segunda-feira, maio 03, 2010

Perfil do Empresário


Luis Bezerra Lima, mais conhecido como Seu Lulu, proprietário do Juliana Park Hotel é o destaque desta edição da coluna Perfil do Empresário. Ele é casado há 53 anos com a senhora Juracy, companheira de todas as horas, tanto nos assuntos familiares, quantos nas questões comerciais. Nasceu em Mirador, Maranhão, no dia 25 de fevereiro de 1935, tendo completado 75 anos há menos de dois meses. Os pais eram José Vieira da Silva e Raimunda Alves Bezerra, cearenses cujas famílias tinham migrado para o Maranhão, onde os dois se conheceram e casaram-se. Tem apenas um irmão, Argemiro.

JC – Até que ano o senhor estudou?

Lulu – O que hoje equivale ao ensino fundamental, que na época era chamado de curso primário.

JC – Como foi sua infância, adolescência e juventude?

Lulu - A partir dos dez anos comecei a trabalhar na roça, com meu pai, que plantava arroz, feijão e culturas de subsistência em geral. A diversão era apenas um joguinho de bola nos finais de tarde, ou nos fins de semana. O resto do tempo era só trabalho. Isso foi até os dezesseis anos, quando eu saí de Mirador.

JC – Saiu de Mirador para morar aonde?

Lulu – Fui para o município de Santa Inez trabalhar de empregado num comércio de secos e molhados, onde fiquei por cinco anos. Voltei para mirador para me casar com Juracy, que ainda é minha prima. Depois do casamento nós fomos morar em Pio XII, que na época era distrito e hoje já é município. Essa parte da nossa história aconteceu no ano de 1957.

JC – O que foi fazer em Pio XII?

Lulu – Fui tocar nosso próprio comércio, no ramo de secos e molhados, ajudado pelo meu antigo patrão Manuel Lima, que me financiou. Eu também comprava coco babaçu. Fui um grande comprador, chegando a negociar uma média de quinhentos sacos por semana. Durante sete anos eu fiz esse tipo de comércio com a empresa Chagas & Penha Ltda., de São Luis, para onde eu mandava de barco o coco que comprava. Nesse tempo, em Pio XII, eu montei um posto de gasolina (Posto São Luis).

JC – As mudanças continuaram?

Lulu – Sim. De Pio XII mudei para Bacabal, distante sessenta quilômetros, levando tudo que tinha. A essa altura toda a mercadoria era da gente, pois havia pago tudo para o antigo patrão. Foram treze anos em Bacabal, tendo mantido o Posto São Luis em Pio XII, que eu só vendi bem mais tarde. Em Bacabal eu comecei a mexer com gado. Isso foi até 1972, ano em que a gente resolveu vender tudo, comércio, fazenda e posto para mudar para Brasília.

JC – Se a vida prosperou em Bacabal, o que lhe levou a mudar para Brasília?

Lulu – A família. Tios, tias e primos já estavam para lá, tinham se dado bem e isso atraiu a gente. Em Brasília, mesmo, eu só morei três anos. Trabalhei de taxista, depois comprei uma caçamba e fichei numa firma, depois fui para Santa Helena, em Goiás, com caçamba.


JC – Passados esses três anos foi para onde?

Lulu – Mudei com a família para Anápolis, que foi um dos passos mais acertados que dei na vida, assim como aconteceu quando decidi mudar para Itaituba. Lá a gente se deu bem, porque o comércio era muito forte e eu fui mexer com comércio novamente. Nesse tempo abri um comércio em Minaçu, que virou município no ano de 1976, no norte de Goiás. Lá nós montamos um comércio muito grande, com muito movimento. Nesse tempo eu já tinha começado a viajar para Itaituba, trazendo mercadoria no meu caminhão para vender aqui. O comércio que eu tinha em Anápolis era pequeno, mas, o de Minaçu era bem grande. Mas, algum tempo depois o comércio da cidade foi caindo, caindo, o povo todo indo embora. Até 1979 eu fiquei com o comércio lá.

JC – Quando aconteceu a primeira viagem para esta região?

Lulu – No ano de 1975. Meu irmão Argemiro já morava aqui. Até Belém, eu e a Juracy viemos no nosso carro. De Belém para Manaus a gente foi de avião. De lá viemos para Santarém encontrar meu irmão, que já mexia com garimpo na região do Tapajós, no Marupá, que ele vendeu mais tarde para o Goiano. De Santarém nós voltamos para casa, em Anápolis.

JC – E a primeira viagem para Itaituba?

