terça-feira, outubro 29, 2013

Perfil do Empresário: Professor Abel Sá

            Abel Huyapuan Sá Almeida, ou apenas professor Abel, como é conhecido por todos, diretor da FAI, é o destaque do Perfil do Empresário desta edição. Ele é um pernambucano da cidade de Parnamirim, que na juventude migrou com a família para o estado do Paraná. Suas incursões por Itaituba começaram no longínquo ano de 1981, em uma atividade totalmente diferente daquela que viria a ser responsável por sua fixação neste município, a Educação. Ele contou ao Jornal do Comércio, a história de sua vida.
Nomes dos pais: Severino Silva Gomes (in memorian) e Djanira Sá Almeida.
Irmãos: Quatorze irmãos.
Casado? - Sim, com D. Zilda Meira Almeida, com que tenho dois filhos, Abel Huyapuan Sá Almeida Jr. e Samanta Meira Almeida. Tenho também, um neto, Eduardo.
Como foi sua infância em Parnamirim? Moramos bastante tempo no interior, em um sítio, onde meu pai pagava para um professor dar aulas para nós, em casa. Depois, ele entendeu que aquilo não era suficiente para nossa educação, decidindo ir para a cidade de Parnamirim, onde fomos estudar. Quando criança, brincava de pião, jogava futebol, jogava peteca e outras coisas da época, que hoje a gente não vê mais.
Como foi sua juventude? - Morei bastante tempo na cidade de Parnamirim, onde estudei, concluindo o curso primário e o ginasial. Depois fui para Recife, para fazer o curso científico.
A vida da família era dura, ou seus pais tinham boas condições? - Meu pai era um homem inteligente. Aprendeu a ler e escrever no Exército, pois ele era um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Através do seu rádio, ele ficava sabendo tudo que acontecia no Brasil e no mundo. Naquela região de Pernambuco, onde a gente vivia, o primeiro motor a explosão foi meu pai quem comprou. O primeiro trator daquela região, também foi ele quem comprou. A gente tinha camionete, caminhão, de formas que a nossa vida era tranquila.
Como se deu a mudança para o Paraná? - Meu pai era funcionário federal, do Ministério da Agricultura. Como ele era bem informado, ficou sabendo que aquela região do Paraná, onde se situa Maringá, por exemplo, era muito boa para a agricultura. Papai foi amadurecendo a ideia, até que fizemos a mudança para lá. Porém, antes disso, foi vereador por Parnamirim, quatro vezes, e trabalhava na política porque gostava, pois não havia salário para vereador. Era comum o governador do estado ir à nossa casa, pois meu pai tinha uma presença muito forte na política. Eu já tinha dezoito anos quando mudamos para o Paraná. Lá, para a cidade de Corbélia, onde fomos morar, o maior problema inicial foi a adaptação ao clima, pois saímos de um lugar quente, para o frio. Nossa roupas eram todas adequadas para o clima quente, e por isso tivemos que comprar as roupas certas para o local.        
Continuou estudando, no Paraná? - No Recife eu concluí o que equivale hoje ao ensino médio, e estava me preparando para fazer vestibular para Medicina. Mas, no novo estado dei uma guinada, indo fazer o curso de Administração na cidade vizinha de Cascavel, em uma faculdade recém fundada. Eu fiz parte da segunda turma da faculdade, enquanto minhas irmãs Reuma, Djalmira e Reuva fizeram parte da primeira turma daquela que viria a ser mais tarde, a Universidade do Oeste do Paraná.
Depois de formado, quais foram os próximos passos? - Eu já trabalhava no CEAG (Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa). Trabalhava o dia inteiro e estudava à noite. Depois, quando eu já trabalhava na Companhia Paranaense de Energia Elétrica, surgiram duas vagas por concurso.Eu fiz e passei. Assumi, mas fiquei por pouco tempo.
Porque? - A gente tinha uma visão de que aqui no Norte havia boas oportunidades para se trabalhar e ganhar dinheiro. Eu vim e montei uma serraria no Jamanxim. Isso foi no ano de 1981. Esse foi o passo inicial para a gente se fixar por aqui. Eu conheci Itaituba naquele ano, com aquela movimentação incrível em torno dos garimpos. Fiquei até 1982, quando retornei para o Paraná.
Porque voltou para lá? - As coisas eram muito difíceis naquela época. A gente tinha bastante matéria prima, conseguiu serrar bastante madeira, mas, o que a gente serrava, não conseguiu entregar, por causa das péssimas condições das estradas. Quando se revolvia sair com um caminhão para chegar até aqui, isso só era possível se ele fosse rebocado. Era inviável economicamente. Então, resolvi voltar para o Paraná, indo trabalhar novamente no CEAG, onde fiquei por mais oito anos.
* - Publicado na edição do Jornal do Comércio, que circulou sexta-feira passada.

