segunda-feira, junho 23, 2014

Peninha diz que precisamos saber...

            Foi um ano e meio de muito sofrimento para Luiz Fernando Sadeck dos Santos, o Peninha, do PMDB, que terça-feira, 17/06, viveu o último capítulo dessa novela, com sua posse como vereador de Itaituba, que ele já era de direito, desde que o Tribunal Superior Eleitoral reconheceu seu direito de ter o registro de sua candidatura validado relativo à eleição de 2012, mas, ainda não era vereador de fato.
            Depois dos procedimentos legais, o presidente da Câmara, vereador Wescley Tomaz deu posse a Peninha, que fez seu juramento sob os aplausos de um plenário completamente lotado. A maioria das pessoas era de familiares e simpatizantes do vereador.
            Peninha foi o primeiro a usar a tribuna nessa primeira seção para ele. Usou os dez minutos regimentais para ler seu discurso, algo raro em sua carreira de vereador, que acaba de iniciar seu sétimo mandato, como ele mesmo registrou, pois quase sempre fala de improviso. Ninguém lhe pediu aparte.
            Gastou boa parte do tempo para contar a história de sua “via crucis” até chegar àquele momento. Agradeceu aos seus familiares, aos seus simpatizantes, falou a respeito dos adversários que fizeram de tudo, incluindo elevados gastos com advogados para que ele ficasse de fora da Câmara, e aproveitou a oportunidade para alfinetar o deputado federal Dudimar Paxiúba. Por sinal, gastou tempo demais nessa parte do discurso. Peninha poderia ter sido mais conciliador nessa hora, pois o deputado teve humildade de lhe desejar um profícuo mandato.
            Pela sétima vez consecutiva ele assume o mandato de vereador. Segundo ele afirmou, somente ele e mais vereadores conseguiram essa façanha em todo o Brasil. Já foi apeado de um mandato pela Justiça Eleitoral, em agosto de 2005, tendo sido manchete da edição número 1 do Jornal do Comércio, que circulou no dia 3 de setembro daquele ano, voltou a eleger-se em 2008 e agora está de volta.
            Amado por uns e odiados por outros, Peninha tem seu jeito particular de fazer política que tem lhe rendido bons resultados. Suas seguidas reeleições comprovam. Boa parte dos seus eleitores ele conhece pelo nome e não costuma gastar um tostão quando recebe pedidos de eleitores que ele sabe serem simpatizantes de outros vereadores. Já foi situação algumas vezes, oposição em muitas outras; assim ele vai levando sua polêmica carreira política.
            Na edição 181 do Jornal do Comércio, circulando

