segunda-feira, setembro 24, 2018

Cebola x Manoel Dentista: Quem levará a presidência da Câmara?


A panela de pressão da eleição para presidente da Câmara está em ebulição. A temperatura da disputa pela presidência está elevadíssima.

Conversei com vereadores da chapa apresentada na manhã de hoje, que tem como candidato a presidente o vereador Manoel Dentista, e fiquei sabendo que ela já conta com dez votos, e que poderia haver mais uma adesão, completando o décimo primeiro.

Hoje o prefeito Valmir Clímaco entrou em ação, ligando para alguns vereadores, tentando mudar o voto deles, pois são apoiadores da chapa de oposição. Pelas informações colhidas por nossa reportagem, o prefeito não teve êxito.

Tudo leva a crer, pelo que tem sido demonstrado até agora, que os dez vereadores que fazem parte do grupo que resolveu confrontar o atual presidente estão fechados.

A sessão de amanhã não foi cancelada como chegou a circular em rodas de política. Vai acontecer, mas, o mais provável é que não haja quórum, pois diversos vereadores da chapa de oposição não devem comparecer.

Em se confirmando a eleição da chapa apresentada pelo vereador Manoel Dentista, Valmir vai precisar refazer sua estratégia de convivência com a Câmara municipal, uma vez que tudo indica que a era dos 15x0 pode estar chegando ao fim.

Brasil: o que está ruim, ainda pode piorar


De que lado você está? É assim que começa uma conversa nos dias de hoje, por causa da eleição para presidente.

Eu não estou do lado de nenhum dos dois líderes das pesquisas na disputa pela presidência da República, e tenho evitado conversar com alguns amigos que defendem apaixonadamente, Bolsonaro ou Haddad, porque não me agrada o perfil de nenhum deles. 

Cada um defende uma ideia com a qual eu não simpatizo.

Meu candidato vai muito mal nas pesquisas, e deve ficar fora do segundo turno.

Como disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, poucas vezes na história da República, os destinos do país estiveram de forma tão decisiva nas mãos do povo brasileiro. Porém, parece que o Pelé tinha razão quando afirmou na década de 1970, que brasileiro não sabe votar. O mundo desabou sobre ele, mas, o tempo se encarregou de mostrar que ele estava certo.

Eu não acredito em salvador da pátria. A história é repleta de governantes que assumiram pelo voto o poder com a promessa de resolver todos os problemas de um país, mas, no final, quem os colocou lá se arrependeu.

Se por um lado não simpatizo com o comportamento autoritário de Jair Bolsonaro, do outro lado dá-me calafrios o programa do PT, que diz que vai mudar tudo que já foi feito no campo da economia no governo do presidente Temer, que pode não ser nenhuma maravilha, mas, teve coragem de tomar algumas medidas impopulares, porém, necessárias.

Sou um cidadão que preza a liberdade e o respeito à individualidade. Não gosto que me digam o que devo, ou não devo fazer. Isso, meus pais fizeram muito bem durante a minha formação, quando me passaram os valores éticos que deveria seguir na vida. A ameaça de um governo que possa atentar contra a minha liberdade me assusta. E por causa disso, muita gente teme o que Bolsonaro possa fazer se for eleito.

Se eu não desejo que haja retrocesso na jovem democracia brasileira, apavora-me a possibilidade cada vez mais forte do Partido dos Trabalhadores voltar ao comando dos destinos do Brasil. Faz tão pouco tempo que uma ação orquestrada pelo governo do PT e um monte de aliados levou o país à falência, que custa acreditar que uma parcela imensa da população possa patrocinar um possível retorno.

Eu sou uma pessoa de cabeça arejada, que convive bem com todos os setores da sociedade, seja na política, no esporte, na economia ou na religião. Sou um pai de família conservador no que diz respeito à instituição familiar, e minha tolerância é zero quando se trata de alguém se intrometer nessa área. Da minha família, sei eu. O que é melhor para ela, sei eu e os que fazem parte dela. Não tolero que nenhum elemento externo intrometa-se e venha me dizer como é que tenho de conduzir minha família. O PT já fiz isso nos treze anos que ocupou o poder central, e certamente vai fazer de novo.

