quarta-feira, fevereiro 26, 2020

Adolescente que contesta mudanças climáticas vira anti-Greta da extrema-direita

Naomi Seibt, de 19 anos, é filha de uma advogada que representou políticos do AfD, partido de extrema-direita da Alemanha Foto: ReproduçãoLONDRES (The Independent) - Uma jovem alemã de 19 anos cética em relação às mudanças climáticas está ganhando apoio de organizações de direita, incluindo o partido AfD, de extrema-direita da Alemanha, e um centro de pensamento que tem ligações com a Casa Branca. Ela é descrita por simpatizantes como “o antídoto para Greta Thunberg ”.

Naomi Seibt começou a publicar vídeos para o YouTube no ano passado com títulos como “Mudança climática - apenas ar quente?”, “Feroz sem feminismo” e “Mensagem para a mídia - como você se atreve?”.

Sua posição sobre o clima aparentemente chamou a atenção do The Heartland Institute, um centro de estudos dos EUA com sede em Chicago, que já fez lobby em nome de empresas de tabaco e rejeita o consenso científico sobre as mudanças climáticas.

A organização, que realizou sua Conferência Internacional de 2019 sobre mudanças climáticas no Trump International Hotel em Washington, contratou recentemente Seibt como o rosto de sua campanha de negação do clima.
Em um vídeo divulgado pelo Heartland Institute, intitulado “Naomi Seibt vs Greta Thunberg: Em quem devemos confiar?”, a jovem alemã começa:

"A ciência é inteiramente baseada na humildade intelectual e é importante que continuemos questionando a narrativa divulgada em vez de promovê-la. E, atualmente, a ciência da mudança climática realmente não é ciência".

Entre cenas do discurso de Thunberg em 2019 na ONU, em Nova York, Seibt diz: "O alarmismo das mudanças climáticas em sua essência é uma ideologia desprezivelmente anti-humana".

Ainda no vídeo, Seibt diz que rejeita ser chamada de "negadora do clima": "Especialmente como alemã, é tão rude referir-se a alguém como negador do clima, porque obviamente existe uma conexão com o termo 'negador do holocausto', que carrega muito peso no país".

Na sinopse do vídeo, o instituto critica as "previsões climáticas do dia do juízo final" de Thunberg e descreve Seibt como uma "estrela em ascensão", que "defende um discurso científico adequado sobre as mudanças climáticas".
O apoio e a promoção de Seibt pelo Heartland Institute soaram o alarme.


Embora Thunberg tenha se tornado um fenômeno global, ganhando apoio de pessoas preocupadas em todo o mundo e se tornando a pessoa do ano na revista "Time", alguns grupos e indivíduos  parecem acreditar que Seibt é algum tipo de figura da oposição que pode inspirar pessoas através de meios semelhantes.

— Ela é uma voz fantástica para os mercados livres e para o realismo climático — disse James Taylor, diretor do Centro Arthur B Robinson de Políticas Climáticas e Ambientais do Heartland Institute, ao The Washington Post .
Mas, embora o Heartland Institute seja "um dos mais notórios grupos de negação de mudanças climáticas nos Estados Unidos", de acordo com o site de meio ambiente DeSmog UK, Seibt não defendeu a negação total da crise climática.

Em um vídeo publicado neste mês, ela argumenta que os cientistas exageraram o impacto das emissões de carbono no clima do planeta e também pergunta se os pesquisadores consideraram o "imenso impacto que o sol tem no clima em comparação às emissões de CO2".

Depois de reinterpretar os dados científicos de uma audiência ao vivo para indicar que as emissões de CO2 não são muito preocupantes, ela acrescenta:
— Não devemos negar que nós ou pessoas de países terrivelmente pobres do terceiro mundo tenham acesso a energia barata e confiável.

Seus vídeos estão acumulando dezenas de milhares de visualizações e, juntamente com vários comentários positivos abaixo, é claro que Seibt está em sintonia com muitos.

A mensagem geral — que está sendo facilitada pelo centro de estudos de direita — é que os negócios, como sempre, estão bem. Ela também pretende minar os esforços existentes para combater as mudanças climáticas, sugerindo que os ativistas merecem mais pena do que raiva.

— Raiva e pânico pertencem aos nossos oponentes — diz ela.
Em tom de sarcasmo, Seibt diz:

— Não crie uma ideologia a partir de algo que uma jovem tenha a dizer. Independentemente do lado político em que ela esteja.

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