Matéria de capa da edição 235
O trânsito em Itaituba
transformou-se em um problema de saúde pública que tem custado muito caro para
o contribuinte, pois a principal unidade de saúde do município, o Hospital
Municipal, despende grande parte dos recursos do serviço público de saúde no atendimento
emergencial e no tratamento de pessoas traumatizadas por acidentes de trânsito,
quando é possível ser tratado aqui, pois é grande o número de casos em que é
necessário transferir para Santarém. E agora, com a mudança na regulação,
muitos traumatizados cujo atendimento não requer urgência tem que ficar aqui
esperando que surja vaga no Hospital Regional do Baixo Amazonas.
Em janeiro de 2016 o Jornal do
Comércio, na edição 214, publicou uma matéria com detalhes da realidade do
trânsito em Itaituba no decorrer de 2015, matéria essa que foi repercutida na
Câmara Municipal pelo vereador Peninha, que sensibilizado com os números
estarrecedores propôs a realização de uma audiência pública, que levou muita
gente à sede do Poder Legislativo.
Embora alguns meses após a audiência
pública tenha diminuído o número de acidentes, de traumatizados e de mortes,
depois do susto o problema foi agravado, subindo de 42 mortes em 2015 para 44
mortes em 2016, em 481 acidentes.
Chegou-se em 2015 ao impressionante número de
3.400 pessoas atendidas no Hospital Municipal de Itaituba por conta de
acidentes de trânsito. Já em 2016 o HMI atendeu a 3.427 acidentados de
trânsito, tendo acontecido 336 acidentes na cidade.
A média de 2017 até o mês de outubro
estava maior do que a do ano passado, ficando em 3,7 mortes por mês, contra
3,66 do ano passado. Se essa média continuar, o número de óbitos por causa de
acidentes de trânsito chegaria, pelo menos, aos mesmos 44 de 2016, ou, poderia
alcançar 45 mortes. Até o dia 14 de novembro, o número de atendimentos por
acidentados no trânsito no HMI foi de 3.164.
Houve uma considerável redução na
quantidade de acidentes por conta das ações ostensivas dos órgãos de trânsito
com apoio da Polícia Militar. Detran e Comtri colocaram seus efetivos nas ruas,
realizando muita blitz, e circulando nos seus veículos mostrando a cara.
Quando Comtri e Detran estão fazendo
blitz à noite, que é o período do dia em que aumenta o número de irresponsáveis
conduzindo de qualquer maneira, com documentação atrasada, do veículo e a CNH,
ou sem documento nenhum, ou alcoolizados, as ruas ficam desertas.
É óbvio que não há condições de
serem realizadas blitz todos os dias, mas, além de elas prosseguirem, que os
agentes de trânsito sejam mais vistos circulando. E com a finalização do
processo de celebração de convênio entre o Detran e o município, que vinha se
arrastando há alguns anos, Comtri e Detran vão trabalhar em igualdade de
condições, pois os dois órgãos poderão atuar, um dentro da competência do outro.
Em Itaituba, tem gente mau caráter
que avisa nos grupos de WhatsApp quando alguma ação está sendo feita para que
os irresponsáveis não saiam de casa em seus veículos. Essas pessoas de má
índole prejudicam o trabalho, à guisa de ajudar algum conhecido para não ser
multado. E o pior é que tem sido visto gente considerada de bem fazendo isso.
Agora, a polícia está monitorando, e quem for flagrado pode ser denunciado.
O comando do Detran, de Belém,
mandou para Itaituba uma força tarefa composta de 25 agentes de trânsito para
fazer uma operação de duas semanas intitulada Lei Seca. Era para ser um período
de relativa paz no trânsito, porque muita gente, presumivelmente, ficaria em
casa.
Embora essa ação seja válida e possa
deixar bons resultados – pelo menos é o se espera – tem alguma coisa muito
errada no desenvolvimento do trabalho do Detran, em Itaituba, que precisa ser
consertado, e não é problema novo, pois faz muitos anos que os inadimplentes em
Itaituba são maioria há anos seguidos. Então, se todo mundo sabe disso, porque
o governo do Pará não se empenha em baixar drasticamente esse percentual, posto
que isso causa um enorme prejuízo aos cofres do Estado?
