Rapper Maykel Castillo, o Osorbo, foi condenado por desacato e agressão
Um tribunal cubano condenou dois artistas locais por críticas ao regime comunista no país nesta sexta-feira, em mais uma ação contra dissidentes do governo. O rapper Maykel Castillo, de 39 anos, mais conhecido como Osorbo, foi condenado a nove anos de prisão por desacato e agressão. O artista conquistou o Grammy Latino de melhor canção do ano e pela melhor canção urbana, na 22ª edição do prêmio.
Além dele, o artista performático Luis Manuel Otero Alcantara, de 34 anos, foi condenado a cinco anos de prisão. Ele é líder do Movimento San Isidro e foi considerado culpado por “ofender os símbolos da pátria, desacato e desordem pública”.
Os dois, considerados prisioneiros de consciência pela Anistia Internacional, já passaram meses atrás das grades e diversos grupos de direitos humanos pediram repetidamente sua libertação. O representante da Human Rights Watch America, Juan Pappier, afirmou, em sua conta no Twitter, que a condenação “é uma farsa que viola abertamente a liberdade de expressão e associação”.
"Exigimos a libertação imediata e incondicional de Maykel e Luis Manuel”, disse.
Alcântara foi preso em 11 de julho de 2021, quando se uniu a milhares de cubanos que saíram às ruas em protestos contra o governo. Ele está preso desde então, aguardando julgamento. Sua família disse que o artista estaria com problemas de saúde.
Centenas de pessoas que participaram dos comícios de julho, gritando “Liberdade!” e “Estamos com fome”, foram processados e condenados a penas de até 25 anos. As acusações contra Alcântara, eleita uma das 100 pessoas mais influentes pela revista Time em 2021, são relacionadas a eventos anteriores aos protestos.
Osorbo, por sua vez, é coautor da música “Patria y Vida” (uma brincadeira com o slogan “Pátria ou Morte”, de Fidel Castro), que se tornou um refrão para manifestantes e críticos do governo, mas que incomodou as autoridades locais.O vencedor do Grammy Latino está preso há mais de um ano, acusado de participar de outro protesto menor, em Havana. Os promotores pediram penas de prisão de sete e dez anos para eles. Os dois foram julgados com três outras pessoas a portas fechadas no final de maio.
Este não foi o primeiro contato do artista com as autoridades. Para protestar contra um decreto que envolvia o trabalho dos artistas, em 2018, Alcântara tentou se cobrir de excrementos humanos do lado fora do Parlamento, mas foi preso antes que o trabalho estivesse concluído.
Em outra ocasião, usou a bandeira cubana sobre os ombros por um mês, mas acabou processado por insultar símbolos do Estado. No ano passado, o artista passou quase um mês no hospital após uma greve de fome de oito dias, depois que as autoridades apreenderam várias de suas obras quando ele foi preso durante uma manifestação.
Fonte: O Globo