Sem conseguir me identificar com nenhum dos
atuais partidos, pois minha simpatia partidária era direcionada ao MDB, e mais
tarde, durante algum tempo, o PMDB, enquanto o partido ainda não havia
substituído do PFL, agora DEM, no fisiologismo, votei em Aécio Neves no segundo
turno. Não que eu ache que ele possa vir a ser algum dia, o governante do sonho
dos brasileiros. Minha decisão foi muito mais, por causa da falta de vergonha
do atual governo, misturado com muita incompetência diante de tantas denúncias
comprovadas de práticas de corrupção que assolam este país desde sempre, mas,
que chegou às raias do absurdo.
A presidente Dilma ganhou a eleição, sem que
se possa levantar suspeitas a respeito da lisura do processo eleitoral
brasileiro, que hoje é artigo de exportação. Só alguns afoitos do PSDB se
apressaram em tentar justificar a derrota, colocando em cheque o nosso sistema
eleitoral. Felizmente, dentro do próprio partido, vozes respeitadas
levantaram-se contra as acusações levianas, e não se falou no assunto por muito
tempo, morrendo por inanição.
Agora surgem muitos irresponsáveis contrários
ao governo, que defendem a derrubada da presidente Dilma, pegando carona no
inferno astral pelo qual o governo dela passa. São pessoas que não querem nem
saber o que vai acontecer com o país, se essa onda viesse a pegar, pois para
mim, seja quem for que defenda essa tese é irresponsável e inconsequente.
O senador Aécio Neves, que vem se
transformando em um exemplo de radicalismo até então desconhecido, ainda não
disse que quer o impeachment porque ele sabe que estaria patrocinando essa
causa, na condição nome mais forte da oposição, neste momento, cujas
consequências seriam imprevisíveis. Mas, pelo comportamento que tem
demonstrado, se a onda pegasse, ele surfaria nela, sem nenhum constrangimento.
O avô de Aécio, Tancredo Neves, foi um
exemplo de exercício da máxima que diz, que política é a arte de transigir.
Neste momento, Aécio caminha na direção contrária ao que praticou seu avô,
passando por uma metamorfose para se transformar em um político intransigente.
Talvez, empolgado com a votação que teve, pense que essa radicalização fará bem
para sua saúde política, o que eu duvido.
Estou com o Jô Soares, contra essas
declarações que tem sido feitas por alguns nomes da grande mídia, incluindo
expoentes do jornalismo da Globo, que querem ver o circo pegar fogo. O pessoal
do quanto pior, melhor, como Merval Pereira, de O Globo, toda a porca revista
Veja, da qual, com muito orgulho deixei de ser assinante em 1992, após a
palhaçada que enlameou a biografia de um político correto, então presidente da
Câmara Federal, Ibsen Pinheiro, e muitos setores da grande mídia, forçam a
barra tentando conseguir, sem êxito, até agora, a mobilização das ruas, contra
o governo.
Jô, homem culto, ponderado, vivido, diz que
um processo de impeachment neste momento, seria catastrófico para o Brasil. Eu
acho a mesma coisa e vou além: já que a presidente Dilma obteve a maioria dos
votos válidos, nas urnas, que a vontade do eleitor seja respeitada. Assim deve
ser em uma democracia que caminha para completar três décadas de restabelecida.
Para suprema decepção dos golpistas de plantão,
as maiores lideranças das nossas forças armadas já deixaram bem claro que não
pensam como esse pessoal que deseja ver a ordem institucional ser quebrada a qualquer
custo.
Regime de exceção, nunca mais! Impeachment de
quem quer que seja, somente se não houver nada mais a ser feito para colocar
ordem no país, o que não é o caso do momento.
Diante de todo o mar de lama em que o país está
mergulhado nos dias atuais, que as nossas instituições democráticas façam tudo
que tem que ser feito. Quem tiver que ir para a cadeia, que vá. Mas, pelos
caminhos da legalidade, nunca pela imposição de alguém, ou de grupelhos, como
querem alguns.
Desculpem aqueles que acessam este modesto
blog, que pensam diferente de mim. Não pretendo cooptar ninguém para o meu
lado; apenas, é o desabafo de um cidadão que viveu nos tempos da ditadura,
tendo experimentado as agruras de viver sem liberdade. Só quem nunca foi
privado desse bem tão essencial ao ser humano, pode defender a maluquice da
volta do totalitarismo.