quinta-feira, maio 14, 2020

O maior problema do Brasil diante da crise da pandemia é a falta de um comando lúcido

A falta de um comando central para combater a pandemia do coronavírus faz o Brasil despertar a atenção de muita gente fora das nossas fronteiras, a começar pelos vizinhos mais próximos.

O Paraguai mandou cavar valas na divisa com o Brasil, entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballeros, para evitar que brasileiros passem para o lado de lá, enquanto na Argentina o presidente já falou algumas vezes de sua preocupação com a situação da pandemia por aqui.

Na Argentina, onde a Covid-19 chegou primeiro do que no Brasil, as mortes não chegam a 300. Lá, o isolamento foi levado a sério e as autoridades falam a mesma língua no que diz respeito à condução do problema. Até o presidente visualizou o cumprimento do isolamento.

Com as providências certas no momento certo a curva de propagação foi achatada mais cedo resultando em menos mortes nos dois vizinhos

No Paraguai apenas dez pessoas morreram, além de o país conseguir controlar bem a propagação do vírus.

Já no Brasil é o Samba do Crioulo Doido. O governo federal toca num tom, enquanto governadores de estados e prefeitos tocam noutro. Como resultado, temos o colapso do sistema público de saúde em diversas cidades, falta de equipamentos de proteção para os profissionais de saúde que atuam na linha de frente e desperdício de recursos públicos por muitos agentes públicos, uns por incompetência e outros por má fé mesmo.

A incapacidade mais que.comprovada do presidente Jair Bolsonaro de liderar o país diante de uma situação tão grave tem tido um peso muito grande nesse mar de desacertos. 

Da mesma forma, por se auto considerar conhecedor de tudo, incluindo métodos e medicamentos perfeitos para receitar aos doentes, ele colocou o Brasil na contramão de tudo e de todos, fazendo com que países desenvolvidos recomendem que o exemplo brasileiro não seja copiado por ninguém, a começar pelo comportamento do presidente.

Bolsonaro demitiu um ministro de saúde (Mandetta) e já colocou seu substituto Teich na frigideira em fogo brando porque insiste em afirmar que é ele quem manda. E como ele precisa ficar repetindo isso.

O presidente repete que os ministros tem que estar totalmente alinhados com ele. Ora bolas, é óbvio que nenhum ministro pode fazer o que der na teia. Ninguém em sã consciência pode imaginar um ministro que tenha seu projeto pessoal dentro de qualquer governo, pois tem que seguir o programa de governo. 

Mas, o que Bolsonaro deseja é bem mais que isso. Para ele, os ministros tem que fazer o que ele quer, não importando se está certo ou errado. Sua vontade é o que importa. Apenas isso.

Por conta de sua falta de jogo de cintura, quando um fogaréu está sendo debelado, o presidente acende outra fogueira, inventando outra crise, parecendo que se não houver uma confusão para ele administrar, está faltando alguma coisa.

Não param de sair críticas nos veículos mais conceituados mundo. No Financial Times saiu que a situação da nossa economia, pós-pandemia é muito preocupante por causa de decisões erradas do presidente; um ex-presidente do Banco Mundial afirmou que o Brasil vai pagar muito caro no processo de recuperação da nossa econimia, e os motivos citados por ele, novamente, apontam para o modo como Bolsonaro se comporta na condução da pandemia.

Aqui no nosso Pará, quando a poeira baixar, o governador Hélder Barbalho vai ter que explicar algumas situações que a nuvem da pandemia ocultou. Para citar só um exemplo, o caso da contratação de uma empresa para fornecer 500 mil cestas básicas para a população logo no começo da crise.

A sede da empresa é um casebre e, embora após denúncias a compra tenha sido cancelada, até hoje não se sabe se alguém  responde por essa gigantesca e gritante irregularidade.

Da mesma maneira, a população tem que ficar de olho nos seus prefeitos, que tem recebido e ainda deverão receber bastante recursos para o Combate ao coronavírus. Eles terão que fazer uma rigorosa prestação de contas de cada centavo recebido.

O nosso desalento é aInda maior quando a gente olha para a curva ascendente de mortes e de novos casos de coronavírus, pois quando se fala do país inteiro, o pior ainda está por vir, dizem os especialistas. 

E o que me preocupa sobremodo é uma provável segunda onda do vírus como já está acontecendo em alguns países que tiveram o epicentro de suas crises bem antes de nossa. E o motivo de minha preocupação é a nossa famosa falta de disciplina.

Sou velho e diabético, motivos mais que suficientes para manter o isolamento social, por mais desagradável que isso seja.

Fique em casa, se puder.

Jota Parente


Nenhum comentário:

Postar um comentário