Lulu – Deu-se em 1977. Trouxe meu caminhão carregado de feijão, que eu vendi todo para o Zé Arara, que eu conheci naquele momento e que depois passou a ser um grande amigo meu. Passei um ano sem vir aqui. Quando voltei, trouxe uma carga de mercadoria, cuja maior parte foi para o seu José Elisiário, que era comerciante e garimpeiro. O comércio dele ficava na Travessa 15 de Agosto.

Naquele tempo a comunicação era muito difícil. O seu José Elisiário, que tinha o meu endereço, escreveu uma carta na qual discriminava tudo que ele precisava. Naquele período eu vendi muito para o Samuca, para o Tibiriçá, para o Chico do Boi, para o Raimundo Nonato, da Casa Herói e para outros comerciantes.

JC – Quanto tempo durou esse tipo de comércio, viajando do centro-oeste para cá?

Lulu – Durou uns quatro anos, numa média de duas viagens por mês. A gente andava sempre em dois motoristas, o que fazia com que a viagem fosse mais rápida. Quando chegava aqui eu mesmo descarregava o caminhão todo, carregando as coisas na cabeça, dando uma de carregador. Isso durou até o ano de 1981.

JC – O que aconteceu de especial naquele ano, que mudou sua vida e da sua família?

Lulu – Minha esposa Juracy veio uma viagem comigo em 1981. Viemos pela Transamazônica e retornamos pela Santarém-Cuiabá, fazendo nossa comida na beira da estrada, num fogãozinho a gás. Eu iria carregar de retorno para Goiânia, em Itaúba, no Mato Grosso, onde carregaria o caminhão de madeira. A Juracy gostou daqui. Tanto, que nós alugamos logo um pontinho na Rua Hugo de Mendonça, entre Paes de Carvalho e Victor Campos, onde funcionou uma loja da Fórum até há pouco tempo, local que é propriedade do senhor Baião. Esse ponto servia para guardar mercadoria. Mais tarde, quando nós decidimos mesmo ficar por aqui, alugamos um barracão do Adonias, que ainda é parente da gente. Ficava na 9ª Rua, perto da Travessa 13 de Maio.
Na próxima edição, Seu Lulu vai contar como foi o começo da vida em Itaituba, onde mais uma vez ele prosperou como comerciante, até construir um dos melhores hotéis da cidade, o Juliana Park Hotel.

Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101

O viajante solitário da Expedição Brasil

Essa nova experiência que realizei, que consistiu em fazer uma viagem de motocicleta percorrendo todo o Brasil, sozinho, foi mais um aprendizado muito interessante, que acrescentou muita informação ao meu cabedal de conhecimentos. Foi mais que natural que eu tenha sentido muita falta da companhia de meu prezado amigo Jadir, meu companheiro na expedição anterior, o qual não pôde estar junto agora, pelos motivos que já expliquei em artigos e matérias anteriores. Ao sair de Itaituba, era a Expedição Cone Sul. Como mudei o itinerário, virou o Viajante Solitário da Expedição Brasil.

Nesta matéria eu vou fazer um resumo dos acontecimentos da expedição solitária, que no projeto inicial visava chegar até a cidade de Concepción, a mais atingida pelo terremoto de 27 de fevereiro, que atingiu o Chile. Antes, passaria pelo Uruguai e pela Argentina. Mas, o trajeto previamente estabelecido foi modificado no decorrer de seu percurso por motivos diversos que serão explicados oportunamente.

De qualquer forma, cheguei ao extremo Sul do Brasil, só não indo a Montevidéu, capital do Uruguai, porque uma forte frente fria estava baixando a temperatura naquele país, a qual chegou mais tarde ao Rio Grande do Sul, ao Paraná e a Santa Catarina. Para Montevidéu estava prevista uma temperatura de 9 graus, na quarta-feira, 21 de abril, quando eu deveria estar chegando lá. Isso é demais para um caboclo da Amazônia, acostumado a temperaturas elevadas, embora na Expedição Itaituba-Amazônia, eu e o Jadir tenhamos enfrentado temperaturas bem abaixo de 9 graus, coisa da qual não sinto a menor saudade. Dos lugares por onde andamos, sim; das temperaturas baixas, não.

A expedição que encerrei segunda-feira, 26 de abril, começou com a viagem de barco para Santarém, depois, novamente de barco para Belém, que para mim foi uma coisa nova, uma vez que mesmo com meus 59 anos completos, sendo caboclo nascido e criado nesta região, nunca tinha viajado de barco até a capital do nosso Estado. O lugar mais longe onde eu tinha ido de barco, tinha sido até Praínha.

