Essa nova experiência que realizei, que consistiu em fazer uma viagem de motocicleta percorrendo todo o Brasil, sozinho, foi mais um aprendizado muito interessante, que acrescentou muita informação ao meu cabedal de conhecimentos. Foi mais que natural que eu tenha sentido muita falta da companhia de meu prezado amigo Jadir, meu companheiro na expedição anterior, o qual não pôde estar junto agora, pelos motivos que já expliquei em artigos e matérias anteriores. Ao sair de Itaituba, era a Expedição Cone Sul. Como mudei o itinerário, virou o Viajante Solitário da Expedição Brasil.
Nesta matéria eu vou fazer um resumo dos acontecimentos da expedição solitária, que no projeto inicial visava chegar até a cidade de Concepción, a mais atingida pelo terremoto de 27 de fevereiro, que atingiu o Chile. Antes, passaria pelo Uruguai e pela Argentina. Mas, o trajeto previamente estabelecido foi modificado no decorrer de seu percurso por motivos diversos que serão explicados oportunamente.
De qualquer forma, cheguei ao extremo Sul do Brasil, só não indo a Montevidéu, capital do Uruguai, porque uma forte frente fria estava baixando a temperatura naquele país, a qual chegou mais tarde ao Rio Grande do Sul, ao Paraná e a Santa Catarina. Para Montevidéu estava prevista uma temperatura de 9 graus, na quarta-feira, 21 de abril, quando eu deveria estar chegando lá. Isso é demais para um caboclo da Amazônia, acostumado a temperaturas elevadas, embora na Expedição Itaituba-Amazônia, eu e o Jadir tenhamos enfrentado temperaturas bem abaixo de 9 graus, coisa da qual não sinto a menor saudade. Dos lugares por onde andamos, sim; das temperaturas baixas, não.
A expedição que encerrei segunda-feira, 26 de abril, começou com a viagem de barco para Santarém, depois, novamente de barco para Belém, que para mim foi uma coisa nova, uma vez que mesmo com meus 59 anos completos, sendo caboclo nascido e criado nesta região, nunca tinha viajado de barco até a capital do nosso Estado. O lugar mais longe onde eu tinha ido de barco, tinha sido até Praínha.
Quando eu deixe a moto no barco Joana D’Arc, antes da viagem para Santarém, o alarme disparou até zerar a bateria. O resultado não foi nada bom, pois ao chegar à Pérola do Tapajós eu contratei dois carregadores para tirar a XTZ do barco, acertando que eles deveriam ajudar-me a fazer a moto pegar, empurrando-a. Tinha começado a chover quando iniciou nossa penitência. Eu já estava com pena dos caras, até que em dado momento ela pegou, para alívio deles, e meu também.
No barco grande que o pessoal chama de Navio Santarém eu embarquei no sábado, dia 3 de abril, com um dia de atraso, conquanto o dia da saída do mesmo seja sempre às sextas-feiras. Como era Semana Santa, o dono decidiu feriar e marcar a viagem para um dia depois de Sexta-feira da Paixão.
Graças ao querido amigo Ruy Correa, com quem trabalhei na Rádio Tropical de Santarém, consegui um belo desconto com seu tio Paulo Correa e dessa forma pude ir de camarote, o que além de mais confortável, foi muito mais seguro. No Navio Santarém o alarme disparou umas quatro vezes, porque as pessoas mexiam na moto. Não descarregou totalmente a bateria. Mesmo assim, não foi muito fácil fazê-la pegar quando desci em Belém.
No navio eu conheci três gringos que ajudaram bastante a passar o tempo. O Luke, um inglês que mora em Notinham, a terra onde se originou a lenda de Robin Hood, o qual trabalha com investimentos em bolsas. Ele só fala seu próprio idioma. A Francesca, uma italiana que trabalha onze meses por ano para viajar nas férias. Ela já passou uns tempos na Índia, no Nepal, no Vietnam e em outros países asiáticos. Estava fazendo sua primeira viagem pela América do Sul. Alem do italiano, ela fala muito bem, Inglês e Espanhol. E a Marieka, uma holandesa de 22 anos de idade, que está no quarto ano de medicina, que fala muito bem Inglês. Eu tive uma grande oportunidade para exercitar meus conhecimentos dos dois idiomas, Inglês e Espanhol.
Como a saída de Santarém atrasou algumas horas, furou a previsão de chegada a Belém na segunda-feira bem cedo. Chegamos somente aconteceu às onze da manhã, de segunda-feira, 05/04, o que aumentou o meu atraso da viagem em um dia e meio. Só consegui deixar o porto quando já passava de meio-dia, pois além do trabalho para fazer a moto pegar, ainda tive que amarrar a bagagem. Estava bastante destreinado.
Sair da cidade de Belém ao meio-dia, rumo à BR 316 não foi nada fácil. O trânsito estava muito complicado até chegar à Almirante Barroso. Chegando lá, mesmo precisando ser extremamente atencioso, pois estava começando naquele momento a enfrentar aquele tipo de fluxo, depois de um ano e meio de nossa expedição passada. Mas, uma vez na Almirante Barroso, com todo cuidado, a viagem começou a andar de verdade.
Até a entrada de Santa Isabel o tempo estava ajudando. Porém, assim que passei daquele local, uma chuva grossa me pegou pra valer. Foi o batismo na Expedição Brasil. Ainda bem que não foi demorada, mas, outras chuvas finas ainda me incomodariam até o final da noite, pois eu não colocara a capa até aquele momento.
Depois de Capanema eu tive a companhia de um motoqueiro, que é mototaxista naquela cidade paraense. Ele estava indo para Boa Vista do Gurupi, já do lado maranhense. Ele se chama José Cardoso e ia ver sua namorada. O cara namora longe de casa pra burro. Naquela cidade ele pediu para eu parar para ele pagar uma coca. Desejou-me boa viagem e eu não me demorei mais do que o tempo para tomar o refrigerante.
Depois de Maracaçuné, no Maranhão, vi o primeiro acidente. Que acidente terrível foi aquele! Uma jovem senhora da pequena cidade chamada Maranhãozinho, às margens da BR 316, que tinha ido passar o feriado da Semana Santa com seus pais, dirigia seu carro na direção de Belém. Em sentido contrário vinha outro automóvel com dois policiais civis de Maracaçuné. Numa reta, com asfalto bom, o carro dos policiais rodou. A senhora pegou o carro deles no meio, morrendo os três envolvidos no acidente, na hora. Se é que a gente só morre mesmo no dia determinado, aquele foi o dia daquelas três pessoas, pois não houve explicação razoável para o acidente.
Quando eu cheguei a Maranhãozinho estava começando a escurecer. Procurei alguém para pegar informações a respeito de hotel, pois não queria viajar à noite, de jeito nenhum. Um senhor mostrou-me onde tinha um e eu quis saber o por quê de tanto movimento num tempo da igreja Assembléia de Deus, que ficava bem perto do hotel. Ele me informou que a mulher que morreu no acidente teria seu corpo velado ali. Nessa hora eu decidi ir mais adiante, pois numa cidade pequena como aquela, o único assunto da noite e do dia seguinte seria aquele. Por essa razão eu rodei por mais quinze minutos até Presidente Médici.
Eu acho que estreei uma pousada que tinha acabo de ser inaugurada. É um lugar que foi feito para ser de alta rotatividade, mas, eu penso que ninguém tinha usado nenhum cômodo, pois a inauguração acontecera no domingo, um dia antes, com uma grande festa na qual foram vendidas 84 grades de cerveja. Nem o nome tinha sido pintado ainda.
