domingo, julho 05, 2020

Esperando pelo novo normal

Nesses tempos de pandemia, em que a vida virou de cabeça pra baixo, a gente precisa prestar atenção nas mudanças de comportamento que todos sofremos em função das alterações bruscas do nosso dia a dia.

Assiste-se à partida de conhecidos e de amigos próximos, quando não, sofre-se com a morte de parentes, experiências ambas pelas quais tive o dissabor de passar.

De quebra, temos vivido uma crise política que poderia não existir se todo o país seguisse uma diretriz central a partir de Brasília, que norteasse o combate ao coronavírus.

Nos últimos dias houve um arrefecimento dessa guerra estúpida, na qual jamais poderá haver um vencedor, guerra em que a ignorância e a teimosia tomaram o lugar do bom senso.

Temos acompanhado tudo isso de casa, estarrecidos com a falta de capacidade gerencial do presidente Jair Bolsonaro, de um lado, e as trapalhadas de alguns governadores, de outro lado. Trapalhadas essas com cheiro de forte de malversação do dinheiro público, que também atende pelo nome de corrupção.

Nem mesmo diante de uma situação de calamidade pública, os governadores do Pará e do Amazonas tiveram o zelo que se exige de um agente público de primeiro escalão, ordenador de despesas. Helder Barbalho e Wilson Lima meteram o pé na jaca.

Quanto ao presidente da República, pode-se dizer o que quiser sobre o seu atabalhoamento enquanto mandatário máximo da nação, o que é patente, todavia, ninguém levanta nenhuma suspeita sobre a correção dos atos do governo federal na administração dos recursos públicos.

Como eleitor de Helder, em quem votei no primeiro e no segundo turnos, fiquei muito decepcionado com o envolvimento do governo do Estado em acusações pesadas, que vão de comprar de empresas não habilitadas para fazer negócios em determinados volumes, à aquisição de respiradores por preços superfaturados.

Esforcei-me bastante para tentar conseguir entender, porque o governo Estado do Pará alugou algumas ambulâncias por mais de R$ 8 milhões, por um período curto, se com esse dinheiro daria para comprar uma carrada de ambulâncias de primeira linha, devidamente equipadas.

E o secretário licenciado de Saúde do Estado, Alberto Beltrame? Atolado até o pescoço nas acusações sobre a aquisição de respiradores e garrafas peti, vou ficar esperando que ele consiga comprovar sua inocência que jurou defender, afirmando que sua honra é o que ele tem de mais sagrado. Só provando, porque ficou difícil de acreditar.

O conterrâneo Wilson Lima é outro que tem muita coisa para explicar. São diversas as acusações contra ele, que trocou seu secretário de saúde, um infectologista respeitado, por uma ex-secretária de Saúde de Indaiatuba, SP, a qual já respondia a alguns processos por causa de coisas erradas que fez lá, e que foi presa por conta de compras mal feitas para combater a Covid-19, em Manaus.

O MPF e a Polícia Federal trabalham no levantamento de irregularidades no uso do dinheiro público em doze estados brasileiros, quase a metade das unidades da federação. Isso quer dizer que em no país ainda é grande o número de eleitos que estão de olho apenas no cofre. A corrupção continua sendo endêmica e de difícil combate.

Assisto a tudo, confinado, esperando passar o pior da pandemia. Vejo o meu Brasil brasileiro com pouca ou quase nenhuma mudança, patinando, hora na corrupção, hora na incompetência, ou nas duas.

Espero a volta do novo normal para ver como vamos fazer para sair do atoleiro da economia em que a pandemia nos meteu. Vai ser um trabalho árduo, que exigirá esforço de todos.

Jota Parente

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