Quando eu deixe a moto no barco Joana D’Arc, antes da viagem para Santarém, o alarme disparou até zerar a bateria. O resultado não foi nada bom, pois ao chegar à Pérola do Tapajós eu contratei dois carregadores para tirar a XTZ do barco, acertando que eles deveriam ajudar-me a fazer a moto pegar, empurrando-a. Tinha começado a chover quando iniciou nossa penitência. Eu já estava com pena dos caras, até que em dado momento ela pegou, para alívio deles, e meu também.

No barco grande que o pessoal chama de Navio Santarém eu embarquei no sábado, dia 3 de abril, com um dia de atraso, conquanto o dia da saída do mesmo seja sempre às sextas-feiras. Como era Semana Santa, o dono decidiu feriar e marcar a viagem para um dia depois de Sexta-feira da Paixão.

Graças ao querido amigo Ruy Correa, com quem trabalhei na Rádio Tropical de Santarém, consegui um belo desconto com seu tio Paulo Correa e dessa forma pude ir de camarote, o que além de mais confortável, foi muito mais seguro. No Navio Santarém o alarme disparou umas quatro vezes, porque as pessoas mexiam na moto. Não descarregou totalmente a bateria. Mesmo assim, não foi muito fácil fazê-la pegar quando desci em Belém.

No navio eu conheci três gringos que ajudaram bastante a passar o tempo. O Luke, um inglês que mora em Notinham, a terra onde se originou a lenda de Robin Hood, o qual trabalha com investimentos em bolsas. Ele só fala seu próprio idioma. A Francesca, uma italiana que trabalha onze meses por ano para viajar nas férias. Ela já passou uns tempos na Índia, no Nepal, no Vietnam e em outros países asiáticos. Estava fazendo sua primeira viagem pela América do Sul. Alem do italiano, ela fala muito bem, Inglês e Espanhol. E a Marieka, uma holandesa de 22 anos de idade, que está no quarto ano de medicina, que fala muito bem Inglês. Eu tive uma grande oportunidade para exercitar meus conhecimentos dos dois idiomas, Inglês e Espanhol.

Como a saída de Santarém atrasou algumas horas, furou a previsão de chegada a Belém na segunda-feira bem cedo. Chegamos somente aconteceu às onze da manhã, de segunda-feira, 05/04, o que aumentou o meu atraso da viagem em um dia e meio. Só consegui deixar o porto quando já passava de meio-dia, pois além do trabalho para fazer a moto pegar, ainda tive que amarrar a bagagem. Estava bastante destreinado.


Sair da cidade de Belém ao meio-dia, rumo à BR 316 não foi nada fácil. O trânsito estava muito complicado até chegar à Almirante Barroso. Chegando lá, mesmo precisando ser extremamente atencioso, pois estava começando naquele momento a enfrentar aquele tipo de fluxo, depois de um ano e meio de nossa expedição passada. Mas, uma vez na Almirante Barroso, com todo cuidado, a viagem começou a andar de verdade.

Até a entrada de Santa Isabel o tempo estava ajudando. Porém, assim que passei daquele local, uma chuva grossa me pegou pra valer. Foi o batismo na Expedição Brasil. Ainda bem que não foi demorada, mas, outras chuvas finas ainda me incomodariam até o final da noite, pois eu não colocara a capa até aquele momento.

Depois de Capanema eu tive a companhia de um motoqueiro, que é mototaxista naquela cidade paraense. Ele estava indo para Boa Vista do Gurupi, já do lado maranhense. Ele se chama José Cardoso e ia ver sua namorada. O cara namora longe de casa pra burro. Naquela cidade ele pediu para eu parar para ele pagar uma coca. Desejou-me boa viagem e eu não me demorei mais do que o tempo para tomar o refrigerante.

Depois de Maracaçuné, no Maranhão, vi o primeiro acidente. Que acidente terrível foi aquele! Uma jovem senhora da pequena cidade chamada Maranhãozinho, às margens da BR 316, que tinha ido passar o feriado da Semana Santa com seus pais, dirigia seu carro na direção de Belém. Em sentido contrário vinha outro automóvel com dois policiais civis de Maracaçuné. Numa reta, com asfalto bom, o carro dos policiais rodou. A senhora pegou o carro deles no meio, morrendo os três envolvidos no acidente, na hora. Se é que a gente só morre mesmo no dia determinado, aquele foi o dia daquelas três pessoas, pois não houve explicação razoável para o acidente.

