segunda-feira, março 07, 2022

Hitória: Nos tempos da máquina de escrever...

Uma postagem assinada pelo jornalista santareno, radicado há décadas em Belém, Lúcio Flávio Pinto, mexeu com as minhas recordações na manhã de hoje.

São reminiscências das décadas de 40 até 70, nos tempos da indispensável máquina de escrever, que veio para substituir o registro dos fatos que feito somente à mão.

A primeira patente para uma máquina de escrever foi concedida na Inglaterra para Henry Mills em 1713.

Em novembro de 1861, um padre paraibano viajou do Recife ao Rio de Janeiro para exibir na Exposição Nacional a sua invenção: uma máquina que permitia, pela primeira vez, a escrita mecânica. O aparelho foi premiado: recebeu uma medalha de ouro com a efigie de Dom Pedro II.

Eu fiz o meu curso de datilografia no começo dos anos 1970, com a professora Irene, na travessa D. Amando, próximo da avenida Marechal Rondon, em Santarém.

E não faz tanto tempo assim, que a máquina de escrever deixou os escritórios e redações para dar lugar ao computador.

Mas, vamos à matéria de Lúcio Flávio, publicada pelo estadonet.

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Memória de Santarém: Os novos datilógrafos

A conceituada Escola de Datilografia Pratt, dirigida pela professora Anita Fonseca de Campos, formou em 1943 uma nova turma com 10 técnicos de datilografia, capacitados a manejar uma máquina de escrever mecânica, então o que havia de mais avançado (virou peça de museu; os mais jovens a desconhecem).

Para uma turma de destaque, com seis homens e quatro mulheres: Maria Figueira da Silva, Maria Jurema Vieira, Lélia de Oliveira Campos, Zuleide da Cruz Pimentel, Manoel José dos Santos, Orlando Wilson Almeida, José João Mota de Siqueira, Jairon Aluízio de Almeida, Joel Aires Queiroz e o futuro prefeito e deputado Ubaldo Campos Corrêa.

Da banca examinadora participaram Dácio de Oliveira Campos (irmão de Lélia), sua esposa, Aida Faria Campos, Wilson Dias da Fonseca e Nélia Sussuarana Vasconcelos.

Para paraninfa foi escolhida Solange Campos Corrêa, mãe de Ubaldo, que foi sorteado para fazer a prova oral, enquanto para o teste escrito Lélia foi a indicada. Ambos “se desobrigaram a contento da difícil incumbência”. Nas provas de velocidade, Lélia ficou em 1º lugar, Manoel dos Santos em 2º e Joel Aires em 3º (com 57, 56,6 e 43 palavras por minuto, respectivamente).

Turma de 1952

Santarém, em 1952, era "uma cidade que caminha para o seu apogeu" e tinha "de tudo um pouco e assim um pouco de tudo". Como, por exemplo, a Escola Pratt, de datilografia, "a única no gênero nesta zona, que tão bons serviços vêm prestando à mocidade da terra que não se queda no isolacionismo prejudicial, que detém o progresso, afastando-se do interno contato que os moços devem ter dos conhecimentos que lhes possam ser úteis".

Era o que dizia a notícia sobre a entrega de diplomas a uma nova turma, com 14 datilógrafos que concluíram o curso, sob o olhar atento da diretora, Anita Fonseca de Campos. As mulheres eram ligeiramente majoritárias nessa turma, somando 14 concluintes no manejo do teclado. Os datilógrafos ingressavam na vida prática "com esse conhecimento tão proveitoso em todos os setores de atividade".

A escola, fiscalizada por Wilson Dias da Fonseca, tinha Beatrice Dias Campos como secretária e Ana Zulmira da Costa como examinadora.

sexta-feira, março 04, 2022

A guerra é a mais estúpida das soluções

O conflito provocado pela invasão da Rússia na Ucrânia tem tirado o sono de quem acredita que o pior ainda está por vir, como disse o presidente francês, Emanuel Macron, depois de sua conversa telefônica com seu colega russo Vladimir Putin, ontem.

O Brasil fica mais de 10.500 km distante da Ucrânia. Teoricamente não deveria sofrer nenhum abalo com a guerra. Mas, hoje, o mundo é globalizado. Quando um fato dessa magnitude se registra, de uma forma ou de outra, toda a humanidade é afetada.

