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Marilene Parente - artigo na edição 182 do JC |
O
riso e o bom humor são os melhores e mais baratos dos remédios e combatem, no
mínimo, o mal humor. As crianças descobrem isso de forma espontânea poucas
semanas depois de terem nascido. Esse primeiro sorriso desperta em nós a maior
das ternuras e os melhores sentimentos. É o que diz Carmen Herrera García,
professora de educação infantil e primária. Faço minhas as palavras dessa
educadora, que prossegue.
Durante toda a infância, o riso as acompanhará e encherão nosso lar com
um dos mais belos sons. Cabe perguntar se, como pais, cuidamos que nossos
filhos cultivem esse maravilhoso sentido que é o humor. Procuramos que aprendam
a rir sem molestar os outros? Cuidamos de que possam ver em seus erros e nos
nossos uma oportunidade de olhar as coisas com perspectiva? Passamos tempo com
eles divertindo-nos?
"Só há um recanto do universo que você pode
estar seguro de melhorar: você mesmo."
Aldous Huxley
Aldous Huxley
O
sentido do humor é necessário na vida familiar tanto como a disciplina, a
educação ou os valores. As relações entre pais e filhos que permitem e dedicam
tempo às diversões com os filhos, o bom humor e o sorriso são mais sadios,
menos tensos e mais cordiais.
O
sentido do humor á algo eminentemente humano. Permite-nos ver os problemas
em sua dimensão correta, nem superestimados nem subestimados. Saber rir-nos de
nossos erros e asperezas facilita reconduzir situações que, de outro modo,
aumentariam as tensões e os conflitos.
O
riso é uma das expressões que mais benefícios trás às pessoas: É a expressão da
alegria. Ativa a produção de endorfinas, transmissores químicos que levam
alívio e bem-estar ao cérebro. Libera tensões. Provoca uma resposta emocional
única orientada à alegria e ao bem-estar. Aumenta a captação de oxigênio. Cria
um ambiente positivo e cordial. Ajuda-nos a ver os problemas em perspectiva. As
crianças se encantam de rir, gostam de brincadeiras, de expressões de bom humor
e de alegria.
A
nós, pais, é bastante fácil fazê-las rir quando são bebês, porém à medida que
crescem e começamos a sentir a responsabilidade pela sua educação podemos, sem
perceber, afastar-nos das expressões diárias de alegria com que nos dirigimos a
eles quando eram pequenos.
Tornamos-nos
perfeccionistas e, sujeitos à tensão e ao stress, passamos a maior parte do
tempo corrigindo-os de forma reativa ou dando ênfase aos erros, aos conflitos e
às dificuldades que, por outro lado, são características de seres em contínua
aprendizagem e crescimento. E nos esquecemos de passar o tempo com eles
divertindo-nos. Deixamos de lado a alegria e o bom humor que tanto podem ajudar
em sua educação. E deixamos, por fim, de sermos modelos de pessoas alegres e
divertidas, dignas de serem imitadas por nosso alto sentido do humor. Convém
recordar que as crianças aprendem, sobretudo, por imitação, e quanto mais
dignos de crédito são os modelos a imitar, melhor e mais duradoura será a
aprendizagem.
As crianças se encantam de rir e gostam de
brincadeiras. As famílias que conseguem passar tempo divertindo-se juntas
criam vínculos de relações mais estreitos e duradouros. É conveniente,
portanto, passar tempo juntos em atividades lúdicas ou recreativas com bastante
frequência.
Ao
longo do dia temos muitas oportunidades de viver nossa relação com as crianças
de forma divertida e alegre, porém temos que ser capazes de reconhecer essas
oportunidades e vivê-los sem medo de que as normas de disciplina se vejam
afetadas.
Um pai ou uma mãe divertidos e alegres são tão ou
mais dignos de crédito e respeito que aqueles pais ásperos e
condenatórios. De fato, a nós mesmos é muito mais gostoso passar o tempo
com pessoas de trato alegre e cordial que com aquelas que sempre se queixam ou
protestam por tudo.
Por
isso temos de evitar rir das crianças. Se rirmos de seus erros, podemos
diminuir sua autoestima pois ainda se encontram em uma etapa imatura na qual
necessitam ganhar confiança em si mesmos. Diante de um erro devemos primeiro
saber o que pensa nosso filho do episódio e depois poderemos ajudá-lo a ver o
lado divertido do caso, porque já conhecemos seus sentimentos. É recomendável
também verificar que tipo de humor nossos filhos estão vendo em programas de
televisão ou na internet.
Com frequência é utilizado um humor
que atinge aos demais para fazer rir. É necessário que mostremos aos nossos
filhos que, ainda que seja divertido, nunca podemos rir-nos dos outros à custa
da dor feita a eles. Será necessário fazer-lhes compreender que a eles mesmos
não lhes parece bom serem alvo de brincadeiras de mau gosto, por mais divertido
que possa ser. Esta aprendizagem elementar os ajudará a aprender como ser
divertidos e simpáticos sem ofender ninguém, sem perder a empatia (capacidade
que nos permite saber como se sente o outro e agir de acordo).
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