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segunda-feira, agosto 03, 2020

Assessor do Planalto publicava fake news e ataques a adversários de Bolsonaro em páginas removidas pelo Facebook

Tércio em cerimônia da Brigada de Infantaria Paraquedista, no Rio: assessor era administrador de páginas com postagens contra adversários de Bolsonaro Foto: Pedro Teixeira / 24-11-2018 / Agência O Globo

RIO — Páginas na internet com conteúdo bolsonarista removidas pelo Facebook no último dia 8 tentavam manipular discussões na rede, difundiam fake news e atacavam adversários da família Bolsonaro. 

O “Fantástico” da TV Globo divulgou neste domingo parte do conteúdo das contas. Entre os administradores dos perfis está o assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, Tércio Tomaz, que trabalha no Palácio do Planalto. Além de uma conta pessoal, o assessor mantinha outras duas, anônimas, chamadas de Bolsonaro News.

Tércio é acusado por parlamentares de integrar o gabinete do ódio — grupo suspeito de promover ataques virtuais a desafetos dos Bolsonaro. Na página Bolsonaro News, Tércio se dedicou a atacar adversários políticos, principalmente o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. A conta também publicou notícias falsas sobre a pandemia do coronavírus.

Na página, o assessor postou um vídeo em que tira de contexto uma entrevista do diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o isolamento social.

No mesmo dia, Bolsonaro compartilhou o vídeo, dizendo que a OMS defendia a reabertura das cidades. No dia seguinte, foi desmentido pelo diretor da OMS.

Segundo o “Fantástico”, a página postou fake news sobre o governador e o prefeito de São Paulo: “João Doria e Bruno Covas mandam abrir covas para imprensa fotografar”.

A investigação apontou que a rede de contas falsas era operada por dois assessores ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro. Um deles é Eduardo Guimarães, alvo da CPI das Fake News, por ter usado um computador da Câmara dos Deputados pra criar a conta de ataques virtuais Bolsofeios.

Redações fictícias

O outro assessor é Paulo Eduardo Lopes, o Paulo Chuchu. Ex-policial militar, ele trabalhou no gabinete de Eduardo Bolsonaro até junho. Paulo teve seis contas derrubadas. Quatro se passavam por redações jornalísticas, como The Brazilian Post, The Brazilian Post ABC e Notícias São Bernardo do Campo.

Outro assessor que mantinha pelo menos oito páginas inautênticas era Leonardo Rodrigues de Barros. Ele trabalhava para a deputada estadual Alana Passos (PSL), aliada da família Bolsonato. O presidente chegou a gravar um vídeo para uma dessas páginas:

“Leonardo, parabéns pela página Bolsonéas. Está fazendo um trabalho excepcional, ficou muito feliz. Estamos juntos, tá ok?”, disse Bolsonaro.

Na página Bolsonéas havia mais fake news sobre a pandemia, culpando governadores e dizendo que a cloroquina cura a Covid-19. O medicamento que não teve a eficácia comprovada. E chamava Sergio Moro de “fofoqueiro”, depois que ele pediu demissão.