sexta-feira, agosto 29, 2008

A mulher e a Política

A participação da mulher na política ainda e muito tímida, muito abaixo de outras atividades nas quais dividimos quase todo tipo de atribuição com os homens. prefiro dizer que dividimos, em vez de afirmar que disputamos, pois se a competição existe, e ela de fato existe, não deve se dar por sexo, mas pela competência de cada um, ou cada uma, independente do gênero.
A eleição municipal de 2004, na região oeste do Para, foi uma grata surpresa e um desvio do que tem sido a regra geral, pois algumas mulheres foram eleitas prefeitas. Maria do Carmo em Santarém, Odileida Sampaio em Altamira, Leni Trevisan em Medicilândia e Maria Gorete em Aveiro saíram vitoriosas das urnas e agora estão tentando a reeleição.
Quando digo que ainda somos tímidas na política, baseio-me nos números que não são nada animadores. Vejamos o caso de Itaituba, onde alguns partidos grandes tiveram dificuldades para preencher os 20% de vagas destinados para as mulheres na eleição proporcional, por força da legislação eleitoral. Isso não vale para a eleição majoritária. Alguns nomes foram colocados somente para cumprir a cota, que pode até ter sido uma boa idéia do legislador que a criou, mas, que não resolveu o problema.
Tem coisa que não se resolve apenas com a criação de novas leis. Essa foi uma delas. Tem que mudar a cabeça das mulheres, uma vez que muitas continuam achando que política é coisa somente para homens. Entra nessa questão todo o ranço do machismo que dominou o Brasil até a década de 1960.
A mulher só ganhou o direito de votar, no ano de 1932 sob a égide do Estado Novo. Antes disso, em 1928, o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a autorizar a mulher a votar e a ser votada. Também foi potiguar a primeira prefeita do Brasil, Alzira Teixeira Soriano, eleita no município de Lages, em 1928, pelo Partido Republicano Federal. Porém, bem antes, em 1891 o Brasil perdeu a oportunidade de ser o primeiro país do mundo a conceder o direito de voto à mulher, quando a maioria do Congresso Constituinte votou contra. Assim, em 1893 a Nova Zelândia teve essa primazia. Ruy Barbosa e o Barão do Rio Branco votaram a favor de que a mulher passasse a ter direito de votar, mas, foram votos vencidos.
Em pleno Século XXI, apesar de apresentar um crescimento significativo desde 1990, as mulheres ainda são minoria no Congresso Nacional. Hoje, dos 513 deputados na Câmara, apenas 46 são mulheres, ou seja, 8,97%. No Senado, dos 81 parlamentares, 10 são mulheres (12,34%). Na Assembléia Legislativa do Estado do Pará são sete as deputadas estaduais, o que dá um percentual de 17%, melhor que a Câmara Federal e o Senado. Em Itaituba, de um total de 11 vereadores, duas melhores ocupam cadeiras na Câmara Municipal, com um percentual de 18,2%.
Esses percentuais nada têm a ver com a cota de 20% de candidatas mulheres que cada partido ou coligação tem obrigação de ter, pois esse é o percentual mínimo que a lei estabelece. Qualquer partido ou coligação que quiser, pode colocar mulheres em todas as vagas, mas, cadê mulheres disponíveis?
Assim como aconteceu em tantos outros setores da vida, também na política precisamos nos apresentar, sem precisar que os homens tenham que criar novas leis para aumentar nossa participação na vida pública. Da forma como está ainda hoje, com a maioria dos candidatos sendo do sexo masculino, de que forma as mulheres poderão ocupar o seu espaço? Isso terá que ser fruto de conquista nossa, pois se assim for, nossa atuação passará a ser constante.
Façamos como Maria Pretinha, Ana Cativo, Antonieta Lima, professora Lourdes, professora Leni, professora Dora, Ivone, Eva do Liberdade, Jandira, Nilda Placas, professora Antônia Sueli e outras que concorrem nesta eleição por uma vaga na Câmara. Elas tiveram a coragem de mostrar a cara, sabendo que em eleição se ganha ou se perde, mas, que é preciso ir à luta.

Marilene Silva Parente - Bacharel em Direito e Diretora Comercial do Jornal do Comércio

Um comentário:

  1. Anônimo9:25 PM

    Realmente é incompreensível que a mulher ainda tenha a voz tão fragilizada ou pouco dinamica no meio político. Afinal aquele velho ditado de que por traz de um grande homem há sempre uma grande mulher já nem bem é tão recomhecido e ja pode ser descartado, pois a mulher de fibra e atitude não precisa estar por traz de um grande homem. Ela segue seu caminho com voz própria, com raça e com inteligência!

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