícia Federal ficava a uns 30 metros da Rádio Rural. Tempos muito complicados, em que a pressão era enorme e o medo de fazer alguma coisa que os caras não gostasse era grande.

          Hoje, dia 31 de março de 2021, completam-se 57 anos que a ditadura foi implantada no Brasil. A proposta inicial era para não demorar muito, pois o que se soube na época foi que dentro de um ano, ou um pouco mais, os militares promoveriam eleições diretas gerais, devolvendo o poder aos civis, o que só viria acontecer muito mais tarde.

          O Brasil era, naquele momento, um verdadeiro barril de pólvora, pronto para explodir diante da menor faísca. O populista Jânio Quadros, de direita, do qual pouco se fala, foi a razão dessa confusão toda, pois, calculou mal as consequências de sua renúncia. Ele esperava voltar nos braços do povo, mas, o que aconteceu foi que seu vice João Goulart, um populista de esquerda, assumiu a presidência e ficou.

          Naquele tempo, votava-se no candidato a presidente e no candidato a vice-presidente, assim como para governador e vice, e prefeito e vice. Por isso, Jango, que era vice de Juscelino, decidiu concorrer mais uma vez, sendo reeleito, apesar da disparidade política que havia entre ele e o presidente eleito.

          Jango assumiu e arregaçou as mangas para tentar colocar em prática seus ideais políticos, o que não foi possível com Juscelino. Reforma agrária era uma das metas do conterrâneo de Getúlio Vargas, tema que dava calafrios em todo mundo da direita, sobretudo nos latifundiários.

          O alinhamento de João Goulart com Cuba e União Soviética afetou os interesses de Washington na América Latina. O Brasil defendia a manutenção de Cuba no bloco de países interamericanos, o que ia de encontro ao que queriam os Estados Unidos. Não se deve esquecer que se vivia sob o clima da Guerra Fria.

          Com Jango o Brasil foi cambando, cada vez mais para a esquerda, até chegar ao ponto de ruptura quando, com apoio de fortes lideranças de direita, com o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, e das vozes das ruas, e com as bençãos dos americanos, na noite de 31 de março para 1º de abril de 1964 aconteceu o golpe.

          Durante os vinte e um anos em que as forças armadas ficaram no poder, houve muitos investimentos em infraestrutura por todo o país, ao custo de um imenso endividamento externo. Direitos fundamentais foram restringidos e muitos brasileiros desapareceram para sempre, principalmente quem se envolvia em guerrilhas.

          É natural que chorem os seus mortos para sempre. Para a esquerda, foram mártires que lutaram para restabelecer a liberdade no país, porém, a liberdade ao modo como concebiam suas lideranças, seria liberdade para elas. Para o povo sobraria uma ditadura de esquerda, passando por cima de tudo e de todos.

          Talvez o golpe tenha sido um mal necessário que durou mais do que deveria, pois o país caminhava para uma anarquia política, cujas consequências seriam imprevisíveis. Provavelmente, seria implantada uma ditadura de esquerda, porque caminhava para isso, e aí seria trocar seis por meia dúzia, com agravante de que só um golpe defenestraria a esquerda do poder.

Nada há para comemorar nesse 31 de março, mesmo porque temos um presidente que, só não deu um novo golpe até hoje, porque não encontrou apoio de quem mais esperava, os militares do alto escalão, pois, sem nenhuma competência para fazer o gerenciamento político inerente ao cargo de comandante em chefe da nação brasileira, Jair Bolsonaro atolou o país numa crise política e crise de gestão poucas vezes vivenciadas na história do Brasil.

Aos jovens, sugiro que leiam, leiam bastante sobre esse marcante fato da história do país, que foi a ditadura militar. Evitem ficar repetindo o que dizem pessoas mais velhas, que por algum motivo tenham saudades dos anos de chumbo. Certamente, foi porque se beneficiaram com o regime, ou porque nunca prezaram esse bem inalienável, que é a liberdade plena.

Meu respeito pelos militares das três forças, Exército, Marinha e Aeronáutica, que com suas cabeças arejadas pelos ares do Século XXI, tem uma visão correta de que sua missão é servir o Estado, em vez de ser subserviente ao governo, qualquer governo. Ao não aceitarem embarcar nas aventuras tresloucadas de Bolsonaro, prestam um grande serviço ao Brasil.

Ditadura, nunca mais!

Jota Parente

 

quarta-feira, fevereiro 17, 2021

Se você concorda com Daniel Silveira e Bolsonaro, é cúmplice

Daniel Silveira é aquele brutamontes que, para ser eleito – recebendo os votos de uma horda de selvagens – quebrou uma placa de sinalização (de uma praça) com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em 2018.

