Mostrando postagens com marcador Olimpíada. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Olimpíada. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, julho 23, 2021

Quem é Naomi Osaka e qual o significado de ser a escolhida para acender a pira olímpica

Tenista japonesa recentemente tomou conta dos noticiários ao falar sobre saúde mental no esporte

Quatro vezes campeã de Grand Slams e uma das favoritas ao ouro em Tóquio, a tenista Naomi Osaka foi a responsável por acender a chama olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos, nesta sexta-feira. A escolha da atual número 2 do mundo para o posto ressalta a importância da representatividade em um país de costumes rígidos. Mulher, negra e em tratamento contra depressão, Osaka quebra paradigmas ao se tornar o principal ídolo do esporte japonês.

Com mãe japonesa e de pai haitiano, Naomi Osaka se mudou para os EUA aos três anos. Cercada de diferentes nacionalidades, ela escolheu representar oficialmente o Japão no auge de sua carreira como tenista. Três anos após ganhar seu primeiro título de Grand Slam, ela recebeu a honraria de ser responsável por acender o principal símbolo olímpico.

Também após conquistar o maior título de sua carreira e se tornar a primeira japonesa a alcançar a façanha, ela desenvolveu depressão. Na final do Us Open de 2018 ela derrotou seu maior ídolo no esporte, Serena Williams, e foi vaiada por centenas de pessoas na quadra principal por tirar o título da mão dos americanos. Na época, ela tinha apenas 20 anos.

Osaka nunca tinha falado em público sobre o tema, mas desde então tem sofrido com o peso de se tornar uma referência no esporte. O assunto meio à tona na última edição de Roland Garros, quando ela abandonou o torneio ainda na segunda rodada por se recusar a participar das coletivas de imprensa (algo obrigatório para todos os atletas). Sua decisão gerou polêmica e foi apontada como estrelismo, mas na verdade serviu de canhão para o debate sobre saúde mental no esporte.

Desde então, a tenista optou por se resguardar e pulou os torneio seguintes (incluindo Wimbledon), e não entrou mais em quadra. Seu retorno será justamente em casa, em sua estreia em Jogos Olímpicos. Aos 23 anos, ela chega como favorita ao pódio de simples, e ainda mais motivada por ser a escolhida para acender a pira no estádio olímpico.

Ela recebeu o simbólico objeto de seis estudantes japoneses, representando o futuro do esporte no país. Ela se tornou também a primeira tenista a realizar o principal ato da cerimônia de abertura.

Símbolo de protestos

Osaka não é conhecida apenas por falar sobre saúde mental. Ela também é extremamente engajada em outras causas sociais e usa sua plataforma para falar ao mundo sobre justiça racial. Na última edição do US Open (quando foi novamente campeã), a tenista colocou seu ativismo no centro, usando máscaras em homenagem às pessoas pretas vítimas de violência policial em todas as suas sete partidas em referência ao movimento Black Lives Matter.

Também em 2020, ela forçou o adiamento da semifinal do Western & Southern Open depois de deixar uma partida em protesto contra os policiais que atiraram em Jacob Blake, acompanhando boicotes realizados por jogadores da NBA e da WNBA.

Apesar de ter nascido no Japão, Naomi viveu boa parte de sua vida longe da terra natal. E o principal motivo que causou essa distância foi o racismo. Seu avô materno não gostou de saber da relação entre sua filha e um homem negro. A partir disso, a tenista se mudou junto com os pais e a irmã para os EUA, e sua relação com a parte japonesa da família foi cortada por mais de dez anos.

Em 2019, ela foi alvo de comentários racistas de comediantes japoneses, que disseram em uma transmissão ao vivo que ela era muito queimada de sol e precisaria passar por um "branqueamento".

Desde que ascendeu no mundo do tênis, a jovem precisou conviver com comentários do tipo: "você não tem cara de japonesa". Durante a Olimpíada, ela já começou a mostrar ao mundo o que é ser japonês para além dos estereótipos, da cor da pele e do gênero.

Assumidamente introvertida, ela está entre os cinco atletas que participam da campanha "Stronger Together", do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em seu vídeo, Naomi pede que as meninas abracem as suas diferenças:

"Se não nos adequarmos a essa expectativa do que as pessoas pensam que devemos ser, ótimo."

Fonte: O Globo