No dia seguinte, em Santa Inez, onde eu parei para abastecer a moto e para tomar café, notei que se aproximava alguém muito parecido com um amigo de Itaituba, companheiro de muitas jornadas políticas nos tempos de Wirland Freire. Quando chegou mais perto, tanto eu tive certeza que se tratava de Chico Curica, como ele teve certeza que tinha encontrado mesmo do Jota Parente, tão distante de Itaituba. Ele me disse que estava fazendo linha de uma cidade vizinha para Santa Inez, estando satisfeito com o trabalho que estava fazendo.
Fui direto para Tianguá, onde tinha programado dormir. Cheguei lá às sete da noite, já com noite escura. Queria encontra Rita Parente, prima em segundo grau. Deu algum trabalho, mas encontrei. Estranhei a mudança de temperatura, pois em 1976, quando eu estive naquela cidade pela primeira vez, tive que me embrulhar com um cobertor grosso. Desta vez, um cobertor fininho resolveu o problema.
Na manhã seguinte de quarta-feira, 7 de abril, eu desci a Serra Grande, ou Serra de Ibiapaba, para fazer algumas visitas. A primeira delas foi a Ubaúna, onde moram irmãos e outros parentes de Luis Gomes, da LG Materiais Elétricos. O Chicó não estava, mas, eu consegui encontrar o Valdinar.
De Ubaúna fui direto para Mucambo, pequena cidade do Ceará onde residem os pais dos empresários Osmarino, Murilo, Nicodemus e Creuza Parente, cuja mãe tem o sobrenome Parente. Por coincidência, o Luzimar, irmão dos empresários citados, que morou muitos anos em Itaituba, estava com seus pais. Batemos um longo papo. O Luzimar disse para sua mãe que a raiz da família Parente naquela região do Ceará é uma só. Portanto, alguma dúvida que pudesse haver a respeito do nosso parentesco foi tirada nesse encontro que tivemos. Isso é coisa de quem tem o sangue nordestino, principalmente, sangue cearense como eu tenho. A gente gosta descobrir, de conhecer e de visitar os parentes, onde eles estiverem.
Depois de cumprida essa importante parte da agenda, o próximo passo seria chegar o mais depressa possível a Santa Cruz do Capibaribe, cidade que vive quase exclusivamente em função da produção de confecções. Não vou me alongar a respeito deste assunto, que merecerá uma reportagem especial na próxima edição do Jornal do Comércio, pois essa foi a razão de eu ter ido até lá. De qualquer modo, não posso deixar de registrar que fui muito bem tratado, recomendado que fui pelo empresário Jaime Sousa, da loja Império das Modas.
De Santa Cruz continuei descendo rumo ao Sul do País, parando somente para fazer algumas pelo caminho e para dormir. A exceção foi Cachoeiro do Itapemirim, cidade onde nasceu o Rei Roberto Carlos. Não poderia deixar de ir até a casa onde ele nasceu, a qual hoje faz parte do patrimônio histórico daquele município. Fiz várias fotos, peguei todas as informações que precisava e este assunto também vai ser motivo de uma matéria especial no Jornal do Comércio, com fotos que somente o JC tem em toda esta região. Quem gosta do Rei não perde por esperar.
A essa altura eu já tinha bastante pressa para voltar para casa, mas ainda havia muito chão pela frente. Por enquanto, não tinha mudado nada no projeto. Isso só aconteceu quando eu cheguei a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, quando parei para fazer um balanço da expedição. Vi que estava muito atrasado, embora nos últimos dias tivesse avançado bastante, passando a maior parte do dia em cima da moto. Foi lá que decidi que não iria mais até Concepción. No máximo chegaria à Argentina. Toquei para frente, tendo chegado a Bagé, no extremo sul do Brasil, às cinco horas da tarde do sábado, 17 de abril.
Até então eu continuava querendo ir ao Uruguai e à Argentina. Foi em Bagé que decidi cortar os dois países do roteiro para poder voltar logo para casa, pois Itaituba estava fervilhando com tantos acontecimentos no mundo político. O diploma de Roselito tinha sido cassado, tinha sobrado para Sílvio Macedo, que assumira o cargo de prefeito após a renúncia de Roselito Soares, enquanto Valmir aguardava a diplomação e a posse.
Rodei muito, pois comecei a viagem de volta na terça-feira, 20 de abril, tendo chegado a Belém do Pará, sábado, às quatro da tarde. Na quinta, 22, eu rodei 1046 km, tendo ficado o dia todo sentado na XTZ, parando somente para abastecer. Quando parei na cidade de Talismã, a primeira do Tocantins, ao Sul de Goiás, estava exausto. Segunda, 26 de abril, quando cheguei a Itaituba pela Trip, a festa da diplomação e posse do novo prefeito Valmir Clímaco já tinha terminado, uma vez que o vôo atrasou. Chegamos a Itaituba depois de dez da noite.
Como disse no começo, este foi apenas um ligeiro resumo do que aconteceu durante a viagem na qual fiz a volta pelo território brasileiro, fazendo o percurso de ida pela maravilhosa costa tupiniquim e retornando pelo centro do Brasil. Logo após o encerramento da série A Expedição, tintim por tintim, que deve ter mais dois ou três capítulos, o Jornal do Comércio iniciará a nova série intitulada O Viajante Solitário da Expedição Brasil.
Por fim, quero agradecer, mais uma vez, a todos os que participaram deste projeto como parceiros comerciais, cujos nomes o Jornal do Comércio muito honrou-se em divulgar em edições passadas. Não fosse por vocês, nada disso teria acontecido.
Muito obrigado a todos os que acreditaram, mais uma vez.
Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101
segunda-feira, maio 03, 2010
Itaituba tem o terceiro prefeito em 27 dias
Nunca, antes, na história política de Itaituba houve tanta alternância no poder como agora. Primeiro, foi Roselito Soares (PR), que resolveu desocupar a cadeira de prefeito, a qual ocupou por cinco anos e três meses, sob a alegação de que vai disputar a eleição para deputado estadual. Até o dia 30 de março passado ele cumpriu uma parte do mandato para o qual foi releleito, passando o cargo para o então vice-prefeito Sílvio Macedo (PP), que em condições normais deveria cumprir o restante do mandato.
Ocorre, que havia um processo no meio do caminho, o qual pediu que fosse cassado o diploma de Roselito Soares, referente ao segundo mandado, sob a acusação de abuso de poder econômico e abuso de poder político, julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral no dia 15 de abril deste ano. O TRE deu ga-nho à coligação Frente de Trabalho, por quatro votos a um, cujo candidato a prefeito foi Valmir Clímaco. Dessa forma, Valmir foi o terceiro prefeito a ocupar o cargo em apenas 27 dias.
Esse processo vinha se arrastando desde de setembro de 2008, a partir do momento em que foi flagrada a distribuição de cestas básicas dentro da Secretaria Municipal de Ação Social, cuja titular era a senhora Margarete Soares da Silva, a qual estava à frente da distribuição.
Em Itaituba Valmir perdeu. Tanto o Ministério Público Eleitoral, como o juiz titular da 34ª Zona Eleitoral, naquele momento, Dr. Arnaldo Albuquerque consideraram que não havia provas suficientes para que se processe a cassação.
Estava caminhando para um ano que o processo aguardava julgamento em Belém. Depois de muitos adiamentos, muita protelação conseguidos por meio de recursos protelatórios dos advogados de Roselito, finalmente chegou o tão esperado dia, o dia em que Itaituba parou depois que o resultado foi anunciado.
Roselito não detinha mais o cargo de prefeito, do qual abdicou. Após o julgamento, também já tinha mais seus direitos políticosm, porque o TRE aplicou a pena da suspensão dos mesmos por três anos, o que de imediato lhe tornou inelegíver. Em tese ele não poderá disputar a eleição para deputado estadual, mas, isso ainda pode ser mudar.
