Há
cem anos o Brasil teve um vice-presidente, Delfim Moreira, que substituiu o
presidente Rodrigues Alves, que morreu antes de assumir o seu segundo mandato,
vítima da terrível Gripe Espanhola, que matou milhões, mundo afora.
Delfim
Moreira sofria de uma doença que o deixava totalmente descontrolado e desligado
de suas tarefas, o que fazia que, na prática, quem tomava as decisões era o
ministro Afrânio de Melo Franco.
Cem
anos depois o Brasil volta a ter um presidente descontrolado, porém,
diferentemente de Delfim Moreira, Jair Messias Bolsonaro não tem nada de
desligado. Pelo contrário. É ligado até demais, pilhado, digamos assim. Ligado
em 220 v.
O
presidente manda muito mal nas palavras. Calado é um poeta. É o suprassumo do
autoritarismo. Muitos que o apoiaram já não tem o mesmo entusiasmo de antes. E
gente como Sérgio Moro, que deixou uma consolidada carreira de juiz federal com
reconhecimento internacional, até quando aguentará os rompantes de Bolsonaro,
que o desautoriza constantemente passando por cima de suas decisões?
O único ministro realmente prestigiado é Paulo
Guedes. Também, pudera, o presidente não sabe nada de economia, como provou
fartamente durante a campanha eleitoral.
Se
pelo menos Bolsonaro continuar deixando Paulo Guedes trabalhar em paz, pode ser
que este país comece a sair do atoleiro político-econômico em que o Partido dos
Trabalhadores e seus aliados nos meteram.
Bolsonaro
ganhou a eleição porque convenceu a maioria dos brasileiros de que era o cara
certo para combater a corrupção. Foi a política do bandido bom é bandido morto.
230
dias ou 33 semanas de governo, até hoje, ninguém do governo foi denunciado ou,
muito menos, preso por acusação de atos de corrupção. Isso é fato. E contra os
fatos não há argumentos. Entretanto, fora do governo sobram problemas
protagonizados pela família do presidente.
O
presidente defende os filhos com unhas e dentes. Até certo ponto isso é normal,
mas, só até certo ponto, quando se tratam de problemas relacionados com a família,
que não é o caso.
Os
filhos de Jair Bolsonaro tem alimentado os noticiários com uma fartura imensa
de denúncias, que incluem o mais que provado envolvimento com milícias no Rio
de Janeiro. E o pai corre em socorro deles, acusando e desclassificando quem os
acusa.
Quando
o assunto é família, o presidente não tem autoridade moral para falar mal do
ex-presidente Lula. Estão empatados.
Ele
age reiteradas vezes como um inepto. Mas, tem quem goste do seu jeito de ser,
defendendo-o a qualquer custo. Certamente, muitos pensam como ele, ou talvez seja
mais correto dizer, não pensam. Apenas agem como alienados que vivem sem
conhecer ou compreender os fatores sociais e políticos da contemporaneidade.
Mas,
o Brasil gigante segue o seu caminho, com seu presidente que espalha fakenews,
que confunde Noruega com Dinamarca, que diz que não há desmatamento na Amazônia
e que precisa dizer que quem manda é ele.
O
sonho interrompido do PT era transformar o Brasil numa ditadura de esquerda, o
que felizmente não se consumou. O sonho de Bolsonaro é transformar o Brasil
numa ditadura de direita, como a que ele fez parte até 1985, quando o poder
voltou para as mãos dos civis. Felizmente, não há clima para isso, embora
muitos energúmenos torçam para que aconteça. Nenhuma ditadura presta.
“Os
idiotas dominarão o mundo. Não pela competência, mas, pelo número, pois eles
são muitos”. Nelson Rodrigues.
Jota
Parente
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