Hoje saiu mais uma pesquisa do Ibope, encomendada pela Rede Globo. O Haddad subiu e o Bolsonaro estagnou. Pior que isso é que a projeção para o segundo turno dá vitória ao Haddad, um candidato teleguiado pelo comandante Lula, direto da prisão.

O Bolsonaro, caso se eleja, ao meno sinaliza com uma política econômica mais liberal por meio do economista escolhido por ele para ser ministro da economia, Paulo Guedes. Os nomes anunciados de outros prováveis ministros, ao menos alguns deles, são de pessoas que até prova em contrário, dão alguma esperança.

Não existe milagre em economia. Como disse um empresário paulista, quando passava o comando da empresa para os dois filhos, porque estava cansado por tantos anos de luta, respondendo ao que um deles perguntou, sobre qual era o segredo para o negócio dar certo. Não tem segredo, disse o pai, que pediu um velho livro caixa e mostrou a eles as colunas, entrada e saída. Olhem, na coluna entrada a soma tem que ser sempre maior do que na saída. Assim é a economia, não dá para fazer milagre, não dá para gastar mais do que arrecada. Quem faz isso, é irresponsável, que é o que mais tem acontecido na administração das finanças públicas do nosso país.

Direita, volver!

Esquerda, volver!

Valha-nos quem, nesse limbo em que vivemos na política brasileira. Mas, esse limbo pode se transformar em inferno. O que está ruim, ainda pode piorar.

Depois de tudo que a gente tem visto nessa campanha eleitoral, que ao menos os eleitores tenham juízo para escolher o menos pior.

Jota Parente

Bolsonaro estaciona em 28% e Haddad vai a 22%, diz Ibope

Bolsonaro estaciona em 28% e Haddad vai a 22%, diz Ibope (Foto: Reprodução) esquisa Ibope divulgada nesta segunda (24) aponta que Jair Bolsonaro (PSL) segue na liderança da corrida presidencial, com 28% das intenções de voto, seguido por Fernando Haddad (PT), com 22%.

A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O Ibope também aponta que em um eventual segundo turno, Bolsonaro seria superado pelo petista (43% a 37%).

Em terceiro está Ciro Gomes (PDT), com 11%, seguido por Geraldo Alckmin (PSDB), com 8%, e Marina Silva (Rede), com 5%.

Em relação aos demais candidatos, a lista segue com João Amoêdo (Novo), que tem 3%, Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB), com 2% cada, e Guilherme Boulos (PSOL) com 1%. Cabo Daciolo (Patriota), João Goulart Filho (PPL), Vera Lúcia (PSTU) e Eymael (DC) não pontuaram neste levantamento.

Além de Haddad, Bolsonaro é superado por Ciro (46% a 35%) e por Alckmin (41% a 36) nos cenários de segundo turno simulados pelo Ibope, e empataria com Marina Silva (39% a 39%).

O capitão reformado também lidera no quesito rejeição, com 46% dos eleitores declarando que não votariam no candidato do PSL de jeito nenhum. Em seguida aparecem Haddad (30%), Marina (25%), Alckmin (20%), Ciro (18%), Meirelles, Daciolo, Eymael e Boulos (11% cada), Vera (10%), Dias e Amoêdo (9% cada).

A pesquisa foi contratada pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo e ouviu 2.506 eleitores nos dias 22 e 23 de setembro em 178 cidades brasileiras. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-06630/2018.
(Folhapress)

40 milhões não tem candidato a presidente. Entre as mulheres, 51% ainda estão sem candidato a presidente

A duas semanas do primeiro turno, o número de mulheres sem candidato a presidente é elevado: na pesquisa Datafolha da última quinta-feira, ao responder de forma espontânea à pergunta “em quem você vai votar?”, 51% delas afirmaram ainda não saber (38%) ou pretender votar nulo ou branco (13%), o que corresponde a 39,4 milhões de eleitoras. Na ponta do lápis, para cada homem sem candidato, há duas mulheres na mesma situação. A pedido do GLOBO, o Datafolha mapeou seu perfil socioeconômico. O resultado revela que 45,3% moram no Sudeste e 54% ganham até dois salários mínimos por mês.