Ação Cautelar - Os advogados Manoel Machado e Hélio Martins, que defenderam Roselito Soares, representando Sílvio Macedo, tentaram uma medida cautelar, que teria efeito de liminar, se tivesse procedência. Pedia o recurso, que Sílvio fosse mantido no cargo de prefeito, até que fosse julgado o recurso de sua coligação, em Brasília.
Juiz federal Daniel Santos Rocha Sobral foi designado pelo TRE como relator desse processo. Ele decidiu e os outros membros da Corte acompanharam, pelo arquivamento, nem recebendo o processo, nem a produção de provas, porque o mesmo não preenchia as condições previstas em leis. Não tinha provimento legal.
Pedia o recurso, a manutenção de Sílvio Macedo no cargo, mas, a cassação do diploma de Roselito Soares foi tanto por abuso de poder econômico, como poder político, de acordo com a decisão do TRE por 4x1, com base no artigo 41 A da Lei Eleitoral 9.504/97.
Agora, só cabe recurso ordinário ao TSE em Brasília. Advogados consultados pelo Jornal do Comércio sobre o caso foram unânimes em dizer que acreditam que Roselito vai trabalhar e vai torcer para que o recurso que deverá impetrar junto ao Tribunal Superior Eleitoral não seja julgado tão cedo. Pelo menos, até outubro de 2011, quando terminará a pena imposta pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará.
Caso seja eleito deputado estadual - pois deverá concorrer Sub Judice - o interesse será que não seja haja julgamento do processo até outubro de 2011. Caso venha mesmo a disputar a eleição para deputado estadual, elegendo-se, perderá o cargo se houver julgamento e se o resultado lhe for contrário.
Valmir Clímaco assumiu o cargo de prefeito sem ter tido tempo suficiente para discutir com seus aliados a formação de uma equipe de trabalho que pudesse dar andamento, sem maiores traumas, ao dia a dia da Prefeitura, para que a máquina do município não sofresse solução de continuidade. Até mesmo o perído do mês em que assumiu foi o menos indicado, pois estava perto do final do mês, momento em que é depositado o pagamento dos servidores municipais. Para acabar de completar, ainda houve um problema no sistema de informática, o que atrapalhou a finalização da folha de pagamentos. Todavia, algo positivo a ser destacado é o fato do novo prefeito não gastar o tempo para ficar falando mal de seus antecessores, preferindo arregaçar as mangas e começar a fazer o que tem que ser feito.
Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101
Ocorre, que havia um processo no meio do caminho, o qual pediu que fosse cassado o diploma de Roselito Soares, referente ao segundo mandado, sob a acusação de abuso de poder econômico e abuso de poder político, julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral no dia 15 de abril deste ano. O TRE deu ga-nho à coligação Frente de Trabalho, por quatro votos a um, cujo candidato a prefeito foi Valmir Clímaco. Dessa forma, Valmir foi o terceiro prefeito a ocupar o cargo em apenas 27 dias.
Esse processo vinha se arrastando desde de setembro de 2008, a partir do momento em que foi flagrada a distribuição de cestas básicas dentro da Secretaria Municipal de Ação Social, cuja titular era a senhora Margarete Soares da Silva, a qual estava à frente da distribuição.
Em Itaituba Valmir perdeu. Tanto o Ministério Público Eleitoral, como o juiz titular da 34ª Zona Eleitoral, naquele momento, Dr. Arnaldo Albuquerque consideraram que não havia provas suficientes para que se processe a cassação.
Estava caminhando para um ano que o processo aguardava julgamento em Belém. Depois de muitos adiamentos, muita protelação conseguidos por meio de recursos protelatórios dos advogados de Roselito, finalmente chegou o tão esperado dia, o dia em que Itaituba parou depois que o resultado foi anunciado.
Roselito não detinha mais o cargo de prefeito, do qual abdicou. Após o julgamento, também já tinha mais seus direitos políticosm, porque o TRE aplicou a pena da suspensão dos mesmos por três anos, o que de imediato lhe tornou inelegíver. Em tese ele não poderá disputar a eleição para deputado estadual, mas, isso ainda pode ser mudar.
Ação Cautelar - Os advogados Manoel Machado e Hélio Martins, que defenderam Roselito Soares, representando Sílvio Macedo, tentaram uma medida cautelar, que teria efeito de liminar, se tivesse procedência. Pedia o recurso, que Sílvio fosse mantido no cargo de prefeito, até que fosse julgado o recurso de sua coligação, em Brasília.
Juiz federal Daniel Santos Rocha Sobral foi designado pelo TRE como relator desse processo. Ele decidiu e os outros membros da Corte acompanharam, pelo arquivamento, nem recebendo o processo, nem a produção de provas, porque o mesmo não preenchia as condições previstas em leis. Não tinha provimento legal.
Pedia o recurso, a manutenção de Sílvio Macedo no cargo, mas, a cassação do diploma de Roselito Soares foi tanto por abuso de poder econômico, como poder político, de acordo com a decisão do TRE por 4x1, com base no artigo 41 A da Lei Eleitoral 9.504/97.
Agora, só cabe recurso ordinário ao TSE em Brasília. Advogados consultados pelo Jornal do Comércio sobre o caso foram unânimes em dizer que acreditam que Roselito vai trabalhar e vai torcer para que o recurso que deverá impetrar junto ao Tribunal Superior Eleitoral não seja julgado tão cedo. Pelo menos, até outubro de 2011, quando terminará a pena imposta pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará.
Caso seja eleito deputado estadual - pois deverá concorrer Sub Judice - o interesse será que não seja haja julgamento do processo até outubro de 2011. Caso venha mesmo a disputar a eleição para deputado estadual, elegendo-se, perderá o cargo se houver julgamento e se o resultado lhe for contrário.
Valmir Clímaco assumiu o cargo de prefeito sem ter tido tempo suficiente para discutir com seus aliados a formação de uma equipe de trabalho que pudesse dar andamento, sem maiores traumas, ao dia a dia da Prefeitura, para que a máquina do município não sofresse solução de continuidade. Até mesmo o perído do mês em que assumiu foi o menos indicado, pois estava perto do final do mês, momento em que é depositado o pagamento dos servidores municipais. Para acabar de completar, ainda houve um problema no sistema de informática, o que atrapalhou a finalização da folha de pagamentos. Todavia, algo positivo a ser destacado é o fato do novo prefeito não gastar o tempo para ficar falando mal de seus antecessores, preferindo arregaçar as mangas e começar a fazer o que tem que ser feito.
Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101
Constitucionalidade do Ficha Limpa pode ser contestada no STF
Priscilla MazenottiRepórter da Agência Brasil
Brasília - O Projeto Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de pessoas com condenações por órgãos colegiados, pode ter a constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal. A Constituição estabelece a presunção de inocência, em que ninguém é considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença, com todas as possibilidades de recurso.
“O fato é que o projeto atenta à Constituição. Você não pode cassar o direito das pessoas até que se esgotem todas as instâncias. E isso é uma declaração de falência do Judiciário. Por mais que eu seja simpático à ideia, ela não tem chance de prosperar”, disse o cientista político da Universidade de Brasília (unB) Leonardo Barreto.
A Lei Complementar 64/90 estabelece as hipóteses de inelegibilidade como forma de proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato com base na análise da vida pregressa do candidato. Para o cientista político, bastaria que a Lei de Inelegibilidade fosse cumprida para que o impasse estivesse resolvido. “Essa história toda revela que o Judiciário não cumpre seu papel, não julga ninguém e, em um ato quase que desesperado, a sociedade tenta mudar a lei.”
O assessor jurídico da Mesa Diretora da Câmara Fábio Ramos concorda que o assunto pode parar no STF. Mas, para ele, tem havido uma relativização da matéria julgada, que pode alterar a interpretação do projeto. “O Supremo tem feito uma dosagem dos princípios da presunção de inocência até o trânsito em julgado porque, às vezes, um princípio invade outro princípio constitucional, que é o da representatividade do povo. E esse é o dilema da sociedade: permitir que essas pessoas assumam como representares do povo, permitir que concorram tendo uma ficha limpa ou não.”
