quarta-feira, novembro 13, 2019

IBGE divulga dados sobre desigualdade social por cor ou raça

Resultado de imagem para fotos do IBGEEm 2018, no Brasil, pretos ou pardos avançaram no acesso ao ensino superior mas continuam tendo menores rendimentos e sofrendo mais violência do que brancos


O IBGE divulgou nesta quarta-feira, 13, o informativo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”. A publicação analisa temas como trabalho, renda, moradia, educação, violência e representação política e compara a situação de pessoas pretas, pardas e brancas.

No Brasil, a população preta ou parda com idades de 18 a 24 anos avançou no ensino superior: em 2016, o percentual era de 50,5%, subindo para 55,6% em 2018. Ainda assim, permaneceu abaixo dos brancos da mesma faixa etária: 78,8%.

Nesse mesmo período, o percentual de jovens de 18 a 24 anos pretos ou pardos com menos de 11 anos de estudo e que não frequentava escola caiu de 2016 (30,8%) para 2018 (28,8%). Esse indicador era de 17,4% entre os brancos, em 2018.

No mercado de trabalho, os pretos ou pardos representavam 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada. Quanto às ocupações informais, a taxa era de 47,3% para pretos ou pardos e 34,6% para brancos.

O rendimento médio mensal das pessoas brancas ocupadas ficou em R$2.796: 73,9% acima da população preta ou parda (R$1.608). Os brancos com nível superior completo ganhavam por hora 45% a mais do que os pretos ou pardos com o mesmo nível de instrução. A desigualdade também estava presente na distribuição de cargos gerenciais, somente 29,9% deles eram exercidos por pessoas pretas ou pardas.

Em relação à distribuição de renda, os pretos ou pardos representavam 27,7% do grupo formado pelos 10% da população com os maiores rendimentos e 75,2% dos 10% da população com os menores rendimentos. Enquanto 44,5% da população preta ou parda vivia em domicílios com a ausência de, pelo menos, um serviço de saneamento básico, entre os brancos, esse percentual era de 27,9%.

Pretos ou pardos também continuam sendo mais atingidos pela violência. De acordo com dados de 2017, a taxa de homicídios para pretos ou pardos superou a dos brancos em todos os grupos etários. Para pretos ou pardos de 15 a 29 anos a taxa foi de a 98,5. Isso significa que, a cada 100 mil habitantes, quase 99 pessoas pretas ou pardas, nessa faixa etária, foram vítimas de homicídio (a taxa dos brancos foi de 34). Para os jovens pretos ou pardos do sexo masculino, a taxa foi 185 (185 jovens pretos ou pardos vítimas de homicídio a cada 100 mil habitantes).

Também não há igualdade de cor ou raça na representação política, apenas 24,4% dos deputados federais, 28,9% dos deputados estaduais e 42,1% dos
vereadores eleitos eram pretos ou pardos.

Na região Norte, 71,8% da população se autoidentifica como sendo de cor parda, 19,3% como branca, 7,1% como preta. Amarelos e indígenas somam 1,8% da população.

No Pará, pardos são 72,7%, brancos: 17,8%; e pretos: 8,2%. Indígenas e amarelos somam 1,3%. Em relação ao rendimento médio habitual do trabalho principal, tanto nas ocupações formais como nas informais, brancos ganham mais que pretos e pardos. Nas formais, brancos têm rendimento médio de R$ 3.410, enquanto pretos ou pardos R$ 2.099. Nas informais, a média de rendimentos dos brancos é de R$ 1.435 e a dos pretos ou pardos é R$ 972.

O grupo dos 10% da população com menores rendimentos é composto de 86,7% de pessoas pretas e pardas, e apenas 12,5% de brancas. Já no grupo dos 10% com maiores rendimentos, pretos e pardos baixam para 66,2% e brancos sobem para 33,3%.

Quanto ao acesso a telefonia móvel e internet, no Pará, 34,8% das crianças e adolescentes brancos, com idades de 10 a 14 anos, possuem aparelho celular e 60,2% têm acesso à internet. Na mesma faixa etária, só 19,6% dos pretos e pardos têm celular e 45,7% tem acesso à internet. Entre jovens e adultos (pessoas que têm entre 15 e 29 anos) a desigualdade entre os grupos diminui consideravelmente: 69,2% das pessoas brancas e 62,9% das pretas e pardas têm celular; 78% dos brancos e 73,3% dos pretos e pardos têm acesso à internet.

Moradia
Para calcular a proporção de residentes em aglomerados subnormais (favelas, baixadas etc) foram utilizados dados do último Censo (2010), para cada capital. Naquele ano, Belém era a capital do Norte com maior porcentagem de pessoas vivendo em aglomerados subnormais: 54,5%. Entre o grupo das pessoas pretas e pardas, 58,2% vivia nesses aglomerados.

Educação
Até 2018, na região Norte, o analfabetismo atingia 8,4% das pessoas pretas e pardas com idades a partir de 15 anos. Entre brancos na mesma faixa etária o percentual era de 5,9%. Entre pessoas com 25 anos ou mais, no grupo de pretos e pardos, 9,1% era sem instrução; 37% tinha o ensino fundamental incompleto; 7% conseguiu completar o ensino fundamental; 5,4% iniciou o ensino médio mas não concluiu; 27,2% concluiu o ensino médio; 3,4% conseguiu ingressar no ensino superior, mas não concluiu; e, por fim, 10,9% conseguiu concluir algum curso de nível superior. Já entre os brancos, 6,5% era sem instrução; 29,7% tinha o fundamental incompleto; 7% concluiu o fundamental; 4,3% tinha o ensino médio incompleto; 26,2% concluiu o ensino médio; 4,8% não concluiu o ensino superior e 21,5% concluiu.

Violência
Quanto à violência nas escolas, o recorte foi feito sobre os matriculados no 9º ano do ensino fundamental (dados apenas de 2015). Pretos e pardos sofrem mais com a falta de segurança no trajeto casa-escola: 12% dos alunos pretos e pardos e 9,9% dos brancos.
No Pará, 13,2% dos estudantes pretos e pardos haviam sido agredidos fisicamente por algum adulto da família, pelo menos 1 vez no mês anterior à pesquisa. Entre os brancos, a taxa foi de 11,6%. Já quanto ao envolvimento em brigas, o índice dos brancos ficou ligeiramente acima: 5,3% contra 5% para pretos/pardos; 9,7% dos brancos e 8,3% dos pretos e pardos envolveram-se em brigas em que alguma das pessoas envolvidas usou algum tipo de arma branca.

Representatividade
Em relação à representatividade na vida política, apenas 24,4% dos parlamentares da Câmara dos Deputados são pessoas pretas e pardas. Entre os parlamentares paraenses atualmente na Câmara dos Deputados, pretos e pardos somam 52,9%. Na Assembleia Legislativa do Pará, 46,3% dos eleitos são pretos e pardos. Em nível municipal, no Pará, 61,1% dos prefeitos e 75,7% dos vereadores eleitos em 2016 são pretos ou pardos.

Os dados completos do informativo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” estão disponíveis no site do IBGE (www.ibge.gov.br

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