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sexta-feira, março 19, 2021

Br4incando com fogo: Rússia diz estar 'pronta para o pior' se houver nova Guerra Fria com os EUA


Moscou despacha submarinos contra exercício da Otan após Biden chamar Putin de assassino


Enquanto despachava uma frota de submarinos para desafiar um exercício militar ocidental, o governo russo afirmou nesta sexta (19) que está "pronto para o pior" ao ser questionado sobre o risco de uma nova Guerra Fria com os Estados Unidos.

"É claro que esperamos o melhor, mas estamos sempre prontos para o pior. No que diz respeito à Rússia, o presidente Vladimir Putin disse claramente que quer continuar os laços [com os americanos]", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Na quarta (17), o presidente americano, Joe Biden, elevou o tom contra seu par russo de forma inaudita mesmo durante a Guerra Fria, embate geopolítico global entre Washington e Moscou na esteira da divisão à força pela União Soviética da Europa entre blocos capitalista e comunista após a Segunda Guerra Mundial.

Questionado se Putin era um assassino em entrevista na TV, no contexto do envenenamento do opositor russo Alexei Navalni, Biden disse que sim. E ainda prometeu revidar por supostas interferências cibernéticas no pleito americano de 2020.

Navalni sobreviveu à tentativa de assassinato, que o Kremlin nega, mas foi preso logo ao voltar à Rússia. Teve uma sentença de prisão reativada por violação de condicional e ficará mais de dois anos numa colônia penal.

"É claro que não podemos descartar os comentários de Biden", ressaltou Peskov. Na quinta, o democrata reafirmou sua posição.

Uma nova Guerra Fria com os russos teria caráter estritamente militar e localizado, dado que o poder de projeção de Moscou é limitado. Durante o embate que acabou com o fim do império comunista em 1991, os dois países se enfrentavam mundo afora, em geral por procuração.

Economicamente, a Rússia tem pouca musculatura. Não por acaso, a Guerra Fria 2.0 é vivida hoje por Washington e China, que não é uma potência militar ainda comparável aos EUA, mas apresenta um desafio econômico sustentável e crescente assertividade global.

O que não elimina o Kremlin do tabuleiro, não menos porque Putin tem um arsenal nuclear equiparável ao de Biden à mão, e em pleno rejuvenescimento: o mais recente relatório do Ministério da Defesa aponta que mais de 80% dos mísseis e ogivas russos são modernos ou modernizados.

E Moscou tem uma capacidade de projeção limitada de poder à sua periferia que é respeitável. Um sinal disso foi dado nesta mesma sexta, em meio à troca de farpas entre o Kremlin e a Casa Branca.

A Frota do Mar Negro, centrada em Sebastopol (Crimeia), despachou seus seis submarinos de ataque ao mesmo tempo, algo inédito.

O motivo? Um megaexercício militar da Otan (aliança militar do Ocidente), liderado pela Romênia, naquelas águas. São 18 navios de guerra, 10 aviões e 2.400 militares de cinco países do clube.

O mar Negro tornou-se uma frente de tensão exacerbada pela tomada da região étnica russa ucraniana da Crimeia por Putin, em 2014, como resposta à derrubada do governo pró-Moscou em Kiev.

Além disso, sua margem sul é dominada pela Turquia, membro da Otan que tem rivalizado com a Rússia em conflitos regionais recentemente —da Síria e Líbia ao apoio ao Azerbaijão contra a Armênia, no ano passado.

A atividade militar dos dois lados cresceu, e não passa semana sem interceptação de aviões de reconhecimento ou exercícios provocadores. "Isso [o envio de todos os submarinos] não acontece nem com a Rússia nem com outros países. É sem precedentes", disse à agência Interfax o capitão Anatoli Varochnik, comandante da força submarina em Sebastopol. (Folha)