terça-feira, outubro 09, 2018

Nem Bolsonaro, nem Haddad explica como financiar a isenção do Imposto de Renda

 Coluna de Miriam Leitão, em O Globo - As propostas de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad tem um ponto em comum. No Jornal Nacional, os dois candidatos disseram ontem que pretendem isentar do Imposto de Renda quem recebe até cinco salários mínimos. 

O problema é que o Brasil vive uma emergência fiscal de grandes proporções; 2019 será o sexto ano seguido de déficit primário. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, me disse que a medida custaria R$ 60 bilhões. Se isso for feito, é preciso saber de onde sairá o dinheiro para financiar a redução tributária.

O programa econômico de nenhum dos dois está claro. Falta substância, explicar como fazer, quais reformas serão feitas e de que forma. Nenhum projeto ficará de pé se o país não resolver a crise fiscal. Só com o equilíbrio das contas o Brasil conseguirá combater o desemprego, outra dor econômica desse momento.
Bolsonaro não se aprofundou nas suas propostas de reformas. O que o economista Paulo Guedes fala não é respaldado pela carreira de Bolsonaro no parlamento nem pelas pessoas mais próximas ao candidato. No lado do PT, tampouco há compromisso com elas. O programa econômico retrocedeu, lembra as propostas anteriores a 2002. Não defende a reforma da Previdência, sequer a enxerga como necessária na forma em que foi pensada. O partido admite mudanças apenas pontuais.
No primeiro turno, os candidaturas falaram sobre generalidades. O segundo turno é uma nova oportunidade para que cada lado se aprofunde nos temas. Seja um projeto conservador ou de esquerda, equilibrar as contas públicas é uma necessidade. O próximo presidente precisa explicar como pretendem desarmar a bomba fiscal. O combate ao desemprego no longo prazo depende disso.    

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