sábado, novembro 16, 2019

Tributos é quase sempre um calo para prefeitos


Em um grande número de prefeituras do Brasil, uma das principais dores de cabeça que qualquer prefeito enfrenta é o setor de arrecadação própria, seja onde há secretária específica para isso, ou onde existe apenas o setor de arrecadação atrelado à outra secretaria, normalmente a Administração. E é aí que entra boa parte do dinheiro que o prefeito usa como desejar, tirando o que é de direito da Saúde e da Educação.
          Em Itaituba não é diferente. Faz tempo que o setor de tributos dá dor de cabeça ao prefeito, de hoje e de outros tempos. E não é muito fácil estancar a sangria. Fechar o ralo cem por cento é ainda mais difícil.
          Sobretudo no atual mandato, essa tem sido uma preocupação do prefeito Valmir Clímaco, que fez algumas mudanças na tentativa de melhorar a arrecadação própria. Uma delas foi a criação da Secretaria de Arrecadação e Tributos (SEMAT), da qual o vereador licenciado Peninha é o titular. Aliás, a secretaria foi criada com o propósito dele assumir.
          A arrecadação melhorou, sem dúvida. Até agora, cresceu 23% em relação ao mesmo período do ano passado, porque Peninha vem fazendo um bom trabalho, atendendo plenamente às expectativas do prefeito. Contudo, o secretário ainda esbarra em algumas dificuldades com a logística da secretaria e com os vícios inerentes ao setor.
          Existem algumas questões que deveriam ser estudadas com atenção, como a necessidade de um profissional habilitado para analisar os processos de construções, de modo especial, as maiores. Poderia ser um engenheiro civil ou um arquiteto, que a prefeitura tem, mas, na SEMIFRA. Seria o caso de fazer um levantamento do montante que entra dessa atividade da construção civil para decidir se passaria a ser uma despesa, ou se a contratação de um profissional da área representaria um investimento.
          A reportagem do blog teve acesso a informações repassadas por pessoas que frequentam o setor de tributos quase toda semana, que comprovam que a arrecadação do município poderia ser maior se parte dela não continuasse saindo dinheiro pelo ralo. As razões são diversas. As fontes, cujo sigilo mantenho, com amparo no Artigo 5º da Constituição Federal, tem dados concretos de cair o queixo. Se achar necessário, darei nome aos bois.
          Em Santarém o problema era parecido. Todo mundo sabia, mas, ninguém fazia nada. Um belo dia um contribuinte que não gostava daquele comportamento, resolveu se municiar de provas e denunciar. O Ministério Público bateu à porta numa “visita surpresa”, mandou fechar tudo e começou uma devassa. Um monte de gente concursada foi demitida a bem do serviço público.
          Poucos meses depois que assumiu o governo, o prefeito Valmir Clímaco teve problemas com a empresa dona do programa usado pelo setor de tributos. E foi um baita problema. Os donos da empresa queriam muito mais dinheiro para continuar prestando o serviço e o prefeito não concordou. O resultado foi desastroso para a administração, porque a empresa recusou-se a passar um backup dos dados, causando transtornos imensos, num primeiro momento, principalmente para o contribuinte que foi o mais penalizado.
O erário público também foi muito prejudicado na medida em que a prestação desse serviço demorou muito a retornar à normalidade. Mas, não é só isso. O atual programa é muito mais vulnerável que o anterior.

Uma fonte informou que com o software passado havia muitos bloqueios que impediam que alguém tentasse fazer algum tipo redução de algum tributo à revelia da administração. Já no atual existem algumas brechas que permitem.
          O antigo setor de tributos, atual SEMAT, não é um antro de rapinagem. Muitos estão lá apenas com o fim de fazer o seu trabalho com correção. Todavia, onde tem gente e, sobretudo, onde corre dinheiro, é sempre possível que exista quem se considere esperto o suficiente para tentar levar vantagem.
          Diz o ditado, que se conselho fosse bom, não seria dado. Mesmo assim, fica a sugestão para o prefeito Valmir Clímaco. Comece a conversar com sua assessoria sobre a aquisição de um programa melhor do que esse que está sendo usado na SEMAT, pois, embora a culpa pela saída do outro programa não tenha sido sua, essa economia está saindo caro para o município. Se fizer o que tem que ser feito, o governo poderá ter mais dinheiro da arrecadação própria para trabalhar.

          Jota Parente

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