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segunda-feira, março 29, 2021

Ernesto Araújo não aguenta pressão do Congresso e pede demissão

Bolsonaro quer embaixador Luis Fernando Serra para lugar de Ernesto no Itamaraty

Após o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, entregar o cargo nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro decidiu convidar Luis Fernando Serra para ocupar a pasta. 

Serra é embaixador do Brasil na França e é visto como uma pessoa mais "pragmática" que Ernesto Araújo, o que facilitaria a relação com países estratégicos como China e Estados Unidos. Bolsonaro já tomou sua decisão. 

Mas a nomeação de Serra, agora, depende da vontade do próprio diplomata, que teria que estar disposto a trocar Paris por Brasília.

Serra conheceu o presidente quando atuava na embaixada da Coreia do Sul, em fevereiro de 2018, na pré-campanha de Bolsonaro ao Planalto. Na ocasião, em visita ao país asiático, o então deputado federal conversou com Serra sobre tecnologia e ensino e diz ter sido "muito bem recebido" pelo diplomata, que tem um perfil que difere da postura bélica adotada por Ernesto Araújo, o que agradaria ao Congresso.

O Palácio do Planalto já sondou senadores sobre o nome de Serra, para saber se seria bem recebido. Em 2019, ele foi aprovado em sabatina no Senado para ocupar o cargo na França.

— Ernesto subiu numa mureta, puxou a corda e pulou. Cometeu suicídio político. É natural que Bolsonaro queira colocar alguém de direita. O que é preciso é alguém sensato, que saiba conversar, independente da posição ideológica — disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO). O parlamentar é aliado de Bolsonaro no Congresso e não demonstra resistência ao nome de Serra, apesar de afirmar não ter sido consultado pelo Planalto.

No entanto, entre parlamentares seu nome ainda nao é consenso. Ele sofre  resistência  até mesmo no Itamaraty por ter a postura considerada semelhante a de Ernesto Araújo. A avaliação é que a troca não significaria a mudança necessária na política externa.

Serra é próximo do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e o desempenho dele à frente da embaixada em Paris agradou a Bolsonaro.  Em setembro de 2019, o embaixador cancelou a participação em um evento com acadêmicos na capital francesa que faria uma homenagem a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. Em maio do ano passado, o embaixador saiu em defesa de Bolsonaro e acusou o jornal francês Le Monde de distorcer fatos, após o diário publicar um editorial criticar o presidente por negar a gravidade da pandemia e politizar a crise sanitária.  

“Há algo de podre no Brasil”. (Folha)