No momento em que a Rádio Rural completa meio
século de existência, nada melhor do que recordar, nesta página de humor,
alguns momentos hilariantes dessa vitoriosa emissora da Amazônia, pois pelo
fato de praticamente tudo ser feito ao vivo, as chances de mancadas aumentam
muito.
Garrote de sandálias
Pede-se à pessoa que encontrar um garrote,
trajando bermuda vermelha e sandálias havaianas, a gentileza de ligar para o
telefone ..... ou leva-lo até a Rua São Sebastião, número.... Essa foi de
autoria de Santino Soares. Na verdade, tratava-se de um garoto.
No culhão
Muito antes de Toínho Piloto lançar sua
pérola na tribuna da Câmara de Itaituba, Eufrázio Brito, na ocasião repórter
esportivo trabalhando em um famoso clássico Rai x Fran, foi chamado a intervir num
determinado lance.
O narrador Cláudio Serique descreveu o lance
no qual um atleta do São Francisco acertou um chute nas partes baixas de um
adversário. Onde pegou o chute, Eufrázio.
No culhão, Cláudio. O narrador achou que devia dar uma chance para o colega
melhorar seu linguajar e perguntou novamente: onde mesmo pegou o chute? No culhão, Cláudio, finalizou Eufrázio.
Infelizmente ninguém
morreu
Essa teve como autor, um dos maiores
comunicadores do rádio da região, Edinaldo Mota. Corria a transmissão de uma
partida entre São Francisco e São Raimundo no final da década de 1970.
Audiência total, fazendo eco pela cidade.
Edinaldo Mota estava passando por uma das mais movimentadas ruas na época, a
Avenida Borges Leal, quando se deparou com um acidente que acabara de
acontecer. Ele pegou todos os detalhes e foi para o telefone para intervir na
jornada esportiva.
Como a notícia sempre teve prioridade na
Rádio Rural, não demorou para que ele fosse chamado.
E
atenção, aconteceu um acidente na esquina da Borges Leal com a Barão do Rio
Branco, onde dois automóveis chocaram-se de frente. Um Corcel verde avançou a
preferencial, batendo contra um Jeep. Infelizmente não houve vítimas fatais.
O sabugo
Nos primeiros anos de existência da Rádio
Rural, por causa de um programa de alfabetização de adultos conhecido como
Movimento de Educação de Base – MEB, havia muitas visitas ao interior. Muitas
vezes D. Tiago Ryan costumava integrar-se à caravana.
Certa vez, contava o saudoso gerente Haroldo
Sena, deu vontade de alguém ir ao banheiro, tendo a pessoa perguntado se havia
algum pedaço de papel para limpar-se. Papel não tem, respondeu o dono da casa,
mas, tem esses sabugos que a gente separou para vocês.
Sem alternativa, quem estava aperreado foi
logo pegando os dois maiores, quando foi admoestado: Opa! Esses dois aí não
pode. Por que não, perguntou o visitante. Não pode porque foram separados para
o D. Tiago. Provavelmente, deve ter sido por causa do tamanho do bispo, que
tinha mais de 1.90 m de altura.
Atenção Rio de
Janeiro
Durante
mais de três décadas o Correspondente Rural foi o bilhete, a carta e o
telegrama que levava recados de um município para outro nesta região.
Itaituba era um dos municípios para
onde mais eram enviadas mensagens, por causa dos garimpos. Um certo sábado, na
segunda edição que ia ao ar às 17:30, o saudoso Leal di Sousa chegou totalmente
chapado para ler as dezenas de mensagens.
O operador de áudio não queria passar o som,
mas Leal insistiu até que Silvério Rodrigues ligou o microfone.
Atenção Rio de Janeiro, atenção Rio de
Janeiro, fulano avisa...Leal desabou sobre a mesa, dormindo. Como era muito
gordo, deu trabalho para tirá-lo de lá para que Jota Parente o substituísse,
pois nem pensar de deixar de apresentar o Correspondente Rural. Do contrário, a
confusão na segunda bem cedo estaria garantida.
