Jota Parente - Uma vez que
ninguém consegue, sequer, diminuir os índices de corrupção no País, que tal
começar uma campanha para uma ação popular que vise à institucionalização da
corrupção no Brasil! Não se trata apenas de legalizar, mas, institucionalizar
mesmo, criando quem sabe uma Secretaria Nacional Para Assuntos de Corrupção.
Domingo, 08, o Fantástico mostrou
uma matéria a respeito da corrupção eleitoral no Brasil. O juiz de direito
Marlon Reis escreveu um livro no qual ele conta o que ouviu de políticos e
assessores em anos de trabalho. O livro termina sendo um bom manual para
políticos mal intencionados, embora esse não seja seu foco. O objetivo do juiz
é escancarar para o povo brasileiro a bandalheira que ronda campanhas políticas,
coisa que todo mundo sabe, mas, quase ninguém prova. E olha que ele só mostra o
lado das campanhas. Nem toca no pós-campanha, onde existe a maior roubalheira. O
juiz Marlon teve essa coragem.
Os caras que gostam do produto não
lutam pela legalização da maconha? Vão para as ruas, mostram a cara e defendem
que a erva do capeta seja vendida livremente, como o cigarro comum, que já é
uma desgraça para quem o consome. Pois então, por que não levantar a bandeira
do Vamos Legalizar a Corrupção?
Um estudo da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), elaborado em 2012, projetava que
entre 1,38% e 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) se perdiam entre ações
corruptas no país. Levando em conta o PIB consolidado disponível, do ano de
2012, que fechou em 4,4 trilhões de reais, isso equivale a, no mínimo, uma
perda nominal entre 61,7 bilhões reais e 101,2 bilhões de reais. É dinheiro,
mas, muito dinheiro que poderia ter sido usado para melhorar a saúde e a
educação do país.
Edição 181
do Jornal do Comércio, circulando
Não
se sabe ao certo se esse número é próximo da realidade, porque é difícil captar
atos ilícitos que estão em andamento neste exato momento, nos subterrâneos do
poder e das corporações. Mas, independentemente dos valores envolvidos, a
corrupção é uma praga que revolta os brasileiros, que pagam impostos
compulsoriamente, e não recebem seus benefícios de volta. O quadro atual coloca
o país na posição 72, entre 177 países no mundo, no Índice de
Percepção da Corrupção, da Transparência
Internacional.
Quero deixar bem claro que sou
contra o uso de qualquer tipo de droga ilícita ou lícita, a não ser para fins
medicinais. E sou radicalmente contra a corrupção. Entretanto, o que se discute
aqui em tom irônico, é que a maconha causa muito menos prejuízos ao Brasil, se
comparada com a corrução. Maconha fuma quem quer, e seus danos são quase sempre
do próprio indivíduo que a consome. Já a corrupção beneficia os seus autores, que
são uma minoria, enquanto os prejudicados são muitos milhões de brasileiros.
A corrupção alcança todos os tipos e
todos os níveis de poder. É grande no Poder Executivo e tem fortes ramificações
no Legislativo e no Judiciário. A corrupção é praticada nos municípios, nos
estados e na União. Por causa da corrupção, alimentação da merenda escolar é
tirada da boca de milhões de crianças pobres. Em virtude do desvio de vultosas
somas do orçamento da saúde, milhões de brasileiros que precisam de assistência
ficam sem ela, jogados pelos corredores dos hospitais públicos.
Na China, agentes públicos,
detentores de mandatos, ou não, são condenados à morte quando flagrados
praticando atos de corrupção, são condenados à morte. Naquele país oriental existe
bastante corrupção, mas há um esforço para diminuí-la. No Japão, onde os níveis
são bastante baixos, políticos envolvidos em corrupção costumam meter uma bala
na cabeça. No Brasil, embora a maior parte da população condene, e apesar do
esforço de grande parte do Ministério Público e de muitos juízes, ainda tem
muita gente que acha que o cara que rouba o erário público é esperto.
De acordo com a Transparência
Internacional, a Dinamarca e a Nova Zelândia ficaram
empatadas em primeiro lugar como os países em que a população tem menor
percepção de que seus servidores públicos e políticos são corruptos. As duas
nações registraram um índice de 91 – a escala vai de 0 (extremamente corrupto)
a 100 (muito transparente).
No topo da lista
dos países mais “honestos”, estão em segundo lugar a Finlândia e a Suécia,
também empatadas, seguidas de Noruega, Cingapura, Suíça, Holanda, Austrália,
Canadá e Luxemburgo. Os Estados Unidos ficaram em 19º lugar. Os países mais
corruptos entre os analisados, segundo o estudo, são Afeganistão, Coreia do
Norte e Somália – os três alcançaram índice 8. Os piores índices ficaram
concentrados na África e na Ásia.
Apesar de novas leis brasileiras
sobre acesso à informação pública e punição penal às empresas corruptas – e não
mais apenas aos indivíduos –, "há a sensação de uma prática de corrupção
muito extensa", explica o pesquisador mexicano Alexandro Salas, que pediu
que o Brasil começasse a aplicar essa "grande infraestrutura" legal
contra a corrupção. E apesar da descrença geral, não se pode perder a
esperança, nunca. É preciso mudar isso, mudar a qualidade dos políticos que os
eleitores elegem. Porém, isso só vai acontecer no dia em que mudarem os
costumes da sociedade brasileira.
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