Quando eu cheguei a Maranhãozinho estava começando a escurecer. Procurei alguém para pegar informações a respeito de hotel, pois não queria viajar à noite, de jeito nenhum. Um senhor mostrou-me onde tinha um e eu quis saber o por quê de tanto movimento num tempo da igreja Assembléia de Deus, que ficava bem perto do hotel. Ele me informou que a mulher que morreu no acidente teria seu corpo velado ali. Nessa hora eu decidi ir mais adiante, pois numa cidade pequena como aquela, o único assunto da noite e do dia seguinte seria aquele. Por essa razão eu rodei por mais quinze minutos até Presidente Médici.

Eu acho que estreei uma pousada que tinha acabo de ser inaugurada. É um lugar que foi feito para ser de alta rotatividade, mas, eu penso que ninguém tinha usado nenhum cômodo, pois a inauguração acontecera no domingo, um dia antes, com uma grande festa na qual foram vendidas 84 grades de cerveja. Nem o nome tinha sido pintado ainda.

No dia seguinte, em Santa Inez, onde eu parei para abastecer a moto e para tomar café, notei que se aproximava alguém muito parecido com um amigo de Itaituba, companheiro de muitas jornadas políticas nos tempos de Wirland Freire. Quando chegou mais perto, tanto eu tive certeza que se tratava de Chico Curica, como ele teve certeza que tinha encontrado mesmo do Jota Parente, tão distante de Itaituba. Ele me disse que estava fazendo linha de uma cidade vizinha para Santa Inez, estando satisfeito com o trabalho que estava fazendo.

Fui direto para Tianguá, onde tinha programado dormir. Cheguei lá às sete da noite, já com noite escura. Queria encontra Rita Parente, prima em segundo grau. Deu algum trabalho, mas encontrei. Estranhei a mudança de temperatura, pois em 1976, quando eu estive naquela cidade pela primeira vez, tive que me embrulhar com um cobertor grosso. Desta vez, um cobertor fininho resolveu o problema.

Na manhã seguinte de quarta-feira, 7 de abril, eu desci a Serra Grande, ou Serra de Ibiapaba, para fazer algumas visitas. A primeira delas foi a Ubaúna, onde moram irmãos e outros parentes de Luis Gomes, da LG Materiais Elétricos. O Chicó não estava, mas, eu consegui encontrar o Valdinar.

De Ubaúna fui direto para Mucambo, pequena cidade do Ceará onde residem os pais dos empresários Osmarino, Murilo, Nicodemus e Creuza Parente, cuja mãe tem o sobrenome Parente. Por coincidência, o Luzimar, irmão dos empresários citados, que morou muitos anos em Itaituba, estava com seus pais. Batemos um longo papo. O Luzimar disse para sua mãe que a raiz da família Parente naquela região do Ceará é uma só. Portanto, alguma dúvida que pudesse haver a respeito do nosso parentesco foi tirada nesse encontro que tivemos. Isso é coisa de quem tem o sangue nordestino, principalmente, sangue cearense como eu tenho. A gente gosta descobrir, de conhecer e de visitar os parentes, onde eles estiverem.


Depois de cumprida essa importante parte da agenda, o próximo passo seria chegar o mais depressa possível a Santa Cruz do Capibaribe, cidade que vive quase exclusivamente em função da produção de confecções. Não vou me alongar a respeito deste assunto, que merecerá uma reportagem especial na próxima edição do Jornal do Comércio, pois essa foi a razão de eu ter ido até lá. De qualquer modo, não posso deixar de registrar que fui muito bem tratado, recomendado que fui pelo empresário Jaime Sousa, da loja Império das Modas.

De Santa Cruz continuei descendo rumo ao Sul do País, parando somente para fazer algumas pelo caminho e para dormir. A exceção foi Cachoeiro do Itapemirim, cidade onde nasceu o Rei Roberto Carlos. Não poderia deixar de ir até a casa onde ele nasceu, a qual hoje faz parte do patrimônio histórico daquele município. Fiz várias fotos, peguei todas as informações que precisava e este assunto também vai ser motivo de uma matéria especial no Jornal do Comércio, com fotos que somente o JC tem em toda esta região. Quem gosta do Rei não perde por esperar.

A essa altura eu já tinha bastante pressa para voltar para casa, mas ainda havia muito chão pela frente. Por enquanto, não tinha mudado nada no projeto. Isso só aconteceu quando eu cheguei a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, quando parei para fazer um balanço da expedição. Vi que estava muito atrasado, embora nos últimos dias tivesse avançado bastante, passando a maior parte do dia em cima da moto. Foi lá que decidi que não iria mais até Concepción. No máximo chegaria à Argentina. Toquei para frente, tendo chegado a Bagé, no extremo sul do Brasil, às cinco horas da tarde do sábado, 17 de abril.