Este grupo, que totaliza 27% de todo o eleitorado, pode definir quais candidatos irão para o segundo turno, o que vai exigir dos postulantes à Presidência esforço redobrado para conquistar sua confiança na reta final. Na avaliação de cientistas políticos, os dados detalhados da pesquisa refletem a frustração com os políticos e o pragmatismo do eleitorado feminino de baixa renda, que ainda não conseguiu identificar entre os candidatos uma resposta a seus anseios.
Tradicionalmente, o eleitorado feminino costuma decidir seu voto mais perto do dia da votação, na comparação com os homens. A mesma pesquisa espontânea do Datafolha que apontou percentual de 51% das eleitoras indecisas ou que votarão branco ou nulo, revelou que, entre os homens, o índice era de 29% (20,2 milhões). Em junho, esse percentual era de 80% entre as eleitoras e 58% entre o público masculino. (O Globo)

The Economist analisa perspectitivas sobre Bolsonaro

mais recente número da revista Economist, publicado nesta quinta (20), dedica sua capa e o editorial ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), que é retratado como "a mais recente ameaça da América Latina."


Bússola do pensamento econômico liberal, a publicação britânica afirma que o candidato Bolsonaro soube explorar "de forma brilhante" o mal-estar reinante no país, assolado por uma recessão que fez a renda per capita encolher 10% entre 2014 e 2016 e com uma taxa de desemprego da ordem de 12%.

Ao apresentar o candidato a seus leitores, a Economist lembra que, até os escândalos da Lava Jato, Bolsonaro era somente um deputado com um histórico de ofensas – a revista menciona as frases do deputado de que não estupraria uma deputada porque ela não merece e que preferia ter um filho morto a um filho gay.


"De repente, essa disposição de quebrar tabus está sendo tomada como prova de que ele é diferente do establishment político de Brasília", afirma a publicação.

A Economist também ressaltou a conversão tardia de Bolsonaro ao credo do liberalismo econômico: "Para os brasileiros desesperados para se livrarem de políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o sr. Bolsonaro se apresenta como um xerife sensato. Cristão evangélico, ele mistura o conservadorismo social com o liberalismo econômico, ao qual ele se converteu recentemente".

E menciona Paulo Guedes, cotado para ser ministro da Fazenda, que passou pela Universidade de Chicago, um bastião de idéias de livre mercado. Guedes defende a privatização de todas as empresas estatais brasileiras e a simplificação "brutal" dos impostos.

As pesquisas mostram que a fórmula está funcionando. Na interpretação da publicação, a facada que o candidato levou em Juiz de Fora (MG) não apenas o tornou mais popular, como "protegeu-o de um exame mais minucioso pela mídia e seus oponentes." E conclui que, se o segundo turno for travado entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT), o antipetismo poderia fazer do capitão reformado o próximo presidente.

A principal crítica do editorial, contudo, é ao que a publicação chama de "admiração preocupante de Bolsonaro pela ditadura."


"A América Latina já experimentou antes misturando políticas autoritárias e economia liberal. Augusto Pinochet, um governante brutal do Chile entre 1973 e 1990, foi aconselhado pelos chamados 'Chicago Boys', economistas adeptos do livre-mercado. Eles ajudaram a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível. 


Os brasileiros têm um fatalismo sobre a corrupção, resumido na frase “rouba, mas faz”. Eles não deveriam se deixar se levar pelo sr. Bolsonaro [...]. A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis. Para provas recentes, olhe apenas para os desastres na Venezuela e na Nicarágua."


No final, a revista conclui que Bolsonaro "pode não ser capaz de converter seu populismo em ditadura ao estilo de Pinochet, mesmo que quisesse." Mas afirma que o "flerte com autoritarismo" preocupa.


Vai ter disputa pela presidência da Câmara. Nova chapa foi registrada

Chapa de Manuel Dentista foi registrada e vai ter disputa pela presidência da Câmara.

Acabei de falar com o secretário administrativo da Câmara, Salomão Silva, que confirmou o registro de uma segunda chapa para disputar a presidência, quarta-feira.

A chapa vai confrontar a do atual presidente João Bastos Rodrigues, que até ontem estava tranquilo.

A composição é a seguinte:

Candidato a presidente: vereador Manoel Dentista

Vice-presidente: vereador Daniel Martins

Primeiro secretário: Raimison Abreu

Segundo secretário: vereador José Belonne

Terceiro secretário: vereador Júnior Pires

O vereador Raimison Abreu fazia parte da chapa de Cebola.

