quinta-feira, maio 14, 2020

Entenda porque o Brasil deve se tornar epicentro da pandemia do coronavírus

O número de infectados e mortos pela Covid-19 no Brasil se tornou motivo de preocupação. 

Diante da expansão dos casos registrados da doença em todo o país, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, que ocupa interinamente o posto de coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no estado de São Paulo, afirmou que o Brasil pode se tornar um novo epicentro mundial da pandemia.

"Em número de casos o Brasil é o oitavo país do mundo, em números de mortes é o sexto país do mundo. Nós ultrapassamos, em termos de mortes, países como a Bélgica, Alemanha, Holanda, Canadá e a China. 

Isso mesmo considerando que nós estamos ainda numa fase inicial da evolução da epidemia", disse Covas nesta terça-feira (12), citado pela Reuters.

O médico clínico, presidente do grupo Zalika Farmacêutica, ex-presidente do Laboratório Biocad Brazil e ex-secretário municipal de Saúde de Carapicuíba (SP), David Zylbergeld, também ressalta a velocidade com que a doença tem atingido a população.

"Não conhecemos nada sobre a evolução dessa pandemia. Não sabemos nada sobre esse vírus. Está tudo muito obscuro para nós. Agora nós sabemos da velocidade com que esse vírus age e a letalidade do seu ataque ao Brasil", disse David Zylbergeld à Sputnik Brasil.

O especialista destacou que pelo menos 80% dos infectados não apresentam sintomas importantes ou nenhum, por isso infectam outras pessoas.

"O grande problema são os portadores sãos. A pessoa não tem sinais nem sintomas importantes, está tocando a vida, não sabe que tem o vírus e é um agente que infecta terrivelmente as pessoas", alertou.

Zylbergeld ainda ressaltou que alguns fatores estão contribuindo para o crescimento de casos de infecção no país. Entre eles, a falta de planejamento. 

"O Brasil está falhando muito. Não temos um planejamento estratégico e centralizado para combater o crescente aumento de doentes acometidos por essa doença", disse o entrevistado.

A forma como a testagem de casos está sendo feita também preocupa os especialistas. Mesmo com testes rápidos oferecidos em farmácias, boa parte da população não está tendo acesso aos mesmos. Ele ainda ressalta que o isolamento social precisa de uma estratégia eficiente para conter o avanço do contágio, assim como para uma possível flexibilização da quarentena.

Além desses fatores, Zylbergeld apontou para o sucateamento da saúde pública no Brasil e a baixa capacidade do atendimento ao público.

"Não estamos preparados para dar atendimento à essas pessoas. É a questão do sucateamento da saúde pública no Brasil, que há muitos anos está relegada a um plano inferior [...] Está praticamente esgotado o número de leitos hospitalares, o número de leitos em UTIs. Tanto que hospitais de campanha foram criados", ponderou o médico.

A falta de coordenação entre os estados e municípios gera preocupação. Com cada ente federativo adotando uma estratégia própria no combate ao coronavírus, torna-se inviável manter um planejamento adequado. 

"Isso não deveria ser bem assim. Cada município pode e deve fazer as suas atuações, mas deveríamos ter uma liderança nacional, que não temos, para que protocolos internacionais viessem a ser trazidos para o Brasil", concluiu.

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