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quinta-feira, abril 14, 2022

Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína no mundo, diz estudo

O Brasil é o sexto país mais populoso do mundo, a sexta economia mundial e, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o quinto maior exportador de alimentos. Isso é o que todos sabem. O que se desconhece é que essa nação da América do Sul, com pouco mais de 212,6 milhões de habitantes, é a segunda em número de consumidores de cocaína, só atrás dos Estados Unidos, segundo as próprias autoridades deste país.

Além disso, com 30 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes, é um dos países mais violentos: só em 2018, 60 mil pessoas foram assassinadas, quase o dobro das executadas na guerra dos narcocartéis no México, no mesmo ano.

A complexa situação do Brasil é um caso de estudo que mereceria interesse global: tem tanto impacto nos EUA, devido à quantidade de armas importadas desse país, quanto na Europa, pois organizações criminosas como a 'Ndrangheta, da Itália, ou o Cartel de Juárez, do México, encontraram solo fértil para lavagem de dinheiro e para usá-lo como trampolim para o tráfico de cocaína na Europa.

Agora a PF parece ter um novo objetivo. Com base na experiência de outros países como México e Itália, sua meta é entender o funcionamento das três principais organizações criminosas do país: o Primeiro Comando Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e as dezenas de milícias.

O país partilha uma fronteira de mais de 11 mil quilômetros com dez outros. Três deles, Bolívia, Peru e Colômbia, são os provedores de cocaína do mundo, com uma participação de 10%, 20% e 70%, respectivamente, segundo o último informe do Escritório das Nações Unidas contra Droga e Crime (UNODC).

No Brasil, o consumo aumenta a cada ano: 1,46 milhão, ou 0,7% dos cidadãos, consomem cocaína. Levando em conta todos os derivados da droga, como o crack, a cifra chega a 5,6 milhões de usuários.

A explicação dos funcionários da PF é que nos três países produtores um grama de cocaína-base tem um preço médio de venda de um dólar, e no Brasil, de cinco dólares – quase o mesmo que uma embalagem de cigarros. Enquanto isso, nos EUA esse preço oscila entre 30 e 50 dólares o grama, e na Europa, de 58 a 180 dólares.

Uma das razões é que o custo de transporte é muito menor entre os dois lados da porosa fronteira sul-americana, e a produção na zona aumentou vertiginosamente. Em muitos países os usuários tendem a ser de classe média-alta, por conta do preço da cocaína; no Brasil todo mundo tem acesso econômico à droga e seus derivados.

O investimento e o risco dos grupos criminosos no Brasil, para comprar e traficar cocaína, é mínimo, e um dos mais bem articulados nesse ponto é o PCC. Como observa o professor Gabriel Feltran, a matemática é assustadoramente simples.

É alto no Brasil o índice de roubo de veículos para financiar a compra de cocaína e armas. Em sua grande maioria os veículos são vendidos, completos ou em partes, no mercado negro do Paraguai, onde, até muito recentemente era fácil legalizá-los e em seguida traficá-los a outras partes do país ou do continente.

Por exemplo: uma camionete Toyota de modelo recente roubada no Brasil pode ser vendida no Paraguai por 3 mil dólares, com os quais se compram três quilos de cocaína na Colômbia, Peru ou Bolívia. Vendida no Brasil, ela traz um lucro de 15 mil dólares, que costuma reverter na compra de mais cocaína, armas e contrabando de cigarros.

O PCC foi criado em 1993, em São Paulo, por um grupo de réus de alta periculosidade que protestavam contra as condições de encarceramento. Embora seus líderes estejam na prisão há mais de 20 anos, ainda comandam a organização criminosa que controla a grande maioria dos presídios em São Paulo e outros 21 dos 27 estados brasileiros. Segundo as autoridades, o comando soma mais de 20 mil integrantes, que têm uma visão "ideológica" e empresarial e faturam 200 milhões de dólares ao ano.

Embora os mesmos cárceres onde nasceu o PCC sejam um de seus mais importantes centros de distribuição de droga, a organização está ampliando seus horizontes: há apenas algumas semanas a Polícia Federal deteve em São Paulo Nicola Assisi, um importante atravessador, através de quem a organização criminosa 'Ndrangheta, da Calábria, traficava cocaína para a Europa. Seu fornecedor era o PCC, gerando-lhe lucros multimilionários.


Fonte: Deutche Welle
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O risco da droga para a segurança nacional
Elas representam o maior risco de segurança nacional, pela violência que geram, o tráfico e distribuição de drogas para consumo interno, e o controle territorial. As milícias, integradas em sua maioria por policiais militares, têm presença em diversas partes do país, inclusive a Amazônia, que por estes dias se consome em chamas diante dos olhos indignados da comunidade internacional. Mas sem dúvida a Amazônia não é a única coisa que arde no Brasil, e sim uma decomposição criminosa de prognóstico reservado.


Cerca de 6 milhões de brasileiros provaram cocaína alguma vez na vida, e 2,8 milhões fizeram uso da droga no último ano, segundo uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira, que situa o Brasil como segundo consumidor mundial da substância entorpecente e seus derivados, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

A segunda edição do Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou que 5,6 milhões de adultos e 442 mil menores, que têm entre 14 e 17 anos, admitiram ter consumido cocaína na forma de produtos derivados como crack, óxi e merla.

"Nosso estudo mostrou que o país é o segundo maior mercado de cocaína e seus derivados no mundo. O número absoluto de usuários no Brasil representa 20% do consumo mundial", disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da pesquisa.

Entre os que admitiram ter consumido a droga no último ano, 2,6 milhões são adultos e 244 mil são adolescentes. A Unifesp entrevistou 4.607 pessoas com mais de 14 anos de idade mediante questionários em residências de 149 municípios do país.

Segundo a pesquisa, 5,1 milhões de adultos e 316 mil adolescentes cheiraram cocaína alguma vez; já 1,8 milhões de adultos e 150 mil adolescentes fumaram algum dos derivados da droga.

O estudo indica também que 2 milhões de brasileiros fumaram crack ou merla em alguma ocasião e que 1,2 milhões fez uso no último ano. O consumo foi três vezes maior em áreas urbanas do que em áreas rurais, e muito concentrado (46%) no Sudeste.

A Unifesp comparou os dados obtidos com estatísticas internacionais, entre elas as da Organização Mundial da Saúde (OMS), para concluir que o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína e seus derivados no mundo.

Essa posição é atribuída por Laranjeira ao alto consumo de crack no país. "Nenhum país no mundo tem 1 milhão de consumidores de crack", afirmou.

A lista é liderada pelos Estados Unidos, com 4 milhões de consumidores no último ano, seguido por Brasil (2,8 milhões), os demais países sul-americanos (2,4 milhões), Reino Unido (1,1 milhões), Espanha (0,8 milhões) e Canadá (0,5 milhões), segundo dados citados no estudo.

Segundo o psiquiatra, o crack é atualmente a maior preocupação das autoridades devido à grande taxa de mortalidade: quase um terço dos consumidores morre em um prazo entre cinco e dez anos.

A Unifesp divulgou em agosto uma primeira parte de seu relatório, segundo no qual 1,5 milhão de brasileiros consome maconha diariamente e 8 milhões fumou a droga em alguma ocasião. 

Agência EFE, do site Terra