Como ele não poderia estar nas duas chapas, ele deu entrada em ofício solicitando a retirada de seu nome da chapa do atual presidente

Agora resta esperar a movimentação dos caciques, no caso, O prefeito Valmir Clímaco e Ivan D'Almeida, que tem muito interesse nessa disputa.

domingo, setembro 23, 2018

América do Sul, de Moto - Parte 6 - Tintim Por Tintim

Foto com policial de trânsito, em Medelin
Fomos bem recebidos em praticamente todos os lugares pelos quais passamos. Mas, na Colômbia, foi diferente. Eu e meu amigo Jadir recebemos um tratamento diferenciado pelo fato de sermos brasileiros. Aonde a gente chegava naquele país de povo educado e acolhedor, na hora que dizíamos que éramos brasileiros, o tratamento que já era bom, ficava ainda melhor. Isso nos impressionou muito.

Ainda no dia 20/10, a caminho de Socorro, onde terminou o relato do capítulo anterior, passamos por inúmeras fazendas de todos os tamanhos. O que vimos encheu os olhos, pois são propriedades bem cuidadas, onde se trabalha com gado de leite e de corte, além de trabalharem com agricultura. Em nenhum momento vimos pobreza extrema naquela região.

Encontramos tantas, mas tantas barreiras na estrada, que tinha hora que a gente mal saía de uma e se deparava com outra. As do exército só nos mandaram parar uma vez. Já a Policia de Carretera, equivalente à nossa Polícia Rodoviária, essa mandou a gente parar duas vezes. Numa dessas barreiras, dois jovens soldados do exército colombiano, com caras de poucos amigos, pediram os nossos documentos. Depois que os mostramos eles quiseram saber o que levávamos em nossas mochilas. São roupas e materiais de higiene, dissemos. Então abram as duas. 


Eu no metro cable, subindo a 1.700 metros, para a parte alta da cidade 
No momento em que começávamos a desamarrar a bagagem, o sargento que estava sentado um pouco distante, levantou e foi lá saber o que estava acontecendo. Eu respondi que os soldados tinham pedido os nossos documentos e que agora queriam que a gente abrisse as bagagens, o que estávamos começando a fazer.

Enquanto eu falava, ele foi dar uma olhada nas placas das nossas motos e viu que na minha havia uma bandeirinha do Brasil. Vocês são do Brasil, perguntou ele. Sim, senhor, somos, respondemos. Então não precisa abrir bagagem nenhum. Podem seguir viagem. Ficamos contentes, porque a gente iria perder muito tempo desarrumando e arrumando, de novo, nossas mochilas e felizes pela deferência por sermos brasileiros.

No dia 21 de outubro, em Socorro, levantamos muito cedo, apesar do frio que fazia. Às 6:30 pegamos a estrada rumo a Medellin, capital do departamento de Antioquia. Como no dia anterior havíamos começado a subir a Cordilheira dos Andes, continuamos subindo. Quanto mais alto a gente chegava, mais o frio aumentava. Passamos dos 2.500 metros de altitude e a partir desse ponto as motos começaram a reclamar bastante, por causa da rarefação do oxigênio, fato que prejudicava a combustão. 

A minha Yamaha XTZ 125 falhou menos que a Honda Bros 150 do Jadir. Em elevadas altitudes a diferença de rendimento das duas máquinas foi bastante acentuado, a ponto de eu adiantar-me tanto, que precisava esperar meu companheiro de viagem, diversas vezes. Além disso, passamos a conviver com uma infinidade de curvas de todos os níveis e todos os ângulos. Eu gostei e me dei bem nesse tipo de estrada. Adorava fazer aquele monte de curvas, uma seguida da outra, durante horas. Meu amigo Jadir detestava.

Em Santa Rosa, uma cidade que fica na rota para Medellin, paramos numa concessionária Yamaha para ver o que podia ser feito para que as motos não falhassem. Falamos com o mecânico responsável, o qual nos disse que com o passar do tempo as motos se adaptariam e o problema seria naturalmente resolvido. Mas, na medida em que a gente avançava, a situação da moto do Jadir só piorava. E aquele mecânico não sabia do que falava, porque tivemos problemas sérios por conta disso, como veremos mais tarde. Lá em Santa Rosa, para conseguir chegar à bendita concessionária enfrentamos uma rua cujo declive era tão grande que faria a descida travessa 15 de Agosto de Itaituba parecer um terreno plano.