Amanhã (4), a Câmara deverá analisar o pedido de urgência para o projeto. Com isso, as 28 emendas apresentadas ao texto serão votadas diretamente no plenário. Em seguida, o mérito do projeto será decidido em dois turnos de votação com aprovação de maioria absoluta da Casa.
A proposta é fruto de iniciativa popular.
Comandado por movimentos contra a corrupção eleitoral e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram recolhidas mais de 1,6 milhão de assinaturas de apoio ao projeto. Inicialmente, o projeto proibia a candidatura de pessoas com qualquer condenação criminal em primeira instância, mas, grupo de trabalho criado para analisar a proposta alterou o texto. Se aprovado, ficarão impedidos de se candidatar os políticos que tenham tido condenações por órgão colegiado.
Meu comentário: Fazer o que, gente. Sou 100% a favor do movimento em favor de candidatos com ficha limpa, mas, não há como ser contra a Constituição. Pelo menos, para quem provou dos tempos duros da ditadura militar, como eu e outros colegas da época.
Brasília - O Projeto Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de pessoas com condenações por órgãos colegiados, pode ter a constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal. A Constituição estabelece a presunção de inocência, em que ninguém é considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença, com todas as possibilidades de recurso.
“O fato é que o projeto atenta à Constituição. Você não pode cassar o direito das pessoas até que se esgotem todas as instâncias. E isso é uma declaração de falência do Judiciário. Por mais que eu seja simpático à ideia, ela não tem chance de prosperar”, disse o cientista político da Universidade de Brasília (unB) Leonardo Barreto.
A Lei Complementar 64/90 estabelece as hipóteses de inelegibilidade como forma de proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato com base na análise da vida pregressa do candidato. Para o cientista político, bastaria que a Lei de Inelegibilidade fosse cumprida para que o impasse estivesse resolvido. “Essa história toda revela que o Judiciário não cumpre seu papel, não julga ninguém e, em um ato quase que desesperado, a sociedade tenta mudar a lei.”
O assessor jurídico da Mesa Diretora da Câmara Fábio Ramos concorda que o assunto pode parar no STF. Mas, para ele, tem havido uma relativização da matéria julgada, que pode alterar a interpretação do projeto. “O Supremo tem feito uma dosagem dos princípios da presunção de inocência até o trânsito em julgado porque, às vezes, um princípio invade outro princípio constitucional, que é o da representatividade do povo. E esse é o dilema da sociedade: permitir que essas pessoas assumam como representares do povo, permitir que concorram tendo uma ficha limpa ou não.”
Amanhã (4), a Câmara deverá analisar o pedido de urgência para o projeto. Com isso, as 28 emendas apresentadas ao texto serão votadas diretamente no plenário. Em seguida, o mérito do projeto será decidido em dois turnos de votação com aprovação de maioria absoluta da Casa.
A proposta é fruto de iniciativa popular.
Comandado por movimentos contra a corrupção eleitoral e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram recolhidas mais de 1,6 milhão de assinaturas de apoio ao projeto. Inicialmente, o projeto proibia a candidatura de pessoas com qualquer condenação criminal em primeira instância, mas, grupo de trabalho criado para analisar a proposta alterou o texto. Se aprovado, ficarão impedidos de se candidatar os políticos que tenham tido condenações por órgão colegiado.
Meu comentário: Fazer o que, gente. Sou 100% a favor do movimento em favor de candidatos com ficha limpa, mas, não há como ser contra a Constituição. Pelo menos, para quem provou dos tempos duros da ditadura militar, como eu e outros colegas da época.
Cobranças sobre a Copa Ouro
Tenho recebido algumas cobranças de leitores de fora de Itaituba sobre a não veiculação de notícias da Copa Ouro 2010.
O motivo foi minha ausência de Itaituba durante quase um mês. Somente agora estou tomando pé de muitas coisas que acontecem na cidade, e a Copa Ouro é uma delas. A partir de amanhã deverei voltar a fazer comentários de jogos da competição pela Rádio Itaituba, o que me deixará inteirado sobre o que acontece nesse importante evento esportivo da região.
O motivo foi minha ausência de Itaituba durante quase um mês. Somente agora estou tomando pé de muitas coisas que acontecem na cidade, e a Copa Ouro é uma delas. A partir de amanhã deverei voltar a fazer comentários de jogos da competição pela Rádio Itaituba, o que me deixará inteirado sobre o que acontece nesse importante evento esportivo da região.
Fifa mostra preocupação com 2014: 'É incrível como o Brasil está atrasado'
Jerome Valcke, secretário-geral da entidade, pede urgência nas obras para o Mundial: 'O Brasil não está no caminho certo'
O assunto causa muita preocupação na Fifa, que cobra urgência ao Brasil. Nesta segunda, o secretário-geral, Jerome Valcke, se mostrou preocupado com os preparativos brasileiros para o Mundial de 2014, não apenas com estádios, mas também com obras de infraestrutura, como aeroportos.
Após evento em Joanesburgo no qual a Fifa distribuiu ingressos aos operários que trabalharam na construção dos estádios da Copa da África do Sul, Valcke não poupou palavras para puxar as orelhas do Brasil. - Recebi alguns relatórios sobre estádios e não está nada bom. É incrível como o Brasil está atrasado, e não estou falando apenas de Morumbi ou Maracanã, mas de todos os estádios. Muitos dos prazos já expiraram, e nada aconteceu. O Brasil não está no caminho certo - disse Valcke, em entrevista a jornalistas brasileiros que acompanhavam o evento.
Ironia com o carnaval
O secretário-geral mostrou estar muito por dentro do que acontece no Brasil e usou de certa ironia ao citar o carnaval como um dos obstáculos para o andamento dos preparativos no país. - O Brasil está há muito tempo querendo uma Copa, mas agora tem que se mexer. Tem de fazer isso pela América do Sul, não só pelo Brasil. A Copa é amanhã de manhã. Este ano há eleições, para tudo. Ano que vem, carnaval, para de novo. É preciso aproveitar o tempo disponível para fazer as coisas.
'É hora de agir', diz
Valcke lembrou que Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do Comitê Organizador 2014, assim como Orlando Silva, ministro do Esporte, estão preocupados. - Não adianta ficar mandando cartas. Muito pouca coisa foi feita. É hora de agir - disse Valcke, referindo-se ao fato de Ricardo Teixeira ter enviado por escrito sua preocupação com os prazos para cada uma das cidades-sede da Copa de 2014.
Sem chance de o Brasil perder o direito de sediar a Copa 2014
Apesar de nitidamente insatisfeito e preocupado, o secretário-geral da Fifa descartou qualquer hipótese de o Brasil perder o direito de receber a Copa de 2014. Ainda, disse que as 12 cidades-sede devem ser mantidas (a Fifa sempre quis dez, no máximo). - As pessoas questionaram muito a Copa na África, mas o Brasil está mostrando que é muito difícil fazer uma por lá também. Vocês têm a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas têm de fazer por onde - finalizou. (G1)
O assunto causa muita preocupação na Fifa, que cobra urgência ao Brasil. Nesta segunda, o secretário-geral, Jerome Valcke, se mostrou preocupado com os preparativos brasileiros para o Mundial de 2014, não apenas com estádios, mas também com obras de infraestrutura, como aeroportos.
Após evento em Joanesburgo no qual a Fifa distribuiu ingressos aos operários que trabalharam na construção dos estádios da Copa da África do Sul, Valcke não poupou palavras para puxar as orelhas do Brasil. - Recebi alguns relatórios sobre estádios e não está nada bom. É incrível como o Brasil está atrasado, e não estou falando apenas de Morumbi ou Maracanã, mas de todos os estádios. Muitos dos prazos já expiraram, e nada aconteceu. O Brasil não está no caminho certo - disse Valcke, em entrevista a jornalistas brasileiros que acompanhavam o evento.