Em tempo: é claro que não havia mensagem
alguma para o Rio.
Alô Prego!
Gerson Gregório é o mais antigo apresentador
da Rádio Rural. Começou lá pelos anos 1970 e continua em atividade, no mesmo
horário da madrugada, abrindo a emissora. Um belo dia ele chegou para fazer o
programa Alvorada Rural, tendo encontrado um aviso que deveria ler.
Atenção! Familiares de Prego...
Eita, prego, onde tu andas, que nunca mais apareceu por aqui quando chegas do
garimpo. Cadê as pepitas que tu me prometeste, cabra safado!
Mas, vamos ao aviso: Familiares daquele que
em vida se chamou Prego, comunicam.....Fez uma pausa, sentindo que tinha pisado
na bola e arrematou, claramente constrangido com sua mancada: é, o Prego
morreu.
Vou dar a menina
Durante muitos anos o Correspondente Rural
foi a maior fonte de renda da Rádio Rural. Eram duas edições; uma de 13:00 às
13:30 e a segunda de 17:30 às 18:00. Eram de quatro a cinco folhas de papel
cheias de avisos para todos os lugares. A segunda edição era mais dedicada aos
avisos para os garimpos, pois no referido horário a propagação das ondas média
e tropical era bem melhor.
Havia alguns códigos criados pelos ouvintes,
alguns dos quais ficaram famosos, como a história do vou dar a menina. Essa linguagem era usada por algumas mulheres de
garimpeiros quando seus maridos demoravam a mandar ouro para a família na
cidade.
Atenção
Antenor, atenção Antenor, comunico que acabou o dinheiro já faz alguns dias,
como mandei dizer no aviso anterior. Estou devendo a taberna, e o compadre
Joaquim que me emprestou um dinheiro para comprar o que estava faltando. Caso
você não mande nada até sábado, aviso que vou dar a menina.
Dar a menina significava, na verdade, fazer
sexo com o primeiro homem que se dispusesse a pagar pelo serviço. Mas, demorou
para se descobrir aquele código.
O que será
Reabilidade
O jogo era entre Fluminense e Bonsucesso,
valendo pelo returno do campeonato santareno de 1978, narrado por Cláudio
Serique e comentado por Habib Bechara, mais da equipe que papai do Céu chamou
mais cedo.
A certa altura da peleja, Cláudio
quis saber a quantas andava a partida. E Bechara sapecou um neologismo que
entrou para o folclore do rádio da região.
O
Fluminense esteve bem melhor até poucos minutos atrás, Cláudio, mas, nos
últimos minutos o Bonsucesso começou a apresentar uma certa reabilidade.
Terminado o jogo Cláudio Serique
quis saber de Habib Bechara o significado da palavra reabilidade. Não sei, respondeu Bechara. Veio à cabeça,
eu achei bonito e falei. E ponto final.
O pior repórter do
mundo
Ivan Toscano, de tradicional família
santarena, era um dirigente do América, extremamente irritado. Ficava nervoso
com tudo e às vezes ia às vias de fato.
O repórter Bena Santana veiculou uma
matéria na qual Ivan Toscano foi citado de forma negativa. E para variar ele
ficou zangado e foi tomar satisfações, tendo pedido direito de respostas.
O direito de resposta foi concedido
pela direção da Rádio Rural, sem precisar ir à Justiça. Ivan Toscano foi,
então, participar o programa de esportes do meio-dia, tendo feito uma
exigência: que o Bena não estivesse presente.
Claro que ele foi atendido, não por
covardia da emissora, mas por precaução, pois não fazia muito tempo que em uma
reunião da liga, o tal diretor do América havia dado umas cutucadas com uma
tesoura na barriga de um desafeto de momento.
Pois bem, o programa começou e o
apresentador disse que Ivan Toscano estava ali para exercer um direito de
resposta, e que o microfone estava à sua disposição.
Caros
ouvintes, começou ele, estou aqui, simplesmente para dizer que o senhor Bena
Santana é pior repórter esportivo do mundo. Muito obrigado, conclui.