quinta-feira, maio 14, 2020

Empresários classificam como improdutiva reunião por videoconferência com Bolsonaro

Bolsonaro faz reunião com empresários por vídeoconferência Foto: Marcos Correa / Divulgação

Alguns disseram se surpreender com a falta de propostas efetivas do governo em um momento de grave crise econômica

SÃO PAULO - Empresários que acompanharam a reunião do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes (Economia), por videoconferência, nesta quinta-feira, consideram que o debate foi positivo, porém improdutivo. O GLOBO conversou com seis executivos que participaram do encontro organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que só falaram sob anonimato.

A avaliação é que, novamente, o governo acerta na temática da agenda, mas falha na apresentação de medidas práticas para sair da crise. Alguns empresários disseram se surpreender com a falta de propostas efetivas do governo em um momento de grave crise econômica. Dizem que esperavam soluções mais rápidas para, segundo eles, tentar minimizar os impactos econômicos da pandemia.

Flavio Rocha, do grupo Guararapes (Riachuelo) viu a reunião como positiva e, ao contrário do que afirmaram seus colegas sob sigilo, produtiva. Ele afirmou que os empresários defenderam formas para que o dinheiro chegasse à ponta das empresas neste momento de crise. Disse ainda que foram comemoradas as flexibilizações trabalhistas — redução de jornada e de salários e suspensão do contrato de trabalho — como forma de evitar uma explosão do fechamento de vagas, como foi visto nos EUA.

Ele afirmou também que os empresários não pediram a prorrogação do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, pois, disse, a solução virá apenas com a retomada da economia. Ele indicou que governo e empresários estão unidos na estratégia de fazer com que os prefeitos — e não os governadores — decidam sobre as medidas de isolamento social:

— Foi muito bem tratada a proposta de se descentralizar a decisão de, gradualmente e  com todos os protocolos, ir liberando os municípios que, dentro dos parâmetros-chave, que são a sobrecarga do sistema de saúde e penetração do vírus, ir liberando a economia — disse Rocha.

O presidente voltou a defender a retomada da economia, porém sem apresentar medidas práticas para isso. Coube aos executivos a indicação de sugestões, como aumentar linhas de crédito para atravessar a pandemia e a apresentação de pontos específicos para mudanças trabalhistas e para a reforma tributária.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp e organizador do encontro — que desta vez contou com quase 500 participantes, entre diretores e dirigentes da Fiesp  —, informou que o diálogo foi positivo. Depois, em uma entrevista à “CNN Brasil”, ele defendeu uma flexibilização das regras de isolamento social, acreditando que o melhor seria que os municípios decidam sobre a retomada ou não da economia. Hoje em dia as regras são estaduais.

Skaf afirmou que há muitos municípios que estão “sem um caso sequer”, mas com a economia fechada “há quase dois meses”. Guedes defendeu solução semelhante na reunião.

Empresários que participaram da videoconferência destacaram ainda que o ministro Paulo Guedes continua com um tom otimista, que destoa da visão dos analistas sobre a economia. O ministro afirmou que o país “surpreendeu o mundo” com a reforma da previdência e que o país voltará a “surpreender” comas retomadas e o avanço da economia.

Fonte: O Globo

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