terça-feira, março 24, 2020

Quarentena faz americanos correrem para estocar maconha

Pessoas aguardam duas horas em fila para comprar maconha em loja legalizada de Denver, no Colorado (EUA), respeitando distância segura por conta do novo coronavírus Foto: Michael Ciaglo / AFP Em muitos estados em que a cannabis é legalizada, lojas são obrigadas, assim como os restaurantes, a fazer entregas ou deixar as encomendas na calçada

NOVA YORK (The Ner York Times) — Com a rápida disseminação da pandemia do novo coronavírus pelos Estados Unidos, muitos americanos foram obrigados a ficar isolados em suas casas, com permissão para sair apenas para uma emergência médica ou para comprar itens de extrema necessidade. Alimentos, naturalmente. Remédios controlados, claro. Gasolina para o carro. E, em muitos lugares, a maconha integra essa lista.

Na última semana, vários estados concordaram com o fechamento de lojas que não vendem itens essenciais, mas defenderam que locais que comercializam maconha, inclusive para fins medicinais, deveriam ficar abertos. Prova de que, para alguns americanos, a cannabis é tão necessária quanto o leite e o pão.

Na maioria dos casos, lojas que vendem maconha são obrigadas, assim como os restaurantes, a fazer entregas ou deixar as encomendas na calçada.

Muitos americanos correram aos supermercados, nas últimas semanas, para estocar bens como papel higiênico, enlatados e álcool em gel. Os moradores de estados onde a maconha é legalizada — entre eles, Califórnia, Oregon e Michigan — também se preocuparam em comprar maconha e produtos derivados dela suficientes para semanas, ou, quem sabe, meses de isolamento social.

Segundo Liz Connor, diretora de análises da Headset, empresa que pesquisa o mercado da maconha, após a instauração da quarentena, semana passada, na região de São Francisco, as vendas de cannabis cresceram mais de 150% se comparadas ao mesmo período, no ano passado.

De acordo com ela, vendas tão altas assim só foram vistas em datas como o 20 de abril, considerado o feriado anual não-oficial de apreciação da maconha. Ainda segundo a empresa, mulheres e jovens — a Geração Z — foram os grande responsáveis pelo aumento das vendas.

"Isso mostra que, para muitas pessoas, a maconha é um bem de consumo como outro qualquer, como a cerveja ou o vinho", afirmou Connor, que relacionou a alta na venda desses produtos com algumas precauções para evitar o contágio. "Essa, provavelmente, é a maneira mais fácil de ficar alto sem ter que tocar muito o seu rosto", resumiu.

Na segunda, o prefeito de Denver, Colorado, colocou as lojas de bebida e as que vendem maconha para fins recreativos entre os estabelecimentos não-essenciais que ficarão fechados por três semanas, o que gerou enormes filas do lado de fora das lojas. Os estabelecimentos que vendem maconha com fins medicinais ficariam abertos mas, após um protesto, também tiveram que encerrar suas atividades.

A Pennsylvania permitiu o funcionamento das lojas que vendem maconha, mas mandou fechar as que vendem bebidas. Entretanto, muitos estados, inclusive Nova York, consideraram as lojas de bebidas alcoólicas como serviço essencial, podendo, por isso, ficar abertas.

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