            Certa vez Peninha declarou, referindo-se a alguém da assessoria de um governo que ele apoiava, que a mesma caneta que nomeava, era a mesma que exonerava. Vez por outra isso é lembrado, a favor dele, e contra ele. Usando como base essa frase, pode-se dizer a mesma coisa de sua língua. A mesma língua que fere seus adversários, causa estragos contra ele próprio, que jura que nunca mais repetirá muitos dos erros graves que cometeu, como quando teceu comentários depreciativos a respeito da vida particular da promotora Lizete Nascimento e da juíza Sandra Castelo Branco, o que lhe custou muito caro.
            Neste momento o vento está completamente a favor do vereador Peninha, uma vez que ele assume num momento em que a rejeição à prefeita Eliene Nunes chegou a patamares muito altos. Por conta disso, como Eliene tem folgada maioria de vereadores que a apoiam, a imagem da Câmara Municipal é muito negativa, de um modo geral. A população cobra ação dos vereadores, que quase nada fazem para chamar atenção da gestora no sentido de tentar mudar o rumo de seu governo.
            Diante do clamor do povo de Itaituba por uma oposição capaz de fazer as cobranças necessárias da prefeita Eliene Nunes, Peninha vai ter munição de sobra para criticá-la. Ele tem muita coisa acumulada ao longo desse um ano e meio em que esperou para sentar na cadeira de vereador. Mas, ele vai apanhar muito dos vereadores da situação, pois estará sempre entre os primeiros a falar, já que não é o líder do PMDB na Casa, enquanto os vereadores da situação terão tempo suficiente para ouvir seus discursos, para contra-atacar depois.
Como acontece como massa de pão, pelo menos enquanto a prefeita estiver tão mal junto à opinião pública, quanto mais os vereadores da situação baterem nele, mais ele crescerá, enquanto os edis da situação afundar-se-ão cada vez mais no conceito do povo do município. Se Eliene conseguir reverter esse desgaste enorme, fruto de seu desgoverno, o jogo poderá mudar, e Peninha precisará de muita habilidade para evitar que sofra um grande desgaste, pois o que o povo quer é que o governo acerte. Isso não será bom apenas para os vereadores da situação e para a prefeita.
A julgar pela primeira seção da qual Peninha participou, que tinha tudo para ser uma festa, mas, não foi, haverá muitos embates, a maioria deles com o vereador Isaac Dias (PSB), que nessa seção não atuou como defensor da prefeita. Seu discurso foi voltado para criticar legislaturas passadas, das quais Peninha fez parte. Lembrou do caso da CAIMA (Isenção por 25 anos em troca de nada), falou da autorização que a Câmara deu em 1993 para que a Rodonave pudesse fazer o que quiser com respeito ao transporte de veículos em balsas da empresa e também construir na orla.
Isaac não se esqueceu de lembrar ao novo colega de parlamento, que em 2012, quando Peninha era vereador e Valmir Climaco era o prefeito, foi aprovada uma lei para regularização de terras em Miritituba, com o único objetivo de beneficiar as empresas que estava querendo implantar portos graneleiros naquele distrito.
Ele questionou o fato dos vereadores da legislatura passada terem aprovado a citada matéria. Da Câmara passada faziam parte, além de Peninha, Maria Pretinha, Dadinho Caminhoneiro, Cebola, Diomar e Manuel Dentista, que saiu para que Peninha entrasse. O vereador Isaac Dias deixou claro para quem estava na Câmara, que o legislativo municipal tem poderes para tal. Ele só não explicou porque isso foi feito nesta legislatura, da qual faz parte, nem tampouco por que não tomou a iniciativa.
Uma ausência sentida foi a do vereador Toínho Piloto, que fez um discurso nada convencional há quase um mês, depois ficou de uma vez por todas decidido que Peninha retornaria mesmo para a Câmara. O discurso de Toínho que ganhou as redes sociais depois que ele disse na tribuna, que só acreditaria que Peninha é mais homem do que ele, se o vereador do PMDB baixar as calças e mostras que tem três culhões. Isso lhe custou um bom desgaste. O vereador do PSD mandou ofício informando que estaria em Santarém cuidando da saúde de sua filha.
Na apresentação de seu cartão de visita, Peninha disse: “Precisamos saber o que o Consórcio Tapajós já deu para o município de Itaituba. Precisamos saber onde foi aplicado o dinheiro que o BRADESCO passou ao município. Precisamos saber onde foi aplicado o dinheiro que a RONDONAVE deu ao Município. Precisamos saber quanto o 8º BEC já recebeu e qual é o trabalho que foi pago para ser feito.
Precisamos saber quanto o Governo do Estado repassou em convênio para o município de Itaituba. Precisamos saber o que os portos fizeram por Itaituba. Precisamos saber quanto o município está gastando com a reforma de prédios particulares.
Precisamos saber onde serão usados os móveis comprados por dois milhões de reais. Precisamos saber por que o município suspendeu as férias dos funcionários, já que é um direito constitucional. Precisamos saber, porque o município está retirando vantagens e reduzindo salários de servidores.  
Precisamos saber por que o município alugou dezenas de carros, muitos, sem necessidades e um dos atos mais graves praticados por essa administração foi o arrocho tributário, com o reajuste de mais de 300%.
Em fim, precisamos saber onde a prefeitura está gastando o dinheiro que o município recebeu até hoje. Quando colocamos nosso nome à disposição da população para disputar uma cadeira nesta casa, dizíamos que iriamos defender a população, então agora, não podemos mudar esta retorica, hoje eu ocupo essa tribuna como um vencedor, e essa vitória eu devo a Deus e ao povo, e eu lutarei por justiça e pelo bem comum com todas as minhas forças”, encerrou ele.

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