Ironia com o carnaval
O secretário-geral mostrou estar muito por dentro do que acontece no Brasil e usou de certa ironia ao citar o carnaval como um dos obstáculos para o andamento dos preparativos no país. - O Brasil está há muito tempo querendo uma Copa, mas agora tem que se mexer. Tem de fazer isso pela América do Sul, não só pelo Brasil. A Copa é amanhã de manhã. Este ano há eleições, para tudo. Ano que vem, carnaval, para de novo. É preciso aproveitar o tempo disponível para fazer as coisas.
'É hora de agir', diz
Valcke lembrou que Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do Comitê Organizador 2014, assim como Orlando Silva, ministro do Esporte, estão preocupados. - Não adianta ficar mandando cartas. Muito pouca coisa foi feita. É hora de agir - disse Valcke, referindo-se ao fato de Ricardo Teixeira ter enviado por escrito sua preocupação com os prazos para cada uma das cidades-sede da Copa de 2014.
Sem chance de o Brasil perder o direito de sediar a Copa 2014
Apesar de nitidamente insatisfeito e preocupado, o secretário-geral da Fifa descartou qualquer hipótese de o Brasil perder o direito de receber a Copa de 2014. Ainda, disse que as 12 cidades-sede devem ser mantidas (a Fifa sempre quis dez, no máximo). - As pessoas questionaram muito a Copa na África, mas o Brasil está mostrando que é muito difícil fazer uma por lá também. Vocês têm a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas têm de fazer por onde - finalizou. (G1)
domingo, maio 02, 2010
Eleições: PT e PMDB disputam Dilma no Pará
Diário do Pará - As desavenças políticas entre PT e PMDB no Pará poderão criar um fato inusitado na eleição de outubro, quando os dois partidos, aliados no plano nacional, tiverem que receber no Estado a pré-candidata a presidente da República, Dilma Rousseff: dois palanques para ela, um da governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o outro do deputado federal Jader Barbalho (PMDB). O PMDB defende abertamente o rompimento com a governadora e estimula Jader a enfrentá-la nas urnas como candidato ao governo.
A governadora é acusada de não honrar os compromissos com seus aliados, sobretudo o PMDB, cujo apoio foi decisivo para acabar com a hegemonia de 12 anos do PSDB no poder estadual. Os peemedebistas receberam algumas secretarias de governo, mas os ocupantes alegam que eram penalizados com a falta de recursos e vigiados permanentemente por petistas indicados pela própria Ana Júlia.
“A verdade é que nesses três anos e alguns meses nós nunca participamos do governo”, define Jader, acrescentando haver grande diferença entre participar de um governo, opinar sobre políticas de governo e ter pessoas empregadas no governo. “O que tivemos foi apenas isso: pessoas empregadas no governo”. Pelo tamanho do PMDB no Estado, inclusive decidindo eleições nos últimos 16 anos, Barbalho entende que não interessa ao partido ter vinte ou trinta pessoas empregadas no governo, que não opinam, não interferem na administração onde atuam, e que teriam sido “esvaziadas” ao longo do tempo.
A dura lição, diz o deputado, poderia ser resumida da seguinte maneira: “mesmo novamente correndo atrás do PMDB em busca de apoio, o que a governadora e a ala que a cerca não irão fazer quando tiverem alcançado mais quatro anos de governo sem precisar da reeleição?”
Segundo Barbalho, o problema na relação com Ana Júlia não ocorreu somente com o PMDB, mas com o próprio partido da governadora, o PT, que possui “várias alas”. Para ele, há um grupo petista que controla o partido e outro que controla o governo.
Perguntado se no caso de não lançar sua candidatura ao governo iria apoiar o ex-governador tucano Simão Jatene, o deputado foi taxativo: “tenho um bom relacionamento com ele, mas não é só com ele, e sim com lideranças de todos os partidos”.
Almir Gabriel: PSDB está ‘gagá e incapaz’
Jatene, porém, se quiser contar com eventual apoio de Barbalho terá primeiro que superar suas divergências dentro do PSDB com o seu padrinho político, o ex-governador por dois mandatos seguidos, Almir Gabriel.
Os dois atualmente sequer se cumprimentam e Gabriel luta para impedir que Jatene seja o candidato do partido.Gabriel acusa o ex-governador de ter feito “corpo mole” em 2006, permitindo que Ana Júlia e Barbalho, unidos, provocassem sua derrota nas urnas.
Ele não perdoa o fato de o PSDB ter feito nas urnas a maior bancada da Assembleia Legislativa, com dez deputados, e afirma que Jatene “não teve competência” para elegê-lo governador.“Foram erros e erros cometidos”, dispara. Gabriel recebeu o DIÁRIO em seu sítio, na Região Metropolitana de Belém, profetizando que Jatene não será candidato ao governo.
Sua certeza estaria baseada na suspeita de que o ex-governador “não goza de saúde” para suportar a campanha eleitoral. Revelou ter ouvido queixas no PSDB sobre a ausência de Jatene nos municípios onde são marcadas suas visitas.
Provocado, confessa que gostaria de disputar o governo. Diz que uma pesquisa encomendada pelo PSDB aponta que ele teria 32% de chances de vencer a convenção, contra 29% de Jatene. E culpa o presidente nacional do partido, o deputado Sérgio Guerra, por ter optado por um Jatene “mais simpático e bonitinho”. Demonstra mágoa com o PSDB, dizendo que o partido, por ele chamado de “oposição chapa-branca no Pará”, o considera “gagá e incapaz”, sem entender o motivo do alijamento.
TERCEIRA VIA?
A proposta de Gabriel é o PSDB apostar numa terceira via, indicando como cabeça de chapa ao governo, numa dobradinha com o PR, o vice-prefeito de Belém, Anivaldo Vale, alguém indicado pelo prefeito da capital, Duciomar Costa (PTB), ou até mesmo um nome do DEM. Dos democratas, destaca a ex-vice-governadora de Jatene, Valéria Pires Franco, a quem define como “revelação extraordinária da política paraense”.
‘PSDB FECHADO’Ouvido pelo DIÁRIO, Jatene evitou fazer críticas diretas a Gabriel. Observou, no entanto, que o colega de partido “não está bem”, sem entrar em detalhes. Apenas lamentou que seja alvo de declarações que “nada constroem” no momento em que o mais importante seria definir um “novo rumo” para o estado do Pará.
Mas Jatene nega não ter se empenhado em eleger Gabriel. O argumento é de que a eleição dele não ocorreu por circunstâncias alheias ao PSDB.Na verdade, faltaram votos suficientes para que Gabriel viesse a governar o Estado pela terceira vez.Jatene não quer falar do passado, de olho no presente. Diz que o PSDB está “todo fechado” com sua candidatura. Vai para a convenção com os votos de delegados de todo o interior. Só espera que Gabriel não se lance candidato na hora da convenção. Não vê qualquer sentido nisso.
SEM AGENDA
A governadora Ana Júlia Carepa, por intermédio de sua assessoria, informou que não tinha espaço na agenda para conceder entrevista ao DIÁRIO DO PARÁ.
A governadora é acusada de não honrar os compromissos com seus aliados, sobretudo o PMDB, cujo apoio foi decisivo para acabar com a hegemonia de 12 anos do PSDB no poder estadual. Os peemedebistas receberam algumas secretarias de governo, mas os ocupantes alegam que eram penalizados com a falta de recursos e vigiados permanentemente por petistas indicados pela própria Ana Júlia.