Até então eu continuava querendo ir ao Uruguai e à Argentina. Foi em Bagé que decidi cortar os dois países do roteiro para poder voltar logo para casa, pois Itaituba estava fervilhando com tantos acontecimentos no mundo político. O diploma de Roselito tinha sido cassado, tinha sobrado para Sílvio Macedo, que assumira o cargo de prefeito após a renúncia de Roselito Soares, enquanto Valmir aguardava a diplomação e a posse.

Rodei muito, pois comecei a viagem de volta na terça-feira, 20 de abril, tendo chegado a Belém do Pará, sábado, às quatro da tarde. Na quinta, 22, eu rodei 1046 km, tendo ficado o dia todo sentado na XTZ, parando somente para abastecer. Quando parei na cidade de Talismã, a primeira do Tocantins, ao Sul de Goiás, estava exausto. Segunda, 26 de abril, quando cheguei a Itaituba pela Trip, a festa da diplomação e posse do novo prefeito Valmir Clímaco já tinha terminado, uma vez que o vôo atrasou. Chegamos a Itaituba depois de dez da noite.

Como disse no começo, este foi apenas um ligeiro resumo do que aconteceu durante a viagem na qual fiz a volta pelo território brasileiro, fazendo o percurso de ida pela maravilhosa costa tupiniquim e retornando pelo centro do Brasil. Logo após o encerramento da série A Expedição, tintim por tintim, que deve ter mais dois ou três capítulos, o Jornal do Comércio iniciará a nova série intitulada O Viajante Solitário da Expedição Brasil.

Por fim, quero agradecer, mais uma vez, a todos os que participaram deste projeto como parceiros comerciais, cujos nomes o Jornal do Comércio muito honrou-se em divulgar em edições passadas. Não fosse por vocês, nada disso teria acontecido.
Muito obrigado a todos os que acreditaram, mais uma vez.

Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101

Itaituba tem o terceiro prefeito em 27 dias

Nunca, antes, na história política de Itaituba houve tanta alternância no poder como agora. Primeiro, foi Roselito Soares (PR), que resolveu desocupar a cadeira de prefeito, a qual ocupou por cinco anos e três meses, sob a alegação de que vai disputar a eleição para deputado estadual. Até o dia 30 de março passado ele cumpriu uma parte do mandato para o qual foi releleito, passando o cargo para o então vice-prefeito Sílvio Macedo (PP), que em condições normais deveria cumprir o restante do mandato.

Ocorre, que havia um processo no meio do caminho, o qual pediu que fosse cassado o diploma de Roselito Soares, referente ao segundo mandado, sob a acusação de abuso de poder econômico e abuso de poder político, julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral no dia 15 de abril deste ano. O TRE deu ga-nho à coligação Frente de Trabalho, por quatro votos a um, cujo candidato a prefeito foi Valmir Clímaco. Dessa forma, Valmir foi o terceiro prefeito a ocupar o cargo em apenas 27 dias.

Esse processo vinha se arrastando desde de setembro de 2008, a partir do momento em que foi flagrada a distribuição de cestas básicas dentro da Secretaria Municipal de Ação Social, cuja titular era a senhora Margarete Soares da Silva, a qual estava à frente da distribuição.
Em Itaituba Valmir perdeu. Tanto o Ministério Público Eleitoral, como o juiz titular da 34ª Zona Eleitoral, naquele momento, Dr. Arnaldo Albuquerque consideraram que não havia provas suficientes para que se processe a cassação.

Estava caminhando para um ano que o processo aguardava julgamento em Belém. Depois de muitos adiamentos, muita protelação conseguidos por meio de recursos protelatórios dos advogados de Roselito, finalmente chegou o tão esperado dia, o dia em que Itaituba parou depois que o resultado foi anunciado.

Roselito não detinha mais o cargo de prefeito, do qual abdicou. Após o julgamento, também já tinha mais seus direitos políticosm, porque o TRE aplicou a pena da suspensão dos mesmos por três anos, o que de imediato lhe tornou inelegíver. Em tese ele não poderá disputar a eleição para deputado estadual, mas, isso ainda pode ser mudar.
Ação Cautelar - Os advogados Manoel Machado e Hélio Martins, que defenderam Roselito Soares, representando Sílvio Macedo, tentaram uma medida cautelar, que teria efeito de liminar, se tivesse procedência. Pedia o recurso, que Sílvio fosse mantido no cargo de prefeito, até que fosse julgado o recurso de sua coligação, em Brasília.