Faltavam vinte minutos para o meio-dia quando entramos na bela cidade de Medellin, que para nós brasileiros, e porque não dizer do mundo inteiro, ficou conhecida por causa do Cartel de Medellin, que dominava o comercial mundial de cocaína nos tempos de Pablo Escobar, que tinha o seu quartel general lá. Mas, Medellin é muito mais que isso. É uma cidade belíssima, situada num vale, nos Andes, cercada de montanhas, com uma temperatura média de 21 graus, a qual tem mais de dois milhões de habitantes, tendo sido fundada em 1675 pelos espanhóis. Juntando com a população de municípios vizinhos, que já fazem parte da grande Medellin, são mais de três milhões e meio de habitantes. É um dos mais importantes centros industriais da Colômbia e tem uma diversidade cultural que precisa ser conhecida.

Logo que entramos em Medellin a gente parou perto de uns guardas de trânsito. Eu desci da moto e me aproximei de um deles para fazer algumas perguntas a respeito da melhor rota a seguir, pois não tínhamos a intenção de demorar na cidade. Disse a ele que éramos brasileiros e que estávamos fazendo a volta pela América do Sul, que estávamos registrando tudo e que tínhamos a intenção de escrever um livro sobre nossa aventura. Mostrem seus documentos, disse ele. Por aqui passam muitos dizendo que são brasileiros, tentando nos enganar, porque sabem que a gente gosta do povo daquele país vizinho. Mas, seu guarda, disse eu, realmente somos brasileiros. Naquele momento eu comecei a falar português. Não porque a gente tivesse qualquer problema com a documentação, que estava rigorosamente em dia, mas, para quebrar aquele clima meio tenso.

Quando ele, Oscar León, se convenceu que realmente éramos brasileiros, seu comportamento mudou radicalmente. Chamou três colegas seus que estavam um pouco afastados para que viessem fazer uma foto para entrar em nosso livro. Depois disso, foi só festa. Fizemos algumas fotos e seguimos adiante. Não sem antes eu e o Jadir perdermos o contato por alguns momentos. O trânsito na cidade é muito intenso e isso ajudou a gente a se perder um do outro.

Perto da saída de Medellin passamos sob o “metro cable”, que é um tipo de metrô aéreo que deu muito certo e ajudou até na diminuição da violência na cidade. Na verdade, trata-se de um grande teleférico, com 90 cabines para oito lugares cada, as quais são sustentadas por cabos muito grossos. A linha começa a uma altura de pouco mais de dez metros e sobe até mais de 1.700 metros, onde existem bairros da cidade no alto dos morros. Paramos para pedir algumas informações e resolvemos ir até o “metro cable” para conhecer. Compramos os bilhetes e fomos até o ponto mais alto, de onde pudemos ver toda Medellin, cuja parte mais alta lembra algumas cidades brasileiras, pois é cercada de morros e tem o rio que emprestou seu nome à cidade, totalmente poluído.

No momento que estávamos saindo da cidade erramos o trajeto, descendo por uma rua com uma ladeira tão íngreme, mas tão íngreme, em primeira marcha e pisando no freio. Foi preciso ajuda para virar as motos ao contrário, pois seria muito perigoso tentar fazer a curva sem que alguém nos ajudasse. Engatei uma primeira e a moto subiu reclamando. Como o Jadir não aparecia, resolvi voltar para ver o que estava acontecendo. Encontrei-o ofegante, empurrando sua moto, com o motor ligado, primeira marcha engatada e com a ajuda de um colombiano. Foi uma sensação muito desagradável aquela. 

Às três da tarde paramos na pequena cidade de Guarine, porque a Honda Bros estava falhando muito. Um mecânico mexeu durante mais de uma hora, mas não conseguiu melhorar nada. O jeito foi seguir em frente até Rio Negro, já que o mecânico nos informou que lá havia uma concessionária Honda. E de fato havia. Mas, essa parte da história fica para o próximo capítulo.


Jota Parente