Luis Bezerra Lima, mais conhecido como Seu Lulu, proprietário do Juliana Park Hotel é o destaque desta edição da coluna Perfil do Empresário. Ele é casado há 53 anos com a senhora Juracy, companheira de todas as horas, tanto nos assuntos familiares, quantos nas questões comerciais. Nasceu em Mirador, Maranhão, no dia 25 de fevereiro de 1935, tendo completado 75 anos há menos de dois meses. Os pais eram José Vieira da Silva e Raimunda Alves Bezerra, cearenses cujas famílias tinham migrado para o Maranhão, onde os dois se conheceram e casaram-se. Tem apenas um irmão, Argemiro.
JC – Até que ano o senhor estudou?
Lulu – O que hoje equivale ao ensino fundamental, que na época era chamado de curso primário.
JC – Como foi sua infância, adolescência e juventude?
Lulu - A partir dos dez anos comecei a trabalhar na roça, com meu pai, que plantava arroz, feijão e culturas de subsistência em geral. A diversão era apenas um joguinho de bola nos finais de tarde, ou nos fins de semana. O resto do tempo era só trabalho. Isso foi até os dezesseis anos, quando eu saí de Mirador.
JC – Saiu de Mirador para morar aonde?
Lulu – Fui para o município de Santa Inez trabalhar de empregado num comércio de secos e molhados, onde fiquei por cinco anos. Voltei para mirador para me casar com Juracy, que ainda é minha prima. Depois do casamento nós fomos morar em Pio XII, que na época era distrito e hoje já é município. Essa parte da nossa história aconteceu no ano de 1957.
JC – O que foi fazer em Pio XII?
Lulu – Fui tocar nosso próprio comércio, no ramo de secos e molhados, ajudado pelo meu antigo patrão Manuel Lima, que me financiou. Eu também comprava coco babaçu. Fui um grande comprador, chegando a negociar uma média de quinhentos sacos por semana. Durante sete anos eu fiz esse tipo de comércio com a empresa Chagas & Penha Ltda., de São Luis, para onde eu mandava de barco o coco que comprava. Nesse tempo, em Pio XII, eu montei um posto de gasolina (Posto São Luis).
JC – As mudanças continuaram?
Lulu – Sim. De Pio XII mudei para Bacabal, distante sessenta quilômetros, levando tudo que tinha. A essa altura toda a mercadoria era da gente, pois havia pago tudo para o antigo patrão. Foram treze anos em Bacabal, tendo mantido o Posto São Luis em Pio XII, que eu só vendi bem mais tarde. Em Bacabal eu comecei a mexer com gado. Isso foi até 1972, ano em que a gente resolveu vender tudo, comércio, fazenda e posto para mudar para Brasília.
JC – Se a vida prosperou em Bacabal, o que lhe levou a mudar para Brasília?
Lulu – A família. Tios, tias e primos já estavam para lá, tinham se dado bem e isso atraiu a gente. Em Brasília, mesmo, eu só morei três anos. Trabalhei de taxista, depois comprei uma caçamba e fichei numa firma, depois fui para Santa Helena, em Goiás, com caçamba.
JC – Passados esses três anos foi para onde?
Lulu – Mudei com a família para Anápolis, que foi um dos passos mais acertados que dei na vida, assim como aconteceu quando decidi mudar para Itaituba. Lá a gente se deu bem, porque o comércio era muito forte e eu fui mexer com comércio novamente. Nesse tempo abri um comércio em Minaçu, que virou município no ano de 1976, no norte de Goiás. Lá nós montamos um comércio muito grande, com muito movimento. Nesse tempo eu já tinha começado a viajar para Itaituba, trazendo mercadoria no meu caminhão para vender aqui. O comércio que eu tinha em Anápolis era pequeno, mas, o de Minaçu era bem grande. Mas, algum tempo depois o comércio da cidade foi caindo, caindo, o povo todo indo embora. Até 1979 eu fiquei com o comércio lá.
JC – Quando aconteceu a primeira viagem para esta região?
Lulu – No ano de 1975. Meu irmão Argemiro já morava aqui. Até Belém, eu e a Juracy viemos no nosso carro. De Belém para Manaus a gente foi de avião. De lá viemos para Santarém encontrar meu irmão, que já mexia com garimpo na região do Tapajós, no Marupá, que ele vendeu mais tarde para o Goiano. De Santarém nós voltamos para casa, em Anápolis.
