
No país onde a corrupção só faz crescer,
no qual o povo desesperançado parece ter perdido totalmente a confiança nas
suas instituições (Executivo, Legislativo e Judiciário) e onde os donos do
poder já provaram que não tem sabido como conduzir os destinos da nação, esses
mesmos incompetentes estão gastando seu tempo para nos ensinar como devemos
criar os nossos filhos. Ou a inócua Lei da Palmada não tem esse objetivo?
Meu marido, Jota Parente, conta que sua
saudosa mãe Guiomar, que tive o prazer de conhecer e conviver de perto por
alguns anos, tinha um hipotético caderninho no qual os maus feitos dos onze
filhos eram anotados. “O meu caderninho está quase cheio”, dizia ela, sempre
que alguém fazia alguma coisa errada. Até que um dia o caderninho enchia e ela
chamava para uma conversa, que tinha como convidada uma chinela que servia para
aplicar um corretivo.
Conta ele, e alguns dos seus irmãos já
me disseram a mesma coisa, que se tratava de uma sessão na qual Dona Guiomar conversava
com o “devedor” e, de vez em quando dava um bolinho na mão. Nada de surras
homéricas, como alguns pais davam, deixando os filhos acamados. Era um
verdadeiro corretivo com fins educativos. Ela dizia: “você fez isso, ou aquilo,
que é errado. Vai fazer novamente?”
Agora, vem esses senhores e essas
senhoras do Congresso Nacional, com essa discutida Lei da Palmada, que vai ser
sancionada pela presidente Dilma Rousseff. É mais uma lei, que vai se somar às
mais de 180 mil leis que existem no Brasil, e que pela natureza do brasileiro,
tem tudo para ser mais uma dessas que não vingam. Qual é a pessoa que vai
denunciar seu vizinho, se por ventura vir o mesmo dando uma palmadinha no
filho? Isso só vai acontecer em caso de rixa entre vizinhos, ou, se houve espancamento.
Na edição 181 do Jornal do Comércio, circulando