Enfermeiro Adriano Coutinho, diretor do HMI |
Blog do
JP - Os números relacionados com os procedimentos de um modo geral no Hospital
Municipal de Itaituba em 2019 foram bem maiores do que os registrados no ano de
2018, como confirmou ao blog, o diretor do HMI, o enfermeiro Adriano Coutinho.
Adriano
- Em
relação a 2019, tivemos um aumento na demanda. Isso foi notório e os números
confirmam, porém, conseguimos acompanhar bem esse crescimento, a gente intensificou
os serviços e ampliou, especialmente, em relação ao pessoal e a estrutura
física do hospital. Por exemplo: na questão das cirurgias, praticamente não
existem filas aqui no hospital, porque os nossos cirurgiões intensificaram
ainda mais as cirurgias.
Temos o Dr. Hélio na ginecologia, Dr.
Tolentino e Dr. Jarlison na Urologia e Dr. Benigno na cirurgia geral, que tem
intensificado ainda mais seu trabalho para não deixar a população na fila, e tem
a Ortopedia, que foi a grande mudança nessa gestão, com a implantação do
serviço de Ortopedia, pela primeira vez na história no serviço público de saúde
em Itaituba.
Esse serviço já tem mais de um ano aqui no
hospital e a gente tem só ampliado. Muitos casos que antigamente tinha que
esperar seis meses para ir para Santarém, agora se resolve tudo aqui no Hospital
Municipal. É claro, não foi fácil.
Tivemos que implantar o arco cirúrgico, fazer
uma nova sala, contratar novos profissionais, contratar um anestesista, que é
um profissional que hoje não reside em Itaituba, mas nós conseguimos trazer
para ampliar e melhorar o serviço e acompanhar o ortopedista e outros
cirurgiões.
O balanço que a gente faz é que 2019 foi um
ano muito positivo, pois a gente conseguiu ampliar e atender mais, e atender
melhor a população.
Blog do
JP - A nova emergência deu conta de atender à demanda?
Adriano
- Com
a inauguração da emergência, a população começou a ter uma maior confiança no
serviço e aumentou a demanda. Aos poucos a gente foi fazendo algumas adaptações
no fluxo do atendimento para conseguir controlar essa demanda. Hoje eu posso
dizer que o paciente que chega hoje na emergência do Hospital Municipal não
demora para ser atendido.
Temos duas frentes de triagem, sempre. Há médico
direto; temos um médico clínico geral no plantão, o tempo todo, tem médicos de
apoio, cirurgião geral, ultrassonografia 24 horas, temos o setor de obstetrícia
que também funciona 24 horas, com médico obstetra, com ultrassom própria para o
setor, então a gente percebe que houve grande avanço nessa questão.
Blog do
JP - Com referência ao atendimento das grávidas, houve avanços?
Adriano
- Houve,
sim, pois quando o prefeito (Valmir Clímaco) assumiu, no Hospital Municipal existia
apenas uma médica que ficava na Obstetrícia. Hoje nós contamos com três médicos
Obstetras, que são o Dr. Ângelúcio, o Dr. Leonardo Peres e o Doutor Diniz, os
três revezando dentro da Obstetrícia.
Temos o apoio do Dr. Antônio Alvarenga no
serviço de Ultrassonografia, que ele faz diariamente para o setor de Obstetrícia,
e outra questão que temos muito cuidado é que todas as enfermeiras que
trabalham no setor de Obstetrícia são enfermeiras obstetras, que é uma
exigência nossa.
Nosso serviço, hoje, é referência na região
do Tapajós. Qualquer caso mais grave nesta região com relação a grávidas, vem para
Itaituba, então a gente tem essa preocupação de melhorar a equipe e melhorar o
atendimento a gestantes.
Blog do
JP - Faz parte da preocupação da atual administração a humanização do parto?
Adriano
- Faz,
sim. O Ministério da Saúde, através dos seus protocolos, visa muito o contato
humano do profissional com paciente e do paciente com a família; tanto que
algumas coisas a gente está modificando aqui no Hospital Municipal, como por
exemplo, a presença do pai junto a gestante, o acompanhamento, se o pai quiser,
no momento do nascimento do bebê; ele tem esse direito aqui no hospital; então
são alguns protocolos adotados para poder a gente se adaptar para poder humanizar
mais o atendimento.
Blog
do JP - Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz, o Brasil é o
país que mais realiza cesarianas no mundo. Segundo o estudo,
52% das mulheres fazem este tipo de parto no país, e o índice sobe
para 88% se for considerada apenas a rede privada de saúde.
Os índices são alarmantes.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que
somente 15% dos partos sejam realizados por meio de
procedimento cirúrgico.
A
cesariana expõe a mulher e o bebê a grandes riscos, e deve ser feita
apenas em casos de real necessidade, como por exemplo, a
desproporção do tamanho do bebê em relação à pelve, gestantes
diabéticas, posição do bebê invertida e/ou dificuldade no trabalho de
parto.