Como a política entrou em sua vida? - Foi porque meu pai teve uma grande vivência política, com grande visão dessa área. Aquela convivência no meio político, em Pernambuco, que prosseguiu quando a gente foi para o Paraná foi decisiva. A minha irmã Reuma foi candidata a vereadora, lá em Corbélia, e depois foi a minha vez. Fui vereador por dois mandatos, pelo PFL, hoje Democratas, inclusive, presidente da Câmara; também fui secretário municipal. Essa incursão pela política durou até o ano 2000. Importante frisar, que eu nunca deixei minhas outras atividades laborais de lado, pois não tinha intenção de me transformar em profissional da política.
E como Itaituba voltou a fazer parte de sua vida? - No ano de 2000 eu estive aqui, novamente. Em uma conversa que a gente teve na fazenda do meu irmão Irajá, surgiu a ideia. A gente viu que na cidade de Itaituba não havia uma faculdade, e que havia espaço para isso. Nós voltamos para o Paraná, e eu a professora Djalmira, que estava de férias da Universidade do Paraná, viajamos discutindo a possibilidade e, chegando de volta decidimos que montaríamos um projeto, que começou a ser preparado ainda no ano de 2000.
            Em 2001 nós fomos recebidos em audiência pelo então prefeito Wirland Freire, com o qual discutimos a ideia de criar uma faculdade em Itaituba, tendo sido ele muito receptivo. Isso aconteceu de fevereiro para março de 2001, na casa dele, no Jardim das Araras. Ele nos ouviu atentamente, junto com secretários e vereadores. Nós precisávamos de um espaço para começar o trabalho. Ele nos disse que só não poderia ser na Escola Castelo Branco. Fora essa, a gente poderia escolher qualquer outra. Optamos pela Escola Maria da Consolação, em frente a casa dele. Ali foi dado o pontapé inicial da FAI.
            Demos entrada na documentação junto ao Ministério da Educação, confiantes de que não haveria problemas, porque em todo o Brasil o MEC aceitava o funcionamento de faculdades em escolas públicas. Porém, no nosso caso, não houve deferimento e o MEC não se deu nem ao trabalho de mandar alguém aqui para fazer uma verificação. Mas, eu sei que houve ingerência política em Brasília. Eu conheço as pessoas que trabalharam para que o licenciamento fosse negado. Conheço, sei os nomes, sei onde moram. Havia deputado federal em Brasília, trabalhando contra. Mas, vida que segue.          
            Depois disso, tivemos que procurar uma escola particular. Fomos até a professora Eva Bonfim, da Escola Anchieta, e ela nos cedeu o seu espaço. Isso já era de 2002 para 2003. Foi feita a vistoria no dia 6 de junho de 2003 e no dia 16 de setembro do mesmo ano saiu a portaria autorizando o funcionamento da FAI, nos cursos de Administração, Letras, História e Pedagogia.
            Mais tarde, começamos a procurar terrenos para comprar e construir um prédio próprio. Estivemos com um bem adiantado, na Transamazônica, mas, no final não deu certo. Aí, conversamos com os proprietários da Escola Chapeuzinho Vermelho, que demonstraram interesse em vender. Fechamos negócio e hoje estamos aqui. Terminou a gente ficando numa localização privilegiada, no centro da cidade, o que facilita o acesso dos nossos alunos.
Se o senhor pudesse reescrever a história de sua vida, mudaria alguma coisa? - Não, não mudaria absolutamente nada. Tudo que fiz, faria de novo. Isso inclui principalmente a FAI, trabalho que nos gratifica muito. Quando volto para Corbélia, sou muito bem tratado por todos, por ser uma pessoa muito conhecida. Eu gosto disso e gosto muito de lá. Porém, minha vida hoje em dia está diretamente ligada a Itaituba, que um lugar que eu adoro, onde eu e minha família nos adaptamos e nos integramos a esta sociedade. A gente tem o respaldo da comunidade.
A Itaituba que o senhor conheceu em 1981, mudou muito - Ah, muito demais!. Naquele tempo a cidade só ia, praticamente, até a Rua Nova de Santana; já existia mais acima o Chapéu do Povo; a gente pousava no antigo aeroporto, perto da antiga prefeitura, enfim, muita coisa mudou.
O que falta para Itaituba melhorar? - Falta uma maior atenção por parte dos governos federal, estadual, e também do próprio governo municipal, que precisa investir mais em Itaituba, que precisa de geração de empregos para a população> Precisa melhorar a infraestrutura.
Como o senhor vê a cidade de Itaituba do presente, e seu olhar para o futuro? - Quanto a Itaituba do presente, ela espera que por muitas mudanças. Que as administrações consigam mudar esse quadro que está aí. Quanto ao futuro, a gente espera com otimismo pelos investimentos que estão vindo por aí, como os portos de Miritituba e principalmente as hidrelétricas.
Como Abel Sá se define? - Eu tenho o senso do dever cumprido e agradeço a Deus, que tem sido muito generoso comigo. Em primeiro lugar, pela saúde que tenho. Ele me concedeu uma boa inteligência para eu pensar sobre tudo que tenho que fazer e tomar as decisões corretas.

Que mensagem o empresário Abel Sá deixa para os homens de negócio que ainda gastam muito tempo reclamando da vida? - A gente não deve trazer problemas para a empresa. Devemos trazer soluções. É preciso acreditar, sempre. Mesmo nas horas mais difíceis a gente não deve desanimar. É fundamental ir à luta. Ficar reclamando, só atrapalha. É necessário acreditar. E, em vez de ficar reclamando, o melhor que se tem a fazer é ir adiante, com a confiança de que vai dar certo.

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