BRASÍLIA — Uma das principais especialistas em segurança pública do país, a cientista política Ilona Szabó aceitou a missão recebida do ministro da Justiça, Sergio Moro , de integrar o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Sua permanência no colegiado, no entanto, durou pouco mais de 24 horas. Crítica da liberação de armas à população, uma das principais bandeiras dos grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, ela foi desconvidada do cargo por Moro, após o próprio presidente ter interferido no assunto nesta quinta-feira.
“Senti uma certa decepção ao ver que a opinião de grupos extremos tem um impacto tão grande na opinião do presidente da República, que é o presidente de toda a população", disse Ilona ao GLOBO. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Quem fez pressão para sua saída? Tem grupos que são opostos a uma agenda de segurança pública baseada mais em evidências. Grupos que estão mais a favor da liberação completa de armas. Que não aceitam diferentes ideias. Grupos que têm opiniões radicais e não estão abertos a pessoas que pensam diferente.
O presidente pediu sua saída?
O que eu sei, pela conversa que tive com o ministro Moro, é que sim. Teve uma conversa entre ele e o presidente e ele (Moro) sentiu que não dava para manter a minha nomeação. Como foi essa conversa e o teor dela eu não sei.
Para mim, o que eu lamento, é que a gente não deve ver pessoas que pensam diferente como inimigas. O presidente não deveria ver pessoas que pensam diferente como inimigas. Acho que a tolerância precisa ser mote de um governo que tem tantos desafios pela frente.
Qual foi sua reação ao saber que estava sendo excluída do conselho?
Eu lamentei muito porque ganha a polarização e perde o Brasil. A construção democrática que a gente tanto precisa para este país. Senti uma certa decepção ao ver que a opinião de grupos extremos tem um impacto tão grande na opinião do presidente da República, que é o presidente de toda a população.
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