Daniel veste-se como um bolsonarista (usa camisetas estampadas com armas e mensagens agressivas), fala como um bolsonarista (usa e abusa de palavrões e ameaças), atua como um bolsonarista (dentro e fora do Congresso) e acaba de ser preso.

Como? Por ser bolsonarista? Por óbvio, que não. Mas por se comportar como grande parte dessa malta (bolsonaristas) se comporta; de maneira criminosa! E aí incluo o presidente da República, useiro e vezeiro em cometer crimes semelhantes.

Primeiro o deputado. Depois eu trato do presidente:

Daniel gravou e publicou (no Youtube) um vídeo com cerca de 20 minutos em que ofende de maneira inacreditável quase todos os ministros da Suprema Corte. Pior ainda: faz ameaças diretas a Alexandre de Morais e a Edson Fachin.

Não satisfeito, prega abertamente a deposição dos onze ministros e o fechamento do STF, o que é crime contra a Constituição. O deputado também falou que sonha em assistir a ministros serem estapeados; inclusive por ele mesmo.

Como encerramento, no momento de sua prisão, gravou e publicou novas ameaças, ainda mais sérias e contundentes: “Ministro, quero que você saiba que está entrando numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta querer me calar.”

E prosseguiu: “Eu já fui preso mais de 90 vezes na Polícia Militar do Rio. Fiquei em lugares que você nem imagina. Tu acha que vai mandar me prender, passando por cima da minha prerrogativa constitucional, me assustar e me calar? Claro que não!”

Se você considera isso normal em um Estado Democrático de Direito, se considera isso liberdade de opinião e expressão, e se considera que o rapaz está exercendo seu mandato parlamentar, portanto amparado em imunidade, você é cúmplice.

O que esse energúmeno – e boa parte dos bolsonaristas, com mandato ou não – faz é o tipo de crime que deveria ser punido com o máximo rigor, e tratado como exemplo, como medida pedagógica e, por que não?, profilática. É hora de isso terminar.

Agora Bolsonaro:

O presidente da República também já se cansou de atentar contra a democracia, e nada lhe aconteceu. Não foi uma nem foram duas, as vezes em que participou e apoiou atos pedindo fechamento do Congresso e da Suprema Corte.

Jair Bolsonaro não perde uma única oportunidade de agredir e incentivar agressões contra instituições democráticas, como a imprensa, a Justiça eleitoral e mesmo a Justiça criminal, colocando em cheque investigações e investigadores.

Neste carnaval mesmo, enquanto o País é varrido pelo novo coronavírus e chegamos a mais de 250 mil mortos por Covid-19, como um adolescente em férias o presidente ameaçou, outra vez, veículos de comunicação e plataformas de internet.

Bolsonaro, em mais de uma oportunidade, acusou o Estado brasileiro – prometeu provar, mas jamais o fez! – de fraude eleitoral, e avisou que se perder as eleições em 2022, o Brasil será palco de atos violentos como os vistos recentemente nos EUA.

Este mesmo senhor, sentado na cadeira de presidente da República, chamou o governador de São Paulo de “bosta”, e disse querer armar a população para que ela reaja contra prefeitos e governadores que impuserem o distanciamento social.

Ou seja, o “modus operandi” dessa horda que ascendeu ao Poder é praticamente o mesmo, pouco importando o cargo e a forma de violência; se através da internet ou se pessoalmente. Os robôs e perfis fakes nas redes sociais estão aí para provar.

Congresso e Forças Armadas:

Agora, caberá ao Congresso Nacional manter, ou não, a prisão de Daniel. Em outros tempos, creio que a tendência seria aliviar a barra do coleguinha. Porém, não custa lembrar, uma boa parte dos parlamentares respondem a processos no STF.

Arthur Lira, recém-eleito presidente da Casa, com apoio de Bolsonaro, é um exemplo. Cerca de 2/3 dos parlamentares estão enrolados com a Justiça; alguns com o próprio Supremo. Eu tenho minhas dúvidas se o corporativismo falará mais alto.

Congressistas bolsonaristas, aqui e ali, já se manifestaram a favor do colega arruaceiro, mas confesso que estou muito ansioso para ver a reação do presidente; ele próprio com diversos interesses na Suprema Corte (Flávio Bolsonaro que o diga).

Em tese, o vídeo foi feito em apoio às Forças Armadas, notadamente ao general Villas Bôas, após críticas feitas por Edson Fachin, correspondidas por Gilmar Mendes, em relação a uma suposta interferência dos militares no STF.