No caso do Brasil, o que mais nos preocupa no momento, além do agravamente da crise bélica, é a impossibilidade de importar fertilizantes para garantir a continuação da grande produção agrícola do pais. 

Para este ano está tudo bem, mas, já é preciso pensar no ano que vem. Se não houver acordo, mesmo que a guerra não se transforme num conflito muito maior com o envolvimento dos países da OTAN, nossa safra seguinte estará muito ameaçada.

A humanidade parece não ter aprendido muita coisa depois de duas guerras mundiais e após centenas ou milhares de guerras que enchem os livros de História, . 

Desde que o homem descobriu a escrita, e começou a registrar os fatos, houve sempre uma, ou algumas guerras acontecendo. Parace que o nosso espírito primitivo de querer resolver tudo na base da força, seja com um pedaço de pau, uma flecha ou poderosas bombas, fala mais alto. Quiçá, jamais sejam usadas bombas nucleares.

Nesse caso da guerra de Putin contra a Ucrânia, vê-se um típico exemplo de que em alguns pontos, tanto o presidente russo quanto o presidente ucraniano tem razão, enquanto em outros pontos, ambos estão errados.

Não parece fácil celebrar um cessar fogo, uma vez que Valdimir Putin bateu o pé e não arreda um milímetro em suas exigências para que Volodymir Zelensky cumpra tudo o que o russo quer que ele faça. E Putin quer tudo do jeito dele, sem oferecer nada em troca para retirar suas tropas.

Se a Ucrânia já fosse um país da OTAN, a terceira guerra já estaria acontecendo, e a desgraceira no mundo seria apenas uma questão de dias. Mas, até quando os países membros da Organização do Tratado do Atlêntico Norte vão ficar olhando e dando um ajuda do jeito que podem para os ucranianos, nessa guerra claramente desigual? Até quando?

Essa briga não começou agora. Ela vem desde 2014 quando a direita derrubou o governo que era alinhado com Moscou. Foi por isso que Zelensky subiu ao poder. Putin nunca o engoliu, muito menos, jamais aceitou o golpe. E foi em consequência disso que começou a guerra.

Como disse Bolsonaro depois que Joe Biden assumiu a presidência dos Estados Unidos, referindo-se a um possível aumento da pressão americana por causa da Amazônia, "quando a salavia acaba, entra a pólvora". A saliva acabou entre os dirigentes dos dois países europeus envolvidos na guerra, e entrou a pólvora. E entrou pra valer.

Como quase sempre foi na história da humanidade, a guerra continua sendo a mais estúpida das soluções.

Jota Parente

Rússia pede suspensão de exportações de fertilizantes

Governo diz que 'ao que parece' medida não está afetando comércio para o Brasil

A Rússia pediu a seus produtores locais de fertilizantes interrompam as exportações devido a problemas de logística, segundo comunicado divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Indústria e Comércio russo.

A decisão deverá levar a um forte aumento nos preços dos alimentos, que já haviam registrado forte alta em fevereiro, 24%, antes do início da Guerra entre Rússia e Ucrânia.

As preocupações com as tensões na área do Mar Negro já pesavam nos mercados agrícolas antes mesmo de a violência explodir, mas analistas alertam que um conflito prolongado pode ter um grande impacto nas exportações de grãos.

A notícia sobre a recomendação do governo russo para que os produtores de fertilizantes suspendam temporariamente suas exportações não está clara para o governo brasileiro.

O Ministério da Agricultura esclareceu, no entanto, que a suspensão das exportações de fertilizantes foi uma recomendação do governo russo e que a medida, a princípio, não afeta o Brasil. O órgão destacou ter recebido a informação de embarque de produtos fabricados pelo grupo Acron para o país, ocorrido nesta sexta-feira.

PIB cresce 4,6% em 2021 e recupera perdas da pandemia, após queda histórica em 2020

A economia brasileira registrou um avanço de 4,6% em 2021 no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país ao longo de um ano) e recuperou as perdas da pandemia, informou o IBGE nesta sexta-feira.

O resultado representa uma melhora da atividade econômica brasileira, que recuou 3,9% em 2020, quando amargou a pior recessão em 30 anos.

