segunda-feira, junho 23, 2014

A corrupção custa caro ao Brasil

               Jota Parente - Uma vez que ninguém consegue, sequer, diminuir os índices de corrupção no País, que tal começar uma campanha para uma ação popular que vise à institucionalização da corrupção no Brasil! Não se trata apenas de legalizar, mas, institucionalizar mesmo, criando quem sabe uma Secretaria Nacional Para Assuntos de Corrupção.
            Domingo, 08, o Fantástico mostrou uma matéria a respeito da corrupção eleitoral no Brasil. O juiz de direito Marlon Reis escreveu um livro no qual ele conta o que ouviu de políticos e assessores em anos de trabalho. O livro termina sendo um bom manual para políticos mal intencionados, embora esse não seja seu foco. O objetivo do juiz é escancarar para o povo brasileiro a bandalheira que ronda campanhas políticas, coisa que todo mundo sabe, mas, quase ninguém prova. E olha que ele só mostra o lado das campanhas. Nem toca no pós-campanha, onde existe a maior roubalheira. O juiz Marlon teve essa coragem.
            Os caras que gostam do produto não lutam pela legalização da maconha? Vão para as ruas, mostram a cara e defendem que a erva do capeta seja vendida livremente, como o cigarro comum, que já é uma desgraça para quem o consome. Pois então, por que não levantar a bandeira do Vamos Legalizar a Corrupção?
            Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), elaborado em 2012, projetava que entre 1,38% e 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) se perdiam entre ações corruptas no país. Levando em conta o PIB consolidado disponível, do ano de 2012, que fechou em 4,4 trilhões de reais, isso equivale a, no mínimo, uma perda nominal entre 61,7 bilhões reais e 101,2 bilhões de reais. É dinheiro, mas, muito dinheiro que poderia ter sido usado para melhorar a saúde e a educação do país.
            Edição 181 do Jornal do Comércio, circulando

            Não se sabe ao certo se esse número é próximo da realidade, porque é difícil captar atos ilícitos que estão em andamento neste exato momento, nos subterrâneos do poder e das corporações. Mas, independentemente dos valores envolvidos, a corrupção é uma praga que revolta os brasileiros, que pagam impostos compulsoriamente, e não recebem seus benefícios de volta. O quadro atual coloca o país na posição 72, entre 177 países no mundo, no Índice de Percepção da Corrupção, da Transparência Internacional.
            Quero deixar bem claro que sou contra o uso de qualquer tipo de droga ilícita ou lícita, a não ser para fins medicinais. E sou radicalmente contra a corrupção. Entretanto, o que se discute aqui em tom irônico, é que a maconha causa muito menos prejuízos ao Brasil, se comparada com a corrução. Maconha fuma quem quer, e seus danos são quase sempre do próprio indivíduo que a consome. Já a corrupção beneficia os seus autores, que são uma minoria, enquanto os prejudicados são muitos milhões de brasileiros.
            A corrupção alcança todos os tipos e todos os níveis de poder. É grande no Poder Executivo e tem fortes ramificações no Legislativo e no Judiciário. A corrupção é praticada nos municípios, nos estados e na União. Por causa da corrupção, alimentação da merenda escolar é tirada da boca de milhões de crianças pobres. Em virtude do desvio de vultosas somas do orçamento da saúde, milhões de brasileiros que precisam de assistência ficam sem ela, jogados pelos corredores dos hospitais públicos.
            Na China, agentes públicos, detentores de mandatos, ou não, são condenados à morte quando flagrados praticando atos de corrupção, são condenados à morte. Naquele país oriental existe bastante corrupção, mas há um esforço para diminuí-la. No Japão, onde os níveis são bastante baixos, políticos envolvidos em corrupção costumam meter uma bala na cabeça. No Brasil, embora a maior parte da população condene, e apesar do esforço de grande parte do Ministério Público e de muitos juízes, ainda tem muita gente que acha que o cara que rouba o erário público é esperto.
            De acordo com a Transparência Internacional, a Dinamarca e a Nova Zelândia ficaram empatadas em primeiro lugar como os países em que a população tem menor percepção de que seus servidores públicos e políticos são corruptos. As duas nações registraram um índice de 91 – a escala vai de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente).
            No topo da lista dos países mais “honestos”, estão em segundo lugar a Finlândia e a Suécia, também empatadas, seguidas de Noruega, Cingapura, Suíça, Holanda, Austrália, Canadá e Luxemburgo. Os Estados Unidos ficaram em 19º lugar. Os países mais corruptos entre os analisados, segundo o estudo, são Afeganistão, Coreia do Norte e Somália – os três alcançaram índice 8. Os piores índices ficaram concentrados na África e na Ásia.

            Apesar de novas leis brasileiras sobre acesso à informação pública e punição penal às empresas corruptas – e não mais apenas aos indivíduos –, "há a sensação de uma prática de corrupção muito extensa", explica o pesquisador mexicano Alexandro Salas, que pediu que o Brasil começasse a aplicar essa "grande infraestrutura" legal contra a corrupção. E apesar da descrença geral, não se pode perder a esperança, nunca. É preciso mudar isso, mudar a qualidade dos políticos que os eleitores elegem. Porém, isso só vai acontecer no dia em que mudarem os costumes da sociedade brasileira.

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