Fato ou falso, é fundamental a manifestação, tanto do general quanto das Forças Armadas, a respeito. É preciso que os militares deixem bem claro que não aceitam ser “defendidos” desta forma e nem por este tipo de gente. É imperioso que isso ocorra.

Mais uma vez, portanto, a energia da nação se deslocará do combate à Covid para a defesa da democracia, graças a essa seita maldita que se aboletou no Poder central e nos estados da Federação. Vacinas? Quem se importa? Afinal, um dia todos morrerão, não é mesmo, presidente?

Ricardo Kertzman

segunda-feira, fevereiro 08, 2021

Por que petistas e bolsonaristas estão sempre contra a imprensa:

Jornalistas e você - Não há democracia que preste no mundo sem uma imprensa livre e forte. Entenda por ”livre” o conceito literal da palavra. Assim como não há meia gravidez, não há meia liberdade. Certa ou errada; parcial ou imparcial; justa ou injusta; de boa ou péssima qualidade; remunerada ou não, qualquer forma de imp+rensa é sempre melhor – ou menos pior – que nenhuma imprensa.
Jornalistas são seres humanos e trabalhadores comuns, como quaisquer desses cretinos que os atacam nas redes sociais, na internet e nas ruas. E grupos de comunicação são o sustento de dezenas de milhares de pais e mães de famílias, como são as fábricas, os shoppings e as lojas. Cercear o trabalho da imprensa é, antes de tudo, cercear o direito ao trabalho e à vida.
Se você não gosta ou não concorda com a linha editorial de um veículo de imprensa, beleza, é um direito legítimo seu. Deixe de segui-lo e critique-o à vontade. Diga a todos que conhece que se trata de uma porcaria – ou “lixo”, para ficar no linguajar atual – e recomende um outro de sua preferência. Mas jamais pregue seu fechamento ou deseje sua extinção. É estupidez.
Governos e Imprensa - O sonho de qualquer péssimo governante, de qualquer tiranete, de qualquer governo fascista é uma imprensa servil. Melhor ainda é imprensa alguma. Não há nem houve um único regime desta espécie, no mundo, em qualquer tempo, que tenha permitido livre circulação de opinião e de informação. Ditaduras e tiranias pseudo democráticas estão aí, aos montes, para provar.
É mentira que a imprensa brasileira – ou a de qualquer país do mundo – seja o agente do mal e o motivo para que as coisas não deem certo com o governo. Como qualquer negócio, se as coisas vão bem, os veículos ganham mais dinheiro, já que terão mais anunciantes. O mesmo ocorre com os jornalistas: quanto melhores as coisas, mais empregos e melhores os salários.
A imprensa, bem ou mal, apenas noticia e opina. Ela não escolhe ministros, não legisla, não julga e nem executa. Não é responsável por políticas econômicas e sociais. Não decide sobre a condução da saúde, educação e segurança públicas. Como poderia, então, ser um entrave ou mesmo derrubar um governo popular e democraticamente eleito? Com palavras? Ora…
Psicologia, Lula e Bolsonaro - Quando a imprensa mostra cenas de aglomerações, você fica com raiva porque também se aglomera e a ataca. Quando divulga o número de mortos por Covid-19, você fica com medo e a ataca. Quando mostra a psicopatia e o negacionismo do presidente, você se dá conta de que foi enganado e a ataca. A culpa, meus caros, não é de quem os alerta para a realidade.
Culpar a imprensa é uma tática velha e conhecida, praticada por todos os maus governantes do mundo. Infelizmente, entra ano, sai ano; entra década, sai década e o embuste se repete. É o tal negócio do “não se mexe em time que está ganhando”. Uma boa parcela das pessoas é presa fácil para populistas cretinos, ladrões e incompetentes. Lula e Bolsonaro sabem bem.
Se você, leitor amigo, leitora amiga, chegou até aqui, ótimo! Se concorda comigo, faça sua parte como defensor(a) da democracia e das liberdades individuais. Ajude a combater estes tiranetes governantes e seus bibelôs na sociedade. Mas, se não concorda, antes de xingar ou de bater em retirada, repense e reflita sobre o que leu. Coloque-se no lugar de quem ofende.
Não há fórmula mágica ou receita única para o sucesso e desenvolvimento de um país. Mas certas coisas são comuns a nações que deram certo. Tolerância e respeito ao contraditório é uma delas. Não há democracia sem divergência. Não há crescimento sem debate. E não há progresso no silêncio. As vozes – quaisquer vozes – têm de ser livres, ouvidas e respeitadas.
Ricardo Kertzman, jornalista, colunista da Revista ISTOÉ

quinta-feira, fevereiro 04, 2021

Bolsonaro e Ernesto Araújo se merecem, mas, quem paga a conta é o país

A conta do puxa-saquismo desavergonhado e a troco de nada, do presidente Jair Bolsonaro, em relação ao ex-presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, começa a chegar e pode ser muito salgada.