Juiz federal Daniel Santos Rocha Sobral foi designado pelo TRE como relator desse processo. Ele decidiu e os outros membros da Corte acompanharam, pelo arquivamento, nem recebendo o processo, nem a produção de provas, porque o mesmo não preenchia as condições previstas em leis. Não tinha provimento legal.

Pedia o recurso, a manutenção de Sílvio Macedo no cargo, mas, a cassação do diploma de Roselito Soares foi tanto por abuso de poder econômico, como poder político, de acordo com a decisão do TRE por 4x1, com base no artigo 41 A da Lei Eleitoral 9.504/97.

Agora, só cabe recurso ordinário ao TSE em Brasília. Advogados consultados pelo Jornal do Comércio sobre o caso foram unânimes em dizer que acreditam que Roselito vai trabalhar e vai torcer para que o recurso que deverá impetrar junto ao Tribunal Superior Eleitoral não seja julgado tão cedo. Pelo menos, até outubro de 2011, quando terminará a pena imposta pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará.

Caso seja eleito deputado estadual - pois deverá concorrer Sub Judice - o interesse será que não seja haja julgamento do processo até outubro de 2011. Caso venha mesmo a disputar a eleição para deputado estadual, elegendo-se, perderá o cargo se houver julgamento e se o resultado lhe for contrário.

Valmir Clímaco assumiu o cargo de prefeito sem ter tido tempo suficiente para discutir com seus aliados a formação de uma equipe de trabalho que pudesse dar andamento, sem maiores traumas, ao dia a dia da Prefeitura, para que a máquina do município não sofresse solução de continuidade. Até mesmo o perído do mês em que assumiu foi o menos indicado, pois estava perto do final do mês, momento em que é depositado o pagamento dos servidores municipais. Para acabar de completar, ainda houve um problema no sistema de informática, o que atrapalhou a finalização da folha de pagamentos. Todavia, algo positivo a ser destacado é o fato do novo prefeito não gastar o tempo para ficar falando mal de seus antecessores, preferindo arregaçar as mangas e começar a fazer o que tem que ser feito.

Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101

Constitucionalidade do Ficha Limpa pode ser contestada no STF

Priscilla MazenottiRepórter da Agência Brasil

Brasília - O Projeto Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de pessoas com condenações por órgãos colegiados, pode ter a constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal. A Constituição estabelece a presunção de inocência, em que ninguém é considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença, com todas as possibilidades de recurso.
“O fato é que o projeto atenta à Constituição. Você não pode cassar o direito das pessoas até que se esgotem todas as instâncias. E isso é uma declaração de falência do Judiciário. Por mais que eu seja simpático à ideia, ela não tem chance de prosperar”, disse o cientista político da Universidade de Brasília (unB) Leonardo Barreto.

A Lei Complementar 64/90 estabelece as hipóteses de inelegibilidade como forma de proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato com base na análise da vida pregressa do candidato. Para o cientista político, bastaria que a Lei de Inelegibilidade fosse cumprida para que o impasse estivesse resolvido. “Essa história toda revela que o Judiciário não cumpre seu papel, não julga ninguém e, em um ato quase que desesperado, a sociedade tenta mudar a lei.”

O assessor jurídico da Mesa Diretora da Câmara Fábio Ramos concorda que o assunto pode parar no STF. Mas, para ele, tem havido uma relativização da matéria julgada, que pode alterar a interpretação do projeto. “O Supremo tem feito uma dosagem dos princípios da presunção de inocência até o trânsito em julgado porque, às vezes, um princípio invade outro princípio constitucional, que é o da representatividade do povo. E esse é o dilema da sociedade: permitir que essas pessoas assumam como representares do povo, permitir que concorram tendo uma ficha limpa ou não.”

Amanhã (4), a Câmara deverá analisar o pedido de urgência para o projeto. Com isso, as 28 emendas apresentadas ao texto serão votadas diretamente no plenário. Em seguida, o mérito do projeto será decidido em dois turnos de votação com aprovação de maioria absoluta da Casa.
A proposta é fruto de iniciativa popular.

Comandado por movimentos contra a corrupção eleitoral e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram recolhidas mais de 1,6 milhão de assinaturas de apoio ao projeto. Inicialmente, o projeto proibia a candidatura de pessoas com qualquer condenação criminal em primeira instância, mas, grupo de trabalho criado para analisar a proposta alterou o texto. Se aprovado, ficarão impedidos de se candidatar os políticos que tenham tido condenações por órgão colegiado.