Não é tão difícil de entender porque
isso acontece, pois, os motivos saltam aos olhos de quem observa. A começar
pelas dependências da sede do Detran em Itaituba, completamente sem condições
de atender à demanda pelos serviços do órgão. Outra questão diz respeito ao
número de servidores, que são insuficientes, e sem que outra sede seja
construída, não adianta mandar para Itaituba mais ninguém porque não terá onde
trabalhar. Por último, a questão dos agentes do Detran, que passam muito tempo
prestando serviços em outros municípios, deixando o trabalho local descoberto.
Os números do trânsito
louco de Itaituba
Num final de semana de blitz pesada,
nos dias 4 e 5 de novembro, juntando com uma ocorrência do final da manhã de
segunda-feira, (06), somaram-se seis acidentes, um deles com uma vítima falta
na Estrada do 53º BIS e outro com duas vítimas com traumatismos, acidente esse
provocado por um condutor embriagado, que já havia sido retido em uma blitz,
sendo conduzido até a 19ª Seccional de Polícia Civil, onde pagou fiança e saiu
alegre e faceiro, com outro condutor levando seu carro, para algumas horas depois
ele bater em uma moto, deixando duas pessoas gravemente feridas.
A população já nem mais se assusta
quando ouve o som das sirenes das ambulâncias do Corpo de Bombeiros ou do SAMU,
de tão frequente que é o acionamento delas por conta de acidentes de trânsito.
Há momentos em que as duas são chamadas ao mesmo tempo, deixando descobertos
outros tipos de atendimentos.
Os números são impressionantes. Se
não, vejamos: em 2015, de acordo com relatório enviado pelo 7º Grupamento de
Bombeiros Militar de Itaituba, a pedido do Jornal do Comércio, aconteceram 481
acidentes de trânsito dos mais diversos tipos, dos quais alguns chamam atenção
pelo elevado número. É o caso de quedas de motos e outros similares, que
somaram 146; acidentes envolvendo carro e moto totalizaram 131; colisão entre
motos também teve um número assustador, ficando em 109 e moto e pedestre, 44
ocorrências. Também chama atenção o baixo número de colisões entre carros, que
foram apenas seis em 2015. Totalizando 481 acidentes com 42 os óbitos. Os
atendimentos no HMI totalizaram 2.897.
Em 2016 aconteceram oito colisões
entre carros, 95 acidentes envolvendo carros e motos, 72 colisões entre motos,
20 atropelamentos de pedestres por motocicletas e 74 quedas de moto,
totalizando 336 ocorrências. Os óbitos: 44 vítimas fatais, e 3.427 pessoas
atendidas no Hospital Municipal. sendo que houve menos acidentes e mais mortes.
No ano em curso, até o momento do
fechamento desta edição, dia 14 de novembro, tinham acontecido 445 acidentes,
com 37 mortes no trânsito. Apenas duas colisões entre carros, 98 colisões entre
carros e motos, 85 choques entre motos, 11 atropelamentos de pedestres por
carros, 12 atropelamentos de ciclistas por carros, 11 atropelamentos de
pedestres por motocicletas e 108 quedas de moto e 3.164 atendimentos no HMI.
Nas últimas semanas, depois da morte
do sargento PM Carlos Araújo, vítima de acidente de trânsito, as operações dos
órgãos locais, Comtri e Detran foram intensificadas. Além disso, houve uma
grande operação de uma força tarefa do Detran de Belém que realizou a operação
Lei Seca, que tirou muitos irresponsáveis de circulação.
Como resultado, excetuando um final de semana
atípico, foi a diminuição do número de acidentes e, principalmente de mortes no
trânsito. E depois do caso do motorista que foi retido em uma blitz, foi
conduzido para a 19ª Seccional, tendo pago fiança, e pouco depois bateu numa
moto ferindo com gravidade duas pessoas, a Polícia Civil endureceu o tratamento
a outros motoristas flagrados na mesma situação.
De sexta-feira para sábado da semana passada,
nove pessoas, todas do sexo masculino, que beberam e foram dirigir, tendo sido
pegas pelo Detran, permaneceram na delegacia até sábado de manhã, o que evitou
que o problema anterior pudesse se repetir. E entre os que foram apanhados no
teste do bafômetro estavam algumas pessoas bem conhecidas. Uma delas chegou a
ligar para o prefeito Valmir Climaco, por ser muito próxima a ele, mas, Valmir
não interferiu no trabalho de combate aos que bebem e vão dirigir, exemplo que
seria muito bom ser seguido por pessoas que ocupam cargos públicos e tentam
liberar carros ou motos apreendidos por algum tipo de irregularidade.