domingo, setembro 08, 2019

Bolsonaristas pragmáticos: quem são os eleitores que discordam, mas apoiam o governo

Pragmatismo: Entrevistados pelo GLOBO, Diego Barenco, Emanuelle Vasconcelos, Marco Marcondes e Joselio Barreto demonstram apoio a Bolsonaro mesmo com críticas ao governo Foto: Agência O Globo Eles podem deixar de avaliar positivamente o governo se houver ruptura com determinadas pautas e consideram oito meses de gestão pouco tempo para cobrar melhorias

RIO - Eles aprovam o governo Jair Bolsonaro , embora nem sempre concordem com as declarações do presidente e com todas as suas decisões. Também defendem a Operação Lava-Jato e as propostas anticorrupção do ministro da Justiça, Sergio Moro, e econômicas de Paulo Guedes, sobretudo a reforma da Previdência. 

Por outro lado, podem deixar de avaliar positivamente o governo se houver ruptura com essas pautas. Por enquanto, consideram que oito meses de gestão é pouco tempo para cobrar melhorias e tendem a ser otimistas com o futuro. 

Eis o perfil de parte da população que considera o governo ótimo ou bom e, simultaneamente, não se alinha totalmente à base mais fiel ao presidente, uma tendência apontada em recentes pesquisas de opinião e por estudiosos ouvidos pelo GLOBO.

A última pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, indica que a aprovação de Bolsonaro é de 29%. No entanto, esse percentual é menor em algumas áreas do governo e quando são avaliadas posições e afirmações polêmicas do presidente, indicando que, mesmo entre seus apoiadores, há quem tenha ressalvas. O instituto estima que 12% dos eleitores compõem o núcleo duro bolsonarista, mais alinhado às suas declarações. 

Base diversa 

O desempenho de Bolsonaro na educação e na saúde, por exemplo, tem taxas de aprovação de 19% e 13%, respectivamente, números inferiores à taxa de aprovação geral do governo. Também abaixo desse patamar estão a aprovação à indicação do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o cargo de embaixador nos Estados Unidos (23%) e à atuação de Bolsonaro no combate ao desmatamento e às queimadas na Amazônia (21%). Ainda na área ambiental, apenas 10% concordam com a sugestão do presidente de fazer cocô dia sim, dia não, para combater a poluição ambiental. 

Outra declaração polêmica de Bolsonaro, que chamou os governadores do Nordeste de “governadores de paraíba”, tem o apoio de 22%. 

— O antipetismo ainda está forte. Há gente que apoia a agenda liberal, do Paulo Guedes, e que se alinha com o Moro, votando no Bolsonaro para estimular a segurança pública. Continuam acreditando (no governo). Mas esse eleitorado tende a reprovar o discurso mais ideológico. É um pessoal mais pragmático — explica o pesquisador da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, David Nemer, que monitora grupos bolsonaristas no WhatsApp.

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