Em Itaituba não é diferente
O DIÁRIO DO PARÁ teve
acesso, em primeira mão, a relatórios que apontam falhas graves na política de
Educação do governo Jatene. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério
Público de Contas do Pará (MPC) fizeram um raio X das condições das escolas
públicas estaduais no ano de 2016 e o resultado é alarmante.
Além do baixo
desempenho acadêmico e da alta taxa de evasão escolar, os dois órgãos
identificaram que alunos e professores correm risco de vida devido às péssimas
condições de segurança e infraestrutura das escolas. O relatório analisou
escolas em 12 municípios.
Os
problemas começam pela infraestrutura. Ir à escola é um risco de vida. Nenhuma
das unidades pesquisadas tem funcionários habilitados para lidar com casos de
incêndio e nem mesmo extintores.
Com relação à
segurança, 83% das unidades só contam com um vigilante no período da noite, o
que faz com que algumas, como a Escola Estadual de Outeiro tenha sido alvo de
assaltantes nada menos que 50 vezes só no primeiro semestre de 2016, uma média
de um assalto a cada 3 dias. Em junho deste ano, a mesma escola ficou outra vez
na mira de assaltantes em plena luz do dia. O resultado: 30 celulares roubados
de alunos e professores.
PRESSÕES
A falta de estrutura
é tanta que chega ao absurdo de um ventilador de teto ter despencado na cabeça
de um aluno, em outubro de 2016, na Escola Estadual Hilda Vieira, em Belém. Em
abril de 2017, a situação se repetiu, dessa vez em outra unidade, a Escola
Estadual Francisco da Silva Nunes, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação Pública do Pará (Sintepp).
O estado de abandono
vai além. Pelas avaliações do TCE e do Ministério Público de Contas, 67% das
escolas não oferecem ventilação adequada, o que impede a realização de aulas
nos dias mais quentes; 52% tem paredes com infiltração; 56% não dispõem de
sanitários em boas condições e 42% têm lixo e entulho acumulados
nas dependências das escolas.
E o desperdício do
dinheiro público não tem fim. Foram constatadas pilhas de livros didáticos
abandonados e muitas vezes lacrados, e que nunca chegaram às mãos dos alunos.
“O estudante é constantemente colocado sob pressões inimagináveis, tendo que
lidar cotidianamente com a falta de estrutura de sua escola. Isso leva a um
baixo nível de aprendizado e consequentemente a condições futuras de subemprego
após deixar a escola”, afirma Sandra Azevedo, dirigente do Sintepp.
MAIS NÚMEROS – EVASÃO ESCOLAR
O resultado do
descaso do governador Simão Jatene com a Educação levou o Estado do Pará ao
vergonhoso primeiro lugar no ranking nacional de evasão escolar. O Pará aparece
na incômoda posição de 16,8% das crianças fora das salas de aula, enquanto a
média nacional é de 6,8%. Isso significa que 105,1 mil crianças estão fora das
salas se aula. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A mesma pesquisa aponta que apenas 40% dos estudantes concluem o ensino
médio antes dos 19 anos no Pará, enquanto na média nacional, esse indicador é
de 58,5%.
Apenas 1,7% dos
recursos vai para melhorias nas escolas estaduais - De acordo com os levantamentos do TCE e do Ministério Público de Contas,
apesar de o Estado gastar R$ 3,8 bilhões anuais com o setor de Educação, o
governo Jatene destinou pífios 1,7% às melhorias nas bases do ensino e na
estrutura das escolas públicas.
Grande parte dos
recursos, 86% do total, foi gasto com pagamento de pessoal e encargos sociais.
E 12% foram destinados a despesas correntes. O próprio Governo estadual admite
gastar muito mais com pagamento de pessoal do que com investimentos em
infraestrutura e ensino, conforme mostra o Plano Plurianual (PPA)
2016/2019.
Já no ano de 2013, o
Ministério Público enviou à Secretaria de Educação 15 recomendações com o
objetivo de melhorar as condições das escolas públicas paraenses. Porém, até o
ano passado, 12 dessas medidas não foram implementadas e três foram parcial e
insatisfatoriamente adotadas.
“Não se pode admitir
que mais de 80% das recomendações para a efetiva melhoria da qualidade da
educação sejam integralmente descumpridas”, denuncia o promotor geral de contas
do MPC, Felipe Rosa Cruz. O deputado estadual Chicão (PMDB) vem lutando para
que o Plano Estadual da Educação, um dos compromissos do governo Jatene
assinado em 2015 e até agora apenas no papel, seja cumprido.
Por meio de uma
emenda aprovada pelos parlamentares e inserida na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), o governo terá que passar a prestar contas dos
investimentos realizados e efetivar o Plano. “A Educação no Pará é uma imagem
irreal na TV, nas peças publicitárias. Mas a realidade é outra e é dura para
estudantes, professores e pais”, afirma o deputado.
Um exemplo desse
descaso ocorreu na última terça-feira (30). Pais e alunos da Escola Estadual
Padre Orione se mobilizaram em frente à escola, localizada na avenida
Transcoqueiro, no bairro do Una, para reivindicar melhorias na infraestrutura.
O protesto foi motivado pela queda de parte do muro da frente do colégio e pelo
alagamento de diversas salas de aulas após as chuvas fortes do dia anterior, o
que acabou suspendendo as aulas de terça.
A dona de casa
Jéssica Santos, 33, por exemplo, explica que sua filha de 7 anos está há quase
um mês sem ir à escola porque não tem professor para ensinar os alunos do seu
ano. “Hoje eu já nem trouxe ela porque já sabia que ia ser a mesma coisa. Mas a
educação dela, onde fica?”, critica a mãe.
A coordenadora da
escola, Lúcia Pereira, informou que a escola está funcionando normalmente com
exceção de duas turmas, as do 2º e 5º, pois uma professora está viajando e a
outra se aposentou. “Mas nós já solicitamos à Seduc a contratação de novos
professores e estamos aguardando”, esclarece.
Fonte: Erica Ribeiro/Diário do Pará
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Comentário do blog: Tudo que foi escrito matéria, e muito mais, é o retrato da Educação no Pará, no que compete ao estado. E em Itaituba o quadro não é diferente.
No meio da semana passada, o jornalista Weliton Lima produziu uma longa matéria a respeito das precárias condições com que funciona a Escola de Ensino Médio Maria do Socorro Jacob.
A situação de abandono pelo governo do Estado é tão gritante, que a diretoria e os alunos pediram socorro para a prefeitura de Itaituba, apelando ao prefeito Valmir Climaco, para que o mesmo ajude a melhorar as condições desse tradicional estabelecimento de ensino.
Evidentemente, o que o prefeito pode fazer é tentar sensibilizar o governador Simão Jatene para olhar para essa escola, pois, não há como destinar os parcos recursos municipais para investir em uma escola que é do Estado.
Esse é o governador que bate no peito quando fala das finanças do Pará, estado que está entre os que tem as contas mais equilibradas, o que é fato. Porém, é um governador que privilegia a região metropolitana de Belém, em detrimento de lugares mais afastados, como Itaituba, e toda a região sudoeste do Estado.
Jota Parente
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