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sexta-feira, abril 22, 2022

Guerra e pandemia expõem fraquezas de Rússia e China ao mundo e às suas populações

THE NEW YORK TIMES

A década passada pareceu boa para os regimes autoritários e difícil para os democráticos. Ciberferramentas, drones, tecnologia de reconhecimento facial e redes sociais, tudo isso pareceu tornar os eficientes autoritários ainda mais eficientes e fazer as democracias ser cada vez mais ingovernáveis. O Ocidente perdeu autoconfiança –e os líderes russos e chineses esfregaram sal na ferida, dizendo a quem quisesse ouvir que esses caóticos sistemas democráticos eram uma força esgotada. E então aconteceu algo inteiramente inesperado: tanto a Rússia quanto a China deram um passo maior que as pernas.

Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, e, para seu próprio espanto, provocou uma guerra indireta com a Otan e o Ocidente.

A China insistiu que era bastante inteligente para ter sua própria solução local de uma pandemia, deixando milhões de chineses insuficientemente protegidos ou desprotegidos e, na prática, desencadeando uma guerra com um dos vírus mais contagiosos da mãe natureza: a mutação ômicron do Sars-CoV-2. Isso a levou a impor um lockdown sobre toda Xangai e partes de 44 outras cidades, envolvendo cerca de 370 milhões de pessoas.

Em suma, tanto Moscou quanto Pequim se veem de repente tendo que enfrentar forças e sistemas muito mais poderosos e implacáveis do que jamais previram encarar. E as batalhas estão expondo as fraquezas de seus próprios sistemas ao mundo e às suas próprias populações. Tanto assim que o mundo agora precisa se preocupar com a instabilidade nesses dois países.

A Rússia é fornecedora-chave de trigo, fertilizante, óleo e gás natural para o mundo. E a China está na origem de ou é um elo crucial em milhares de cadeias de fornecimento global de manufaturados. Se a Rússia for isolada do mundo e a China passar um período prolongado sob lockdown, cada canto do planeta será afetado. E não se trata mais de uma possibilidade remota.

Comecemos com Putin. Ele se convenceu de que, pelo fato de seu Exército ter esmagado um bando de adversários militares desorganizados na Síria, na Geórgia, na Crimeia e na Tchetchênia, seria capaz de rapidamente devorar um país de 44 milhões de habitantes, a Ucrânia, que nos dez anos anteriores vinha se aproximando do Ocidente e estava sendo tacitamente armado e treinado pela Otan.

Está sendo uma debacle militar e econômica para a Rússia até agora. Mas, igualmente importante, a guerra expôs precisamente quão profundamente o chamado "sistema" de Putin é alicerçado sobre as mentiras de baixo para cima –todos dizendo a seus superiores o que estes querem ouvir, chegando até Putin— e as perfurações para baixo, ou seja, a extração dos recursos naturais da Rússia, enriquecendo alguns poucos russos, em lugar de atrelar os recursos humanos do país e empoderar os muitos.