O desempenho do PIB no ano passado veio em linha com as expectativas de mercado, que projetava alta de 4,5% segundo o Banco Central. Mas, neste ano, a economia deve perder fôlego, com inflação e juros altos, além das incertezas com a guerra da Ucrânia.

O conflito já começa a ter efeito sobre a alta de preços no Brasil, como no caso do trigo - insumo do pãozinho -, e aumenta a pressão por reajuste de combustíveis, devido ao aumento do petróleo.

No quarto trimestre, a economia avançou 0,5%, após dois trimestres seguidos de queda. Assim, o país saiu da recessão técnica.

O PIB per capita, que divide a produção de bens e serviços pela população, alcançou R$ 40.688,1 em 2021, um avanço real de 3,9% ante o ano anterior.

Apesar de a economia estar 0,5% acima do quarto trimestre de 2019, o PIB per capita segue abaixo do patamar pré-pandemia.

Como o Brasil continuou registrando crescimento populacional acima do crescimento econômico, o nível de riqueza e renda da população encolheu. Em outras palavras, significa dizer que o "bolo" ficou menor e passou a ter que ser dividido com mais pessoas, deixando o brasileiro mais pobre.

Fatia do PIB no agro sobe a 8,1%

Sob a ótica da oferta, no ano, o crescimento da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país.

Por outro lado, a agropecuária, que havia sido a estrela em 2020, recuou 0,2% em 2021, principalmente por fatores climáticos, como estiagem prolongada e geadas, que impactaram as safras de café e milho.

A produção de soja, que pesa cerca de 40% do valor total da produção agrícola, foi o que o evitou uma queda maior do setor.

Parque brasileiro, em Monte Alegre, Pará, com pinturas de 12 mil anos está entre os patrimônios mais ameaçados do mundo

Pinturas rupestres no Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará Foto: Priscila Olandim / Semas/Pará

Fundo World 






Monuments Watch lista bens culturais ou naturais que precisam de conservação urgente

Com grutas e paredões rochosos que guardam pinturas rupestres de cerca de 12 mil anos, o Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará, é um desses tesouros ainda desconhecidos do grande público no Brasil, ao mesmo tempo em que corre grande perigo de destruição. É o que alerta o projeto World Monuments Watch, que incluiu a área de preservação brasileira na edição de 2022 de sua lista de 25 patrimônios naturais ou históricos ameaçados. A seleção engloba de sítios arqueológicos, como Teotihuacan, no México, e Abidos, no Egito, a paisagens naturais únicas, como a do arquipélago de Socotra, no Iêmen.

O projeto é encampado pelo World Monuments Fund, uma organização internacional sem fins lucrativos que a cada dois anos seleciona 25 patrimônios arredor do mundo que estejam sob algum tipo de ameaça. Seja uma construção histórica com problemas estruturais ou um ecossistema com risco de degradação por conta das mudanças climáticas ou da ação do homem.

De acordo com a fundação, sua ajuda aos sítios ameaçados vai desde a captação de recursos fnanceiros para a preservação até a eleaboração de projetos que possam melhorar as condições dos locais, sejam de recuperação ambiental ou estrutural, sejam para otimizar a visitação turística mais sustentável.

Centro de visitantes do Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará Foto: Agência Pará











A lista bianual com os 25 patrimônios ameaçados é referendada por especialistas de órgãos externos, como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) - que é associada à Unesco e participa também da eleição dos bens listados como patrimônios mundiais, por exemplo. Para entrar na seleção, os patrimônios podem ser indicados por qualquer pessoa ou entidade, governamental ou não.

A indicação do Parque Estadual de Monte Alegre foi feita pelos arqueólogos Edithe Pereira (Museu Paraense Emílio Goeldi) e Claide Morais (Universidade Federal do Oeste do Pará), em parceria com a plataforma Cipó. 

Para defender a inclusão da área, que fica na margem norte do Rio Amazonas, na região de Santarém (a mesma de Alter do Chão, por exemplo), os especialistas brasileiros ressaltaram a importância de seu conjunto de pinturas rupestres, um dos maiores e mais antigos das Américas. 