JC – E a primeira viagem para Itaituba?
Lulu – Deu-se em 1977. Trouxe meu caminhão carregado de feijão, que eu vendi todo para o Zé Arara, que eu conheci naquele momento e que depois passou a ser um grande amigo meu. Passei um ano sem vir aqui. Quando voltei, trouxe uma carga de mercadoria, cuja maior parte foi para o seu José Elisiário, que era comerciante e garimpeiro. O comércio dele ficava na Travessa 15 de Agosto.
Naquele tempo a comunicação era muito difícil. O seu José Elisiário, que tinha o meu endereço, escreveu uma carta na qual discriminava tudo que ele precisava. Naquele período eu vendi muito para o Samuca, para o Tibiriçá, para o Chico do Boi, para o Raimundo Nonato, da Casa Herói e para outros comerciantes.
JC – Quanto tempo durou esse tipo de comércio, viajando do centro-oeste para cá?
Lulu – Durou uns quatro anos, numa média de duas viagens por mês. A gente andava sempre em dois motoristas, o que fazia com que a viagem fosse mais rápida. Quando chegava aqui eu mesmo descarregava o caminhão todo, carregando as coisas na cabeça, dando uma de carregador. Isso durou até o ano de 1981.
JC – O que aconteceu de especial naquele ano, que mudou sua vida e da sua família?
Lulu – Minha esposa Juracy veio uma viagem comigo em 1981. Viemos pela Transamazônica e retornamos pela Santarém-Cuiabá, fazendo nossa comida na beira da estrada, num fogãozinho a gás. Eu iria carregar de retorno para Goiânia, em Itaúba, no Mato Grosso, onde carregaria o caminhão de madeira. A Juracy gostou daqui. Tanto, que nós alugamos logo um pontinho na Rua Hugo de Mendonça, entre Paes de Carvalho e Victor Campos, onde funcionou uma loja da Fórum até há pouco tempo, local que é propriedade do senhor Baião. Esse ponto servia para guardar mercadoria. Mais tarde, quando nós decidimos mesmo ficar por aqui, alugamos um barracão do Adonias, que ainda é parente da gente. Ficava na 9ª Rua, perto da Travessa 13 de Maio.
Na próxima edição, Seu Lulu vai contar como foi o começo da vida em Itaituba, onde mais uma vez ele prosperou como comerciante, até construir um dos melhores hotéis da cidade, o Juliana Park Hotel.
Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101
JC – Até que ano o senhor estudou?
Lulu – O que hoje equivale ao ensino fundamental, que na época era chamado de curso primário.
JC – Como foi sua infância, adolescência e juventude?
Lulu - A partir dos dez anos comecei a trabalhar na roça, com meu pai, que plantava arroz, feijão e culturas de subsistência em geral. A diversão era apenas um joguinho de bola nos finais de tarde, ou nos fins de semana. O resto do tempo era só trabalho. Isso foi até os dezesseis anos, quando eu saí de Mirador.
JC – Saiu de Mirador para morar aonde?
Lulu – Fui para o município de Santa Inez trabalhar de empregado num comércio de secos e molhados, onde fiquei por cinco anos. Voltei para mirador para me casar com Juracy, que ainda é minha prima. Depois do casamento nós fomos morar em Pio XII, que na época era distrito e hoje já é município. Essa parte da nossa história aconteceu no ano de 1957.
JC – O que foi fazer em Pio XII?
Lulu – Fui tocar nosso próprio comércio, no ramo de secos e molhados, ajudado pelo meu antigo patrão Manuel Lima, que me financiou. Eu também comprava coco babaçu. Fui um grande comprador, chegando a negociar uma média de quinhentos sacos por semana. Durante sete anos eu fiz esse tipo de comércio com a empresa Chagas & Penha Ltda., de São Luis, para onde eu mandava de barco o coco que comprava. Nesse tempo, em Pio XII, eu montei um posto de gasolina (Posto São Luis).
JC – As mudanças continuaram?
Lulu – Sim. De Pio XII mudei para Bacabal, distante sessenta quilômetros, levando tudo que tinha. A essa altura toda a mercadoria era da gente, pois havia pago tudo para o antigo patrão. Foram treze anos em Bacabal, tendo mantido o Posto São Luis em Pio XII, que eu só vendi bem mais tarde. Em Bacabal eu comecei a mexer com gado. Isso foi até 1972, ano em que a gente resolveu vender tudo, comércio, fazenda e posto para mudar para Brasília.