Meu comentário: Fazer o que, gente. Sou 100% a favor do movimento em favor de candidatos com ficha limpa, mas, não há como ser contra a Constituição. Pelo menos, para quem provou dos tempos duros da ditadura militar, como eu e outros colegas da época.

Cobranças sobre a Copa Ouro

Tenho recebido algumas cobranças de leitores de fora de Itaituba sobre a não veiculação de notícias da Copa Ouro 2010.

O motivo foi minha ausência de Itaituba durante quase um mês. Somente agora estou tomando pé de muitas coisas que acontecem na cidade, e a Copa Ouro é uma delas. A partir de amanhã deverei voltar a fazer comentários de jogos da competição pela Rádio Itaituba, o que me deixará inteirado sobre o que acontece nesse importante evento esportivo da região.

Fifa mostra preocupação com 2014: 'É incrível como o Brasil está atrasado'

Jerome Valcke, secretário-geral da entidade, pede urgência nas obras para o Mundial: 'O Brasil não está no caminho certo'

O assunto causa muita preocupação na Fifa, que cobra urgência ao Brasil. Nesta segunda, o secretário-geral, Jerome Valcke, se mostrou preocupado com os preparativos brasileiros para o Mundial de 2014, não apenas com estádios, mas também com obras de infraestrutura, como aeroportos.

Após evento em Joanesburgo no qual a Fifa distribuiu ingressos aos operários que trabalharam na construção dos estádios da Copa da África do Sul, Valcke não poupou palavras para puxar as orelhas do Brasil. - Recebi alguns relatórios sobre estádios e não está nada bom. É incrível como o Brasil está atrasado, e não estou falando apenas de Morumbi ou Maracanã, mas de todos os estádios. Muitos dos prazos já expiraram, e nada aconteceu. O Brasil não está no caminho certo - disse Valcke, em entrevista a jornalistas brasileiros que acompanhavam o evento.

Ironia com o carnaval
O secretário-geral mostrou estar muito por dentro do que acontece no Brasil e usou de certa ironia ao citar o carnaval como um dos obstáculos para o andamento dos preparativos no país. - O Brasil está há muito tempo querendo uma Copa, mas agora tem que se mexer. Tem de fazer isso pela América do Sul, não só pelo Brasil. A Copa é amanhã de manhã. Este ano há eleições, para tudo. Ano que vem, carnaval, para de novo. É preciso aproveitar o tempo disponível para fazer as coisas.

'É hora de agir', diz
Valcke lembrou que Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do Comitê Organizador 2014, assim como Orlando Silva, ministro do Esporte, estão preocupados. - Não adianta ficar mandando cartas. Muito pouca coisa foi feita. É hora de agir - disse Valcke, referindo-se ao fato de Ricardo Teixeira ter enviado por escrito sua preocupação com os prazos para cada uma das cidades-sede da Copa de 2014.

Sem chance de o Brasil perder o direito de sediar a Copa 2014
Apesar de nitidamente insatisfeito e preocupado, o secretário-geral da Fifa descartou qualquer hipótese de o Brasil perder o direito de receber a Copa de 2014. Ainda, disse que as 12 cidades-sede devem ser mantidas (a Fifa sempre quis dez, no máximo). - As pessoas questionaram muito a Copa na África, mas o Brasil está mostrando que é muito difícil fazer uma por lá também. Vocês têm a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas têm de fazer por onde - finalizou. (G1)

domingo, maio 02, 2010

Eleições: PT e PMDB disputam Dilma no Pará

Diário do Pará - As desavenças políticas entre PT e PMDB no Pará poderão criar um fato inusitado na eleição de outubro, quando os dois partidos, aliados no plano nacional, tiverem que receber no Estado a pré-candidata a presidente da República, Dilma Rousseff: dois palanques para ela, um da governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o outro do deputado federal Jader Barbalho (PMDB). O PMDB defende abertamente o rompimento com a governadora e estimula Jader a enfrentá-la nas urnas como candidato ao governo.

A governadora é acusada de não honrar os compromissos com seus aliados, sobretudo o PMDB, cujo apoio foi decisivo para acabar com a hegemonia de 12 anos do PSDB no poder estadual. Os peemedebistas receberam algumas secretarias de governo, mas os ocupantes alegam que eram penalizados com a falta de recursos e vigiados permanentemente por petistas indicados pela própria Ana Júlia.