Durante dois anos, Bolsonaro lambeu as botas de Trump, como se o Brasil fosse uma republiqueta que vende bananas.

Um trabalho feito por dez universidades americanas, que começou a ser feito ano passado, o qual tem trinta e uma páginas, que foi entregue ontem ao presidente Joe Biden, recomenda que os acordos celebrados entre Brasil e Estados Unidos sejam suspensos, e que as exportações brasileiras de produtos agrícolas e de madeira que não puderem provar que foram produzidos sem prejuízo ao meio ambiente, também sejam paralisadas.

Estamos falando do segundo mais importante parceiro comercial do país, atrás apenas da China. Então, tratam-se de muitos bilhões de dólares em jogo, num momento em que a economia brasileira precisa muito das exportações para não piorar a situação da balança comercial.

As trapalhadas do presidente Bolsonaro e de seu ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, um terraplanista da turma do Olavo de Carvalho, tem colocado o Brasil em maus lençóis. Nunca a diplomacia do país esteve em mãos tão erradas e desastradas.

Ernesto Araújo já criou incidentes diplomáticos com a China e meteu-se a dar opiniões que soaram como intromissão na política interna de um país amigo, os Estados Unidos. Parodiando Romário, calado, o chanceler é um poeta.

Agora, do alto da sua prepotência, ou Bolsonaro engole o próprio vômito para tentar remediar a desastrosa política externa do seu governo, ou o Brasil arcará com as consequências das sandices do seu presidente e do seu muito amado ministro, pois já foi dito em tom zangado que Ernesto Araújo vai continuar no Itamaraty. Os dois se merecem.

O presidente Jair Bolsonaro tem grande apoio de empresários, incluindo os produtores rurais. Caso venham as sanções dos EUA, vai pesar no bolso dessa turma, e quando se mexe no bolso de alguém, há chiadeira. O bolso é a parte mais sensível do ser humano.

Jota Parente

segunda-feira, janeiro 25, 2021

Quem ri por último da triste piada do chanceler são chineses e indianos

Agora que ficou definitivamente provado que a política externa do Brasil é tudo, menos política, e que o chanceler é tudo, menos chanceler, o governo Bolsonaro vai ter de arrumar alguma desculpa para manter no cargo o pateta olavista. Perdão pelo pleonasmo.

As desculpas, como a gente já se acostumou a ouvir, não precisam fazer sentido. É tipo fritar hambúrguer para virar embaixador nos Estados Unidos, ou ser terrivelmente evangélico para merecer uma indicação ao Supremo Tribunal Federal. A desculpa é livre, mera formalidade quando o secular conceito da cara de pau não existe mais.

É o método de quem diz que não disse o que disse e apaga vídeos e fotos como se apagasse junto as bobagens que comete. Sobre isso, um chiste. Não parece que a capacidade de expressão do presidente está mais rudimentar a cada aparição?

É o que dá a pessoa só se comunicar com os aduladores do cercadinho. Nunca a necessidade de um exercício argumentativo, nunca uma contraposição fundamentada, nunca a citação de qualquer livro que não sejam as sagradas escrituras. O vazio, o vazio.

Voltando ao chanceler, que um dia comparou Bolsonaro a Jesus Cristo, talvez um dos problemas para sumir com um colaborador tão dedicado seja onde pôr tamanha inépcia.

Existem milhões de profissionais mais qualificados para qualquer cargo em que decidam enfiar o borra-botas. Assim como existem milhares de candidatos infinitamente mais capazes para ocupar o lugar que ele ainda degrada.

Mas não se pode perder a esperança. Alguém com o rabo muito preso conseguiu asilar o Vai, Traub no Banco Mundial. É a única explicação possível. Vai que um coitado com a batata assando consiga realocar o chanceler também?

Arruma uma boca bacaninha para ele ou o que você fez em algum verão passado vai surgir nas redes com todos os detalhes mais sórdidos.

Até a entrega desta coluna, mesmo com sua vergonhosa atuação nas tratativas das vacinas, o chanceler continuava firme no posto. Se o governo precisar de desculpas para justificar o injustificável, aqui vai uma: ele é ótimo contando piadas de português. De povos asiáticos, também. Só que quem ri por último são os indianos e os chineses.

Claudia Tajes (Folha)

Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".