quinta-feira, fevereiro 11, 2021

Médicos alertam sobre uso de ivermectina contra Covid-19, após suspeita de paciente com hepatite aguda

Mulher jovem desenvolveu quadro grave, podendo necessitar de transplante; medicação é segura para uso descrito na bula

O alerta de que uma mulher está com hepatite medicamentosa, correndo risco de necessitar de um transplante de fígado, supostamente por tomar 18 mg por dia de ivermectina por uma semana para combater um quadro leve de Covid-19 fez médicos mais uma vez pedirem que a população não use remédios de forma indiscriminada contra a doença.

O caso foi alertado em um tuíte do pneumologista Frederico Fernandes, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. Após a postagem, o médico fechou suas redes sociais em razão de ataques virtuais.

“Me solicitaram avaliação para uma paciente com hepatite medicamentosa. Está a um passo de precisar de um transplante de fígado. Ganha um troféu quem adivinhar qual medicação foi a culpada”, diz no tuíte. “Pois é. Hepatite medicamentosa por ivermectina. 18 mg por dia por uma semana. Por Covid leve em jovem. Muito triste ver uma pessoa jovem a ponto de precisar de um transplante por usar uma medicação que não funciona em uma situação que não precisa de remédio algum.

A ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação de vários parasitas do corpo. O medicamento faz parte do chamado "Kit Covid", voltado ao suposto "tratamento precoce" da doença. O presidente Jair Bolsonaro costuma defender o uso desses remédios, mesmo sem comprovação de eficácia por estudos científicos.

É uma falácia dizer que é uma droga segura'

Há uma semana, a MSD, farmacêutica responsável pela fabricação da ivermectina, informou em comunicado que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19

O médico hepatologista Paulo Bittencourt, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado da Sociedade Brasileira de Hepatologia, explica que 27% das hepatites agudas graves ou fulminantes são de origem medicamentosa. É a principal causa de um problema que, muitas vezes, acaba exigindo um transplante de fígado.

Fonte: O Globo

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