Abel Huyapuan Sá
Almeida, ou apenas professor Abel, como é conhecido por todos, diretor da FAI, é
o destaque do Perfil do Empresário desta edição. Ele é um pernambucano da
cidade de Parnamirim, que na juventude migrou com a família para o estado do Paraná.
Suas incursões por Itaituba começaram no longínquo ano de 1981, em uma
atividade totalmente diferente daquela que viria a ser responsável por sua
fixação neste município, a Educação. Ele contou ao Jornal do Comércio, a
história de sua vida.
Nomes dos pais: Severino Silva Gomes (in memorian) e Djanira Sá
Almeida.
Irmãos: Quatorze irmãos.
Casado? - Sim, com D. Zilda Meira Almeida, com que tenho dois
filhos, Abel Huyapuan Sá Almeida Jr. e Samanta Meira Almeida. Tenho também, um
neto, Eduardo.
Como foi sua infância em Parnamirim? Moramos bastante tempo no interior, em um sítio, onde
meu pai pagava para um professor dar aulas para nós, em casa. Depois, ele
entendeu que aquilo não era suficiente para nossa educação, decidindo ir para a
cidade de Parnamirim, onde fomos estudar. Quando criança, brincava de pião,
jogava futebol, jogava peteca e outras coisas da época, que hoje a gente não vê
mais.
Como foi sua juventude? - Morei bastante tempo na cidade de Parnamirim, onde
estudei, concluindo o curso primário e o ginasial. Depois fui para Recife, para
fazer o curso científico.
A vida da família era dura, ou seus pais
tinham boas condições? - Meu pai
era um homem inteligente. Aprendeu a ler e escrever no Exército, pois ele era
um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Através do seu rádio, ele ficava
sabendo tudo que acontecia no Brasil e no mundo. Naquela região de Pernambuco,
onde a gente vivia, o primeiro motor a explosão foi meu pai quem comprou. O
primeiro trator daquela região, também foi ele quem comprou. A gente tinha
camionete, caminhão, de formas que a nossa vida era tranquila.
Como se deu a mudança para o Paraná? - Meu pai era funcionário federal, do Ministério da
Agricultura. Como ele era bem informado, ficou sabendo que aquela região do
Paraná, onde se situa Maringá, por exemplo, era muito boa para a agricultura.
Papai foi amadurecendo a ideia, até que fizemos a mudança para lá. Porém, antes
disso, foi vereador por Parnamirim, quatro vezes, e trabalhava na política
porque gostava, pois não havia salário para vereador. Era comum o governador do
estado ir à nossa casa, pois meu pai tinha uma presença muito forte na
política. Eu já tinha dezoito anos quando mudamos para o Paraná. Lá, para a
cidade de Corbélia, onde fomos morar, o maior problema inicial foi a adaptação
ao clima, pois saímos de um lugar quente, para o frio. Nossa roupas eram todas adequadas
para o clima quente, e por isso tivemos que comprar as roupas certas para o
local.
Continuou estudando, no Paraná? - No Recife eu concluí o que equivale hoje ao ensino
médio, e estava me preparando para fazer vestibular para Medicina. Mas, no novo
estado dei uma guinada, indo fazer o curso de Administração na cidade vizinha
de Cascavel, em uma faculdade recém fundada. Eu fiz parte da segunda turma da
faculdade, enquanto minhas irmãs Reuma, Djalmira e Reuva fizeram parte da
primeira turma daquela que viria a ser mais tarde, a Universidade do Oeste do
Paraná.
Depois de formado, quais foram os
próximos passos? - Eu já
trabalhava no CEAG (Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa). Trabalhava o
dia inteiro e estudava à noite. Depois, quando eu já trabalhava na Companhia
Paranaense de Energia Elétrica, surgiram duas vagas por concurso.Eu fiz e
passei. Assumi, mas fiquei por pouco tempo.
Porque? - A gente tinha uma visão de que aqui no Norte havia
boas oportunidades para se trabalhar e ganhar dinheiro. Eu vim e montei uma
serraria no Jamanxim. Isso foi no ano de 1981. Esse foi o passo inicial para a
gente se fixar por aqui. Eu conheci Itaituba naquele ano, com aquela
movimentação incrível em torno dos garimpos. Fiquei até 1982, quando retornei
para o Paraná.
Porque voltou para lá? - As coisas eram muito difíceis naquela época. A gente
tinha bastante matéria prima, conseguiu serrar bastante madeira, mas, o que a
gente serrava, não conseguiu entregar, por causa das péssimas condições das
estradas. Quando se revolvia sair com um caminhão para chegar até aqui, isso só
era possível se ele fosse rebocado. Era inviável economicamente. Então, resolvi
voltar para o Paraná, indo trabalhar novamente no CEAG, onde fiquei por mais
oito anos.
* - Publicado na edição do Jornal do
Comércio, que circulou sexta-feira passada.
Como a política entrou em sua vida? - Foi porque meu pai teve uma grande vivência
política, com grande visão dessa área. Aquela convivência no meio político, em
Pernambuco, que prosseguiu quando a gente foi para o Paraná foi decisiva. A
minha irmã Reuma foi candidata a vereadora, lá em Corbélia, e depois foi a
minha vez. Fui vereador por dois mandatos, pelo PFL, hoje Democratas,
inclusive, presidente da Câmara; também fui secretário municipal. Essa incursão
pela política durou até o ano 2000. Importante frisar, que eu nunca deixei
minhas outras atividades laborais de lado, pois não tinha intenção de me
transformar em profissional da política.