Os achados em cavernas e paredões rochosos, como a Pedra Pintada, registram uma ocupação humana na região de pelo menos 12 mil anos. Também há registro de produção de cerâmica datados de oito a sete mil anos atrás.

Desde que o parque foi criado, em 2001, essas pinturas pré-históricas se tornaram um grande atrativo turístico da região, atraindo um grande número de visitantes de uma maneira, por muito tempo, pouco ordenada. Em 2020, uma nova estrutura de visitação, com novos equipamentos de sinalização, foi implantada pelo Iphan, mas pouco foi aproveitada pelo grande público por conta da pandemia.

O declínio da visitação nos últimos anos, que provocou uma crise econômica em parte da população local, dependente do turismo, é uma das ameaças apontadas pelos especialistas brasileiros em seu relatório ao World Monument Fund. Mas não a única. 

A degradação ambiental causada pelo avanço da agricultura e da pecuária na região, e a mudança climática, que resulta em temporadas de seca mais longas e aumenta o risco de incêndios, são outros fatores que ameaçam a preservação do sítio arqueológico conhecidos e os ainda não documentados, além do meio de vida das comunidades indígenas e quilombolas da região.

Fonte: O Globo

Câmara Municipal de Itaituba vai realizar audiência pública pela legalização do garimpo

Audiência pública GARIMPO LEGAL. 

Convidamos toda sociedade para participar e contribuir com a criação de soluções para a legalização da atividade garimpeira.

Esta audiência pública tem por objetivo debater as problemáticas existentes em torno da legalização dos garimpos, bem como as soluções legais, visando a elaboração de uma proposta para que seja possível legalizar os garimpos do Tapajós e garantir o desenvolvimento sustentável da nossa região. 
Na oportunidade, o Poder Legislativo vai apresentar a defesa da mineração do Tapajós feita ao Ministro da Justiça e ao Ministério de Minas e Energia, para assim todos terem conhecimento das tratativas com o Governo Federal.

A audiência contará com a participação coronel Homero Cerqueira ex presidente do Icmbio e do Presidente da Confederação Nacional de mineração Bruno Cecchine. 

PAUTA:
 
QUAL É REALMENTE A IMPORTANCIA DA MINERAÇÃO A NÍVEL MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL ?

DEFESA DA MINERACAO DO TAPAJÓS APREDENTADA AO MINISTÉRIO DA JUSTICA E MINAS E ENERGIA.

ANM - DISPONIBILIDADE DE ÁREAS. 

FUTURO DA MINERACAO E ADEQUAÇÕES. 

PROPOSTAS .

ENCAMINHAMENTOS .

quinta-feira, março 03, 2022

A guerra de Putin: Atos na Rússia contra guerra na Ucrânia esbarram em forte repressão e popularidade de Putin

Enquanto a Folha conversava com Masha, 25, moradora de São Petersburgo, policiais acompanhavam o protesto de um pequeno grupo de jovens contra a guerra na Ucrânia nesta quarta-feira (2). A entrevistada seguia os manifestantes a poucos metros de distância, com medo de ser presa pela segunda vez em três dias —foi detida no domingo em atos e condenada a pagar 10 mil rublos (R$ 515).

"Se eu for presa novamente, posso ter que pagar entre 30 mil e 100 mil rublos [R$ 1.545 a R$ 5.150] ou ficar presa por mais de 15 dias", disse ela, que pediu para não ter o sobrenome publicado por segurança.

Assim como Masha, mais de 7.300 pessoas foram detidas por policiais russos desde o início da invasão da Ucrânia por se manifestarem contra a guerra. A dimensão da adesão aos protestos, porém, é incerta. Realizados em mais de 50 cidades do país, eles ainda parecem dispersos e desorganizados.

Alguns dados de pesquisas de opinião podem ajudar a explicar por que isso acontece. Nesta quarta-feira (2), o Centro Levada, um dos principais institutos de pesquisas independentes da Rússia, mostrou que apenas 18% dos russos afirmam que participariam de manifestações com demandas políticas.

Outro levantamento realizado pelo centro em fevereiro, antes da invasão da Ucrânia, mostrou que o presidente Vladimir Putin tinha 71% de aprovação e que 52% dos russos diziam ter uma visão negativa da Ucrânia, índice que era de 43% apenas três meses antes, em novembro.

