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Didier De Champs perdeu a Copa da Europa há dois anos quase com o mesmo time que ganhou a Copa do Mundo |
A França, com seu time recheado de descendentes de migrantes africanos, como Matuidi, Pogba, Umtiti, Mbappé, Tolisso, Kanté foi o que eu gostaria que a Seleção Brasileira fosse: um time de futebol de dar gosto de ver. Bem montando, organizado em todos os setores, deu-se ao luxo de jogar com um time misto no último jogo da primeira fase.
No atual futebol mundial, ou, como disseram muitos narradores e comentaristas durante essa copa, na nova ordem do futebol pelo mundo afora, quem tem apenas alguns talentos em campo, mas, não tem coesão, tem tudo para se dar mal.
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Slatko Dalic, o treinador da Croácia, que pegou a seleção para um único jogo. Se perdesse não iria para a copa. Ganhou e levou seu país ao vice da Copa do Mundo |
Mas, voltando à copa encerrada há poucas horas, a Croácia é um exemplo de determinação, de perseverança, conquistando o vice, porque para os croatas isso é um título a ser comemorado.
Com 56,5 mil quilômetros quadrados, a Croácia é menor do que o território de Itaituba. Tem pouco mais de quatro milhões de habitantes, cerca da metade dos habitantes do Estado do Pará. Um país que em 1918 tornou-se independente da Áustria-Hungria, no mês de outubro, e logo depois, em dezembro do mesmo ano foi anexada à Iuguslávia, país que tinha grande influência da União Soviética.
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O espanhol Roberto Martinez, treinador da Bélgica, deu um nó em Tite no jogo contra o Brasil |
Aliás, o que existe entre sérvios e croatas vai muito além de rivalidade. Existe muito ódios por aquelas bandas.
É essa seleção que ganhou a simpatia do mundo do futebol, merecidamente. É dessa seleção o melhor jogador da copa, Modric, com todos os méritos. É para esse futebol que hoje eu tiro o chapéu. E claro, também para o futebol apresentado por França e Bélgica.
Espero que o treinador Tite tenha aprendido alguma coisa com o jeito de jogar da Bélgica, que nos tirou da copa, da Croácia e da França. Primeiro, porque se a gente for fazer uma análise individual dos jogadores do Brasil, estamos um tanto longe das melhores seleções, pois temos muitos bons jogadores, mas, os diferenciados são poucos; segundo, quando o assunto é a qualidade do jogo coletivo, aí, a distância é maior.
Eu tinha, sim, antes da copa, esperança em uma grande campanha, contudo, depois do primeiro jogo contra a Suíça comecei a duvidar, e embora a cada vitória suada renovasse a esperança de que a qualquer momento o time desencantasse, não desencantou, não fez uma só grande partida, com um futebol muito previsível.
Seu Adenor Bachi, o Tite, que saiu da copa devendo |
Viva Joachim Low, que reconheceu de pronto que sua seleção da Alemanha não mereceu passar da primeira fase. Disse que é preciso mudar. Tite colocou panos quentes com seu discurso conciliador. Ganhou de presente a continuação à frente da comissão técnica. Até acho que merece, mas, seu discurso é que não agrada, pois, o torcedor que entende minimamente de futebol gostaria de ouvir uma análise mais realista do que aconteceu em campo.
Já faz tempo que não somos os melhores do mundo. Estamos entre os melhores, mas, hoje em dia tem muita seleção por aí afora, principalmente na Europa, jogando igual ou melhor que a gente. É preciso refletir sobre isso. Há quantos anos um jogador Brasileiro não é escolhido o melhor do mundo?
Kaká, em 2007, foi o derradeiro brasileiro a ser escolhido o melhor jogador de futebol do mundo. Desde então, há quase onze anos, só dá Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. E depois da Copa Mundo de Neymar, da qual ele saiu muito queimado, ele vai ter que fazer chover nesse segundo semestre para ganhar o título.
O futebol brasileiro precisa se reinventar. Não pode continuar querendo ser cópia dos europeus, em detrimento do talento, que na Europa tem de sobra e aqui tem de menos. Ao menos, que os clubes façam como o Flamengo, que se por um lado não consegue segurar por muito tempo seus grandes talentos em função de propostas irrecusáveis para a realidade financeira dos clubes nacionais, como Vinícius Jr. e Paquetá, ao menos está faturando alto, fazendo caixa para se reforçar.
E nesse contexto, os treinadores brasileiros precisam se atualizar, uma vez que a maioria não sai do feijãozinho com arroz de um jogo muito defensivo. Tem medo de ousar, privilegiando se defender para não perder, em vez de apostar na vitória. Isso é fato. Basta ver os jogos do campeonato brasileiro.
Jota Parente
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