segunda-feira, maio 03, 2021

O Brasil não é mesmo um país sério, que o diga a CPI da Covid-19

Os leitores do blog sabem que eu sou um crítico mordaz da gestão do presidente Jair Bolsonaro, como fui crítico da ditadura militar e dos governos do PT, pois, por natureza, quem faz imprensa com seriedade é taxado de oposição. Um velho ditado espanhol diz tudo sobre essa questão: "Se hay gobierno, soy contra". 

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Uma coisa é se criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar irregularidades do tipo desvio de verba para compra de equipamentos e medicamento para combater o coronavírus, e outra coisa é tornar essa CPI um jogo de cartas marcadas.

É óbvio que existem motivos de sobra para se fazer uma investigação profunda no submundo do governo, e quando falo de governo, refiro-me tanto ao governo federal, que tem muitas coisas que precisam ser explicadas, pois seu negacionismo levou o país a ter mais de 400 mil mortes pelo cloronavírus, mas, também me refiro aos governos de estados brasileiros, aqueles sobre os quais pesam acusações seríssimas de desvio de recursos repassados pelo governo federal, assim como prefeitos que se lambuzaram com o dinheiro do contribuinte.

Nesse particular, dois governadores do Norte despontam como estrelas de primeira grandeza na constelação das acusações de malversação do dinheiro público. São eles, dois paraenses, um é Helder Barbalho, que já pediu até um Habeas Corpus antecipado, assim como que assinando uma confissão de culpa, e o outro é Wilson Lima, cujo processo já foi encaminhado ao STJ.

Esses senhores terão muita dificuldade para explicar coisas que talvez não tenham explicação, como a compra de respiradores pelo governo do Amazonas, de um loja quie vende vinhos, e o imbróglio dos respiradores comprados pelo governo do Pará, diretamente da China, que entre as acusações de fraude, tem a questão do transporte, que foi pago pela Vale, mas, que foi incluído na prestação de contas do governo paraense. No caso, o frete teria sido pago duas vezes.

Mas, não são apenas esses dois que tem explicações a dar, tanto à justiça, quanto à CPI. Há diversos prefeitos contra os quais pesam acusações de mau uso da verba que deveria ter sido utilizada somente para combater a pandemia.

O problema de apurar tudo que levanta suspeita a respeito da verba que a União passou para estados e municípios reside exatamente na CPI, que não tem interesse de apurar a culpa de todos. O objetivo é descobrir os podres dos adversários. Os que são contra o presidente, querem ferrá-lo o máximo possível, enquanto do outro lado, os que apoiam Bolsonaro querem a cabeça de governadores e prefeitos que são contra ele.

Tem mais uma coisa que não bate: como é que se monta uma CPI para apurar coisas erradas, e coloca-se o senador Renan Calheiros como relator? É a  raposa cuidando do galinheiro. Como é que ele vai investigar governadores, se o filho dele, Renan Filho é o governador de Alagoas? Se tiver alguma coisa erra por lá, será que Renan pai vai querer apurar? Claro que não!

No caso dos dois governadores nortistas, Helder é aliado de Renan e Wilson é aliado de Bolsonaro. Ou apuram os mal-feitos dos dois, ou faz de contas que não aconteceu nada, como é comum no Brasil.

Na minha opinião, se o presdiente Jair Bolsonaro sentir que não tem nada a temer nessa CPI, o que é pouco provável, ele vai deixar o circo pegar fogo, mesmo que Eduardo Pazzuelo, ex-ministro da saúde se lasque de verde e amarelo, todavia, se o presidente sentir que pode sobrar pra ele, podem ter certeza que aí a pizza será colocada no forno, em fogo brando, e no final todos se salvarão, para o bem geral do Brasil e acompleta felicidade da nação.

Jota Parente

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