terça-feira, setembro 01, 2020

Em dia otimista, Bolsa supera 100 mil pontos com alta de 2,82%. Dólar fecha em queda de 1,75%

Cédulas de dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos Foto: Pixabay

No dia em que o IBGE apontou queda de 9,76% do PIB no 2º trimestre, medidas do governo reforçaram perspectivas de recuperação entre investidores

RIO — No dia em que foi divulgada a retração de 9,7% do PIB no segundo trimestre, o pior resultado da História do país, o mercado financeiro preferiu o otimismo em relação à recuperção da economia ao analisar os anúncios de medidas feitas pelo governo nesta terça-feira.

O dólar encerrou o pregão em queda de 1,75%, cotado a R$ 5,38, menor patamar desde 13 de agosto. A Bolsa de São Paulo, (B3), fechou com com alta de 2,82% e voltou a ultrapassar o patamar dos 100 mil pontos.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, encerrou o pregão em 102.167 pontos. Na segunda-feira, havia ficado em 99.369. O volume financeiro da sessão somou 25,7 bilhões de reais.

A decisão de estender até o fim do ano o pagamento do auxílio emergencial, mas com um impacto fiscal menor, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi bem recebida pelos investidores. Reduziu as especulações sobre eventual saída do ministro do governo.

Também agradou a promessa de enviar a reforma administrativa na quinta-feira ao Congresso. O mercado entendeu que o governo está mostrando intenção de manter a responsabilidade fiscal.

A movimentação política pautou mais o dia do que o resultado do PIB, que não veio muito longe das estimativas.

Para o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, os números apontaram um cenário construtivo para a Bolsa:

 — Com toda a incerteza, o resultado do PIB ficou próximo da expectativa. Chegou a se temer uma contração maior antes, mas depois isso foi mudando. Com isso, não teremos grandes revisões na projeção do ano. Nós, do Itaú, continuamos acreditando em queda de 4,5% no PIB no ano, e com o Ibovespa em 105 mil pontos no fim deste ano e em 118 mil pontos em 2021.

O risco, segundo o economista, é o lado fiscal. Com as contas públicas administradas e juros baixos até o fim do ano que vem, é possível ao país manter os estímulos monetários para favorecer uma retomada sustentável.

Por isso mesmo, o mercado viu com bons olhos a antecipação da reforma administrativa, avaliou Claudio Ferraz, economista-chefe Brasil do BTG Pactual:

—  O mercado está buscando os gatilhos que possam sustentar as regras do teto de gastos. O anúncio da reforma administrativa é importante, apesar de ter um efeito só no médio prazo, mas indica uma contenção de gastos. O avanço de outras pode ser ainda mais impactante, como a PEC emergencial e a reforma tributária.

Dólar reflete melhora no cenário

A moeda americana também refletiu a avaliação do mercado de que há sinais de avanço da agenda de reformas. O dólar caiu 1,75% na cotação em real, fechando o dia em R$5,38.

—  O dólar está refletindo as boas notícias da reforma administrativa e de um auxílio que não gera tantos gastos, sendo reduzido. Também foi importante Bolsonaro fazer o anúncio com o Paulo Guedes, para espantar rumores de uma relação estremecida —  afirmou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Outro ponto que ajudou o dólar hoje foi a divulgação de dados da indústria chinesa, que mostrou aquecimento, e devem demandar mais commodities

— A indústria chinesa divulgou dados mostrando retomada, o que está influenciando as empresas de commodities na Bolsa, principalmente metalúrgicas. E ajudando na valorização do real no dia — afirma Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.

Apesar do tombo de 9,7% na economia brasileira no segundo trimestre sobre o primeiro divulgado ontem pelo IBGE, predominou no mercado a análise de que a economia segue em recuperação, qualificada pelo economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa como “robusta”.

O UBS Brasil elevou a projeção para o desempenho da economia no terceiro trimestre e no ano de 2020 como um todo.

Fonte: O Globo

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