E como Itaituba voltou a fazer parte de
sua vida? - No ano de 2000 eu
estive aqui, novamente. Em uma conversa que a gente teve na fazenda do meu
irmão Irajá, surgiu a ideia. A gente viu que na cidade de Itaituba não havia
uma faculdade, e que havia espaço para isso. Nós voltamos para o Paraná, e eu a
professora Djalmira, que estava de férias da Universidade do Paraná, viajamos
discutindo a possibilidade e, chegando de volta decidimos que montaríamos um
projeto, que começou a ser preparado ainda no ano de 2000.
Em 2001 nós fomos recebidos em audiência pelo então
prefeito Wirland Freire, com o qual discutimos a ideia de criar uma faculdade
em Itaituba, tendo sido ele muito receptivo. Isso aconteceu de fevereiro para
março de 2001, na casa dele, no Jardim das Araras. Ele nos ouviu atentamente,
junto com secretários e vereadores. Nós precisávamos de um espaço para começar
o trabalho. Ele nos disse que só não poderia ser na Escola Castelo Branco. Fora
essa, a gente poderia escolher qualquer outra. Optamos pela Escola Maria da
Consolação, em frente a casa dele. Ali foi dado o pontapé inicial da FAI.
Demos entrada na documentação junto ao Ministério da Educação,
confiantes de que não haveria problemas, porque em todo o Brasil o MEC aceitava
o funcionamento de faculdades em escolas públicas. Porém, no nosso caso, não
houve deferimento e o MEC não se deu nem ao trabalho de mandar alguém aqui para
fazer uma verificação. Mas, eu sei que houve ingerência política em Brasília.
Eu conheço as pessoas que trabalharam para que o licenciamento fosse negado.
Conheço, sei os nomes, sei onde moram. Havia deputado federal em Brasília,
trabalhando contra. Mas, vida que segue.
Depois disso, tivemos que procurar uma escola particular.
Fomos até a professora Eva Bonfim, da Escola Anchieta, e ela nos cedeu o seu
espaço. Isso já era de 2002 para 2003. Foi feita a vistoria no dia 6 de junho
de 2003 e no dia 16 de setembro do mesmo ano saiu a portaria autorizando o
funcionamento da FAI, nos cursos de Administração, Letras, História e
Pedagogia.
Mais tarde, começamos a procurar terrenos para comprar e
construir um prédio próprio. Estivemos com um bem adiantado, na Transamazônica,
mas, no final não deu certo. Aí, conversamos com os proprietários da Escola
Chapeuzinho Vermelho, que demonstraram interesse em vender. Fechamos negócio e
hoje estamos aqui. Terminou a gente ficando numa localização privilegiada, no
centro da cidade, o que facilita o acesso dos nossos alunos.
Se o senhor pudesse reescrever a
história de sua vida, mudaria alguma coisa? - Não, não mudaria absolutamente nada. Tudo que fiz,
faria de novo. Isso inclui principalmente a FAI, trabalho que nos gratifica
muito. Quando volto para Corbélia, sou muito bem tratado por todos, por ser uma
pessoa muito conhecida. Eu gosto disso e gosto muito de lá. Porém, minha vida
hoje em dia está diretamente ligada a Itaituba, que um lugar que eu adoro, onde
eu e minha família nos adaptamos e nos integramos a esta sociedade. A gente tem
o respaldo da comunidade.
A Itaituba que o senhor conheceu em
1981, mudou muito - Ah, muito
demais!. Naquele tempo a cidade só ia, praticamente, até a Rua Nova de Santana;
já existia mais acima o Chapéu do Povo; a gente pousava no antigo aeroporto,
perto da antiga prefeitura, enfim, muita coisa mudou.
O que falta para Itaituba melhorar? - Falta uma maior atenção por parte dos governos
federal, estadual, e também do próprio governo municipal, que precisa investir
mais em Itaituba, que precisa de geração de empregos para a população>
Precisa melhorar a infraestrutura.
Como o senhor vê a cidade de Itaituba do
presente, e seu olhar para o futuro?
- Quanto a Itaituba do presente, ela espera que por muitas mudanças. Que as
administrações consigam mudar esse quadro que está aí. Quanto ao futuro, a
gente espera com otimismo pelos investimentos que estão vindo por aí, como os
portos de Miritituba e principalmente as hidrelétricas.
Como Abel Sá se define? - Eu tenho o senso do dever cumprido e agradeço a
Deus, que tem sido muito generoso comigo. Em primeiro lugar, pela saúde que
tenho. Ele me concedeu uma boa inteligência para eu pensar sobre tudo que tenho
que fazer e tomar as decisões corretas.
Que mensagem o empresário Abel Sá deixa
para os homens de negócio que ainda gastam muito tempo reclamando da vida? - A gente não deve trazer problemas para a empresa.
Devemos trazer soluções. É preciso acreditar, sempre. Mesmo nas horas mais
difíceis a gente não deve desanimar. É fundamental ir à luta. Ficar reclamando,
só atrapalha. É necessário acreditar. E, em vez de ficar reclamando, o melhor
que se tem a fazer é ir adiante, com a confiança de que vai dar certo.
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