“A verdade é que nesses três anos e alguns meses nós nunca participamos do governo”, define Jader, acrescentando haver grande diferença entre participar de um governo, opinar sobre políticas de governo e ter pessoas empregadas no governo. “O que tivemos foi apenas isso: pessoas empregadas no governo”. Pelo tamanho do PMDB no Estado, inclusive decidindo eleições nos últimos 16 anos, Barbalho entende que não interessa ao partido ter vinte ou trinta pessoas empregadas no governo, que não opinam, não interferem na administração onde atuam, e que teriam sido “esvaziadas” ao longo do tempo.
A dura lição, diz o deputado, poderia ser resumida da seguinte maneira: “mesmo novamente correndo atrás do PMDB em busca de apoio, o que a governadora e a ala que a cerca não irão fazer quando tiverem alcançado mais quatro anos de governo sem precisar da reeleição?”
Segundo Barbalho, o problema na relação com Ana Júlia não ocorreu somente com o PMDB, mas com o próprio partido da governadora, o PT, que possui “várias alas”. Para ele, há um grupo petista que controla o partido e outro que controla o governo.
Perguntado se no caso de não lançar sua candidatura ao governo iria apoiar o ex-governador tucano Simão Jatene, o deputado foi taxativo: “tenho um bom relacionamento com ele, mas não é só com ele, e sim com lideranças de todos os partidos”.
Almir Gabriel: PSDB está ‘gagá e incapaz’
Jatene, porém, se quiser contar com eventual apoio de Barbalho terá primeiro que superar suas divergências dentro do PSDB com o seu padrinho político, o ex-governador por dois mandatos seguidos, Almir Gabriel.
Os dois atualmente sequer se cumprimentam e Gabriel luta para impedir que Jatene seja o candidato do partido.Gabriel acusa o ex-governador de ter feito “corpo mole” em 2006, permitindo que Ana Júlia e Barbalho, unidos, provocassem sua derrota nas urnas.
Ele não perdoa o fato de o PSDB ter feito nas urnas a maior bancada da Assembleia Legislativa, com dez deputados, e afirma que Jatene “não teve competência” para elegê-lo governador.“Foram erros e erros cometidos”, dispara. Gabriel recebeu o DIÁRIO em seu sítio, na Região Metropolitana de Belém, profetizando que Jatene não será candidato ao governo.
Sua certeza estaria baseada na suspeita de que o ex-governador “não goza de saúde” para suportar a campanha eleitoral. Revelou ter ouvido queixas no PSDB sobre a ausência de Jatene nos municípios onde são marcadas suas visitas.
Provocado, confessa que gostaria de disputar o governo. Diz que uma pesquisa encomendada pelo PSDB aponta que ele teria 32% de chances de vencer a convenção, contra 29% de Jatene. E culpa o presidente nacional do partido, o deputado Sérgio Guerra, por ter optado por um Jatene “mais simpático e bonitinho”. Demonstra mágoa com o PSDB, dizendo que o partido, por ele chamado de “oposição chapa-branca no Pará”, o considera “gagá e incapaz”, sem entender o motivo do alijamento.
TERCEIRA VIA?
A proposta de Gabriel é o PSDB apostar numa terceira via, indicando como cabeça de chapa ao governo, numa dobradinha com o PR, o vice-prefeito de Belém, Anivaldo Vale, alguém indicado pelo prefeito da capital, Duciomar Costa (PTB), ou até mesmo um nome do DEM. Dos democratas, destaca a ex-vice-governadora de Jatene, Valéria Pires Franco, a quem define como “revelação extraordinária da política paraense”.
‘PSDB FECHADO’Ouvido pelo DIÁRIO, Jatene evitou fazer críticas diretas a Gabriel. Observou, no entanto, que o colega de partido “não está bem”, sem entrar em detalhes. Apenas lamentou que seja alvo de declarações que “nada constroem” no momento em que o mais importante seria definir um “novo rumo” para o estado do Pará.
Mas Jatene nega não ter se empenhado em eleger Gabriel. O argumento é de que a eleição dele não ocorreu por circunstâncias alheias ao PSDB.Na verdade, faltaram votos suficientes para que Gabriel viesse a governar o Estado pela terceira vez.Jatene não quer falar do passado, de olho no presente. Diz que o PSDB está “todo fechado” com sua candidatura. Vai para a convenção com os votos de delegados de todo o interior. Só espera que Gabriel não se lance candidato na hora da convenção. Não vê qualquer sentido nisso.
SEM AGENDA
A governadora Ana Júlia Carepa, por intermédio de sua assessoria, informou que não tinha espaço na agenda para conceder entrevista ao DIÁRIO DO PARÁ.
As "rosas e as pedras" no caminho de um grande partido, o PMDB
É possível que Jader Barbalho venha a enfrentar, nestas eleições, um dos maiores testes de liderança de sua trajetória.Até porque, no cipoal de interesses em jogo, é quase impossível ter uma imagem veraz das circunstâncias que determinarão as suas próximas cartadas.
Há questões complicadíssimas que Jader terá de responder, com um bom grau de certeza, apesar desse cipoal.A primeira é o tamanho da relutância das bases peemedebistas a um eventual acordo com o PT, ou até mesmo com o PSDB.
A segunda é a probabilidade de as lideranças peemedebistas contornarem tal relutância, caso a decisão da cúpula contrarie o desejo das bases partidárias.A terceira é quanto às condições materiais, objetivas, para uma eventual candidatura ao Governo - e as chances efetivas de sucesso.
A quarta é o tamanho do estrago nos interesses nacionais de Jader, a partir de uma candidatura própria ou do apoio local ao PSDB.O problema é que são tantos os jogadores a puxar a sardinha para a própria brasa, que o terreno em que se pisa, ao se tentar responder a tais perguntas, pode acabar se revelando uma armadilha, mesmo para o instinto e o olhar aguçado de um Jader Barbalho.
No entanto, é da resposta a essas perguntas que dependerá o acerto da próxima cartada desse grande jogador.“Para Jader, ocupar o Governo novamente seria como casar com a mesma mulher pela terceira vez – e ainda ter de brigar para casar”, diz-me uma fonte peemedebista.
O problema, observa, é que pesa sobre os ombros do velho cacique peemedebista “o ônus da liderança”.Em outras palavras: a cobrança de seus liderados para que seja, novamente, candidato a governador.
“É como em 1998. O Jader não queria ser candidato, mas foi - pelo partido. Ele não tinha a menor vontade de fazer campanha e todo o projeto dele era nacional. Além disso, ele havia recebido uma proposta irrecusável de Almir Gabriel: a metade do Governo Estadual, todos os cargos federais, o Senado e a vice e, ainda por cima, ajuda financeira ao PMDB”, recorda.
Ele não estaria inclinado a se aliar nem ao PT, nem ao PSDB, por considerar os problemas do PMDB com as duas legendas.Daí que Jader estaria a analisar “com a maior serenidade” todas as circunstâncias das quais dependem uma eventual candidatura ao governo.
E faz isso enquanto devora “As Rosas e Pedras de Meu Caminho”, livro de memórias do jornalista (e político) Carlos Lacerda...Uma parruda Mega-SenaNos arraiais peemedebistas há quem calcule que uma campanha ao Governo de um candidato como Jader não sairia por menos de R$ 40 milhões, o equivalente a uma Mega-Sena bem parruda.
E olhem que se está a falar de um candidato conhecido, com um partido de grande capilaridade e que jamais enfrentaria essa parada sem uma forte coalizão.Nesta semana, uma liderança peemedebista me falou sobre as dificuldades de cada alternativa diante de Jader.
“Como vamos subir no palanque do Jatene e pedir votos para Dilma?” Como você acha que a direção nacional do PT veria isso?”– indaga.“Mas, também é muito difícil recuperar a relação com a Ana, com o nível a que chegou a distensão. Mesmo quando a gente sai em lua de mel, tem porrada em cima do palanque. Agora, imagine o PMDB e o PT, hoje, em cima do mesmo palanque. E imagine isso, principalmente, no interior”- salienta.