JC – Se a vida prosperou em Bacabal, o que lhe levou a mudar para Brasília?
Lulu – A família. Tios, tias e primos já estavam para lá, tinham se dado bem e isso atraiu a gente. Em Brasília, mesmo, eu só morei três anos. Trabalhei de taxista, depois comprei uma caçamba e fichei numa firma, depois fui para Santa Helena, em Goiás, com caçamba.
JC – Passados esses três anos foi para onde?
Lulu – Mudei com a família para Anápolis, que foi um dos passos mais acertados que dei na vida, assim como aconteceu quando decidi mudar para Itaituba. Lá a gente se deu bem, porque o comércio era muito forte e eu fui mexer com comércio novamente. Nesse tempo abri um comércio em Minaçu, que virou município no ano de 1976, no norte de Goiás. Lá nós montamos um comércio muito grande, com muito movimento. Nesse tempo eu já tinha começado a viajar para Itaituba, trazendo mercadoria no meu caminhão para vender aqui. O comércio que eu tinha em Anápolis era pequeno, mas, o de Minaçu era bem grande. Mas, algum tempo depois o comércio da cidade foi caindo, caindo, o povo todo indo embora. Até 1979 eu fiquei com o comércio lá.
JC – Quando aconteceu a primeira viagem para esta região?
Lulu – No ano de 1975. Meu irmão Argemiro já morava aqui. Até Belém, eu e a Juracy viemos no nosso carro. De Belém para Manaus a gente foi de avião. De lá viemos para Santarém encontrar meu irmão, que já mexia com garimpo na região do Tapajós, no Marupá, que ele vendeu mais tarde para o Goiano. De Santarém nós voltamos para casa, em Anápolis.
JC – E a primeira viagem para Itaituba?
Lulu – Deu-se em 1977. Trouxe meu caminhão carregado de feijão, que eu vendi todo para o Zé Arara, que eu conheci naquele momento e que depois passou a ser um grande amigo meu. Passei um ano sem vir aqui. Quando voltei, trouxe uma carga de mercadoria, cuja maior parte foi para o seu José Elisiário, que era comerciante e garimpeiro. O comércio dele ficava na Travessa 15 de Agosto.
Naquele tempo a comunicação era muito difícil. O seu José Elisiário, que tinha o meu endereço, escreveu uma carta na qual discriminava tudo que ele precisava. Naquele período eu vendi muito para o Samuca, para o Tibiriçá, para o Chico do Boi, para o Raimundo Nonato, da Casa Herói e para outros comerciantes.
JC – Quanto tempo durou esse tipo de comércio, viajando do centro-oeste para cá?
Lulu – Durou uns quatro anos, numa média de duas viagens por mês. A gente andava sempre em dois motoristas, o que fazia com que a viagem fosse mais rápida. Quando chegava aqui eu mesmo descarregava o caminhão todo, carregando as coisas na cabeça, dando uma de carregador. Isso durou até o ano de 1981.
JC – O que aconteceu de especial naquele ano, que mudou sua vida e da sua família?
Lulu – Minha esposa Juracy veio uma viagem comigo em 1981. Viemos pela Transamazônica e retornamos pela Santarém-Cuiabá, fazendo nossa comida na beira da estrada, num fogãozinho a gás. Eu iria carregar de retorno para Goiânia, em Itaúba, no Mato Grosso, onde carregaria o caminhão de madeira. A Juracy gostou daqui. Tanto, que nós alugamos logo um pontinho na Rua Hugo de Mendonça, entre Paes de Carvalho e Victor Campos, onde funcionou uma loja da Fórum até há pouco tempo, local que é propriedade do senhor Baião. Esse ponto servia para guardar mercadoria. Mais tarde, quando nós decidimos mesmo ficar por aqui, alugamos um barracão do Adonias, que ainda é parente da gente. Ficava na 9ª Rua, perto da Travessa 13 de Maio.
Na próxima edição, Seu Lulu vai contar como foi o começo da vida em Itaituba, onde mais uma vez ele prosperou como comerciante, até construir um dos melhores hotéis da cidade, o Juliana Park Hotel.
Fonte: Jornal do Comércio - Edição nº 101