Garimpeiros queimaram casas na terra indígena |
Santarém nunca extraiu um grama sequer de ouro do seu subsolo, mas, beneficiou-se grandemente dessa atividade, nos anos 1980 e um pouco de 1990.
Garimpeiro não é bandido. Se ele trabalha na área branca, como é chamada a reserva aurífera do Tapajós, mesmo que não tenha conseguido se legalizar, porque o governo federal e o governo estadual estão pouco interessados nisso, desde de sempre, trabalha irregular, porém, a culpa não é dele.
O gaimpeiro artesanal é uma figura em extinção, como bem ressaltou o vereador Wescley Tomaz, na seção de hoje da Câmara Municipal. O que existe agora são os mineradores de diferentes portes, de acordo com as posses de cada um. Todavia, mesmo que o garimpo tenha evoluído para esse tipo de trabalho, esses empreendedores são e continuarão os nossos garimpeiros, aqueles que no tempo presente impulsionam a nossa economia.
A situação de Jacareacanga é diferente, é atípica, porque se trata de exploração de ouro em terra indígena, o que é proibido. A nossa Constituição proíbe expressamente o garimpo em terras indígenas. E lei, a gente cumpre. Não se concordando, recorre-se a quem pode mudar, no caso o Congresso Nacional.
Enquanto não mudar a Constituição Federal, ninguém pode trabalhar em terra indígena, o governo não pode autorizar, sob pena de responder por cometimento de crime. A pressão internacional é imensa sobre o Brasil. O mundo hoje é globalizado, ninguém pode mais fazer tudo que der na cabeça, pois as pressões são enormes, principalmente no que concerne ao meio ambiente.
Não é razoável defender o que é indefensável. Mudar a Constituição vai ser difícil e pouco provável de acontecer.
Os caras lá da Noruega e dos Estados Unidos, citando apenas dois dos exemplos que muitos, acabaram com as florestas deles. Então, eles decidiram que o Brasil não pode acabar com as suas, uma vez que todos os países desenvolvidos tem grandes interesses na preservação da Amazônia. E nós temos a obrigação de preserva. Não podemos seguir o exemplo deles. E os caras tem o que falta pra gente: muito, mas, muito dinheiro. São compradores de comodities brasileiras, que eles usam como moeda para nos ameaçar.
O presidente Jair Bolsonaro tem como um dos defeitos falar sem pensar. Na campanha eleitoral ele prometeu e se comprometeu a acabar com a queima de máquinário de garimpo durante operações do Ibama e do ICMBio, palavras que foram levadas pelo vento. Promoteu que o garimpeiro que tem vontade de trabalhar legal teria facilidades. Continua do mesmo jeito de antes.
Que ninguém alimente esperanças de que haverá mudanças da Constituição para permitir garimpagem em terras indígenas, porque isso não vai acontecer. Nem garimpo, nem madeira, nada. É lamentável para a economia do município vizinho de Itaituba, mas, é a lei.
A União é a maior culpada por tudo isso, que não é um problema criado no atual governo, que apenas faz o que os antecessores fizeram. É culpa porque em Brasília sabe-se há muito tempo que esse crime ambiental vinha sendo praticado. Não era para deixar ir tão longe. Se tivesse combatido lá atrás, o impacto na população jacareacanguense seria menor, e poderia ser assimilado com menos traumas.
A economia de Jacareacanga sente um impacto muito forte, porque esse tipo de atividade de garimpo fez com que fossem abertos inúmeros negócios, e os que já existiam foram impulsionados. De repente a comunidade se depara com uma situação como essa.
Vai ficar o caos, porque depois que esse ação repressiva terminar, vai demorar um pouco de tempo para a economia ajustar-se a uma nova realidade. Mas, não vai demorar para para recomeçar tudo de novo. Ibama e ICMBio não vão ficar sediados em Jacareacanga para fazerem fiscalizações com frequência. Então, quando eles derem as costas, é quase cem por cento certo que vai voltar tudo de novo, porque tem uma turma de indígenas, que mesmo sendo minoria, querem que o garimpo continue. É quase impossível coibir isso sem a presença dos órgãos ambientais no local.
Agora, nos resta torcer para que esse conflito não termine com pessoas mortas, porque o clima é muito tenso.
Jota Parente