A
Polícia Federal (PF) desencadeou ontem a operação Trevo, que investiga um esquema
de fraudes e lavagem de dinheiro em 13 estados. De acordo com a PF, o esquema
movimentou aproximadamente R$ 1 bilhão com loterias, jogo do bicho,
caça-níqueis e títulos de capitalização. A organização operava usando loterias
estaduais e os valores arrecadados eram repassados para entidades filantrópicas
de fachada, permitindo, assim, que o dinheiro retornasse ao grupo.
Aproximadamente 300 policiais cumpriram 12
mandados de prisão temporária, 24 mandados de prisão preventiva, 57 mandados de
busca e apreensão, 47 mandados de sequestro de valores e de bens em Pernambuco,
Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba,
Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande de Sul.
Pará - O sorteio do
“Carimbó dá Sorte” está suspenso pela justiça federal. Após investigação na
sede da empresa, em Pernambuco, a PF identificou indícios de lavagem de
dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e formação de quadrilha. Em Belém,
na manhã de ontem, a Polícia Federal do Pará cumpriu dois mandados de prisão e
três de busca e apreensão.
Durante coletiva de imprensa, na manhã de
ontem, na sede da Polícia Federal do Pará, o delegado Ualame Machado explicou
que a operação Trevo foi organizada pela sede de Pernambuco, onde fica a
empresa matriz que gerencia o “Carimbó dá Sorte” e demais empresas espalhadas
por 12 estados. No Pará, a principal irregularidade identificada pela polícia
foi a comercialização de bilhetes lotéricos travestidos de títulos de
capitalização.
“No título de capitalização, caso o comprador
não seja sorteado, ao final, ele deve ser reembolsado do valor que investiu. No
caso dessa empresa, eles colocavam atrás do bilhete que o valor era doado para
uma empresa filantrópica de preservação da floresta amazônica. Mas as
investigações identificaram que apenas 3% do valor eram repassados, os 97%
restantes ficavam com os próprios donos”, explicou o delegado. Em outros
estados, a PF constatou outros crimes praticados pelas filiais, que investiam
em jogo do bicho e máquinas caça-níqueis.
Gerentes do “Carimbó
dá Sorte” são presos
Durante a operação no Pará, a Polícia Federal
(PF) fez o cumprimento dos mandados de prisão temporária de Mário Carvalho de
Souza, de 38 anos, e Claudio Henrique de Albuquerque, de 35, que são
pernambucanos, mas gerenciam a empresa “Carimbó dá Sorte” na capital paraense.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da empresa, na
avenida Tamandaré, e na casa dos dois gerentes, no bairro do Marco, em Belém.
Vários
documentos e computadores foram apreendidos. Os dois gerentes prestaram
esclarecimentos à PF do Pará durante a manhã.
Na sede da empresa, nenhum funcionário quis
falar sobre o caso com a imprensa. Durante os trabalhos dos policiais federais
no local, a empresa particular que faz o serviço de segurança foi acionada. Um
advogado da empresa também esteve presente, mas saiu sem falar com a
imprensa.
Em 2010, a Polícia Federal do Pará, em
conjunto com o Grupo Especial de Repressão e Combate às Organizações Criminosas
(Geproc), do Ministério Público Federal, já havia investigado a empresa
“Carimbó dá Sorte” e suspendido o funcionamento dela. Na época, foi comprovado
que ela funcionava sem autorização. (ORMNews)