Quer dizer, haveria dificuldades “de lógica diferente”, mas, proporcionalmente idênticas, quer para uma aliança com o PT, quer para uma aliança com o PSDB. Daí que essa liderança peemedebista defenda, ardorosamente, uma candidatura própria.
Mas aí surge outro problemão: onde arranjar dinheiro para a campanha?“A falta de dinheiro é a dificuldade, embora já tenhamos alguma possibilidade de adquirir; embora a gente já comece a enxergar alguma coisa”, desconversa.No entanto, observa mais adiante: o PMDB não desistiu da hipótese da terceira via.
Campanha nacional
Ao longo de doze anos de tucanato, os peemedebistas comeram o pão que o diabo amassou.Mesmo durante o governo do democrático Simão Jatene, suas prefeituras e a bancada estadual foram lipoaspiradas de tal maneira que até o fidelíssimo Bira Barbosa acabou trocando de canoa.
Do grupo de comunicação dos Barbalho, então, nem se fala: a tentativa de asfixia atingiu das verbas de propaganda ao noticiário, já que era proibido repassar ao grupo até uma simples sugestão de pauta.
O problema é que os peemedebistas também penaram, e muito, nestes três anos de PT – ao ponto de reclamarem de falta de dinheiro até para o pagamento das contas de luz, em secretaria sob seu comando.
É verdade que mantiveram muitos DAS – mas, perderam a esperança. Em outras palavras: a frustração que sentem é proporcional à empolgação que demonstravam, em 2006, após doze anos de vacas magras.
É pouco provável, no entanto, que o PMDB se alie a Jatene, uma vez que a solidez do palanque de Dilma Rousseff no Norte e Nordeste vai se transformando numa questão de vida ou morte para o PT nacional.
Nos bastidores políticos, o que se diz é que a própria ida da governadora Ana Júlia Carepa à casa de Jader, na última segunda-feira, pode ter sido motivada por isso.
No sábado, antes de embarcar para Recife, diz-me uma fonte, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, teria mantido um diálogo “muito duro” com a governadora, para mostrar-lhe as dificuldades da campanha de Dilma.
“Há uma preocupação muito grande do PT nacional, porque a vitória da Dilma só se configura no Norte e Nordeste” – contou-me a fonte – “E se o Serra colocar 60% a 40% em São Paulo, as coisas complicam. São uns cinco milhões de votos e, no Rio, se considera que a coisa será neutra. A grande aposta é o Norte e Nordeste.
E, se rachar, a vaca vai pro brejo. Aliás, no Amazonas, onde o PT contava com um milhão de votos de diferença, já rachou”.Uma proposta tentadoraMas, a improbabilidade de fechamento com os tucanos, não coloca o PMDB, necessariamente, nos braços do PT.
Por isso, talvez, a proposta tentadora apresentada pelos petistas aos peemedebistas: dinheiro, máquina, para a campanha – ou seja, uma verdadeira sacola de bondades, nestes tempos bicudos em que os financiadores rareiam, por medo de escândalos.
“A nossa proposta para eles passa pelos interesses naturais de um partido de ampliar as suas bases e bancadas. E isso não é ilegítimo”, diz uma fonte petista.
É claro que uma proposta assim seduz todos os pré-candidatos – quer dizer, boa parte das principais lideranças partidárias.Mas, até que ponto seduzirá as bases peemedebistas, levando-as a esquecer, ou ao menos a relevar, os sucessivos atritos destes três anos?
Além disso, haverá condições reais de conter aqueles petistas que também parecem agir no sentido da ruptura?No último sábado, por exemplo, a Democracia Socialista (DS), a tendência da governadora Ana Júlia Carepa, aprovou uma moção de apoio às críticas feitas ao PMDB, pelo deputado Zé Geraldo, da tendência PT Pra Valer.
Além disso, diz-me alguém, integrantes da DS estariam “profundamente incomodados” com a ida dela à casa de Jader, na última segunda-feira.Tudo porque a visita ocorreu no dia seguinte à publicação de um artigo do ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, no jornal O Liberal, repleto de críticas ao PMDB – o que passou a impressão de que a governadora desautorizou a atitude de seu assessor, talvez, a principal liderança da DS local.
E, se não foi assim, parece mesmo. Até porque a visita de Ana a Jader era para ter acontecido ainda na noite de domingo. Mas, o morubixaba peemedebista já dormia, quando petistas encerraram uma reunião de organização da campanha, na qual a estratégica e surpreendente visita foi decidida.
As pedras e as rosas...
Antes da visita de Ana a Jader, o PMDB vinha empurrando com a barriga qualquer definição.“Não é para cozinhar as bases” – dizia-me um peemedebista, antes de saber da visita da governadora – “É uma questão estratégica a nível de candidatura.
Quando a gente disser o que é, começam os custos e as bordoadas. E maratona, para nós, não dá”. Tal estratégia, no entanto, já começava a irritar até mesmo petistas que defendem a aliança com o PMDB.
“Não dá para ficar esperando todo esse tempo que o Jader quer; é ficar dependendo muito dele. Não dá para a gente ficar de pires na mão como ele quer, até porque é muito cômodo pra ele”, queixou-se um integrante da Unidade na Luta, uma das tendências majoritárias do PT local.
A visita de Ana, no entanto, parece ter acalmado os petistas e deixado até os veículos de comunicação dos Barbalho “mais contemplativos”, digamos assim...Ana está otimista e trabalha para uma definição até meados do mês que vem. Jader não disse que sim – mas, também, não descartou a proposta que lhe foi apresentada.
No meio da semana que vem, ele deve voltar a se reunir, em Brasília, com a direção nacional do PT.Resta, portanto, aguardar pelos acontecimentos desta semana e da próxima, que deverão lançar algumas luzes sobre a decisão do PMDB e o inteiro teor da proposta que lhe foi apresentada – que, talvez, inclua outros acepipes.Quer dizer: os próximos dias devem sinalizar como o PMDB resolveu lidar, afinal, com as pedras e as rosas em seu caminho.
Para participar, efetivamente, do Poder. Ou, quem sabe, até para tentar reconquistá-lo.
Este artigo foi publicado no dia 22 de abril pelo blog A PERERECA DA VIZINHA, de Ana Célia Pinheiro
Há questões complicadíssimas que Jader terá de responder, com um bom grau de certeza, apesar desse cipoal.A primeira é o tamanho da relutância das bases peemedebistas a um eventual acordo com o PT, ou até mesmo com o PSDB.
A segunda é a probabilidade de as lideranças peemedebistas contornarem tal relutância, caso a decisão da cúpula contrarie o desejo das bases partidárias.A terceira é quanto às condições materiais, objetivas, para uma eventual candidatura ao Governo - e as chances efetivas de sucesso.
A quarta é o tamanho do estrago nos interesses nacionais de Jader, a partir de uma candidatura própria ou do apoio local ao PSDB.O problema é que são tantos os jogadores a puxar a sardinha para a própria brasa, que o terreno em que se pisa, ao se tentar responder a tais perguntas, pode acabar se revelando uma armadilha, mesmo para o instinto e o olhar aguçado de um Jader Barbalho.
No entanto, é da resposta a essas perguntas que dependerá o acerto da próxima cartada desse grande jogador.“Para Jader, ocupar o Governo novamente seria como casar com a mesma mulher pela terceira vez – e ainda ter de brigar para casar”, diz-me uma fonte peemedebista.
O problema, observa, é que pesa sobre os ombros do velho cacique peemedebista “o ônus da liderança”.Em outras palavras: a cobrança de seus liderados para que seja, novamente, candidato a governador.
