sexta-feira, agosto 29, 2008

Causos da Política

Nestes tempos de muita tensão de campanha política tenho procurado contribuir com o processo eleitoral com alguns artigos voltados para o tema, sempre enfatizando a seriedade com que essa atividade deve ser encarada, tanto pelos candidatos, quanto pelos eleitores. Mas, campanhas eleitorais também são recheadas de fatos pitorescos como o que vou relatar agora.
Corria o ano de 1992. Luis Preto era candidato a vereador pela coligação que apoiava Wirland Freire, numa eleição que foi muito disputada, polarizando do meio para o final entre Wirland e Botelho. A Câmara Municipal tinha quinze vereadores, o que fazia com que o número de candidatos fosse bem maior.
Ele não estava para brincadeira; não tinha colocado seu nome somente para completar a relação de candidatos de seu partido, o PSC. Fez uma campanha com o fim de se eleger, gastando uma soma considerável de dinheiro, tanto na cidade, como em algumas comunidades do interior do município; sobretudo na vila de Barreiras, de onde esperava uma grande votação.
Uma bela noite de setembro daquele ano, na reta final da campanha, foi marcada uma dessas reuniões que ainda se fazem hoje nas casas de candidatos ou de simpatizantes. Aquela foi na casa do então candidato Luis Preto, na 19ª Rua com direito a sorteio de muitas cestas básicas, devidamente anunciado durante toda a tarde pelo carro de som que rodou em todo o bairro Bela Vista. Naquele tempo os candidatos podiam dar o que quisessem, sem serem incomodados pela Justiça Eleitoral.
Na hora do falatório, como dono da reunião, Luis Preto foi o último candidato a vereador a falar, antecedendo a fala do candidato a prefeito.
“Quem vai dar um votinho para Wirland Freire levante a mão”, disse Luis. Todos levantaram. “Quem vai dar um votinho para Luis Preto levante a mão”. Novamente, todos os presentes levantaram a mão.
Inesperadamente, um garoto de mais ou menos uns doze anos levantou a voz disse: “Seu Luis, esse pessoal está lhe enganando; eles não vão votar no senhor, não! Estão aqui por causa do sorteio das cestas básicas”.
“Será, menino”?! questionou Luis, depois que alguns presentes terminaram de rir, enquanto outros ficaram meio sem jeito, parecendo dar razão ao que o desconhecido garoto acabara de dizer.
A eleição passou. Luis foi até bem votado, mas, não se elegeu. Decorridos mais menos uns quinze dias do final da apuração, num bate papo na casa de Wirland, cujo assunto girava em torno do pleito, Luis Preto virou-se para mim e perguntou: Parente, tu sabes onde mora aquele garoto daquela reunião lá de casa; aquele que disse que as pessoas estavam mentindo, que só foram à reunião por causa das cestas básicas?
Claro que eu lembro, respondi. Mas, porque você quer saber disso agora?
É que eu quero dar um presente para ele, porque foi o único a falar a verdade. Os outros, realmente, estavam me enganando; só queriam mesmo a cesta básica.

Jota Parente - Editor Chefe do Jornal do Comércio

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