quinta-feira, janeiro 27, 2022

É mais fácil ofender do que contrapor uma opinião

A popularização da Internet tem sido, sem dúvida alguma, um grande ganho para toda a humanidade, embora por conta da pobreza, em muitos países, muita gente, ou tem acesso precário, ou não tem acesso a ela.

Esse é um lado da questão. O outro, é que essa democratização veio com alguns efeitos colaterais, como a dependência de milhões de pessoas, seja através de jogos viciantes, que causam dependência em muita gente, seja por meio do tempo excessivo que muitos gastam na frente de suas telas de computador, celular ou tablet, ou seja por outros tipos de mau uso.

Creio que os benefícios são sempre maiores que os danos, porém, tem gente que se não era grande coisa antes da Internet, no que diz respeito a buscar mais conhecimento, com a chegada dessa facilidade acentuou sua superficialidade.

Essas pessoas que leem apenas a manchete de uma notícia, encaixam-se na afirmativa do professor Leandro Karnal, que certa vez, questionado por um acadêmico, em um programa da TV Cultura, de São Paulo, se hoje em dia as pessoas estão mais cultas por causa da Internet, ele respondeu:

- Hoje as pessoas estão menos cultas, e sabem por quê? Porque a maioria lê apenas a chamada de uma notícia, ou de um texto qualquer, sem procurar entrar nos detalhes. Por isso, vivemos numa geração que sabe quase nada, de quase tudo.

Definição perfeita.

Pois é. E o pior disso é que muitos leitores superficiais ficam zangados ao lerem certas chamadas nas mídias, sejam elas em jornais, revistas ou qualquer rede, e em vez de procurarem saber dos detalhes, saem atirando para todo lado contra os autores.

Quando eu emito a minha opinião em um determinado texto, e o torno público, estou me submetendo ao julgamento dos leitores, que podem ou não concordar comigo, tendo todo o direito de criticar, desde o façam com urbanidade. Todavia, muitos ignorantes partem logo para o ataque, antes mesmo de conhecerem o conteúdo da informação.

Creio que quase todo jornalista que alimenta plataformas digitais já passou, passa ou passará por esse incômodo. Ainda ontem tive o dissabor de me deparar com uma crítica/ofensa infundada, de um leitor que claramente só leu a manchete.

Eu apenas republiquei uma notícia sobre as terríveis condições em que se encontra o trecho da Santarém-Cuiabá, entre Novo Progresso e Castelo de Sonhos, que virou um pesadelo para caminhoneiros e condutores de carros menores, que utilizam aquele pedaço da rodovia. 

A única interferência que tive no texto foi mudar a chamada, o que foi bastante para despertar a ira de um bolsonarista, que parece ter pouco tempo para ler, mas, tempo de sobra para tripudiar quem publica qualquer coisa que lhe desagrade. É essa gente radical que tumultua o cenário.

A Internet, em si, é boa. O bom ou mau uso dela depende do caráter de cada um. Quem tem bom caráter não ofende os outros; apresenta seu ponto de vista, mesmo que seja discordante, sem apelar para a ignorância.

Jota Parente

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