“É como em 1998. O Jader não queria ser candidato, mas foi - pelo partido. Ele não tinha a menor vontade de fazer campanha e todo o projeto dele era nacional. Além disso, ele havia recebido uma proposta irrecusável de Almir Gabriel: a metade do Governo Estadual, todos os cargos federais, o Senado e a vice e, ainda por cima, ajuda financeira ao PMDB”, recorda.
Ele não estaria inclinado a se aliar nem ao PT, nem ao PSDB, por considerar os problemas do PMDB com as duas legendas.Daí que Jader estaria a analisar “com a maior serenidade” todas as circunstâncias das quais dependem uma eventual candidatura ao governo.
E faz isso enquanto devora “As Rosas e Pedras de Meu Caminho”, livro de memórias do jornalista (e político) Carlos Lacerda...Uma parruda Mega-SenaNos arraiais peemedebistas há quem calcule que uma campanha ao Governo de um candidato como Jader não sairia por menos de R$ 40 milhões, o equivalente a uma Mega-Sena bem parruda.
E olhem que se está a falar de um candidato conhecido, com um partido de grande capilaridade e que jamais enfrentaria essa parada sem uma forte coalizão.Nesta semana, uma liderança peemedebista me falou sobre as dificuldades de cada alternativa diante de Jader.
“Como vamos subir no palanque do Jatene e pedir votos para Dilma?” Como você acha que a direção nacional do PT veria isso?”– indaga.“Mas, também é muito difícil recuperar a relação com a Ana, com o nível a que chegou a distensão. Mesmo quando a gente sai em lua de mel, tem porrada em cima do palanque. Agora, imagine o PMDB e o PT, hoje, em cima do mesmo palanque. E imagine isso, principalmente, no interior”- salienta.
Quer dizer, haveria dificuldades “de lógica diferente”, mas, proporcionalmente idênticas, quer para uma aliança com o PT, quer para uma aliança com o PSDB. Daí que essa liderança peemedebista defenda, ardorosamente, uma candidatura própria.
Mas aí surge outro problemão: onde arranjar dinheiro para a campanha?“A falta de dinheiro é a dificuldade, embora já tenhamos alguma possibilidade de adquirir; embora a gente já comece a enxergar alguma coisa”, desconversa.No entanto, observa mais adiante: o PMDB não desistiu da hipótese da terceira via.
Campanha nacional
Ao longo de doze anos de tucanato, os peemedebistas comeram o pão que o diabo amassou.Mesmo durante o governo do democrático Simão Jatene, suas prefeituras e a bancada estadual foram lipoaspiradas de tal maneira que até o fidelíssimo Bira Barbosa acabou trocando de canoa.
Do grupo de comunicação dos Barbalho, então, nem se fala: a tentativa de asfixia atingiu das verbas de propaganda ao noticiário, já que era proibido repassar ao grupo até uma simples sugestão de pauta.
O problema é que os peemedebistas também penaram, e muito, nestes três anos de PT – ao ponto de reclamarem de falta de dinheiro até para o pagamento das contas de luz, em secretaria sob seu comando.
É verdade que mantiveram muitos DAS – mas, perderam a esperança. Em outras palavras: a frustração que sentem é proporcional à empolgação que demonstravam, em 2006, após doze anos de vacas magras.
É pouco provável, no entanto, que o PMDB se alie a Jatene, uma vez que a solidez do palanque de Dilma Rousseff no Norte e Nordeste vai se transformando numa questão de vida ou morte para o PT nacional.
Nos bastidores políticos, o que se diz é que a própria ida da governadora Ana Júlia Carepa à casa de Jader, na última segunda-feira, pode ter sido motivada por isso.
No sábado, antes de embarcar para Recife, diz-me uma fonte, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, teria mantido um diálogo “muito duro” com a governadora, para mostrar-lhe as dificuldades da campanha de Dilma.
“Há uma preocupação muito grande do PT nacional, porque a vitória da Dilma só se configura no Norte e Nordeste” – contou-me a fonte – “E se o Serra colocar 60% a 40% em São Paulo, as coisas complicam. São uns cinco milhões de votos e, no Rio, se considera que a coisa será neutra. A grande aposta é o Norte e Nordeste.
E, se rachar, a vaca vai pro brejo. Aliás, no Amazonas, onde o PT contava com um milhão de votos de diferença, já rachou”.Uma proposta tentadoraMas, a improbabilidade de fechamento com os tucanos, não coloca o PMDB, necessariamente, nos braços do PT.
Por isso, talvez, a proposta tentadora apresentada pelos petistas aos peemedebistas: dinheiro, máquina, para a campanha – ou seja, uma verdadeira sacola de bondades, nestes tempos bicudos em que os financiadores rareiam, por medo de escândalos.
“A nossa proposta para eles passa pelos interesses naturais de um partido de ampliar as suas bases e bancadas. E isso não é ilegítimo”, diz uma fonte petista.
É claro que uma proposta assim seduz todos os pré-candidatos – quer dizer, boa parte das principais lideranças partidárias.Mas, até que ponto seduzirá as bases peemedebistas, levando-as a esquecer, ou ao menos a relevar, os sucessivos atritos destes três anos?
Além disso, haverá condições reais de conter aqueles petistas que também parecem agir no sentido da ruptura?No último sábado, por exemplo, a Democracia Socialista (DS), a tendência da governadora Ana Júlia Carepa, aprovou uma moção de apoio às críticas feitas ao PMDB, pelo deputado Zé Geraldo, da tendência PT Pra Valer.
Além disso, diz-me alguém, integrantes da DS estariam “profundamente incomodados” com a ida dela à casa de Jader, na última segunda-feira.Tudo porque a visita ocorreu no dia seguinte à publicação de um artigo do ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, no jornal O Liberal, repleto de críticas ao PMDB – o que passou a impressão de que a governadora desautorizou a atitude de seu assessor, talvez, a principal liderança da DS local.
E, se não foi assim, parece mesmo. Até porque a visita de Ana a Jader era para ter acontecido ainda na noite de domingo. Mas, o morubixaba peemedebista já dormia, quando petistas encerraram uma reunião de organização da campanha, na qual a estratégica e surpreendente visita foi decidida.
As pedras e as rosas...
Antes da visita de Ana a Jader, o PMDB vinha empurrando com a barriga qualquer definição.“Não é para cozinhar as bases” – dizia-me um peemedebista, antes de saber da visita da governadora – “É uma questão estratégica a nível de candidatura.
Quando a gente disser o que é, começam os custos e as bordoadas. E maratona, para nós, não dá”. Tal estratégia, no entanto, já começava a irritar até mesmo petistas que defendem a aliança com o PMDB.
“Não dá para ficar esperando todo esse tempo que o Jader quer; é ficar dependendo muito dele. Não dá para a gente ficar de pires na mão como ele quer, até porque é muito cômodo pra ele”, queixou-se um integrante da Unidade na Luta, uma das tendências majoritárias do PT local.
A visita de Ana, no entanto, parece ter acalmado os petistas e deixado até os veículos de comunicação dos Barbalho “mais contemplativos”, digamos assim...Ana está otimista e trabalha para uma definição até meados do mês que vem. Jader não disse que sim – mas, também, não descartou a proposta que lhe foi apresentada.
No meio da semana que vem, ele deve voltar a se reunir, em Brasília, com a direção nacional do PT.Resta, portanto, aguardar pelos acontecimentos desta semana e da próxima, que deverão lançar algumas luzes sobre a decisão do PMDB e o inteiro teor da proposta que lhe foi apresentada – que, talvez, inclua outros acepipes.Quer dizer: os próximos dias devem sinalizar como o PMDB resolveu lidar, afinal, com as pedras e as rosas em seu caminho.
Para participar, efetivamente, do Poder. Ou, quem sabe, até para tentar reconquistá-lo.
Este artigo foi publicado no dia 22 de abril pelo blog A PERERECA DA VIZINHA, de Ana Célia Pinheiro
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