“A verdade é que nesses três anos e alguns meses nós nunca participamos do governo”, define Jader, acrescentando haver grande diferença entre participar de um governo, opinar sobre políticas de governo e ter pessoas empregadas no governo. “O que tivemos foi apenas isso: pessoas empregadas no governo”. Pelo tamanho do PMDB no Estado, inclusive decidindo eleições nos últimos 16 anos, Barbalho entende que não interessa ao partido ter vinte ou trinta pessoas empregadas no governo, que não opinam, não interferem na administração onde atuam, e que teriam sido “esvaziadas” ao longo do tempo.

A dura lição, diz o deputado, poderia ser resumida da seguinte maneira: “mesmo novamente correndo atrás do PMDB em busca de apoio, o que a governadora e a ala que a cerca não irão fazer quando tiverem alcançado mais quatro anos de governo sem precisar da reeleição?”

Segundo Barbalho, o problema na relação com Ana Júlia não ocorreu somente com o PMDB, mas com o próprio partido da governadora, o PT, que possui “várias alas”. Para ele, há um grupo petista que controla o partido e outro que controla o governo.

Perguntado se no caso de não lançar sua candidatura ao governo iria apoiar o ex-governador tucano Simão Jatene, o deputado foi taxativo: “tenho um bom relacionamento com ele, mas não é só com ele, e sim com lideranças de todos os partidos”.

Almir Gabriel: PSDB está ‘gagá e incapaz’
Jatene, porém, se quiser contar com eventual apoio de Barbalho terá primeiro que superar suas divergências dentro do PSDB com o seu padrinho político, o ex-governador por dois mandatos seguidos, Almir Gabriel.

Os dois atualmente sequer se cumprimentam e Gabriel luta para impedir que Jatene seja o candidato do partido.Gabriel acusa o ex-governador de ter feito “corpo mole” em 2006, permitindo que Ana Júlia e Barbalho, unidos, provocassem sua derrota nas urnas.

Ele não perdoa o fato de o PSDB ter feito nas urnas a maior bancada da Assembleia Legislativa, com dez deputados, e afirma que Jatene “não teve competência” para elegê-lo governador.“Foram erros e erros cometidos”, dispara. Gabriel recebeu o DIÁRIO em seu sítio, na Região Metropolitana de Belém, profetizando que Jatene não será candidato ao governo.

Sua certeza estaria baseada na suspeita de que o ex-governador “não goza de saúde” para suportar a campanha eleitoral. Revelou ter ouvido queixas no PSDB sobre a ausência de Jatene nos municípios onde são marcadas suas visitas.

Provocado, confessa que gostaria de disputar o governo. Diz que uma pesquisa encomendada pelo PSDB aponta que ele teria 32% de chances de vencer a convenção, contra 29% de Jatene. E culpa o presidente nacional do partido, o deputado Sérgio Guerra, por ter optado por um Jatene “mais simpático e bonitinho”. Demonstra mágoa com o PSDB, dizendo que o partido, por ele chamado de “oposição chapa-branca no Pará”, o considera “gagá e incapaz”, sem entender o motivo do alijamento.

TERCEIRA VIA?
A proposta de Gabriel é o PSDB apostar numa terceira via, indicando como cabeça de chapa ao governo, numa dobradinha com o PR, o vice-prefeito de Belém, Anivaldo Vale, alguém indicado pelo prefeito da capital, Duciomar Costa (PTB), ou até mesmo um nome do DEM. Dos democratas, destaca a ex-vice-governadora de Jatene, Valéria Pires Franco, a quem define como “revelação extraordinária da política paraense”.

‘PSDB FECHADO’Ouvido pelo DIÁRIO, Jatene evitou fazer críticas diretas a Gabriel. Observou, no entanto, que o colega de partido “não está bem”, sem entrar em detalhes. Apenas lamentou que seja alvo de declarações que “nada constroem” no momento em que o mais importante seria definir um “novo rumo” para o estado do Pará.

Mas Jatene nega não ter se empenhado em eleger Gabriel. O argumento é de que a eleição dele não ocorreu por circunstâncias alheias ao PSDB.Na verdade, faltaram votos suficientes para que Gabriel viesse a governar o Estado pela terceira vez.Jatene não quer falar do passado, de olho no presente. Diz que o PSDB está “todo fechado” com sua candidatura. Vai para a convenção com os votos de delegados de todo o interior. Só espera que Gabriel não se lance candidato na hora da convenção. Não vê qualquer sentido nisso.

SEM AGENDA
A governadora Ana Júlia Carepa, por intermédio de sua assessoria, informou que não tinha espaço na agenda para conceder entrevista ao DIÁRIO DO PARÁ.