sábado, novembro 15, 2014

Perigo nuclear para o mundo real: Programa nuclear dos EUA está em xeque

Para garantir a segurança e a eficácia de seu arsenal de armas nucleares, o Pentágono terá que gastar bilhões de dólares nos próximos cinco anos e fazer correções de emergência na infraestrutura do sistema. Dois relatórios publicados nesta sexta-feira, que incluíam mais de cem recomendações, identificaram problemas sérios com consequências em potencial no mundo real — que indicam o envelhecimento de instalações de armas nucleares da Força Aérea e da Marinha, silos e frota de submarinos desde o fim da Guerra Fria na década de 1990.

As análises foram ordenadas pelo secretário de Defesa, Chuck Hagel, depois de uma série de incidentes com funcionários do setor. Numa entrevista coletiva no Pentágono, Hagel disse que foram encontrados problemas sistemáticos que poderiam “minar a segurança, a proteção e a eficácia” do arsenal nuclear dos EUA. Alguns deles exigem mudanças culturais e estruturais de longo prazo e permanentes.

— A causa principal foi a falta de foco, atenção e recursos constantes, cujo resultado foi difundir a sensação de que uma carreira numa empresa nuclear oferece poucas oportunidades de crescimento.

Por isso, Hagel antecipou que os salários serão reajustados e haverá a nomeação de um novo comandante, general de quatro estrelas, em lugar dos de três estrelas que tinham ocupado o cargo anteriormente.

Enquanto inspetores estavam obcecados em checar cada lista de verificação e revisão de prontuários individuais, ignoraram problemas muito maiores, como o envelhecimento de portas de silos atômicos de até 60 anos.

Funcionários revelaram ao “New York Times” que o Pentágono tenta determinar quanto os reparos emergenciais custariam. Ontem, Hagel indicou que o governo provavelmente fará um aumento de 10% no investimento em cada um dos próximos cinco anos. Hoje, o gasto com o programa é de cerca de US$ 15 bilhões.

— Serão bilhões ao longo dos próximos anos, mas não US$ 20 bilhões ou US$ 30 bilhões — disse um funcionário, sob condição de anonimato.

Hagel solicitou a revisão em fevereiro, após uma sequência de incidentes. Em março, o chefe da seção de mísseis nucleares da base da Força Aérea de Malmstro, em Montana, pediu demissão e nove funcionários foram retirados das funções por mentir em testes com 91 pessoas envolvidas com o lançamento de mísseis. A base abriga um terço dos quase 450 mísseis balísticos intercontinentais dos EUA.


O anúncio acontece apenas dez dias antes do prazo para a conclusão de negociações nucleares com o Irã. E coloca o governo numa situação paradoxal: enquanto exigem que iranianos desmantelem seu programa, os EUA visam à revisão e à melhoria de seu arsenal.

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