quarta-feira, outubro 31, 2018


Até que enfim acabou a mais asquerosa, a mais repulsante, a mais baixa, a mais nojenta e a mais radical de todas as eleições que já vivenciei neste país. E só não foi pior, porque a pequena reforma eleitoral aprovada ano passado, e as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral botaram um freio em muita coisa. E uma das melhores entre as mudanças foi a diminuição do tempo de campanha.

Eu me perguntei diversas vezes durante o Horário Eleitoral Gratuito e, da mesma forma, em muitos dos incontáveis debates que aconteceram, o porquê de ainda estarem acontecendo.

O Horário Eleitoral acontece porque a legislação vigente determina que vá ao ar, mas, os debates, por que tantos, um seguido do outro para os candidatos dizerem as mesmas coisas, para proferirem as mesmas ofensas uns contra os outros. Chegou num ponto em que a gente já tinha até decorado quais seriam as acusações.

Podem dizer: ah, mas, isso faz parte do processo eleitoral! Sim, eu sei que faz parte; o que questiono é a falta de conteúdo da maioria dos candidatos, a partir da disputa pela presidência da República, onde aqueles que realmente tinham alguma coisa na cabeça, que poderiam apresentar propostas claras e exequíveis ficaram pelo caminho.

Seja na eleição para o mais elevado cargo do Poder Executivo, o de presidente da República, ou para governador, na maioria das vezes o que vi foram trocas de insultos, mentiras deslavadas de candidatos que não apresentavam propostas concretas, mas, faziam promessas mirabolantes que não poderiam ser cumpridas nem em três ou quatro mandatos consecutivos de um bom governante.

Na briga pela presidência da República, os candidatos passaram longe de conversar com o eleitor, por exemplo, sobre a monumental dívida pública, que já chega aos R$ 4,19 trilhões. Cerca de R$ 3,1 trilhões compõem a dívida pública federal (DPF), formada pelas dívidas interna e externa. O restante se deve às chamadas operações compromissadas do Banco Central.

O PIB caiu 7,2% no período 2015-2016, derrubando também a arrecadação federal. Foram dois anos consecutivos de recessão da economia brasileira, fato inédito no país desde o início da década de 1930. Nesse cenário, a relação entre a dívida bruta do governo e o PIB cresceu aceleradamente e fechou 2016 a uma taxa de 69,6%. Isso significa que o endividamento do país equivale a mais de dois terços do tamanho da economia. Há dois anos, essa relação era de 56,3%.

Com uma dívida nesse patamar, estamos sacrificando investimentos no Brasil. Estamos deixando de aplicar mais recursos na saúde, na educação, na questão previdenciária, na infraestrutura, etc…, Mas, infelizmente, a maior parte da população não se liga nisso, embora esses números nos afetem a todos. E os candidatos a presidente também quase não se interessaram por esse grave assunto.

Essa é uma herança maldita que o novo presidente da República, que assumirá em 15 de março do ano que vem vai herdar. Esse é apenas um dos problemas gigantescos que o chefe do Poder Executivo vai ter que enfrentar, além de todos os outros fartamente tratados no Horário Eleitoral, e fora dele.

Eu espero que essa grande massa que potencializou o crescimento da candidatura, e elegeu o deputado federal Jair Bolsonaro, lembre que ele não tem varinha de cristal para resolver tudo por passe de mágica. É preciso que a nação tenha consciência de que haverá remédio amargo para curar o enfermo Brasil. E embora jamais tenha sido um entusiasta da campanha do presidente eleito, torço para que ele aplique uma vacina eficaz contra a corrupção, para que seja possível começar a consertar o país.

Votei em Jair Bolsonaro no segundo turno por absoluta falta de opção, pois, depois do estrago nacional de proporções colossais que o Partido dos Trabalhadores comandou como maestro de uma orquestra que tinha “músicos” de diversos outros partidos, só mesmo se não tivesse juízo para votar nesse projeto que vai de encontro aos meus princípios e aos meus valores. Agora, resta torcer para o capitão acertar na mão, porque quem torcer contra ele, quem quiser que ele se dê mal na presidência, estará torcendo contra si mesmo, pois estamos todos no mesmo barco.


*Artigo publicado na edição 243 do Jornal do Comércio, que está circulando desde a tarde de hoje.

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