Os motivos para a alta porcentagem de
cesarianas são muitos. As mulheres têm medo de sentir dor, e recorrem
à intervenção cirúrgica. Muitas gestantes também consideram o parto
normal como uma marginalização social, sendo a cesárea um direito
“exclusivo para ricas”.
Além
disso, a classe médica é uma das principais culpadas. Parto normal requer
muito tempo e um grande acompanhamento. O médico muitas vezes não
pode gastar um dia inteiro com apenas uma gestante, sendo mais fácil
agendar e fazer uma cirurgia rápida.
Como
está essa questão na saúde pública em Itaituba?
Adriano
- A gente ainda tem uma grande dificuldade nessa questão. Infelizmente, em
Itaituba e nos demais municípios, prevalece a cultura da cesariana, pois um
elevado percentual de mulheres grávidas acha que as vantagens são maiores que
os riscos. Sabe-se que não é bem assim. Como profissional da saúde, posso
garantir que o parto normal é o mais seguro e o de menor risco de infecção hospitalar.
Tudo melhora com o parto normal. Já as
cesarianas dentro do SUS devem destinadas apenas aos casos de urgência. A gente
ainda encontra muita resistência da população, porém, isso já foi muito pior.
Hoje, devagarinho a nossa equipe de enfermagem, os nossos médicos obstetras
estão conseguindo conscientizar a população, de forma lenta, das vantagens do
parto normal, porque para o Ministério da Saúde, o parto normal é que deve ser
sempre a primeira escolha; cesárea só para situações de emergência.
Blog do
JP - Adriano, com referência à ampliação do Hospital Municipal, até para
adequá-lo como centro de triagem para encaminhamento para o Hospital Regional do
Tapajós, que deverá entrar em funcionamento muito em breve, tem alguma notícia
nova?
Adriano
- O
prefeito vem tratando disso junto ao governador Helder Barbalho há algum tempo para
a gente conseguir a ampliação do Hospital Municipal de Itaituba.
Depois da nossa reunião com toda a equipe
técnica da Secretaria de Saúde, levamos a ideia que seria melhor a gente fazer
uma nova unidade, que no caso, deverá ser uma nova maternidade, cujo terreno já
está destinado aqui atrás do HMI. A gente vai desocupar a unidade Neonatal, a
qual a gente pode transformar em uma UTI adulta. Vamos ganhar os leitos que
hoje são ocupados com o atendimento das parturientes, cerca de 20 a 25 leitos,
que poderão ser utilizados por outros pacientes, e ainda ganharemos mais uma
sala cirúrgica.
Uma grande vantagem será que com a criação
Maternidade Municipal, ela será uma instituição com verba própria do Ministério
da Saúde. A gente tem que pensar também no custeio e na manutenção dessa unidade,
porque vai ter que manter obstetra 24 horas, farmácia, médico de ultrassom 24
horas. Vai ser um grande avanço para o município.
O prefeito tem trabalhado muito nessa questão.
Ele pediu, e toda a equipe técnica tem participado do projeto, e isso a gente
fez, participando da construção do projeto, que está na mão do governador e da Secretaria
Estadual de Saúde. Agora, estamos apenas esperando a decisão, que pelo que se
percebe será favorável a essa grande obra que vai ser a Maternidade Municipal.
Existem algumas situações previstas,
como a inauguração de novos leitos já de imediato aqui no hospital. A Secretaria
de Saúde, nos últimos dias, tem se
empenhado para comprar um novo aparelho de ultrassom para o Hospital Municipal,
com resolução melhor, que faça Doppler e outros tipos de ultrassom como
múltiplo esquelética.
Hoje nós temos um aparelho no Hospital
Municipal, porém com o passar dos anos, com as novas tecnologias, vai ficando obsoleto.
Então, vão surgindo exames cada vez mais específicos, e a ideia é que logo,
logo, tenhamos um novo aparelho de ultrassom.
O secretário de Saúde, Iamax Prado, confirmou
que já foi adquirido um novo aparelho de Raio-X, que está na secretaria pronto
para ser instalado aqui no hospital, aguardando apenas um novo um técnico
habilitado instalar.
Blog do
JP - O município vive a expectativa da inauguração do Hospital Regional do Tapajós,
que deve acontecer em breve. Esse é um acontecimento muito aguardado...
Adriano
- A
gente torce muito para que isso aconteça logo, porque, hoje, o nosso grande
gargalo é o atendimento de média e alta complexidade. Os demais atendimentos, de baixa complexidade e
de urgência e emergência, o Hospital Municipal consegue fazer tranquilamente,
porém, nessa de média e alta a gente precisa muito do regional.
Pelo que nós já vimos e pelo que foi mandado
para nós, o Hospital Regional vai ajudar muito a região. Atualmente, a
população de Itaituba e da região sofre muito, dependendo de Santarém para
conseguir vaga nesse serviço.
Números de atendimentos no HMI em 2019
Atendimentos emergenciais: 75.000 (durante o
ano)
Cirurgias: 4020 (durante o ano)
Internações: 7.500 ao mês
Exames de Radiologia: 4.200 ao mês
Exames laboratoriais: 4.100 ao mês
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