sexta-feira, janeiro 16, 2015

Aeroporto: aonde o governo quer chegar? *

            Aonde o governo do município pretende chegar no que diz respeito ao aeroporto de Itaituba? Esse questionamento foi feito pelo empresário Jorge Machado, um dos que estão sendo fortemente prejudicados com a suspensão dos voos das duas empresas comerciais que atuam aqui, depois que a MAP realizou seu último voo, dia 10 passado, até que se resolvam as não conformidades do aeródromo municipal.
            Os prejuízos não são apenas de monta particular, como para empresas e profissionais liberais que atuam em alguma atividade diretamente relacionada com o setor, mas, para o município como um todo, porque é pelo aeroporto que entram muitos homens e mulheres de negócios de todos os portes. E o não funcionamento significa que dezenas de investimentos deixam de ser concretizados.
            A Prefeitura de Itaituba tem buscado algumas parcerias para tentar solucionar o problema. Não está errado, porque essa é uma tendência, conquanto o próprio governo federal faz uso desse expediente. Porém, quando não consegue algum tipo de doação em curto prazo, o serviço trava.
            O descontentamento de seguidos gestores com a responsabilidade jogada pelo governo federal nos ombros do município que tem que administrar um aeroporto deficitário vem passando de governo para governo, desde Wirland Freire, que ainda em seu primeiro ano de gestão ameaçou fechar o aeroporto para tentar forçar o governo a reassumir sua administração.
            Certamente, aquilo não funcionaria se ele tivesse insistido em fechar as portas do aeródromo. Mas, Wirland não chegou a tal extremo, porque algumas pessoas que ele costuma ouvir, as quais faziam parte de sua administração, argumentaram que embora ele tivesse razão, porque essa deve ser uma responsabilidade do governo federal, no final das contas quem seria punido seria o município.
            Depois, passaram-se os governos de Edilson Botelho, novamente Wirland, Benigno Reges que o substituiu, Roselito Soares com um mandato completo e mais de um ano do segundo mandato, Valmir Climaco assumiu, e agora, no governo de Eliene Nunes, e o problema perdura sem nenhuma previsão de final para essa novela que faz de Itaituba um lugar ainda mais distante do que é, por causa das dificuldades de se chegar aqui.
            Sem o aeroporto funcionando, a começar pelos taxistas que atuam naquele ponto, passando pela empresa que mantém carros para aluguel para quem chega de fora e precisa de um veículo para se locomover pela cidade, por hotéis, agências de viagens e restaurantes, está todo mundo reclamando com toda razão, pois todos sofrem prejuízos.
            Donos de agências de viagens falam em queda de mais de 90% do movimento, porque para quem eles vão vender passagens, sem nenhuma linha regular operando? Nos hotéis a queda de ocupação chega a pelo menos 50%. Ressalte-se que isso é o que se vê, porque, quantos negócios tem deixado de ser fechados por causa do não funcionamento do aeroporto?
            Numa reportagem que a TV Tapajoara levou ao ar no Focalizando de segunda-feira passada, foi dito que alguns donos de hotéis pediram para não aparecer na frente das câmeras, por temerem retaliações do governo da prefeita Eliene Nunes. Disseram eles, que se dessem qualquer declaração em público, poderiam sofrer algum tipo de perseguição, pois é assim que o governo age com quem ousa criticá-lo.
            Não é a primeira vez que se ouve falar disso. Nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação o assunto tem sido tratado. Mas, agora ganhou uma conotação diferenciada por se tratar do telejornal de maior audiência da cidade. E ninguém do governo se apressou em vir a público dar uma explicação, ou desmentir, o que só piora a imagem da atual gestão.
            Aonde quer chegar o governo municipal quanto ao aeroporto? Talvez o problema seja o mesmo que tem sido observado em outros setores da atual administração: falta de atitude, pois em vez de ficar apenas esperando que a solução venha através de gestos de boa vontade de terceiros, a prefeita Eliene Nunes deveria chamar diretamente para ela essa responsabilidade, porque é inconcebível que neste momento de crescimento do município, no qual existem grandes expetativas, Itaituba não tenha seu aeroporto em pleno funcionamento.
Por causa disso, a imagem da prefeita está passando por um novo processo de desgaste, tanto junto a boa parcela da população, quanto perante o poder econômico do município, que precisa desse serviço fundamental, que é o funcionamento regular do aeroporto. 

*Na edição impressa do Jornal do Comércio, circulando

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