Os dados contrastam com os 14% de aprovação do principal opositor de Putin, Alexei Navalni, que cumpre pena de dois anos de prisão devido à acusação de fraude —ele nega e diz se tratar de perseguição do Judiciário, sob influência de Putin. Mesmo preso, Navalni, por meio de sua equipe, pediu à população que se reúna todos os dias às 19h nas principais praças de suas cidades para se manifestar contra a guerra.

"Não vamos nos tornar uma nação de pessoas silenciosas e assustadas. Covardes que fingem não notar a guerra agressiva desencadeada por nosso czar obviamente insano contra a Ucrânia", diz o texto.

O medo de se manifestar tem fundamento. Nos últimos anos, o Kremlin tem fechado o cerco contra protestos antigoverno, aprovando leis e emendas que praticamente criminalizam atos que não tenham o aval de autoridades locais —na maioria das vezes, aliadas a Putin. Os que se arriscam muitas vezes acabam sendo presos imediatamente pelas forças policiais.

Segundo Vicente Ferraro, pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP, muitos dos manifestantes são presos e levados para a delegacia, mas a maioria fica poucas horas detida. Foi o caso de Masha, detida junto a cerca de 20 manifestantes e colocada em um ônibus, no qual ficou durante quatro horas até chegar à delegacia de um distrito fora de São Petersburgo.

"Os policiais não foram tão severos, ninguém tocou na gente, mas há outros departamentos em que as pessoas apanham", disse. De fato, nem todos os ativistas recebem o mesmo tratamento, ressalta Ferraro.

"Às vezes o regime seleciona alguns líderes específicos para punir exemplarmente. Essa é uma estratégia de regimes autoritários modernos: se antigamente eles tinham a intenção de prender todos os opositores, atualmente eles fazem uma repressão seletiva e de menor custo. Assim, os que planejam organizar um protesto temem sofrer um processo não apenas administrativo, mas criminal e que as leve à prisão."

O perfil etário baixo é outra característica dos protestos contra a guerra na Ucrânia. Eles são compostos principalmente por jovens de uma geração que consome notícias pela internet, diferentemente dos mais velhos, mais vulneráveis à propaganda estatal veiculada em muitos canais de TV ligados ao Kremlin.

"Essa geração é chamada pelos acadêmicos de ‘geração Putin’; ou seja, a que, desde que nasceu ou era criança, só viveu sob o regime de Putin. Para essa população que não vivenciou os anos 1990, pós-queda da União Soviética, de conflitos federativos e crises sociais, esse discurso de que se trata de uma escolha entre ordem e caos propagada pelo governo não funciona", afirma Ferraro.

Não por acaso, os jovens já tinham sido os que mais se posicionaram contra as reformas aprovadas pelo governo russo em 2020, que permitiram que Putin fique no poder até 2036.

Ainda assim, as demonstrações de insatisfação têm se expandido para outras esferas, com declarações de personalidades importantes da sociedade russa. Desde o início do conflito, cientistas, jornalistas e acadêmicos já assinaram cartas denunciando a invasão, e esportistas protestaram contra a guerra.

Impulsionados pelas pesadas sanções aplicadas pelo Ocidente contra a Rússia, dois empresários do círculo do presidente —Oleg Deripaska, fundador da gigante do alumínio Rusal, e Mikhail Fridman, nascido na Ucrânia e criador do conglomerado multinacional Alfa-Group— romperam o tradicional silêncio do empresariado do país quanto a questões políticas e pediram paz ao Kremlin na semana passada.

É quase certo que essa oposição não será suficiente para que Putin, com todo o aparato criado há mais de 20 anos, encontre resistência interna no curto prazo às suas ações militares. Mas as recentes manifestações mostram que, ao menos quanto à guerra na Ucrânia, suas ações não são unanimidade.

Nascida em Iekaterinburgo, uma jovem de 28 anos que pediu à Folha para não ter o nome divulgado diz não conseguir acreditar nos números de aprovação de Putin e da visão dos russos em relação à Ucrânia.

Para ela, pessoas mais velhas tendem a defender alguns aspectos do governo Putin, mas não a guerra. O avô de 90 anos, conta, está em choque com o que está acontecendo.

Fonte: Folha